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Viaduto do Chá

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Viaduto do Chá
Viaduto do Chá
Imagem aérea do Viaduto do Chá, ao fundo o Shopping Light (Edifício Alexander Mackenzie)
Viaduto do Chá
Inauguração 6 de novembro de 1892 (132 anos)
Extensão 240 metros
Início Rua Líbero Badaró
Cidade São Paulo
Subprefeitura(s)
Bairro(s) Centro
Fim Praça Ramos de Azevedo
bem tombado pelo CONDEPHAAT

O Viaduto do Chá foi o primeiro viaduto a ser construído na cidade de São Paulo, localizado no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Foi idealizado pelo francês Jules Martin[1] em 1877, mas inaugurado apenas em 6 de novembro de 1892. Na época, foi construído com estrutura metálica, que com o passar do tempo se tornou inadequada, inclusive com riscos de queda. Por este motivo, ao lado da antiga estrutura foi construído um novo viaduto, com a estrutura de concreto armado presente até os dias de hoje. Após a inauguração deste novo viaduto, em 1939, o antigo foi desmontado.

Por ser uma região de intenso trânsito de pessoas, o Viaduto do Chá costuma servir de plano de fundo para muitas entrevistas e enquetes de programas de televisão.[2] A construção também é um local muito usado para locações externas de novelas e filmes que se passam no centro de São Paulo,[3] como, por exemplo, a telenovela da Rede Globo Tempos Modernos, que teve grande parte de suas cenas gravadas no Vale do Anhangabaú e no chamado "Centro Velho" da capital paulista.

Antes da construção do Viaduto do Chá,[4] o Vale do Anhangabaú era separado pelo rio de mesmo nome dividindo a região. A área pertenceu ao Barão de Itapetininga, uma propriedade herdada de seu tio, Coronel Francisco Xavier dos Santos, conhecida como “Chácara do Chá”, localizada no “Morro do Chá”, cujos limites eram a Rua Líbero Badaró e todo o Vale do Anhangabaú, Largo da Memória, Rua Sete de Abril, Avenida Ipiranga e Praça da República, indo até a Avenida São João e daí até a Rua Líbero Badaró novamente.

No ano de 1862, a Câmara Municipal foi autorizada a abrir uma rua que fizesse a ligação entre a Praça da República e a Rua Formosa. Em 1875, parte das terras foi desapropriada no "Morro do Chá", para a abertura da rua que deveria se chamar “Rua do Chá”. Em 7 de maio de 1875, o vereador José Homem Guedes Portilho propôs que recebesse o nome de "Rua Barão de Itapetininga”, o que foi aprovado.

O Viaduto do Chá tinha início na Rua Direita e terminava na Rua Barão de Itapetininga, na região conhecida como Morro do Chá (que ganhou esse nome por causa de inúmeras plantações de chá preto que havia na área; como originalmente era plantada na Índia, uma possessão inglesa, também era conhecida como chá-da-índia),[5] onde hoje se encontram os distritos da República e da Consolação.[6]

Os moradores do morro costumavam ter dificuldades para se locomover da atual Rua Líbero Badaró para o lado em que se localiza o Theatro Municipal: era preciso descer a encosta pela Rua Doutor Falcão Filho até o Largo do Piques, atravessar a Ponte do Lorena sobre o Ribeirão do Anhangabaú e, na Ladeira da Memória, seguir pela Ladeira do Paredão, atual Rua Coronel Xavier de Toledo.

Na Líbero Badaró, havia ainda a chácara e a casa da viúva do Barão de Itapetininga, que se casou com o Barão de Tatuí. Estes se opunham à construção do viaduto. E houve uma demanda judicial que durou alguns meses, que por fim deu ganho de causa ao Município. No mesmo dia, o povo, com picaretas e marretas, iniciou a demolição do solar, expulsando o casal da moradia.

Onde se localiza o Theatro Municipal era a serraria do alemão Gustavo Sydow, em terras que faziam parte da Chácara do Barão de Itapetininga, que foi loteada após o falecimento do mesmo.[7]

Idealizado pelo cidadão francês Jules Martin, foi o primeiro viaduto construído na cidade.[8] A proposta da ponte sobre o vale foi apresentada à Intendência Municipal em 1887. Seu nome derivou do Morro do Chá, como era conhecida a chácara baronesa de Tatuí (onde era plantado esse tipo de erva), que ficava próximo às plantações de chá da Índia. Ao ser criado, o viaduto tinha como intenção ligar as ruas Direita e Barão de Itapetininga. Os trabalhos começaram apenas em 1888, mas foram interrompidos um mês depois: o Barão de Tatuí se opôs à demolição de seu solar, onde vivia com a viúva do Barão de Itapetininga. A briga foi parar na Justiça, porém meses depois foi dado ganho de causa ao Município. No mesmo dia em que saiu o veredicto da Justiça, a população favorável à obra, munida de picaretas e marretas, pôs-se a demolir o solar, expulsando os moradores dali, e o projeto pôde ter continuidade.[8]

Palacetes Prates e Vale do Anhangabaú, década de 1920

A Companhia Paulista de Chá ficou com os direitos do projeto, quando foi retomado em 1889, porém enfrentou problemas financeiros e quase foi à falência. Então o município transferiu a responsabilidade da concepção para a Companhia de Ferro Carril de São Paulo.[9] Esta encomendou uma estrutura metálica que compõe o viaduto[10] à empresa alemã Harkort, de Duisburgo, que chegou ao Brasil em maio de 1890. O viaduto foi concluído dois anos depois, tendo sua inauguração em 6 de novembro de 1892. Em um primeiro momento, possuía 240 metros de comprimento, sendo 180 de estrutura metálica e 60 da Rua Barão de Itapetininga aterrada; catorze metros de largura, sendo nove da passagem central e cinco de passarelas laterais (com assoalhos de prancha de madeira); vinte metros de distância do rio; e arco central de 34 metros. O viaduto era iluminado por 26 lâmpadas a gás e contava, para fins estéticos, com obras de arte em suas quatro extremidades e balaustrada de bronze, com o logotipo da Companhia de Ferro.[11]

Para pagar as despesas, eram cobrados sessenta réis ou três vinténs para a utilização da passagem, o que na época garantiu o apelido de Viaduto dos Três Vinténs.[8] Existia um portão no local para controlar a passagem e restringir seu uso no período da noite. O portão só foi removido, tornando o viaduto gratuito, em 1897, quando o vereador Pedro Augusto Gomes Cardim, apoiado por uma petição popular, levou uma moção à Municipalidade.[11]

Por lá costumavam passar pessoas refinadas, que se dirigiam aos cinemas e às lojas da região e, depois de 1911, ao Theatro Municipal. Por muito tempo, o Viaduto do Chá também foi utilizado por suicidas.

Reconstrução

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Com o passar do tempo, a cidade foi crescendo, e o número de pessoas que passavam pelo viaduto aumentando a cada dia. Nos anos 1930, foi constatado que a construção de metal alemão com assoalho de madeira passou a não suportar mais esse volume.[9] Assim, após estudos teve início a construção do novo viaduto, feito de concreto armado e com o dobro de largura, que foi entregue à população em 18 de abril de 1938. Após a inauguração do novo viaduto, começou o desmonte do antigo. Dessa forma, até os dias de hoje o viaduto é usado como passarela para carros e pedestres, sendo referência da Zona Central da cidade. Durante o centenário, o viaduto sofreu sua última mudança até os dias de hoje, a reforma dos pisos.[12]

Circulação de pessoas no Viaduto do Chá, registro realizado em 2005.

Hoje em dia, o Viaduto do Chá possui 204 metros de extensão e liga duas ruas tradicionais de São Paulo: a Rua Direita e a Rua Barão de Itapetininga. Durante muito tempo, o viaduto foi um dos principais cartões postais de São Paulo e importante ponto turístico da cidade. Atualmente, apesar de ser importante tanto para a locomoção quanto turisticamente, ele perdeu um pouco de sua "essência" e passou a ser mais um local tradicional.[13] Entretanto, hoje o viaduto passou a ser um dos locais mais fotografados para cartões postais de São Paulo.[14] No local encontram-se também os edifícios da Prefeitura de São Paulo e do Shopping Light, ambos localizados no “centro novo” da cidade, sendo considerado um dos pontos turísticos da cidade.[15]

Mesmo sendo um viaduto, em virtude da importância histórica e localização central, o local é muito utilizado para shows e eventos culturais, como por exemplo o evento de moda Casa de Criadores, que ocorreu em 2006 e em 2015,[16] a Virada Cultural de São Paulo[17] e para desfile dos blocos de carnaval de São Paulo,[18] que acontecem anualmente.

Referências

  1. Cultural, Instituto Itaú. «Jules Martin | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural 
  2. «PLANO DE FUNDO» 
  3. «LOCAÇÃO» 
  4. «Viaduto do Chá, 120 anos de um símbolo - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo 
  5. «Viaduto do Chá - lugares - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo 
  6. «Como era São Paulo sem o Viaduto do Chá - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Consultado em 12 de setembro de 2016 
  7. Moura, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora: evocações da metrópole. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980. 312p.
  8. a b c «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 12 de setembro de 2016 
  9. a b "Como se fêz o Viaduto do Chá" Arquivado em 5 de dezembro de 2016, no Wayback Machine., Veja São Paulo, "IV Centenário de São Paulo, especial Memória", janeiro de 2004
  10. Sampaio, Leandro. «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 26 de abril de 2017 
  11. a b Jorge, Clovis de Athayde (1989). «Consolação, uma reportagem histórica.». Consolação, uma reportagem histórica. Consultado em 14 de setembro de 2016 
  12. «Pontos Turísticos Viaduto do Chá - São Paulo - Guia da Semana». Guia da Semana (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2017 
  13. Sampaio, Leandro. «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 20 de abril de 2017 
  14. «Viaduto do Chá - São Paulo». InfoEscola 
  15. «Cidade de São Paulo - Turismo». Consultado em 8 de maio de 2020 
  16. «Casa de Criadores - Notícias, eventos e desfiles de estilistas da moda brasileira!». Casa de Criadores. Consultado em 26 de abril de 2017 
  17. Lourenço, Camila (18 de maio de 2019). «Show de Anitta lota Viaduto do Chá durante a Virada Cultural». Portal Terra Notícias. Consultado em 8 de maio de 2020 
  18. CETSP (13 de fevereiro de 2020). «CET organiza o trânsito no Centro para Carnaval de Rua de São Paulo». Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo. Consultado em 8 de maio de 2020 

Ligações externas

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