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Enchentes e deslizamentos no Rio de Janeiro em 2010

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Desastres naturais no Rio de Janeiro
em abril de 2010
Locais: Rio de Janeiro
Niterói
Ocorreu a partir de: segunda-feira, 5 de abril de 2010
Mortos: 231[1]
Feridos: 161[1]
Desaparecidos: 60[2]
Desalojados: 5.000
Última atualização: 10 de abril de 2010

Os desastres naturais no Rio de Janeiro em abril de 2010 referem-se às fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terra que iniciaram na noite de segunda-feira, 5 de abril de 2010, em vários municípios do Rio de Janeiro.

Acontecimentos

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A chuva no Rio começou no final da tarde do dia 5 de abril. Os motoristas que saíam do trabalho e tentavam passar por trechos alagados ficavam presos no engarrafamento. Muitos deles foram obrigados a abandonar os carros e procurar abrigo em local seguro. Os bombeiros chegaram a usar botes salva-vidas para resgatar pessoas que ficaram presas com o transbordamento do Rio Maracanã.

Muita gente ficou sem condições de ir para casa porque a Avenida Brasil, principal ligação do centro com as zonas norte e oeste do Rio de Janeiro ficou com vários bolsões d'água. O temporal veio acompanhado de uma ventania, que chegou a registrar mais de 70 quilômetros por hora na altura do Forte de Copacabana.[carece de fontes?]

Na terça-feira, 6 de abril, as escolas das redes municipal e estadual, as universidades e a maior parte dos estabelecimentos da rede particular suspenderam as aulas. As atividades escolares também foram suspensas em todas as unidades de ensino técnico e profissionalizante da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec), segundo nota divulgada pela entidade.[carece de fontes?]

Vários órgãos públicos e grandes empresas, públicas e privadas, também pararam as atividades administrativas ou tornaram o ponto facultativo, porque os diversos pontos de alagamento, em todas as áreas da cidade, impedem o deslocamento de funcionários até o trabalho.[3]

Na quarta-feira, 7 de abril, as 22h00, um novo deslizamento ocorreu na cidade de Niterói, soterrando cerca de 40 casas. Bombeiros estimam que cerca de 200 corpos estão soterrados no local do deslizamento.

Na quinta-feira, 8 de abril, por volta das 16h00,houve um pequeno deslizamento,soterrando 4 casas no Rio de Janeiro.

Segundo especialistas, foi a pior enchente do estado em 46 anos (a pior anterior tendo sido registrada em 1964). Um índice pluviométrico excessivo, somado à maré alta, teriam sido os responsáveis pela erosão de encostas e pela demora no escoamento das águas.

Danos e mortes

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Morador de São Gonçalo diante de sua residência destruída na tempestade.

Há ainda mais de 150 áreas de risco de deslizamento de terra em todo o estado do Rio de Janeiro.[carece de fontes?] Várias famílias estão desalojadas e há mais de 180 imóveis interditados[4] e 54 pessoas desaparecidas.[2]

A inundação afetou particularmente a cidade do Rio de Janeiro, com 48 mortes, e nos arredores, notificados nos municípios de Niterói com 105 vítimas mortais, São Gonçalo, 16 mortos, Nilópolis, Petrópolis, Magé e Engenheiro Paulo de Frontin, com uma morte cada.[1]

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pediu uma ajuda de 370 milhões de reais ao Governo Federal, para recuperar a cidade dos transtornos que a chuva causou. Em Niterói, foi pedido um valor entre 15 e 20 milhões de reais.[2]

Ocupação de áreas de risco

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Um dos locais mais gravemente afetados por deslizamentos foi o morro do Bumba, em Niterói. O morro é de fato um lixão, desativado desde 1981. Num filme de 1980, de autoria de Ronaldo German, são mostrados os caminhões constantemente trazendo lixo sem nenhum tratamento, o que ocorreu por aproximadamente 15 anos.[5]

Desde sua desativação, na elevação formada pela acumulação de resíduos, foram construídas habitações. Desde o início dos anos 2000, já vinham sendo registrados deslizamentos de terras e desabamentos de casas nessa área instável e contaminada. Todavia, a expansão do assentamento foi tolerada e mesmo estimulada pelo Poder Público municipal, que, em 1996, realizou obras de urbanização sobre terrenos onde nada deveria ser construído. Os riscos para a população eram conhecidos. Além da instabilidade do terreno, a decomposição do lixo resulta na produção de metano (com risco de explosões) e de chorume - o percolado tóxico. No morro do Bumba, casas, reservatórios de água e lixo compartilham o mesmo espaço.[6] No entanto, as casas no Morro do Bumba, soterradas pelos deslizamentos de terras, nem sequer estavam na lista das moradias consideradas em áreas de risco pela prefeitura local.[7]

Segundo o coordenador do grupo de análise de risco tecnológico e ambiental da Coppe/UFRJ, engenheiro Moacyr Duarte, o solo do Morro do Bumba estava saturado e nada seria capaz de evitar o desmoronamento. O especialista recomenda a implementação de medidas preventivas, pelo Poder Público - remoção de famílias em áreas de risco, impedimento da ocupação de encostas e recomposição da cobertura vegetal. "Existem outros terrenos, que não são lixões, e que também estão em risco. É um processo cumulativo. Não é por falta de conhecimento técnico que aconteceu esta tragédia", conclui.[8]

A Prefeitura de Niterói pagou e ignorou uma análise encomendada, no ano de 2004, à equipe de geólogos da Universidade Federal Fluminense (UFF), cujo relatório coordenado pelo geólogo Adalberto da Silva chamava atenção para o Morro do Bumba.[9]

Segundo o oceanógrafo David Zee, professor da Universidade Gama Filho e UERJ, classificou o ocorrido como resultado de mudanças climáticas globais que têm efeitos locais. De acordo com o cientista, o desvio do córrego de Guararapes foi um fator fundamental para a série de deslizamentos. O córrego foi desviado para um desenvolvimento imobiliário privado no pico do morro. Desde então, a água vazando tem sido gradualmente filtrada, colaborando para a erosão do solo.

O geógrafo Marcelo Motta, fazendo de um grupo de trabalho chamado pela prefeitura de Niterói para analisar as causas do deslizamento no Morro do Bumba, afirmou que a presença do lixo foi fundamental para a escala do incidente.[5]

No Morro do Urubu, em Pilares, zona norte do Rio de Janeiro, cerca de 250[10] famílias ficaram desabrigadas após a desocupação de suas casas em áreas atingidas por deslizamentos ou que corriam risco iminente. A partir do domingo, 11 de abril de 2010, construções de risco na região começaram a ser demolidas. Os moradores atingidos ocuparam casas de parentes ou foram para a Escola Maranhão, próxima à comunidade.

Nota: Equipe de geólogos da PUC, após analisar detidamente o local, verificou que não houve afundamento do terreno sobre o qual as casas foram construídas (antigo lixão), como se pensou a princípio, mas soterramento por desabamento de uma encosta próxima.

Referências

  1. a b c «Mortos no Rio passam de 230, segundo bombeiros». G1. 8 de abril de 2010. Consultado em 12 de abril de 2010 
  2. a b c Reuters (7 de abril de 2010). «Mortes no RJ chegam a 119; bombeiros intensificam buscas». Consultado em 7 de abril de 2010 
  3. Agência Brasil (6 de abril de 2010). «Toneladas de lama e lixo se espalham pelas ruas do Rio de Janeiro». Consultado em 6 de abril de 2010. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  4. [[Público (jornal)|]] (7 de abril de 2010). «Número de mortos no Rio passa os 110, há mais de 2000 desalojados». Consultado em 7 de abril de 2010 [ligação inativa]
  5. a b Geógrafo diz que lixo foi fundamental para tragédia no Morro do Bumba; 10/04/2010 - rjtv.globo.com
  6. Morro do Bumba era antigo lixão Globo.com, 8 de abril de 2010.
  7. Sinal de alerta sobre ocupação de encostas. Globo.com, 8/04/2010.
  8. Área de deslizamento recebe obras de urbanização desde os anos 80 Terra, 9 de abril de 2010.
  9. Governos estimularam a ocupação do lixão Arquivado em 12 de abril de 2010, no Wayback Machine. - odia.terra.com.br
  10. «Rio: moradores do Morro do Urubu buscam refúgio em abrigos». Consultado em 15 de abril de 2010. Arquivado do original em 15 de abril de 2010 
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