Victor Borge
Victor Borge | |
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Victor Borge na entrada do Hotel D'Angleterre em Copenhague, 1990 | |
Nascimento | Børge Rosenbaum 3 de janeiro de 1909 Copenhague, Dinamarca |
Morte | 23 de dezembro de 2000 (91 anos) Greenwich, Connecticut, Estados Unidos |
Sepultamento | Jewish Western Cemetery, Putnam Cemetery |
Nacionalidade | dinamarquês |
Cidadania | Estados Unidos, Reino da Dinamarca |
Progenitores |
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Cônjuge | Sarabel Sanna Scraper |
Filho(a)(s) | Vebe Borge |
Alma mater | The Royal Danish Academy of Music |
Ocupação | pianista, regente e comediante |
Distinções |
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Instrumento | piano |
Victor Borge (Copenhague, 3 de janeiro de 1909 – Greenwich, 23 de dezembro de 2000), nome artístico de Børge Rosenbaum, foi um pianista, regente e comediante dinamarquês estabelecido nos Estados Unidos.
Conquistou grande popularidade graças a seus shows e apresentações no teatro, rádio e televisão americanos e europeus onde apresentava peças musicais do repertório erudito em situações cômicas.[1] Em 1960, era considerado o artista mais bem pago do mundo.[2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Victor Borge nasceu "Børge Rosenbaum"[4] em 1909, em Copenhague, na Dinamarca, no seio de uma família judia asquenaze. Seus pais eram Bernhard e Frederikke Rosenbaum, sendo ambos músicos. Seu pai era violista da Orquestra Real Dinamarquesa.[5] Victor começou a ter aulas de piano com apenas 2 anos de idade, com um talento que logo indicou que ele se tornaria um prodígio no instrumento. Seu primeiro recital de piano foi aos 8 anos de idade, em 1918, o que lhe garantiu uma bolsa de estudos completa pela Royal Danish Academy of Music, sob a orientação de Olivo Krause. Depois, Victor teve aulas com Victor Schiøler, Frederic Lamond e Ferruccio Busoni.[1][3]
Seu primeiro grande concerto foi em 1926, na Danish Odd Fellow Palæet, uma casa de concertos em Copenhague. Depois de vários anos como pianista clássico, Victor passou a fazer o que depois se tornaria sua marca registra, o show de comédia stand-up, que misturava bom humor, música clássica e piadas. Em 1933, ele se casou com a norte-americana Elsie Chilton e no mesmo ano estreou em teatro de revista.[6]
Victor começou a excursionar extensivamente pela Europa, onde começou a fazer piadas anti-nazistas.[3] Quando forças alemãs ocuparam a Dinamarca em 9 de abril de 1940, na Segunda Guerra Mundial, Victor estava em um concerto na Suécia e assim conseguiu fugir para a Finlândia.[7] Ele então viajou para os Estados Unidos a bordo do SS American Legion, um antigo porta-tropas da Primeira Guerra Mundial, convertido em navio de passageiros e de carga, e o último navio neutro a partir do porto de Pechengsky, na Finlândia.[2][8]
Victor desembarcou em solo norte-americano em 28 de agosto de 1940,[3] com cerca de 20 dólares no bolso (358 em valores atuais) e com pouco conhecimento de língua inglesa.[9] Pagava 15 centavos para assistir filmes e tentar repetir as palavras na esperança de aprender a falar inglês.[2] Disfarçado de marinheiro, Victor retornou à Dinamarca uma vez, durante a ocupação nazista, para visitar a mãe muito doente.[10]
Estados Unidos
[editar | editar código-fonte]Ainda que não falasse fluentemente o inglês quando chegou ao país,[2] ele rapidamente se adaptou à audiência norte-americana, aprendendo inglês assistindo a filmes. Adotou o nome artístico de Victor Borge e em 1941 estreou em um programa de rádio com Rudy Vallee.[11] Em seguida foi contratado por Bing Crosby para o seu programa, Kraft Music Hall.[12]
Victor logo ficou famoso, ganhando o prêmio de Melhor Performance da New Radio, em 1942. Logo depois, convites para o cinema foram feitos, um deles para trabalhar ao lado de Frank Sinatra em Higher and Higher. Foi apresentando seu programa, The Victor Borge Show,[13] no começo de 1946, que ele adotou muitas de suas marcas registradas no humor.[9][14]
Em 1948 Victor participou várias vezes no programa de Ed Sullivan e no mesmo ano se naturalizou norte-americano. No John Golden Theatre, em Nova Iorque, ele começou seu show Comedy in Music, em 2 de outubro de 1953, que se tornaria o show solo mais longo na história do teatro, com 849 apresentações, quando acabou em 21 de janeiro de 1956, que lhe garantiu um lugar no livro do Guinness World Records.[15]
Victor também tocou e conduziu orquestras, como a Orquestra Sinfônica de Chicago,[16] a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque[17] e a Orquestra Filarmônica de Londres.[18] Em 1992, pode conduzir a Orquestra Real Dinamarquesa, em Copenhague.[2] Victor continuou se apresentando até aos 90 anos de idade.[2]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Victor casou com a sua primeira esposa, Elsie Chilton, em 1933. Depois do divórcio com Elsie, casou com Sarabel Sanna Scraper em 1953. Ficou casado com Sarabel até à morte dela em setembro de 2000, aos 83 anos.[19] Victor teve cinco filhos, que por vezes chegaram a tocar junto do pai. Ronald Borge e Janet Crowle com Elsie; Sanna Feinstein, Victor Bernhard e Frederikke (Rikke) Borge com Sarabel.[20]
Outros interesses
[editar | editar código-fonte]Era proprietário de uma quinta nos arredores de Silves, Portugal.[3] Além de várias participações em show de variedades na televisão, Victor escreveu três livros: My Favorite Intermissions,[21] My Favorite Comedies in Music[22] e uma autobiografia, chamada Smilet er den korteste afstand ("The Smile is the Shortest Distance") com Niels-Jørgen Kaiser.[23]
Morte
[editar | editar código-fonte]Victor Borge morreu em 23 de dezembro de 2000, em Greenwich, Connecticut, aos 91 anos.[3] Morreu dormindo após voltar de uma apresentação na Dinamarca.[24] Atendendo aos seus pedidos, parte de suas cinzas foram enterradas no Cemitério Putnam, em Greenwich, com uma réplica da estátua de A Pequena Sereia, sentada em um rochedo no lugar de seu túmulo, e a outra parte foi enterrada no cemitério judeu Mosaisk Vestre Begravelsesplads, em Copenhague.[25]
Referências
- ↑ a b Rasmussen, Bjørn (1969). Filmens hvem-vad-hvor. Copenhague: Politiken. p. 239. ISBN 9788756714259
- ↑ a b c d e f «10 things you didn't know about Victor Borge». Rainer Hersch. Consultado em 29 de julho de 2019
- ↑ a b c d e f Dennis Barker (ed.). «Obituary: Victor Borge». The Guardian. Consultado em 29 de julho de 2019
- ↑ Jean-Pierre Thiollet, 88 notes pour piano solo, Neva Editions, 2015, p.296. ISBN 978-2-3505-5192-0
- ↑ «Det Kongelige Teater – Kort fortalt» (em dinamarquês). Consultado em 3 de outubro de 2010. Arquivado do original em 10 de janeiro de 2011.
Meu pai tocou na orquestra por mais de 30 anos; não o reconhecíamos quando voltava para casa. (Om Bernhard Rosenbaum, som var bratschist i Kapellet fra 1888–1919 sagde Victor Borge: "Min far spillede i Kapellet i over 30 år – vi kunne heller ikke kende ham, da han kom hjem".)
- ↑ Jensen, Bernhardt (1966). Som Århus morede sig: Folkelige forlystelser fra 1890'erne til 2. verdenskrig (em dinamarquês). Copenhague: Universitetsforlaget. p. 128
- ↑ Sears, Richard S. (1986). V-discs: first supplement. Westport: Greenwood Press. p. 23. ISBN 978-0-313-25421-5
- ↑ Roland W. Charles (ed.). «Troopships of World War II» (PDF). The Army Transportation Association. Consultado em 29 de julho de 2019
- ↑ a b David B. Green (ed.). «Terrified Musical Prodigy Who Could Only Perform When Joking Is Born». Haaretz. Consultado em 29 de julho de 2019
- ↑ National Geographic Society (US) (1 de julho de 1998). The National geographic. [S.l.]: National Geographic Society. p. 59. Consultado em 3 de outubro de 2010
- ↑ Nielsen Business Media, Inc. (1953). Billboard. [S.l.]: Nielsen Business Media, Inc. p. 21. ISSN 0006-2510. Consultado em 2 de outubro de 2010
- ↑ Cullen, Frank (2007). Vaudeville, old & new: an encyclopedia of variety performers in America. [S.l.]: Psychology Press. p. 132. ISBN 978-0-415-93853-2. Consultado em 2 de outubro de 2010
- ↑ Grolier Incorporated. The Encyclopedia Americana. [S.l.]: Grolier. p. 272. ISBN 978-0-7172-0122-8. Consultado em 2 de outubro de 2010
- ↑ Borge, Victor (março de 1985). Popular Mechanics. [S.l.]: Hearst Magazines. p. 107. ISSN 0032-4558. Consultado em 3 de outubro de 2010
- ↑ Young, Mark (1998). The Guinness Book of World Records 1998. [S.l.]: Bantam Books. p. 439. ISBN 978-0-553-57895-9
- ↑ Elliott, Robert Barkan (2001). Making it in America: a sourcebook on eminent ethnic Americans. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 47. ISBN 978-1-57607-098-7
- ↑ New York Media, LLC (1978). New York Magazine. [S.l.]: New York Media, LLC. p. 54. ISSN 0028-7369
- ↑ H.W. Wilson Company (1993). Current biography yearbook. [S.l.]: H.W. Wilson. p. 82
- ↑ «Comic Pianist Victor Borge Dies At 91». CBS News. 24 de dezembro de 2000. Consultado em 2 de outubro de 2010
- ↑ «Paid Notice – Deaths BORGE, SANNA SARABEL». New York Times. 11 de outubro de 2000. Consultado em 2 de outubro de 2010
- ↑ Borge, Victor; Sherman, Robert (1971). My favorite intermissions. [S.l.]: Doubleday
- ↑ Borge, Victor; Sherman, Robert (1980). Victor Borge's My favorite comedies in music. [S.l.]: Dorset Press. ISBN 978-0-88029-807-0
- ↑ Borge, Victor; Kaiser, Niels-Jørgen (2001). Smilet er den korteste afstand -: erindringer (em dinamarquês). [S.l.]: Gyldendal. ISBN 978-87-00-75182-8
- ↑ STEPHEN HOLDEN (ed.). «Victor Borge, 91, Comic Piano Virtuoso, Dies». The New York Times. Consultado em 29 de julho de 2019
- ↑ Bente Clausen, ed. (9 de maio de 2001). «Victor Borges aske deles» (em dinamarquês). Kristeligt Dagblad. Consultado em 3 de outubro de 2010
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Victor Borge Site oficial
- Victor Borge. no IMDb.
- Victor Borge (em inglês) no Find a Grave [fonte confiável?]
- Internet Archive: Victor Borge Collection
- «A Tribute to Victor Borge»
- «He Introduced Me To The Bosendorfer Imperial: Victor Borge». Company Seven.
With images, video and sound files provided by Borge management
- Jewish Survivor Victor Borge Testimony (1998) no YouTube; by the USC Shoah Foundation Institute for Visual History and Education
- Victor Borge - Honored by Kennedy Center, Lifetime Achievement (1999) no YouTube