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terça-feira

bixiga

passa muita ambulância aqui onde eu moro. às vezes, mais de uma por dia. e, toda vez que passa, eu faço uma prece silenciosa pra que fique tudo bem.

também passa avião aqui onde eu moro. com menos frequência do que ambulância, mas fazendo o mesmo tanto de barulho. e toda vez que passa, eu faço uma prece silenciosa pra que ele não caia (rs).

tem uma pracinha aqui onde eu moro. e, às vezes, vejo moradores do meu prédio sentados ali, normalmente os mais velhos, conversando… e eu faço uma prece silenciosa pra chegar nessa idade com essa saúde e disposição.

tem bastante árvore aqui onde eu moro. tanto que até me esqueço que tô no coração de uma das cidades mais cinzas do mundo. sempre que ando pela rua, eu faço uma prece silenciosa em agradecimento aos que mantiveram essas raízes no chão.

tem uma livraria aqui onde eu moro. com cheiro, gosto e cara de casa de vó. e, sempre que eu vou lá, faço uma prece silenciosa por todos que mantém a literatura viva.

tem muita história aqui onde eu moro. antigo quilombo, nascente de rio. tem luta em cada pedacinho do asfalto, em cada tijolo, em cada coração que bate por aqui. e eu faço minhas preces como se o próprio bixiga pudesse ouvir. 

quarta-feira

autoconstrução

eu não faço arte
eu faço a mim mesma
em cada nova

poesia

sexta-feira

utopia

se amor só dependesse de quantidade
eu teria suficiente pra nós dois

manifesto dos amores saudáveis

É que eu não quero um relacionamento sério, eu quero alguém com quem ver a graça da vida

Eu não quero um compromisso, por que eu teria que me comprometer?

Comprometer meus sonhos, minha personalidade, até o barzinho sexta-feira no final da tarde

Mas não se engane, isso não é uma carta aberta contra relacionamentos, não não

Eu venho em nome da liberdade

Liberdade de amar sem ser sufocado, de se entregar sem ser usado

De estar junto, sem estar o tempo todo grudado

O direito de continuar sendo 1, quando se tornam 2

É que eu quero alguém pra estar do meu lado, sem as pressões desse modelo de amor ultrapassado

Eu posso sim ser só sua, desde que eu não deixe de ser minha também

Desde que o verbo possuir sirva só pra falar sobre todo o amor que a gente tem

segunda-feira

sobre a “luz” dos homens

Hoje eu olho pra trás
Praquela menina que viu encanto em ti
E me pergunto: o que ela era
Além de uma alma fugaz?

Onde já se viu?
Ver cão amigo no monstro
Onde já se viu?
Olha eu me culpando de novo!
Por ter os olhos da sociedade
Na frente da minha íris

O problema não era eu
Que de tão proibida de ver encanto em mim
Projetei esse encanto em ti
O problema é você - são todos eles
Que de tanta escuridão em si
Precisou mentir sobre a minha luz

Pra haver um pouco de “luz” em ti