André Lucena’s review published on Letterboxd:
Depois de anos apresentando um popular programa de TV de aeróbica, a ex-atriz vencedora do Oscar e ícone fitness Elisabeth Sparkle (Demi Moore) tem tudo o que sempre sonhou. Ela é rica, famosa e símbolo de sensualidade, seu nome tem uma estrela na Calçada da Fama e seu rosto está estampado em gigantes outdoors em Hollywood. No entanto, no dia em que ela faz 50 anos, seu chefe Harvey (Dennis Quaid) a informa que seu tempo no estúdio está chegando ao fim, alegando que isso é apenas uma consequência da mudança de gosto dos espectadores, mas ela sabe que é por causa da idade dela.
Abalada por ter sido dispensada, ela sofre um acidente de carro e descobre um produto misterioso replicador de células chamado "A Substância", que promete criar uma melhor versão de si mesma, ou seja, mais jovem, mais bonita e com o carisma necessário para conquistar um novo espaço no show business, permitindo que ela continue sendo uma estrela de TV.
Porém, a tal substância tem uma regra absoluta: ela e seu alter ego devem desligar a cada sete dias, sem exceção, enquanto uma está "ligada" a outra fica "desligada". Elas compartilham a mesma consciência, mas conforme Elisabeth e seu eu mais jovem, Sue (Margaret Qualley) continuam neste processo, elas aprendem sobre os efeitos colaterais e suas mentes começam a divergir. O que pode acontecer de ruim se ela ficar como Sue um ou dois diazinhos a mais?
A Substância (2024) traz uma mensagem muito forte sobre como nossa cultura obcecada pela juventude leva principalmente as mulheres a se entupirem de medicamentos cosméticos, suplementos sem comprovação científica e cirurgias plásticas que prometem o tão sonhado rejuvenescimento, tudo isso para se inserirem nos padrões de beleza da sociedade.
Me impressionei demais com a entrega da Demi Moore e da Margaret Qualley nos seus papéis, principalmente diante de tantas cenas de nudez (que são totalmente necessárias para a obra). Demi como Elisabeth captura de forma impecável a angústia, a revolta e a fragilidade de uma mulher envelhecendo em uma indústria que supervaloriza a juventude, revelando a insegurança e a desesperança.
Enquanto Margaret como Sue encarna a juventude e a beleza idealizada, transmitindo uma aura de confiança e um carisma hipnotizante. A atriz revela a faceta manipuladora, ambiciosa e calculista de Sue, contrastando com sua imagem angelical. Impecáveis, perfeitas.
A direção de Coralie Fargeat é visceral e provocativa. A estética visual da sua obra é marcante, não apenas pelo body horror, mas também pela utilização de cores vibrantes e alegres, que contrastam com a temática densa, além da minuciosa experiência sensorial presente nos pequenos detalhes que tornam a experiência no cinema ainda mais imersiva. Um filme que dificilmente sairá da cabeça.