09.05.22
Hoje eu fui na casa de uma pessoa que mora no segundo andar de um condomínio com vista para o rio. Quando eu vi a paisagem, pensei em como deve ser bom morar alí e que eu seria feliz se pudesse acordar todo dia e ver aquela paisagem. Foi engraçado pensar isso, uma vez que eu não gosto da ideia de morar em apartamento ou condomínios em geral. Mas mesmo assim, esse foi o primeiro pensamento que me veio.
Em um lapso de consciência, logo em seguida pensei em como eu era feliz naquele momento (não necessariamente alegre, talvez felizarda seja a palavra) por poder me encantar com aquela vista pela primeira vez, mesmo não morando alí. Era certamente uma experiência de uma em um milhão. Muito bom poder estar de frente para aquelas águas, para a ponte ao longe, pras árvores à margem, pro sol que estava se pondo naquele momento.
Não foi exatamente um sentimento de gratidão à natureza, mas de percepção às coisas que estavam acontecendo na minha frente, no agora. Uma chamada de atenção para mim mesma, pra estar presente ali e não em uma vida hipotética com uma suposta solução pro mau humor. É inegável que uma vista daquela cura qualquer depressão k, mas com o tempo a gente tende a se acostumar e talvez seja melhor do jeito que está, em que eu posso guardar esse sentimento da primeira vez que vi aquela varanda, ao invés de ir perdendo ele pra rotina, como já devo ter perdido várias outras boas memórias ao longo da vida.
Infelizmente é uma fórmula recorrente que percorre o inconsciente: eu seria feliz se... minha vida seria melhor se... Uma prática não muito saudável e que, de alguma forma, vira uma resposta imediata e rasa, e que precisa ser reconfigurada pra evitar ciladas.
Nesse mesmo dia, comecei a ler O Alquimista (Paulo Coelho, 1988) ironicamente o livro é sobre isso, mas eu só li depois de ter tido essa reflexão.
Sinopse | 176 páginas | terminado em: junho
Ouvi dizer que os livros escolhem você, eles vibram pra que você os escolha e não outro qualquer. Vou dizer que foi isso que aconteceu. Eu vi ele despontando em laranja na estante dessa casa com varanda e pedi pra lê-lo. São poucas páginas e quase terminei numa sentada só, mas tive que voltar pra casa e continuar com algum pdf, porém só fui finalizar a leitura um mês depois.
Eu não sei até que ponto a alquimia foi considerada literalmente físicos transformando metal em ouro ou apenas uma seita filosófica, ou se uma coisa levou a outra. Sei que, apesar do título, o livro é sobre um pastor de ovelhas. Parece uma parábola, onde os personagens não tem nome, apenas funções: o alquimista, o pastor, a cigana, o inglês, o velho da loja de cristais, o rei... por aí vai, com direito a diálogos com o vento, o sol e a mão que criou tudo . Me lembrou um pouco o Pequeno Príncipe, ou Dom Quixote... e diversas outras histórias de viagens em busca do amor ou inspiradas pelo amor, que aborda as temáticas mais comuns das quais qualquer um que lê consegue se relacionar. Uma clássica história de jornada do herói sobre a valorização da jornada. É caminhando que se faz o caminho.
Tem uma parte que me pegou, quando fala sobre o pastor abandonar sua lenda pessoal e isso ser a ruina dele. Porque todos os dias da vida dele servirão pra lembrá-lo como ele não aproveitou a oportunidade que apareceu na sua frente, até chegar um momento em que estará muito velho pra seguir sua lenda e morrerá em amargura. Fica o alerta...
É daqueles livros pequenos e leves, pra passar o tempo, com algumas lições de moral. Aquele clima de livro auto ajuda que eu gosto, com várias menções religiosas e metafóricas que eu adapto segundo minhas próprias crenças.
Passei o mês de junho ouvindo o CD de arrasta pé cantado pelo Zezo (O príncipe dos teclados, vol. 13) e uma música ficou comigo, repetindo várias vezes na minha cabeça. Um dia eu notei que a letra lembra muito a história do livro, a parte peregrina em busca dum sonho, "não quero nada além daquilo que mereço", encontrar o amor e as diversas interpretações desse amor.
Pé na estrada, por Zezo (letra)
Não quero nada além daquilo que mereço
Eu não me esqueço que o meu pai me ensinou
Tudo na vida tem que se pagar um preço
Nem só dos sonhos sobrevive o sonhador
É necessário colocar o pé na estrada
Olhar o mundo com os olhos da razão
E no final de tudo não vai dar em nada
Se o amor não residir no coração
É por isso que eu canto com amor
É por amor que a gente pode ver a luz
Do criado de tudo que a gente tem
E respirar suavemente à liberdade
Das misérias e dos carinhos de alguém
Feliz daquele que acredita no futuro
E no escuro, não renega a sua dor
Eu não renego e sempre tô de pé na estrada
Não vale nada a vida inteira sem amor
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