Caso Guilherme Caramês
Caso Guilherme Caramês | |
---|---|
Guilherme Caramês | |
Local do crime | Curitiba, Paraná |
Data | 17 de junho de 1991 (33 anos) |
Tipo de crime | desaparecimento e morte |
Vítimas | Guilherme Caramês Tiburtius |
O Caso Guilherme Caramês se refere ao desaparecimento da criança Guilherme Caramês Tiburtius (15 de janeiro de 1983 – Curitiba, 17 de junho de 1991)[1] no dia 17 de junho de 1991 no Paraná. Guilherme, à época com 8 anos de idade, desapareceu no fim da manhã na Rua Ozório Duque Estrada, no município de Curitiba, capital do estado.[2][3]
O crime continua sem solução até o momento, e é considerado o caso de desaparecimento infantil de maior repercussão no Paraná.[2][4][5]
O ativismo de Arlete Caramês, mãe de Guilherme, que chegou a ser vereadora e deputada estadual, contribuiu para a criação do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas do Paraná (Sicride).[3][5][4]
João Ricardo Kepes Noronha, delegado da Delegacia Antissequestro, que assumiu investigação um ano após o desaparecimento, disse que nunca teve uma pista concreta sobre o que aconteceu. Em 2021, completarem 30 anos de seu desaparecimento, porém o caso continua sem solução até o presente momento.[2]
Desaparecimento
[editar | editar código-fonte]Guilherme morava com o pai, o aposentado Ewaldo Oscar Tiburtius, na época com 66 anos, a mãe, Arlete Caramês, e a avó Sueli Caramês, de 66 anos de idade, no bairro Jardim Social, numa casa próxima a um bosque. A mãe disse que seu filho era o tipo de criança que fazia amigos com facilidade, que chegava a chamar pessoas desconhecidas de “amigas” e que era uma criança bastante "comunicativa".[3][6]
Ele desapareceu numa época em que o Paraná lidava com uma onda de desaparecimentos de crianças Caso das crianças desaparecidas no Paraná nos anos 1980 e 1990. Alguns destes casos foram solucionados, mas outros tantos não. Em 2017, dos 28 casos de desaparecimento de crianças em aberto no Paraná, nove eram dos anos 1990 e quatro da década de 1980, ou seja, havia 13 crimes destas décadas ainda sem solução. [7][8][9] Também nesta época, a traficante de crianças Arlete Hilu atuava nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Segundo o testemunho dos familiares, a cronologia do que aconteceu naquele dia, aproximadamente, é a seguinte:
- 8h: a mãe, funcionária do Banestado, vai até o quarto para se despedir de Guilherme antes de ir trabalhar; o menino ainda dormia;
- 10h: Guilherme vai andar de bicicleta na rua, algo normal em sua rotina; pouco depois ele liga para a mãe pedindo para usar um dinheiro, que estava guardado, para comprar um coelho, o que foi autorizado pela progenitora;
- 12h: a avó chama Guilherme para almoçar e se preparar para ir para a escola; o menino pede para dar uma última volta de bicicleta, o que foi autorizado pela avó;
- 12h30min: os familiares notam o sumiço da criança.
Investigações
[editar | editar código-fonte]Assim que o sumiço de Guilherme foi notado, a Polícia Militar foi chamada. Diversos policiais procuraram nos arredores e vasculharam, inclusive, um rio perto da residência. A Polícia Civil também entrou no caso "e ficaram dias dentro da minha casa", disse Arlete em 2021. No entanto, nenhuma pista foi encontrada pelos investigadores.[2] A mãe de Guilherme, Arlete Caramês, chegou a fazer uma campanha de distribuição de cartazes, tendo relatado que "com o tempo, algumas denúncias foram aparecendo, mas nada concreto. Fui para muitos lugares e nada. Cheguei a ir em uma seita religiosa em Buenos Aires, na Argentina, porque me disseram que havia muitas crianças no local. Todas as pistas foram falsas", disse.[2][4]
Segundo a jornalista Mara Cornelsen, da Tribuna do Paraná, que acompanhou o caso desde o início, "as polícias Civil e Militar atualizaram os métodos de busca e investigação devido à Arlete Hilu, procurando divulgar rapidamente o sumiço de qualquer criança, buscando desta forma impedir a saída da cidade e do Paraná, dos eventuais sequestradores. Tão logo o desaparecimento chegou ao conhecimento da polícia, avisada pelos pais, a notícia chegou à imprensa. A família também procurou jornais e outros veículos de comunicação solicitando a divulgação de fotos do menino e ajuda para encontrá-lo”. Arlete chegou a dizer à época que acreditava que alguém na vizinhança poderia ter visto o que aconteceu ou saber de algo associado ao caso, mas não quisesse se manifestar sobre o assunto.[6]
Possível sequestro
[editar | editar código-fonte]A possibilidade de Guilherme ter sido sequestrado começou a ganhar forças na medida em que muito tempo se passava e nenhum vestígio (nem mesmo a bicicleta) foi encontrado. Além disto, Guilherme havia ligado para a mãe de um número de celular desconhecido.[10][11]
A mãe disse que o seu filho era o tipo de criança que fazia amigos com facilidade, mas que dias antes de desaparecer ele estava “diferente” em casa, tendo até sugerido que queria mudar de casa e de nome. Mais tarde Arlete levantou a suspeita de que alguém estivesse interagindo com o menino, o que teria levado ao comportamento anormal do filho. A polícia, porém, não encontrou nenhum suspeito de ter feito contato inadequado com a criança.[3]
Com o tempo, Arlete passou a acreditar que o filho tenha sido levado para o exterior para ser ilegalmente adotado e que ele tenha se acostumado com outra família.[12][13]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Guilherme Caramês Tiburtius - Desaparecidos do Brasil». www.desaparecidosdobrasil.org. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ a b c d e «Desaparecimento de Guilherme Caramês Tiburtius, caso mais famoso de Curitiba, completa 30 anos». Tribuna do Paraná. 17 de junho de 2021. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c d «Discurso do(a) Deputado(a) CPI - DESAPARECIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES em às 14:30». www.camara.leg.br. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ a b c «Casos famosos». agenciaal.alesc.sc.gov.br. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ a b Nascimento, Marina Sequinel e Antônio (17 de junho de 2018). «"Ter um filho desaparecido é ter a vida suspensa", diz mãe de menino que sumiu há 27 anos». Banda B. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ a b Londrina, Folha de; Londrina, Folha de (16 de junho de 1999). «Guilherme está desaparecido há 8 anos | Folha de Londrina». www.folhadelondrina.com.br. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ Paraná, Jornal Bem. «Paraná tem 28 crianças desaparecidas atualmente - Bem Paraná». www.bemparana.com.br. Consultado em 29 de julho de 2022
- ↑ «Sistema de Pessoas Desaparecidas - Menores de 12 anos - Data do desaparecimento - Última». Polícia Civil do Paraná. Consultado em 29 de julho de 2022
- ↑ «PodParaná #83: Identificação de ossada de Leandro Bossi após 30 anos faz ressurgir histórias de crianças desaparecidas na década de 90». G1. Consultado em 29 de julho de 2022
- ↑ «Desaparecimento de Guilherme Caramês Tiburtius, caso mais famoso de Curitiba, completa 30 anos». Tribuna do Paraná. 17 de junho de 2021. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ PR, Adriana JustiDo G1 (29 de agosto de 2013). «'Nunca vou perder a esperança', diz mãe de filho desaparecido há 22 anos». Paraná. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ «Sumiço de Guilherme completa onze anos | Painel do Crime». Tribuna do Paraná. 18 de junho de 2002. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ «PARTE 2 – A luta e a espera da mulher que nunca desiste». Diário de Curitiba. 10 de fevereiro de 2021. Consultado em 16 de março de 2022