Rodovia dos Imigrantes
Rodovia dos Imigrantes | ||||||
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A rodovia destacada em vermelho | ||||||
Identificador | SP-160 | |||||
Inauguração | 23 de janeiro de 1974 ("trecho do Planalto completo") 28 de junho de 1976 (pista norte) 17 de dezembro de 2002 (pista sul) | |||||
Extensão | 58 km (36 mi) | |||||
Extremos • norte: • sul: |
Avenida Professor Abraão de Morais, Jabaquara, São Paulo, SP Avenida Ayrton Senna da Silva, Sítio do Campo, Praia Grande, SP | |||||
Trecho da | SP-160 | |||||
Interseções | Rodoanel SP-41 Interligação Planalto SP-55 Padre Manoel da Nóbrega SP-59 Interligação Planície SP-55 Padre Manoel da Nóbrega | |||||
Concessionária | Desenvolvimento Rodoviário S A DERSA | |||||
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Rodovias estaduais de São Paulo | ||||||
Parte do Sistema Anchieta-Imigrantes |
A Rodovia dos Imigrantes (SP-160) é uma rodovia do estado de São Paulo. Possui 44 viadutos, 7 pontes e 14 túneis, em 58,5 km de extensão, de São Paulo a Praia Grande, no litoral sul.
É a principal via de acesso da cidade de São Paulo à Baixada Santista e ao litoral sul, possuindo tráfego intenso de veículos principalmente durante o verão e em feriados.
Integra o complexo denominado Sistema Anchieta-Imigrantes, composto também pelas rodovias Anchieta, Padre Manuel da Nóbrega e Cônego Domenico Rangoni.
História
[editar | editar código-fonte]Projeto
[editar | editar código-fonte]Já por volta de 1956, os técnicos do DER haviam percebido que a recém-inaugurada Rodovia Anchieta (SP-150) entraria em estado instável de operação e criaram estudos que apontariam para a necessidade da construção de uma nova pista, independente do tipo de ampliação que fosse feita na Anchieta. Em 1955 a Anchieta havia registrado 16 acidentes com 5 vítimas fatais, um recorde para a época.[1]
O grupo, chamado de Comissão CMG-44, seria o primeiro passo para a criação do DERSA, uma empresa de economia mista criada em 1969 inicialmente para construir, administrar e conservar as ligações com a Baixada. O projeto foi considerado revolucionário à época, com uma pista composta predominantemente de viadutos e túneis atravessando a Serra do Mar. O projeto inicial previa duas pistas com quatro faixas no trecho de planalto, e três pistas no trecho de Serra: uma pista ascendente com três faixas, uma pista descendente com duas que seria complementada com uma pista reversível com mais duas faixas. Na Baixada Santista haveria duas pistas de três faixas, com mais duas pistas com duas faixas para um ramal para Mongaguá.[1] O projeto, criado em colaboração com uma firma italiana, previa que as três pistas no trecho de Serra fossem paralelas.
Construção
[editar | editar código-fonte]Os contratos com as 6 construtoras da obra foram assinados em 17 de janeiro de 1972 pelo Governador Laudo Natel, e pelo Secretário de Obras Paulo Maluf Em 23 de janeiro de 1974 foi inaugurado o trecho completo do Planalto até o topo da Serra, com via de ligação até a Rodovia Anchieta. Sem estar concluída a primeira pista no trecho de serra, a ascendente. Durante a construção desta pista na serra do Mar , os engenheiros perceberam vários problemas que inviabilizavam o projeto inicial de três pistas paralelas: a proximidade com as encostas havia criado problemas de deslizamentos de terra, com altos custos de obras de contenção e de pequenos túneis, e de que a geografia das outras duas pistas seria ainda mais complicada.
Em 1974, surge a ideia de construir as pistas descendente e reversível como superpostas, basicamente com a pista reversível sendo construída em cima da pista descendente.[2] As duas pistas contariam com túneis mais longos (seriam 5.438 metros de túneis, com o maior deles tendo 3.200 metros de extensão). A ideia logo seria abandonada porque se constataria que pistas colaterais permitiriam uma diminuição dos custos, aumento da segurança operacional ao permitir a ligação das duas pistas. Com sérias limitações orçamentárias, o DERSA deixa os projetos tanto da pista reversível quanto da pista descendente de lado. A pista ascendente passa a ser operada de forma reversível, com o sentido sendo revertido de acordo com as demandas de tráfego. A construção da pista ascendente, inaugurada em 28 de junho de 1976, teria usado cem engenheiros e treze mil operários.[3]
Quando surgem os primeiros planos para concessão das rodovias administradas pelo DERSA, em 1993 surge a ideia de conceder o sistema Anchieta-Imigrantes em troca da construção da pista descendente.[4] A empresa privada Ecovias receberia a concessão por um período de 20 anos para a operação e manutenção de todo o Sistema Anchieta-Imigrantes em 27 de maio de 1998. Dentre outras exigências, o contrato estabelecia que a concessionária deveria construir a pista descendente da Rodovia dos Imigrantes. Esta pista foi inaugurada em 17 de dezembro de 2002. Com um projeto refeito em relação ao original, de 1986, a pista descendente possui túneis ainda mais longos e viadutos mais modernos que os da pista ascendente.[5]
Ambas as pistas da Imigrantes são reversíveis. A administração do Sistema Anchieta-Imigrantes mantém a prática de reverter as pistas para um único sentido quando o tráfego é muito intenso: geralmente, às vésperas de feriados prolongados (em que as pistas são revertidas para o sentido capital-litoral), ou ao final destes (quando se revertem as pistas para o sentido litoral-capital). A Pista Norte da Imigrantes possui 11 túneis. Já a Pista Sul possui quatro, sendo dois deles dos mais extensos túneis rodoviários brasileiros, o primeiro com 3.146 m de extensão e o outro com 3.009 m. Túneis e viadutos tão extensos foram necessários para que o impacto ambiental sobre a Serra do Mar fosse mínimo na construção da Pista Sul. A construção da Pista Norte, na década de 1970, exigiu o desmatamento de 16.000.000 m² da serra; já a construção da Pista Sul, inaugurada em 2002, desmatou 400.000 m² dela.
A estrutura com declividade acentuada, geometria reta e grande número de túneis não oferece as condições de segurança necessárias para o tráfego de veículos pesados na rodovia, por isso a sua utilização é vetada para caminhões de grande porte e ônibus no trecho de serra da pista descendente.[6][7]
Acidentes históricos
[editar | editar código-fonte]A rodovia, apesar de ser uma moderna, sinalizada e monitorada pela policia e a operador, teve a ocorrência de dois acidentes marcantes: um em 2011, envolvendo 103 carros, e outro em 2013, um deslizamento provocado por fortes chuvas perto do km 52. Em ambas as ocasiões, houve ocorrência de uma morte e relato de feridos. A Rodovia dos imigrantes é uma rodovia com grande fluxo de veículos e os números mostram o quanto ela é segura pra se trafegar.[8]
Em 8 de dezembro de 1973 ocorreu o primeiro acidente automobilístico da história da Rodovia dos Imigrantes, que aconteceu antes mesmo da inauguração da rodovia. Na referida data, com a rodovia ainda em obras iniciais, no trecho de Eldorado (Diadema), ao sair de uma curva, um veículo modelo Plymouth Belvedere 1958 (que dez anos depois ficaria mundialmente famoso por protagonizar o thriller cult intitulado "Cristine, o carro assassino") colidiu frontalmente com uma manilha de concreto deixada no meio da rodovia pelos operários da época. Neste acidente o passageiro do veículo faleceu instantaneamente no momento do impacto e o condutor do veículo veio a óbito cinco dias depois. Do veículo, de 5,61 m de comprimento, restou apenas o porta-malas inteiro.[carece de fontes]
Em 15 de setembro de 2011, por volta das 13h00min (no horário de Brasília), ocorreu um engavetamento de veículos envolvendo 103 automóveis, deixando 29 feridos e um morto. O engavetamento teve cerca de 2 km de extensão. A razão para o acidente, de acordo com a Polícia Rodoviária, foi a intensa neblina que dificultava a visibilidade dos motoristas. Aproximadamente 200 pessoas fizeram o trabalho de resgate das vítimas, incluindo 20 equipes dos bombeiros, 38 da Polícia Rodoviária Estadual, 60 da PMSP e 60 da Ecovias. A rodovia só veio a ser liberada no dia seguinte às 12h30min (no horário de Brasília), quase 24 horas após o acidente.[9]
Em 22 de fevereiro de 2013, por volta das 16h47min (no horário de Brasília), devido a uma chuva intensa, ocorreu o deslizamento de parte da uma encosta na altura do km 52, no trecho de serra. Houve o engavetamento de 24 veículos e a morte de uma pessoa. Este deslizamento interditou a rodovia por cerca de 30 horas.[10]
Operação Comboio
[editar | editar código-fonte]Em períodos de grandes trechos de neblina e baixa visibilidade, veículos da Ecovias e da Polícia Militar Rodoviária de São Paulo tomam a dianteira dos veículos em todas as faixas e os fazem seguir o caminho em baixa velocidade, minimizando-se assim os riscos de acidentes.[11]
Expansão
[editar | editar código-fonte]Em janeiro de 2024, o governo Tarcísio de Freitas autorizou que a Ecovias estudasse a criação de uma terceira via que ligasse o planalto com a Baixada Santista, devido ao crescimento de fluxo diário de veículos.[12]
Trajeto
[editar | editar código-fonte]O trajeto da Rodovia dos Imigrantes cruza os seguintes municípios, todos no estado de São Paulo.
Km | Município | Região |
0 | São Paulo | Grande São Paulo |
16 | Diadema | |
24 | São Bernardo do Campo | |
45 | São Vicente (Serra do Mar) | Baixada Santista |
51 | São Bernardo do Campo (Serra do Mar) | Grande São Paulo |
58 | Cubatão | Baixada Santista |
66 | São Vicente | |
72 | Praia Grande |
Relato descritivo rodoviário
[editar | editar código-fonte]- km 08 - Início da rodovia na Av. Prof. Abraão de Moraes, Jabaquara, São Paulo
- km 10 - Acesso à Av. dos Bandeirantes para a Marginal Pinheiros, Congonhas, Zona Sul, Dutra
- km 11 - Acesso à Secretaria da Agricultura, à São Paulo Expo e ao Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (última saída antes do pedágio)
- km 12 - Acesso oriundo da Av. Eulália (Jabaquara, Av. Eng. Armando A. Pereira, Terminal Jabaquara) (apenas na Pista Sul)
- km 12 - Acesso à Rua Xavier Pais (Jabaquara, Av. Eng. Armando A. Pereira, Terminal Jabaquara) (apenas na Pista Norte)
- km 16 - Acesso a Diadema, São Bernardo do Campo, Via Anchieta (pedágio)
- km 20 - Acesso aos bairros Eldorado (Diadema), Jardim Inamar (Diadema) e Cooperativa (São Bernardo) (pedágio)
- km 24 - Acesso ao Rodoanel Mário Covas, Bairros Demarchi, Parque Imigrantes e Battistini (São Bernardo) (pedágio)
- km 32 - Pedágio - Piratininga (apenas na Pista Sul)
- km 40 - Interligação Planalto para a Via Anchieta
- km 44 - Início do trecho de serra e dos túneis
- km 45 - Acesso à Estrada de Manutenção
- km 58 - Acesso à Rod. Cônego Domenico Rangoni para Guarujá, Bertioga, São Sebastião
- km 58 - Acesso à Rod. Padre Manuel da Nóbrega para Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe
- km 59 - Fim do trecho de serra
- km 62 - Interligação Planície para Santos, Via Anchieta
- km 66 - Acesso a São Vicente
- km 70 - Fim da rodovia no início da Av. Ayrton Senna da Silva, no bairro Sítio do Campo em Praia Grande, SP
Pedágios
[editar | editar código-fonte]A Rodovia dos Imigrantes é pedagiada desde sua inauguração. Como em todas as rodovias que sofreram concessões, os pedágios da Imigrantes sofreram fortes reajustes, mesmo descontada a inflação,[13] considerados excessivos por parte significativa dos usuários.[14]
Atualmente, o pedágio da Imigrantes é o mais caro do estado, a R$ 33,80, válido para uma viagem de ida e volta de automóvel.[15] No trecho de planalto, a Imigrantes apresenta três pedágios de bloqueio para o acesso às localidades lindeiras.
Pedágio | km | Sentido | Localidade | Geocoordenadas |
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Bloqueio 1 | 16 | Sul | Diadema | 23° 40' 54.12"S 46° 36' 39.97"W |
Bloqueio 2 | 20 | Sul | Eldorado (Diadema) | 23° 43' 04.93"S 46° 36' 21.25"W |
Bloqueio 3 | 26 | Sul | Batistini (S. B. do Campo) | 23° 48' 08.92"S 46° 35' 42.61"W |
Principal | 32 | Sul | Piratininga (S. B. do Campo) | 23° 49' 14.71"S 46° 34' 57.18"W |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «:: imprensa oficial ::» (PDF). www.imprensaoficial.com.br. Consultado em 6 de dezembro de 2017
- ↑ «:: imprensa oficial ::» (PDF). www.imprensaoficial.com.br. Consultado em 6 de dezembro de 2017
- ↑ «:: imprensa oficial ::» (PDF). www.imprensaoficial.com.br. Consultado em 6 de dezembro de 2017
- ↑ «:: imprensa oficial ::» (PDF). www.imprensaoficial.com.br. Consultado em 6 de dezembro de 2017
- ↑ «Sistema Anchieta-Imigrantes». Ecovias. Consultado em 30 de março de 2011
- ↑ «Saiba por que caminhões não podem descer pela rodovia dos Imigrantes». Trucão. Consultado em 20 de janeiro de 2020
- ↑ «Caminhões não podem circular na Rodovia dos Imigrantes, diz juiz». Conjur. Consultado em 20 de janeiro de 2020
- ↑ «Câmeras e Acidentes na Rodovia do Imigrantes». http://www.rodoviadosimigrantes.com.br/
- ↑ anderson tavares, André Vieira, Bruna Gonçalves, Elaine Granconato, Fábio Munhoz, Illenia Negrin e Maíra Sanches (16 de setembro de 2011). «Estado tem maior acidente da história» (em Diário do Grande ABC). Consultado em 16 de setembro de 2011. Arquivado do original em 18 de outubro de 2011
- ↑ http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/02/24/pista-norte-da-rodovia-dos-imigrantes-e-liberada-trafego-flui-normalmente.htm
- ↑ «Rodovias Anchieta e Imigrantes têm operação comboio por causa da neblina». O Globo. 28 de fevereiro de 2009. Consultado em 15 de julho de 2010
- ↑ «Governo de SP estuda construção de 3ª pista na rodovia Imigrantes». Folha de S.Paulo. 13 de janeiro de 2024. Consultado em 14 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 14 de janeiro de 2024
- ↑ «Artigo sobre pesquisa do IPEA comparando o aumento dos pedágios com a inflação.». Infomoney. 30 de maio de 2006 [ligação inativa]
- ↑ «Reportagem sobre pesquisa do Ibope que mostra insatisfação dos usuários de pedágios». O Globo Online. 26 de abril de 2006 [ligação inativa]
- ↑ «Tabela com o valor das tarifas da Ecovias.». Ecovias. Consultado em 14 de agosto de 2023. Cópia arquivada em 14 de agosto de 2023