Golpe de Estado no Mali em 1968
Golpe de Estado no Mali em 1968 | |||
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Data | 19 de novembro de 1968 | ||
Local | Bamako, Mali | ||
Desfecho | Golpe de Estado bem sucedido
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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O golpe de Estado no Mali em 1968 foi um golpe militar ocorrido no Mali, em 19 de novembro de 1968, contra o governo do presidente Modibo Keïta. O golpe foi liderado pelo tenente (mais tarde major-geral) Moussa Traoré, que posteriormente se tornaria chefe de Estado.
Contexto
[editar | editar código-fonte]O presidente Keïta, pai da independência do Mali, lidera um governo socialista desde 1960, apoiado por seu partido, a Union soudanaise - Rassemblement démocratique africain (US-RDA). No entanto, sua política enfrentava dificuldades econômicas. Em 1966, ele suspendeu a constituição e o parlamento, substituídos por um Comitê Nacional de Defesa da Revolução com plenos poderes. [1] A população estava cada vez mais insatisfeita com o governo. [2] Os oficiais subalternos do Mali, em especial os tenentes Moussa Traoré, Tiécoro Bagayoko, Kissima Doukara, Youssouf Traoré e Filifing Sissoko, e os suboficiais, como o adjudant-chef Soungalo Samaké, passariam então a planejar a deposição do governo. [3] Os oficiais superiores malianos tinham pouco ou nenhum controle sobre seus subordinados e não desempenham nenhum papel no golpe. [4]
Ao contrário de muitos golpes de Estado nas antigas colônias francesas, este não foi apoiado por atores estrangeiros. Os dois proeminentes organizadores de golpes pró-ocidentais na África, Houphouët-Boigny, presidente da Costa do Marfim, e Jacques Foccart, consultor para assuntos africanos de Charles de Gaulle, presidente da França, ficaram surpreendidos com o golpe. [5]
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Presidente Modibo Keïta em 1966
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O líder dos golpistas, Moussa Traoré, em 1989.
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Outro golpista, Tiécoro Bagayoko, na década de 1970.
O golpe
[editar | editar código-fonte]Durante a noite de 18 a 19 de novembro, à meia-noite, os golpistas reuniram a guarnição de Kati e anunciaram suas intenções. A rede telefônica foi interrompida às 2 horas da madrugada e os quadros do US-RDA foram presos antes do amanhecer. Os soldados pararam o comboio do presidente Keïta durante seu regresso a Bamako a partir de Mopti. Eles planejavam detê-lo em Koulikoro quando desembarcasse de seu barco, o Général Abdoulaye Soumaré, mas Keïta estava adiantado e seu Citroën DS foi interceptado às 10 horas da manhã em Kayo, a poucos quilômetros de Bamako. [3] O tenente Bagayoko perguntou: "Sr. Presidente, você gostaria de se colocar à disposição do exército?" e os oficiais o forçaram a entrar em um veículo blindado de transporte de pessoal BTR-152. [5] O presidente foi trazido para o centro da capital às 11h30. Os golpistas exigem-lhe que cessasse a sua política socialista e substituísse os seus colaboradores, porém Modibo Keïta recusou, argumentando que foi eleito democraticamente em um programa socialista. [1] No entanto, de acordo com o capitão Abdoulaye Ouologuem, motorista do carro presidencial, os amotinados exigiram apenas novas eleições, mas o presidente rejeitou. [5] Diante dessa recusa, a facção militar transmitiu uma mensagem de rádio anunciando "o regime ditatorial [...] caiu". [1]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Devido ao fraco histórico econômico do presidente Keita, o golpe foi bem recebido pela população.[1] As causas imediatas do golpe foram problemas financeiros e econômicos esmagadores, agravados por uma colheita especialmente ruim em 1968. [6] Modibo Keïta e outros quadros do regime anterior foram presos em Kidal e Taoudenni. Modibo Keïta morreu em cativeiro em Bamako em 1977. [1] Dez tenentes (Moussa Traoré, Baba Diarra, Youssouf Traoré, Filifing Sissoko, Tiécoro Bagayoko, Joseph Marat, Mamadou Sanogho, Cissema Toukara, Moussa Kone e Karim Dembele) e quatro capitães (Yoro Diakité, Malik Diallo, Charles Cissoko e Mamadou Cissoko) formaram o Comitê Militar de Libertação Nacional. [7] Moussa Traoré tornou-se presidente do comitê, prometendo democracia e eleições livres, o que nunca acontecerá. Foi proclamado presidente em 1969 e governou o país até que ser deposto durante o golpe de Estado de 1991.[8]
Referências
- ↑ a b c d e Houpert, Pierre (19 de Novembro de 2016). «Ce jour-là : le 19 novembre 1968, un coup d'État renverse le président malien Modibo Keïta». Jeune Afrique (em francês)
- ↑ Roger, Benjamin (25 de março de 2016). «Mali : retour sur le régime de Moussa Traoré en dix dates». Jeune Afrique (em francês)
- ↑ a b «Edito : Mardi 19 novembre 1968». Le Sursaut (em francês). 21 de Novembro de 2016
- ↑ Decraene, Philippe (21 de Novembro de 1968). «Conflit de générations et divergences idéologiques». Le Monde (em francês). p. 10 – via Université de Sherbrooke
- ↑ a b c «Mali : Mardi 19 novembre 1968 : Ce que Modibo et Moussa se sont dit !». Le Sursaut (em francês). 28 de Novembro de 2016
- ↑ «President Modibo Keita of Mali is deposed by the army». sahistory.org.za
- ↑ AFP (21 de Novembro de 1968). «LE COMITÉ MILITAIRE DE LIBÉRATION NATIONALE». Le Monde (em francês)
- ↑ «Mali's Dictator Is Overthrown in Coup». The New York Times. Associated Press. 27 de março de 1991