Eu escrevi esse texto tem uns bons meses, talvez ele seja do ano passado até. Agora com toda a situação do twitter banido do Brasil, achei pertinente trazer esse assunto que já é velho que só, mas se faz relevante.
Acho que vire e mexe eu falo isso aqui, mas vamos de novo. Eu amo meu blog, amo como a blogsfera é atualmente e como ela não vai voltar nunca a ser como era antes, e como ela não vai ser como uma rede social é. Tenho preconceito. Só de pensar no fluxo de pessoas, na falta de tato e a urgência em comentar coisas, já me dá uma agonia. Pois sou pessimista.
Pensando nisso, na comunicação na internet, eu tava lembrando de um vídeo que vi há tempos e que guardo no meu coração:
O vídeo traz uma reflexão sobre "como a gente pode conduzir as nossas conversas pra evitar que a gente fique ainda mais estressado". Pro meu susto, esse vídeo tem dois anos, mas eu carrego ele comigo na memória todos os dias, desde então.
Eu amo que esse vídeo é um alerta, um manual, uma sugestão de como se portar na internet. Sobre uma possível ética de interação na internet, majoritariamente nas redes sociais e como a gente se viciou em um formato de interação. Um formato agressivo, reativo, defensivo, de exigência, de crítica, de urgência na forma de abordar as pessoas na internet. De uma jeito que talvez não se abordaria na vida real.
Essa urgência que é comum da contemporaneidade, que se desdobra nos conteúdos rápidos e curtos, na falta de atenção e no excesso de opinião, preguiça e egocentrismo expressos em escrita na internet. Escrita essa que pula várias etapas e vai direto pra o que é urgente pra você no momento. As vezes eu me admiro com a disposição das pessoas em dar uma opinião, em deixar um comentário, em demonstrar o que pensa e sente, ou talvez seja a incapacidade de deixar pra lá, de relevar e seguir em frente. É a capacidade de estar tão ocupado ao ponto de não conseguir ler um livro, não prestar atenção nas pessoas, não almoçar, mas conseguir uma brecha pra deixar um comentário maldoso.
É uma mistura de conveniência, com "praticidade" que atropela a gentileza. Porque é muito fácil digitar, inda mais abreviando e usando a linguagem da internet. Antes de aprender a viver em comunidade a gente já ta vivendo na internet, e sem saber se comunicar nem com se portar ao se deparar com algo que não gosta ou qualquer adversidade, a gente já parte pra briga como se um estranho anônimo tivesse qualquer obrigação comigo. Seja em me responder, seja em me agradar, seja em concordar comigo.
A Jana ta sempre trazendo esse tópico a tona: a forma como as pessoas se comunicam na internet, seja no Instagram ou no Youtube. E esses dias a Vanessa deu um relato sobre um atrito que teve na internet por causa de um livro e alguém se reclamando de spoiler da forma mais reativa e agressiva possível. É como se o mundo tivesse parado alí e todo mundo tivesse que parar também pra se indignar junto, por causa de um problema menor que uma formiga, tão pequeno que nem problema é.
As vezes a gente ta tão acostumado a estar conectado e à disposição na internet, que perde um pouco o filtro. Ou pior, já foi tão naturalizada essa forma de interação que ela atravessa a vida real. Daí do nada você ta na rua e começa a destratar as pessoas.
Segue alguns trechos do vídeo que eu gosto:
A gente se esquece que do outro lado tem uma pessoa que muitas vezes a gente não conhece [...]
Outra coisa são essas perguntas que vem descontextualizadas, de repente na usa cabeça você gostaria de saber uma informação, mas você sequer se apresenta ou introduz a conversa [...] você simplesmente pergunta uma coisa. Como se aquele perfil fosse um repositório de perguntas a ser respondida. [...] São características muito simples das conversas, mas que as pessoas as vezes passam batido e acabam gerando tensão pra si e pro outro.
Como por exemplo, no caso, gente que responde [...] fazendo uma critica ou "é só a minha opinião", mas é incapaz de acompanhar aquela conversa por que só quer (de novo) depositar a sua opinião no outro, sem querer ouvir a replica, a tréplica, sem querer continuar a conversar e ai finalizar a coisa com: é só a minha opinião. Se você entra no perfil do outro que está dando também a própria opinião sobre uma coisa e você não quer conversar mas quer trazer o seu contraponto sem que haja efetivamente uma conversar. Por que é que você ta fazendo isso?
Me diz, vcs migraram pro bluesky ou pro threads?
As pessoas acham que internet é terra sem lei, onde você prevalece e todos os outros estão errados. É uma arrogância pra defender o próprio ponto de vista e opinião, que as pessoas real esquecem que tem outra pessoa do outro lado da tela com sentimentos assim como elas. Sem contar as vezes que vi pessoas tentando impor alguma coisa: tem que ser do meu jeito, não pode se vestir com essas roupas, não pode gostar dessas músicas, não pode gastar dinheiro com seus hobbys porque são besteira... É sempre bom lembrar que o lado positivo da internet é que se você não gostar de uma coisa, pode simplesmente bloquear a pessoa ou só ignorar e continuar rolando a timeline, não precisa depositar tanta raiva e ódio em uma pessoa que você nem conhece. Agora com as redes sociais em formato de vídeo, como o TikTok, as pessoas pisam em ovos pra não te entenderem errado, mas antes tinha todo o problema da pessoa ler o seu comentário na entonação errada e aí já viu (até por isso muitos gringos no Twitter usam tone indicator).
ResponderExcluirEu migrei pro Bluesky, mas não consegui me acostumar direito com a rede, por isso continuo no Twitter, por VPN mesmo, mas lá tá tão vazio de tweets em português, que ainda checo o Bluesky vez ou outra.
Cuidado com a multa gata! Eu consegui criar um feed bacana com as pessoas que eu sigo, dai eu só vejo a sessão do following que é pequena e logo acaba, daí eu saio e vou fazer outras coisas. É diferente do twitter, mas num é de todo mal.
ExcluirAcho que as pessoas se chocam muito com a forma que as outras levam a vida, ao ponto de não conseguirem ficar caladas na sua. Na internet a gente ve o quanto somos desregulados e imaturos.
Oi, Lana, tudo bem?
ResponderExcluirEste post caiu como uma luva para mim. Outro dia passei por uma situação bem chata e gostaria de ter lido suas considerações e visto o vídeo da Jana antes rsrsrsrsrs Preciso aprender a não dar trela pra quem me "aborda" deste jeito... Ficou o aprendizado.
Atualmente eu venho tentando ser uma pessoa mais offline. Estou me readaptando a sair sem WhatsApp, porque não tem necessidade de estar sempre disponível. Não sou médica, nem bombeira, nem parteira, nem nada disso. kkkk quem quiser me encontrar hoje, pode me ligar como fazíamos antigamente, pela operadora. rsrsrs Me sinto mais "feliz" assim. :)
Um abraço!
Olá Jana! Acho válido sua escolha e uma forma de reconhecer e impor seu limite.
ExcluirEu amo esse assunto e amo como a Jana fala sobre ele, ela foi uma das pessoas que me fez ver que "todos os problemas são problemas de comunicação"... É algo que deveria ser básico mas pelo visto precisa ser falado (e estudado), quem sabe daqui a pouco tenha que ter aula de etiqueta online, não que fosse adiantar... Humm, talvez eu faça o meu próprio post sobre isso.
ResponderExcluirP.s.: eu fui pro Bluesky
Obrigada por me apresentar ela, aliás! Acho que aula de etiqueta online é uma boa, parte do letramento digital. Pra galera não virar as tia do wpp que acredita em fake news tbm
ExcluirEu definitivamente não entendo porque as pessoas gastam tanta energia e tempo com um conteúdo que elas não gostam, comentando ódio e críticas vazias. Por que simplesmente não ir embora daquilo que não gostou?
ResponderExcluirAcho esse assunto muito pertinente, já quero assistir o vídeo por aqui!
Abraços, Lana!
Any.
Não sei se elas sabem que tem escolha sobre o que consomem e que pode ter controle disso, ao inves de se deixar levar pelo que vê por aí. Abraços!
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