Golpe de Estado no Sudão em 1985
Golpe de Estado no Sudão em 1985 foi um golpe militar ocorrido no Sudão em 6 de abril de 1985. O golpe foi orquestrado por um grupo de oficiais militares e foi liderado pelo ministro da Defesa e Comandante em Chefe das Forças Armadas, Marechal Abdel Rahman Swar al-Dahab contra o governo do presidente Gaafar Nimeiry.[1][2][3]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Em 1983, o presidente Gaafar Nimeiry declarou que todo o Sudão era um Estado islâmico sob a lei da sharia, incluindo a maioria não-islâmica na parte sul do país. A Região Autônoma do Sul do Sudão foi abolida em 5 de junho de 1983, encerrando o Acordo de Addis Abeba de 1972, que pôs fim a Primeira Guerra Civil Sudanesa.[4] Este ato iniciou diretamente a Segunda Guerra Civil Sudanesa em 1983.[5]
Golpe
[editar | editar código-fonte]As Forças Armadas do Sudão assumiram o controle do país em 6 de abril de 1985 após mais de uma semana de agitação civil, causada pelo aumento dos preços dos alimentos e crescente insatisfação com o governo do presidente Nimeiry, que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado em 1969. Nimeiry estava nos Estados Unidos no momento do golpe.[1]
O golpe foi anunciado pela rádio. Os estúdios de rádio em Omdurman eram fortemente vigiados por soldados, que se retiraram somente após o anúncio ser feito.[1]
Segundo relatos, houve duas baixas durante o golpe, mortos em um breve tiroteio quando soldados tomaram a sede da segurança estatal na capital Cartum.[1]
Anúncios do novo governo
[editar | editar código-fonte]Em um comunicado militar lido na rádio em 7 de abril, Dahab afirmou que os militares haviam tomado o controle do país por causa do "agravamento da situação e da crise política, que piora continuamente".[1]
Em um comunicado posterior lido na Rádio Omdurman, Dahab prometeu mudanças políticas, econômicas e sociais. Também garantiu liberdade para a imprensa, organizações políticas e comunidades religiosas.[1] No mesmo comunicado, Dahab também prometeu a abertura de um "diálogo direto" com os rebeldes no sul (predominantemente cristãos e animistas) e a obtenção da unidade nacional "no âmbito da igualdade de direitos e deveres".[1]
Dahab emitiu um programa de sete pontos que demitiu o Presidente Nimeiry e seu governo, suspendeu a Constituição e o Parlamento (a Assembleia Popular Central[2]), dissolveu o partido governante União Socialista Sudanesa[2] e declarou um estado de emergência "temporário" e lei marcial. Dahab afirmou que os militares tomariam o controle do país por um período limitado de tempo e que o poder seria devolvido "ao povo" dentro de seis meses.[1]
Reações
[editar | editar código-fonte]Na sequência do anúncio do golpe de Estado, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum para celebrá-lo. A bandeira vermelha, verde, branca e preta que Nimeiry instituiu como bandeira do Sudão após o golpe de 1969 foi arriada pelos manifestantes; também destruíram fotos de Nimeiry, incluindo uma na área da recepção do Khartoum Hilton Hotel.[1]
Pouco depois do golpe, Nimeiry chegou ao Cairo vindo de Washington, D.C. Ele foi recebido no Aeroporto Internacional do Cairo por altos oficiais egípcios (o presidente Hosni Mubarak, o primeiro-ministro Kamal Hassan Ali e o ministro da Defesa Marechal Abd Al-Halim Abu-Ghazala). Inicialmente com a intenção de tentar retornar a Cartum, Nimeiry foi dissuadido de fazê-lo pelo piloto de seu jato presidencial Boeing 707 e por Mubarak sob o argumento de que a viagem seria muito perigosa.[2]
Enquanto as autoridades egípcias declararam que estavam "muito preocupadas" com a situação,[1] o novo governo militar do Sudão foi rapidamente reconhecido pelo governo da Jamahiriya Árabe Líbia sob o comando do coronel Muammar Gaddafi, um inimigo do pró-ocidental Nimeiry.[2] O governo da Síria sob o presidente Hafez al-Assad também saudou a queda de Nimeiry.[2]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «SUDAN'S PRESIDENT IS OUSTED IN COUP BY MILITARY CHIEF». The New York Times. 7 de abril de 1985
- ↑ a b c d e f «Sudan's Military Ousts Numeiri: Coup Climaxes Protests; African Ally Was on Way Back From U.S.». The Los Angeles Times. 7 de abril de 1985
- ↑ «Sudanese Leader Deposed in Coup». The Washington Post. 7 de abril de 1985
- ↑ «HISTORY OF SOUTHERN SUDAN (HOSS)». Arquivado do original em 16 de julho de 2011
- ↑ Brian Raftopoulos and Karin Alexander (2006). Peace in the balance: the crisis in the Sudan. [S.l.]: African Minds. pp. 12–13
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «1985 Sudanese coup d'état».