Usina Hidrelétrica de Balbina
Usina Hidrelétrica de Balbina | |
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Entrada da Usina | |
Localização | |
Localização | Presidente Figueiredo / AM |
Rio | Uatumã |
Coordenadas | 1° 54′ 56,7″ S, 59° 28′ 25″ O |
Dados gerais | |
Proprietário | Eletronorte[1] |
Período de construção | 1985-1989 |
Data de inauguração | 1989 (35 anos) |
Características | |
Tipo | barragem, usina hidrelétrica |
Altura | 51,00 m |
Reservatório | |
Área alagada | 2360 km² |
Capacidade de geração | 250 MW |
A Usina Hidrelétrica de Balbina é uma hidrelétrica no rio Uatumã, localizada na parte nordeste do Estado do Amazonas. A localização fica sob a jurisdição do município de Presidente Figueiredo.
Inaugurada no final da década de 1980, Balbina é criticada por ter um alto custo e ter causado um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil.[3] Tendo cada uma das cinco unidades geradoras uma capacidade de até 55 MW de energia elétrica, totalizando 275 MW, a usina é citada como um erro histórico por cientistas e gestores por sua baixa geração de energia em relação à área alagada, e pelas consequências disso.
Estrutura
[editar | editar código-fonte]A barragem de Balbina foi construída de 1985 a 1989 e atualmente é administrada pela Eletrobras Amazonas GT. O primeiro de cinco geradores entrou em operação em fevereiro de 1989. A barragem tem capacidade instalada de 250 megawatts e inunda uma área de 2.360 quilômetros quadrados.[4][fonte confiável?]
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]A barragem foi criada para fornecer eletricidade renovável à cidade de Manaus, mas foi considerada um projeto controverso pelos moradores locais desde o início, devido à perda da floresta e ao deslocamento do território das casas das famílias tradicionais. Cerca de 2.928,5 quilômetros quadrados de terras anteriormente ocupadas pelos índios Waimiri-Atroari foram removidos e inundados.[5]
A barragem também foi criticada por seus caros custos de construção e manutenção, além da quantidade de energia gerada em relação ao tamanho da enchente. Como resultado, o metano liberado de seu vasto reservatório, proporcional à sua produção, a barragem de Balbina emite mais gases de efeito estufa do que a maioria das usinas a carvão, principalmente porque sua área inundada não foi desmatada. A barragem é uma das menos eficientes do Brasil em termos de área inundada para cada megawatt gerado.[6]
Também é apontada como problemática no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, considerados causadores do aquecimento global. A liberação de dióxido de carbono e metano é superior à de uma usina termoelétrica de mesmo potencial energético. Em seu projeto de construção, foi sugerida a retirada da vegetação do local que seria alagado, já que era madeira de lei e, portanto, maior valor econômico. No entanto, o projeto não foi aceito sob alegação de que seria necessário uma grande mão de obra para tal e isso atrasaria a inauguração, portanto, foi decidido alagar da forma como estava. Em consequência, as árvores começaram a apodrecer sob a água, emitindo gases nocivos para a atmosfera. Dessa maneira, além do prejuízo econômico por não ter vendido a madeira, houve também um grave dano ambiental causado pela elevada acidez do lago e pelos gases emitidos.
De acordo com o relatório “Emissões de Dióxido de Carbono e de Metano pelos Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros“ do Ministério da Ciência e da Tecnologia de 2006, Balbina é uma das três usinas hidrelétricas brasileiras – Samuel (RO) e Três Marias (MG) – com emissões maiores que termelétricas de mesmo potencial.[7]
Políticas de conservação
[editar | editar código-fonte]Os ecossistemas lacustres e insulares formados pela barragem são protegidos pela Reserva Biológica do Uatumã de 938.720 hectares, uma unidade de conservação estritamente protegida criada em 2002. O litoral oeste é protegido pela Área de Proteção Ambiental Caverna do Maroaga de 374.700 hectares,[8] criada em 1990. A jusante da barragem, o Rio Uatumã atravessa a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã de 424.430 hectares, criada em 2004. A barragem regula a vazão do rio através da reserva e reduz as enchentes sazonais.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Eletronorte conclui processo de incorporação da Amazonas GT». Agência Eletronorte. Consultado em 22 de agosto de 2021
- ↑ Benchimol et al. 2015.
- ↑ Sônego, Dubes (2 de novembro de 2019). «Ecoturismo faz renascer região abalada por um dos piores desastres ambientais do governo militar». BBC Brasil. Consultado em 2 de fevereiro de 2021
- ↑ «Usina hidrelétrica de Balbina». 28 de maio de 2010
- ↑ Rosa, Luiz Pinguelli, ed. (2002). «EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO E DE METANO PELOS RESERVATÓRIOS HIDRELÉTRICOS BRASILEIROS» (PDF). Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia.
p. 65.
- ↑ Tagore, Victor. «Usina de Balbina é dez vezes pior para efeito estufa que termelétrica, estima pesquisador - Revista Meio Ambiente»
- ↑ Sônego, Dubes (2006). «Emissões de Dióxido de Carbono e de Metano pelos Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros» (PDF). Cetesb. Consultado em 2 de fevereiro de 2021
- ↑ uc.socioambiental.org. «Área de Proteção Ambiental Caverna do Maroaga (Presidente Figueiredo)». Consultado em 4 de setembro de 2019
- ↑ IDESAM. «RDS DO UATUMû. Consultado em 4 de setembro de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Benchimol, Maíra; Peres, Carlos A. (2015). «Widespread Forest Vertebrate Extinctions Induced by a Mega Hydroelectric Dam in Lowland Amazonia». PLOS ONE (em inglês) (7): e0129818. ISSN 1932-6203. PMID 26132139. doi:10.1371/journal.pone.0129818
- Fonseca, Vandré (2015). «Biodiversidade ilhada sucumbe em lagos de hidrelétricas». ((o))eco. Consultado em 7 de outubro de 2020. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2017
- Philip Fearnside (2015), Hidrelétricas na Amazônia: Impactos Ambientais e Sociais na Tomada de Decisões sobre Grandes Obras (PDF), ISBN 978-85-211-0143-7, 1, Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Wikidata Q107598498
- Philip Fearnside (2015), Hidrelétricas na Amazônia: Impactos Ambientais e Sociais na Tomada de Decisões sobre Grandes Obras (PDF), ISBN 978-85-211-0144-4, 2, Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Wikidata Q107598522
- Philip Fearnside (2019), Hidrelétricas na Amazônia: Impactos Ambientais e Sociais na Tomada de Decisões sobre Grandes Obras (PDF), ISBN 978-85-211-0195-6, 3, Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Wikidata Q107598500