Línguas caribes
As línguas caribes, karib,[1] caribas, caraíbas[2] são uma família linguística indígena da América Central e da América do Sul que compreende cerca de 40 línguas faladas entre 60 e 100 mil pessoas [3]. Ela está dispersa por todo o norte da América do Sul, desde a foz do Rio Amazonas até os Andes colombianos, mas também aparece no Brasil central.
As línguas caribes são relativamente próximas entre si. A literatura aponta cerca de 100 nomes diferentes paras as línguas dessa família, mas o número cai pela metade, dependendo do que é considerado língua ou dialeto[3][1]. As poucas línguas que possuem mais de mil falantes são bastante aparentadas entre si, como é o caso do Pemón, do Kapóng e do Macuxi que somam mais da metade dos falantes [3][4].
A família linguística caribe é famosa por causa da língua hixkaryana, que é uma das poucas línguas no mundo que ordena as sentenças na ordem objeto-verbo-sujeito.
Classificação interna
[editar | editar código-fonte]Classificação interna provisória da família linguística Caribe segundo Sérgio Meira (2006: 169):[1]
- Família Caribe
- Ramo Guianense
- Karinya (Galibi); Wayana; Apalaí (?); Palmella † (?)
- Grupo Taranoano
- Karihona
- Tiriyó; Akuriyó
- Grupo Parukotoano
- Katxuyana
- Waiwai; Hixkaryana
- Ramo Venezuelano
- Tamanaku †
- Grupo Costeiro
- Chayma †
- Cumanagoto †
- Grupo Pemonguiano
- Pemong (Arekuna, etc.)
- Kapong (Akawaio, etc.)
- Makuxi
- Panare
- Ye’kwana (?)
- Mapoyo (?); Yawarana (?)
- Ramo Waimiriano
- Waimiri-Atroari (?)
- Ramo Yukpano
- Yukpa (Motilón)
- Hapreria (Japreria)
- Ramo Sul (ou Pekodiano)
- Bakairi
- Grupo Xinguano
- Arara
- Ikpeng
- Ramo Kuikuroano
- Kuikuro (Kalapalo, etc.)
- Pimenteira † (?)
Línguas
[editar | editar código-fonte]Línguas Caribe ainda faladas (Meira 2006):[1]
Língua | Número de falantes |
---|---|
Makushi | 12.000 |
Karinya (Galibi) | 10.000 |
Pemon (Arekuna, Taurepan, etc.) | 5.000 |
Kapon (Akawaio, Patamona, etc.) | 5.000 |
Ye’kwana (Makiritare) | 5.000 |
Panare | 3.100 |
Yukpa (+ Japreria) | 3.000 |
Waiwai | 2.500 |
Tiriyó | 2.000 |
Wayana | 1.000 |
Waimiri-Atroari | 1.000 |
Bakairi | 900 |
Hixkaryana | 600 |
Kuikuro | 500 |
Apalaí | 400 |
Yawarana | 300 |
Ikpeng (Txikão) | 300 |
Arara | 200 |
Katxuyana | 50 |
Karihona (Carijona) | 5 |
Akuriyó | 3 |
Mapoyo | 3 |
Línguas caribes faladas no Brasil
[editar | editar código-fonte]Separadas pelos ramos meridional e setentrional (Ethnologue[5]):
- Línguas caribes - família linguística
- Setentrional
- Guiana Oriental e Ocidental
- Macuxi-Kapon
- Waimiri
- Waiwai
- Wayana-Tiriyó
- Galibi
- Brasil Setentrional
- Meridional
- Guiana Meridional
- Bacia do Xingu
Comparação lexical
[editar | editar código-fonte]Comparação lexical (Rodrigues 1986):[6]
Português | lua | sol | água | chuva | céu | pedra | flecha | cobra | peixe | onça |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Galibí | nuno | wéiu | tuna | konopo | kapu | topu | pyrywa | okóiu | wuoto | kaituxi |
Apalaí | nuno | xixi | tuna | konopo | kapu | topu | pyróu | âkóia | kana | kaikuxi |
Wayâna | nunuy | xixi | tuna | kopo | kapu | tepu | pyréu | ykýia | kaa | kaikui |
Hixkaryâna | nuno | kamymy | tuna | tuna | kahe | tohu | waiwy | okóie | kana | kamara |
Taulipáng | kapyi | wéi | tuna, paru | kono’ | ka’ | ty’ | pyrýu | ykýi | moro’ | kaikuse |
Arára | nuno | txitxi | paru | kangpo | kapo | yupi | pyrom | okoi | wat | okoro |
Txikão | nuno | xixi | ga | kongpo | kuli | yby | pyrom | ogoi | uot | akari |
Nahukwá | nune | riti | tuna | konoho | kavy | tevu | hyre | ekè | kana | ikere |
Kuikúru | ngune | riti | tunga | kongofo | kafy | tefu | fyre | ekè | kanga | èkèrè |
Bakairí | nunâ | xixi | paru | kòpâ | kau | tuhu | pyrâu | âgâu | kãrã | udòdò |
Influência na língua portuguesa
[editar | editar código-fonte]As línguas da família caribe legaram algumas palavras para a língua portuguesa, embora não de modo tão expressivo quanto as línguas da família tupi-guarani. Por exemplo: tacacá, piroga, mico, tuiuiú, tucuxi, manati, savana etc.[7]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MEIRA, Sérgio S. C. O. A Reconstruction of Proto-Taranoan: Phonology and Inflectional Morphology. Tese (Mestrado em Linguística) – Rice University, Houston, 1998.
- MEIRA, Sérgio S. C. O. Reconstructing Pre-Bakairi segmental phonology. Anthropological Linguistics, Bloomington, v. 47, n. 3, p. 1–31, 2005.
- GIRARD, Victor. Proto-Carib phonology. Tese (Doutorado em Linguística) – University of California, Berkeley, 1971.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d Meira, Sérgio. 2006. A família lingüística Caribe (Karíb). Revista de Estudos e Pesquisas v.3, n.1/2, p.157-174. Brasília: FUNAI. (PDF)
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 347.
- ↑ a b c The Indigenous Languages of South America: A Comprehensive Guide (em inglês). [S.l.]: De Gruyter Mouton. 16 de janeiro de 2012
- ↑ Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil - Instituto Socioambiental Arquivado em 24 de maio de 2011, no Wayback Machine. Acessado em 02 de outubro de 2012
- ↑ Família linguística Caribe - Ethnologue
- ↑ Rodrigues, Aryon Dall'Igna. 1986. Línguas brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola. (PDF)
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. 1 830 p.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Macro-Caribe (vocabulários organizados por Victor A. Petrucci)