Setembro recap, 2022: relatos sobre um início do mês que eu não lembro mais e agora estou em luto

Eu tinha um plano... Não, eu tinha uma previsão de coisas agendadas para acontecer, coisas que já estavam encaminhadas. Coisas que eu pretendia consumir e estava empolgada, mas aí eu morri junto com o falecimento de uma pessoa querida, na semana passada. 

Toda a semana do dia 19 ao 23 foi MUITO tensa, literalmente aquela descrição em livros quando o ar fica tão denso que você consegue cortar na faca. E ao mesmo tempo que foi tudo muito súbito, já era algo esperado, só que um esperado pra daqui um ano. Estágio terminal de câncer tem dessas coisas. Não tem como saber quão perto do terminal ele está.

Sem perceber, eu entrei e ainda estou num processo de luto que ta mais presente e pesado do que eu imaginei. Fica pior quando eu estou só, o que eu to evitando ao máximo. Eu tô tentando estar conversando com pessoas ou perto de pessoas o máximo possível. A grande ironia do destino, uma vez que passei o mês pedindo pra ficar só e que bom que no momento não tem nenhuma visita aqui em casa e eu posso ficar a vontade, simplesmente com minha mãe e minha avó.

Mas ai chega a noite e eu não tô dormindo, novamente. Ainda bem que o mundo não parou e eu to sendo obrigada a sair de casa e interagir com os idosos da casa do idoso, gente animada e divertida. Mas em casa eu só me afundei na pilha de roupa suja que se formou em cima da minha cama. Felizmente eu botei algumas pra lavar hoje e troquei a roupa de cama também, pequenos avanços a largos passos.

Desde a pandemia, o tópico "morte" tem me feito repassar na cabeça todas as pessoas que eu conheci, faz pensar sobre minha avó, sobre minha mãe e sobre o que eu vou fazer quando eu estiver só. Mês passado o Jô Soares e a Claudia Jimenez morreram e eu passei o início de Agosto muito pra baixo, porque passei por todo esse processo novamente, na minha mente era como se eu tivesse perdido alguém próximo. Infelizmente foi assim que o trauma se configurou, afinal, e eu não tenho mais uma terapia pra me acompanhar nesse processo. 

Hoje eu notei que, desde sexta-feira não registro meu humor no aplicativo que uso diariamente. Importante repetir que eu faço isso todo dia, é uma hábito. Mas eu só não abri o aplicativo de jeito nenhum e nem lembrava que um dia eu fiz isso de registrar humor. É muito louco esse limbo em que a vida continuar e você também continua, mas não tá mentalmente presente. O automático segue operando, por memória muscular que seja, mas o consciente foi com deus.

O pior é que eu to vindo de uma quebra de rotina gigantesca, de um mês ausente das minhas "obrigações domésticas", vulgo férias de cuidar da minha avó. Então tá complicado de lembrar como era o automático. 

Não por acaso, eu voltei a consumir livros e conteúdos sobre livros. Nada melhor que uma fuga da realidade com algumas historinhas pra passar pelas noites sem dormir. 

Numa visão geral... eu nem sei o que dizer, porque comparado com os meses anteriores (desde junho), esse foi o melhor. Mais uma vez, as duas últimas semanas do mês fazendo parte de uma realidade paralela que não tem nada a ver com o início. Nos primeiros dias do mês eu tava viajando, visitando cachoeiras, sendo atacada por formigas, conhecendo pessoas muito divertidas e comendo o melhor crepe da minha vida. Na semana seguinte eu tava lidando com visitas inesperadas de parentes que passaram três semanas na mesma casa que eu. Muito bom vê-los, mas foi intenso k. Tomei a quarta dose pra Covid. Fui no dentista pra descobrir um belíssimo canal. Fiz exame de sangue. Tomei injeção de vitamina D e B12, pois eu só tava respirando, não sei como, de tão baixo que deram os resultados dos exames. No geral, to viva k. 

Tive ótimos dias de distração que envolveram interação alcoólicas com meus amigos e parentes. Esse mês eu bebi bastante, como eu não fazia há muitos anos. Começou na viagem, em que finalmente tomei uma gin tônica, não imaginei que fosse gostar de uma bebida amarga. 

Pra outubro, eu só espero muito poder comemorar o resultado das eleições e ir na feira do livro que vai ter na minha cidade, depois de 2 anos sem acontecer. Por enquanto, é só com isso que eu posso contar.