Língua curuaia
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Curuaia | ||
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Outros nomes: | Caravare, Kuruaia, Kuruáya, Curuahé | |
Falado(a) em: | Pará (Altamira) | |
Região: | Pará tributários do baixo rio Xingu.[1] | |
Total de falantes: | Provável que esteja extinta | |
Família: | tronco tupi Munduruku Curuaia | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
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ISO 639-2: | --- | |
ISO 639-3: | kyr
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Curuaia é uma língua da família Mundurucu, do tronco tupi, falada pelos Curuaias. Atualmente a aldeia é composta de uma população jovem que fala o português e conhece palavras soltas da língua materna, até os anos 2000, havia apenas um velho curuaia que falava fluentemente a língua na aldeia, praticamente a língua está extinta. Contudo recentemente, foi feito um estudo sobre a língua, mas ainda não teve início o processo de revitalização de seu uso entre os curuaias.
Localização e população
[editar | editar código-fonte]A Terra Indígena curuaia, na margem direita do rio Curuá, sub-afluente da bacia do Xingu, era constituída, em 2003, de uma aldeia e quatro agrupamentos familiares. A aldeia Cajueiro era composta de 115 pessoas e possuia 12 residências, posto indígena, escola, posto de saúde, casa de farinha, campo de futebol, depósito, cemitério, roçados familiares e comunitário e um local reservado à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM. Um curuaia era contratado para garantir a manutenção do equipamento e para fazer a leitura hidrográfica no nível do rio, a intensidade pluviométrica, além da coleta de outros dados.
Os curuaias que vivem em Altamira vivem junto com outros grupos étnicos também outrora missionados: Juruna, Kayapó, Arara, Xukuru, Karajá, Guarani, Guajajara, Xavante, Kanela e Xipaya. Muitos desses grupos mantém na cidade laços de parentesco desde a época das primeiras incursões colonizadoras. Particularmente, as histórias dos curuaia e dos Xipaya se mesclam em Altamira, havendo uma profusão de inter-casamentos.
Os indígenas em Altamira podem ser encontrados em vários bairros, como Aparecida (18 famílias: 13,04%), Boa Esperança (15 famílias: 10,87%), Independente II (14 famílias: 10,14%), Brasília (10 famílias: 7,25%), Açaizal (8 famílias: 5,80%), São Sebastião (7 famílias: 5,07%), Recreio, Jardim Industrial, Independente I e Centro (6 famílias cada um: 4,35%). A grande maioria deles surgiu no começo do século 21 e tem pouca infraestrutura [dados de 2003].
É comum que os curuaia citadinos tenham relações com seus parentes na TI curuaia, mas geralmente são os aldeados que visitam os parentes na cidade. O tempo de deslocamento da aldeia Cajueiro até Altamira varia de acordo com a estação (seca ou chuvosa) e de acordo com o tipo de embarcação. No verão, uma voadeira de 40 HP leva seis dias no trajeto e no inverno quatro dias. Já um barco de 22 HP leva 17 dias no verão e no inverno dez dias.
Vocabulário
[editar | editar código-fonte]Vocabulário "curuahé" (curuaia) recolhido por Emilie Snethlage (1913):[2][3]
Português | Curuahé |
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cabeça | uá |
cabelo | ualá, walá |
olho | metá |
nariz | onomí |
boca | ubí |
dente | ómai |
orelha | uampí |
braço | obá |
mão | ubesál |
dedo | umamãn |
perna | ovál |
unha | upumamãn |
pescoço | aché-pikaúm |
água | íti, ití; uágua |
fogo | uachá |
pau | ip |
céu | pochó (wadirara) |
chuva | imbuyat; íbuyat |
sol | padí, káidi |
lua | uadí |
estrela | adírava |
pedra | ituá, wita |
cachoeira | idído |
morro | toá |
ilha | tíam-á |
noite | kamisã |
praia | irará |
mata | taibí |
onda | bóro |
vento | káhü put put |
rio | oyapók |
luz | í-dík |
terra | ípi |
homem | taín |
mulher | aó |
pequena criança | bekí |
rapaz | bekí-tipít |
rapariga (pequena) | aó |
pai | bái |
mãe | aí |
rede (para dormir) | edí, marabuibí |
corda da rede | iniá-í |
cuia | wáresa |
panela | kurumánana |
baú | épuniã |
prato | talít |
vaso feito de ouriço de castanha | eití |
canastra feita de folhas de palmeira | choá, wétina |
fita de entrecasca | idiá |
terçado | kura-pimpím |
machado | kúr-á |
faca | kúra-ipít |
canivete | ubulié (?) |
colher | karachó |
arco | vái |
cana flecha | lukumí |
flecha empenada, para aves e macacos | olóp, õp |
flecha (lisa) para peixe | nentúka, niéteoka, choká |
espingarda | nomão |
conta (de vidro) | kaidá |
bolsa para tabaco | edíp |
tabaco | iríp |
folha de tabaco | iríp |
remédio | amãn |
tosse, catarro | pioró-ipí, peoró |
resina | ídiá |
gordura | ichá |
sal | iké, yukudí |
farinha | murinúm, molinóm |
mel | apá, kirie-it, áto |
banana | pauá |
castanha-do-pará | erái, wa(i)nái |
canoa | puba (poubá) |
remo | purawá |
vara | ting-íp |
cuatá | lék-kõ |
macaco-prego | távê |
macaco-de-cheiro (jurupari) | kaíma |
lontra | auaré |
onça | miném, miné |
cutia | umarí |
paca | ágí |
capivara | ué |
veado | idí |
anta | biú |
caititu | aité |
inhambu (?) | nyuri-nyuri-tá |
japu | potió |
anambé (provavelmente Cephalopterus ornatus) | kaká |
Thamnophilus aethiops punctuliger | sónsonra |
Myrmotherula pygmaea | mainiá-dé |
bacurau | bokuréu |
ariramba (martim-pescador) | uzí, usí |
tucano | tyukáno |
papagaio | aráu |
pombo | tikibé |
mutum (Crax fasciolata) | itõn, uitõn |
jacu | uakú |
jacamim | muikãn, waikãn |
cigana | wákopat |
saracura | sarakó |
maguari | ísoso (ízozo) |
passarão (jaburu-moleque) | mokóro |
corocoró | koró |
gaivota | charí |
pássaro noturno ou batráquio (ouvido de noite) | naitú |
jacaré | ápad |
jabuti | poí |
ovos de tracajá | poibiá-lobiá, dobiá-bohír |
camaleão | oití |
batráquio | moron |
acará | savaridía |
tucunaré | pariá |
jacundá | warosá |
traíra | dátyuri |
jeju | layuyuzí |
curimatá | yarí |
pacu | itié |
acari | waíki |
poraquê | zofíra |
arraia | abóro(l)i |
Characinida (?) | techaráp |
Characinida | itáu pak pak |
Characinida | pauara á |
Characinida | guarudá |
silurídeo | urukúa |
camarão | kosiná |
carrapato | puriú |
bicho-do-pé | o |
mutuca | nántik |
carapanã | di |
borboleta | mániputput |
árvore | kubé |
cipó ou arbusto | ípi put put |
inajá | wádiu ? |
yaury (?) | dyó-dyok |
açaí | tukanyéi |
açaí (a fruta?) | ápuim |
cedro | uenkutánema |
árvore da qual se fazem as ubás | pa-ubá |
fruto comestível de uma leguminosa | isári |
raiz comestível (marantácea) | hózin-á |
raiz comestível | hámai-pin |
inhame | uedí ? |
longe | perirít |
perto | puridúm |
pequeno | tinga(i)pít |
não | mãn |
vamos | eriná-teputã erínia-zé |
vamos dormir | uahé |
quero beber | óye nantixín |
quero água | bít-purukín |
quero comer | dikandeián |
estou com fome | yatínga kinán |
estou doente | varínka-tit |
vamos depressa | edileikate |
tenho medo | pudimiá |
morrer | ue-á |
matar | ziuaúkaka |
caçar | atita bisáema |
pescar | aiput-tí ? |
como chama? | a(d)yúdya |
está doente? | ókadin |
derrubar uma árvore | éia-pák |
comer mel | apak ókupinya |
beber água (ou: eu bebo água) | tití utéy u |
comer (ou: eu como) | ód(h)o |
dormir (ou: eu durmo) | ú chéd |
sentar (ou repousar) | áya-bík |
levantar (ou tirar a rede) | ai nyu nyúma |
nomes de homens | Topá, Kurélya, Maitumá, Apaisán |
nomes de mulheres | Parimarú (abreviado em Pãpã), Kumaikarú, Umarú, Umaépo |
Referências
COUDREAU, Henri. Viagem ao Xingu. Belo Horizonte : Itatiaia ; São Paulo : Edusp, 1977.
- ↑ Lewis, M. Paul (ed.), 2009. Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version.
- ↑ SNETHLAGE, Emilia. Vocabulario comparativo dos indios Chipaya e Curuahé. Boletim do Museu Goeldi (Museu Paraense) de Historia Natural e Ethnographia, Belém, 1913, v. VII (1910), p. 93-9.
- ↑ Vocabulário dos índios "Chipaya" apanhado pela Dra. Emilia Snethlage (1909). Site Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Vocabulário Curuahé - SNETHLAGE, Emilia. Vocabulario comparativo dos indios Chipaya e Curuahé. Boletim do Museu Goeldi (Museu Paraense) de Historia Natural e Ethnographia, Belém, 1913, v. VII (1910), p. 93-9.
- PATRÍCIO, Marlinda Melo. Índios de verdade : o caso dos Xipaia e Curuaia. Belém : UFPA, 2000. 144 p. (Dissertação de Mestrado)
- NIMUENDAJÚ, Curt. Fragmentos de religião e tradição dos índios Sipáia : contribuições ao conhecimento das tribos de índios da região do Xingu, Brasil Central. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro : Tempo e Presença Ed. ; São Paulo : Cortez, n. 7, p.3-47, jul. 1981.