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Pensamentos intrusivos do dia

Eu queria dinheiro suficiente para contratar todo tipo de serviço básico: cozinheiro particular, massagista, alguém pra lavar minhas roupas na mão pra nao estragar na maquina de lavar, otimizar toda a minha casa com as coisas que vejo da shopee e nos videos de casas coreanas. Ter um jogo de panela riquissimo pro meu cozinheiro particular usar. Contratar um enfermeiro ou cuidador de qualidade pra minha avó agora, pra minha mae mais tarde e pra mim quando tiver velhinha. 

Eu num quero morar fora não, nem viajar o mundo, só alguns países. Eu num sou cara não, nem quero revolucionar o mundo, sou bem de boa. Custava eu nascer herdeira? 

Esse texto fala sobre racismo, BBB e privilégio, mas essas palavras não são suficientes pra expressar sobre o que realmente é o texto...

... porque também é sobre linguagem e mentalidade, política, cultura e milhões de coisas, que as palavras: racismo, bbb e privilégio resumem, mas não são suficientes porque esse não é um assunto que dá pra resumir.  

A que ponto chegamos que tão usando o BBB pra ensinar as pessoas sobre racismo e sem êxito algum, mas usado como exemplo. Ta lá sendo validado como programa que levanta debate educativo, sendo que não é. Valide o BBB por qualquer coisa, menos por ser um ótimo experimento social. Eu não quero experimento social pra ver racismo televisionado não. Continue chamando de reality show, que ta de acordo com a proposta de entretenimento barato pra despertar e mostrar o pior das pessoas que assistem e que são assistidas. 

Mas cá estou eu assistindo e tentando entender como funciona a cabeça das pessoas. Em que tipo de utopia elas vivem que acreditam que racismo são momentos pontuais, que acontecem vez ou outra. Infelizmente, a gente vive o racismo. É diário, é cultural, é indireto, é direto. Eu vivo o racismo de ver as noticias na tv, de ver as pessoas morando na rua, de ver as pessoas passando na rua e quais lugares ocupam. É algo que me acontece todos os dias, sem precisar que nada seja dito pra mim ou sobre mim, só está lá. O mesmo vale para o machismo. 

Mas é muito engraçado 🤡 ver que a pauta ganha espaço com situações pontuais, quando se usa a palavra. E o peso que uma palavra tem, que as atitudes não tem. As atitudes sozinhas, sem nome, não são consideradas pesadas ou sérias o suficiente. Sim, eu errei por ter beijado uma mulher sem o consentimento, mas dizer que foi assédio é de mais! Intolerância religiosa com religião de matriz africana, praticada por uma pessoa negra, é okay. Mas chamar de racismo é muito forte! Eu sou uma boa pessoa, de bom coração, com boa trajetória, com boas intenções, sei que o que é errado e nunca cometeria tais crimes. 

Meu sonho era ser entendido por todos que: pessoas boas, também fazem coisas ruins, prejudiciais, equivocadas, criminosas. Independente do quão boas elas sejam. E eu não to falando que errar é humano, ou que todo mundo erra. Não. Ta mais pro ditado: de boa intensão, o inferno ta cheio. A intenção pode ser boa pra você, pra mim não. Nem tudo o que é bom pra você, é bom pra mim. Nem tudo o que é feito de bom coração por você, vai trazer boas consequências pra mim. O que você tem na cabeça como correto e bom, não vai ter o mesmo impacto positivo pras outras pessoas. Será que conseguem ter dimensão disso? De que não é sobre você? Nem é sobre sua índole? É sobre atitudes e escolhas, não é sobre erros. 

Um erro é isolado, é pontual e individual, é um engano. Poxa, cometi um erro, vou aqui consertar. Poxa, por falta de atenção, eu errei aqui o passo. Não é o mesmo que passar a mão na bunda de uma mulher aqui, sem querer. Nossa, nem vi que tava tirando sarro da religião alheia. Errei. Esse tipo de atitude não pode ser tratada como erro, porque não foi um erro, foi uma decisão. Independente dessa decisão ser fruto de milhares de anos de banalização e preconceito enraizado, que é o que torna estrutural. Algo que ta na estrutura, na formação, na história, na cultura, na mentalidade de forma tão intrínseca que não se nota. 

Fugindo de doença igual o diabo foge da cruz

Eu fui pra um aniversário e fiquei pensativa sobre hábitos de doença ou sei lá se chama de etiqueta de boa convivência. Mas a pandemia deixou em mim um senso de autopreservação e preservação coletiva, eu acho? Ao ponto que de não socializar com pessoas se eu estiver doente ou em contato com pessoas doentes (em casa). Se for algo que eu possa evitar ao máximo, tipo coisas que não envolvam trabalho, tal como marcar presença como convidada num aniversário de 15 anos. Mas aí eu percebo que é só eu mesmo que tenho isso em mente. Do nada, eu topo com minhas prima fanhas goguentas tossindo grosso no aniversário, passando um frio do caramba por causa da climatização do ambiente e depois de terem comido sorvete.... Todo dia minha imunidade sendo testada e eu sabendo que ela não ta legal, pois não to dormindo tem uma semana.

É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte, mas a gente teme adoecer 🤡.

Não é senso de autopreservacao, é só veaquice em relação a doenças mesmo. Gente doente. Ta todo mundo ou gripado ou com dengue&cia nesse período do ano, dai fica complicado de evitar o contato e de não desenvolver uma paranoia em relação a isso. É... A pandemia me deixou paranoica. 

Dezembro recap, 2022: pessoal, mídias e playlist

Parece que eu tava amarrada faz um mês, sem poder escrever e agora finalmente to livre, por isso resolvi soltar tudo duma vez só num post gigantesco onde faço um balanço do mês com tudo que tenho direito. Ainda não sei se vou fazer um post específico pra retrospectiva do ano todo, pois ainda não sentei pra analisar como foi o ano por completo, mas tenho MUUUITO do que falar sobre esses últimos dias.

Ontem foi aniversário da minha avó materna, então o dia foi corrido. Na verdade, todo esse período de fim e início de ano é bem cheio, de aniversários e comemorações em família, então, ao mesmo tempo que é aconchegante também é muito agitado e me deixa exausta, devido a constante interação com muitas pessoas. Essa parte social ainda me é muito dispendiosa, apesar de eu gostar das pessoas e de conversar com elas. Mas essa questão vai ficar pra 2023 resolver.  

Eu não imaginei que Outubro fosse render um mês das bruxas político.

A mistura do sentimento de luto pessoal com o luto político é difícil de processar, porque junta com a raiva e a desesperança, e meu corpo já está debilitado demais pra isso. Essa já é a terceira vez que falo de luto aqui.

Mas mesmo se eu quisesse, eu não conseguiria estar alheia e distante de tudo isso. Mesmo sendo a última coisa da qual eu gostaria de me estressar sobre, é impossível não pensar uma vez no dia sobre como serão esses próximos 2-4 anos, se continuarmos nesse caminho. Já não foram suficientes esses 4 anos de terrorismo? Nem esses 6 anos de instabilidade e derrocada dos direitos conquistados?

O cenário que temos agora só demonstra o quão plural e ao mesmo tempo, desigual são as condições de vida das pessoas num mesmo país. É frustrante...na verdade é de cair o cu da bunda! E se o que temos hoje é o melhor que já tivemos ou o melhor que vamos ter, como tanto dizem, eu não quero nem pensar no pior. 

Luto

E mais uma vez aconteceu algo que me tirou o chão e que mais uma vez eu não posso fazer nada a respeito, a não ser ficar em profunda apatia, em luto por elas e por mim. Por algo que aconteceu ontem, está acontecendo hoje e acontecerá amanhã de novo. E por mais que eu não esteja vendo e que não seja comigo, algum dia pode ser e esse é meu medo.

Eu podia ter medo de aranha, de altura, de palhaço, de cair e me ralar de moto, mas eu vivo numa realidade que me faz ter medo de sofrer violência sexual. Vivo numa realidade em que é um grande privilégio não ter sofrido, mas que me faz ter medo de andar na rua, faz ter medo de ser mulher e faz ter medo pelas mulheres que vão nascer.