Onda de calor na América do Sul em 2022
Onda de calor na América do Sul em 2022 | |
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Mapa da temperatura do ar a dois metros do solo, no dia 11 de janeiro de 2022. | |
Duração | 10 de janeiro de 2022 – 26 de janeiro de 2022 |
Localização | Brasil Argentina Paraguai Uruguai |
Resultado | Consequências:
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A onda de calor na América do Sul em 2022 foi um evento meteorológico que principalmente atingiu os países Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai no mês de janeiro de 2022. No Brasil, o estado que mais sofreu com a onda de calor foi o estado do Rio Grande do Sul onde as temperaturas chegaram à 42 graus e com a baixa umidade trouxeram problemas de saúde.[1][2]
Segundo Inmet, "o pico do calor deve acontecer no domingo" [23 de janeiro], antes de uma frente fria avançar pela região. Naquela altura, o Rio Grande do Sul atingia 11 dias seguidos com temperaturas que chegavam e ultrapassavam os 40º C. [3] [4]
Contexto
[editar | editar código-fonte]No final de dezembro de 2021, a mesma região já havia tido uma onda de calor, porém de menor duração. O calor, segundo os serviços meteorológicos, foi pior ainda pela falta de chuvas, já que a região estava sob influência do fenômeno climático La Niña, marcado por precipitações abaixo da média. Meteorologistas do portal Metsul chegaram a afirmar que seria um "fim de ano de derreter", enquanto o portal Meteored Argentina prognosticou um "calor opressor". [3] [5] [6]
Na mesma época das ondas de calor no sul, o centro-sudeste do Brasil sofria com enchentes históricas, que deixaram milhares de desabrigados, principalmente na Bahia.
Causas
[editar | editar código-fonte]Entre as principais causas da onde de calor, está o fenômeno da La Niña, que provoca chuvas muito irregulares e mal distribuídas, que juntamente com uma área de alta pressão atmosférica na região acabou por manter as altas temperaturas em certas localidades.[7] [4]
A situação foi chamada de "bolha de calor" (também cúpula ou domo de calor, do inglês heat dome) pela Metsul, que no dia 22 de janeiro reportava que o "Rio Grande do Sul atinge neste sábado o 11º dia seguido em que a temperatura chega aos 40º C". [4]
Locais
[editar | editar código-fonte]Brasil
[editar | editar código-fonte]No Brasil, o estado mais atingido pela onda de calor foi o Rio Grande do Sul, onde a onda cobriu quase todo território durante vários dias. As regiões oeste do Paraná e Santa Catarina também foram atingidos. Alguns eventos foram registrados por conta das fortes ondas de calor:[1]
- Das 497 cidades do Rio Grande do Sul, 262 decretaram situação de emergência por conta do calor.[8]
- Algumas cidades tiveram problemas no abastecimento de água e luz.[9]
- A Defesa Civil do estado do Rio Grande do Sul recomendou que os cidadãos ficassem de plantão para possíveis emergências.[10]
- No Paraná, o governo observou a perda de safra por conta do calor.[11]
Argentina
[editar | editar código-fonte]Na Argentina, diversas regiões sofreram por conta do calor e algumas das situações registradas foram:[12]
- Diversas cidades ficaram sem luz e água;[12] inclusive a capital Buenos Aires, que sofreu com um blackout deixando 700 mil usuários sem luz.[13]
- Houve um aumento significativo de queimadas florestais, algumas não sendo efetivamente combatidas por conta da falta de água.[12]
- Ondas de besouros apareceram em diversas cidades, isto gerou um risco a mais para a agricultura já fragilizada.[14]
Uruguai
[editar | editar código-fonte]Em departamentos do Uruguai, como Paysandú, Salto e Florida, as máximas registradas na tarde do dia 14 de janeiro chegaram a 42,5° C e a 44° C respectivamente, sendo considerada a temperatura mais alta para o mês desde 1961, segundo o Inumet.[15] Mais de 500 mil aves (avicultura) foram perdidas no país por conta do evento meteorológico [16]. O país sofreu com um forte temporal no dia 17 de janeiro, causando inundações na capital Montevidéo [17]
Paraguai
[editar | editar código-fonte]A Direção de Meteorologia e Hidrologia do Paraguai emitiu um alerta "onda de calor" para todo o país. As temperaturas máximas anteriores entre 38°C e 41°C para as cidades de Mariscal Estigarribia, Pozo Colorado, General Bruguez, Concepción, Assunção, Caacupé, Paraguarí, Pilar, San Juan Bautista e Caazapá.[18]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Entre as diversas consequências que vieram com a onda de calor estão problemas na saúde pública, energia elétrica e abastecimento de água.[1]
Saúde
[editar | editar código-fonte]Uma das consequências das altas temperaturas e baixos níveis de umidade relativa do ar, fenômenos comuns em ondas de calor, é para a saúde. Com as altas temperaturas, unidades de saúde já castigadas pela alta incidência de infectados com COVID-19 e com a Influenza A H3N2, sofreram também com a chegada de pacientes hipertensos.[7]
O calor também causou um aumento de casos de insolação e intermação (hipertermia), além de um aumento pontual em casos de gastroenterites, tendo em vista que o calor diminui a vida média dos alimentos.[7]
Energia elétrica e abastecimento de água
[editar | editar código-fonte]Outra área afetada pelas altas temperaturas foram as áreas de abastecimento de luz e água. O alto consumo de energia elétrica por conta de ar-condicionados trouxe o colapso do abastecimento de energia em algumas cidades do Rio Grande do Sul e da Argentina.[12][1]
Com o colapso na energia elétrica, o abastecimento de água também foi prejudicado. Isto aconteceu devido a um maior consumo de água e com breves colapsos na energia, o bombeamento de água nas estações ficou prejudicado, assim utilizando-se apenas as águas que estavam nos reservatórios. Assim, em algumas cidades, além de faltar, ela teve uma diminuição em sua qualidade por conta dos resíduos depoistados nos reservatórios, apresentando-se barrenta.[7]
Agricultura e pecuária
[editar | editar código-fonte]Sendo o sul do Brasil um grande polo da agropecuária, o calor também tornou-se um problema por conta da morte de cabeças de gado em decorrência do calor, pelas queimadas e perda de safra. É estimado um prejuízo de cerca de 43 bilhões de reais por conta das secas e do calor na agricultura.[19]
Temporais isolados intensos
[editar | editar código-fonte]Diversas cidades em toda região registraram temporais isolados, que algumas vezes foram intensos. Na tarde do dia 22, por exemplo, Buenos Aires teve temporal que chegou com ventos de 80km/h. Já dias antes, outro temporal havia danificado o aeroporto de Ezeiza. [13] [14] [2]
No dia 21, o Inmet previa que "uma frente fria chega com chuvas mais volumosas também para o Sul do Brasil. Essa janela de tempo mais úmido, que vai durar quatro a cinco dias, vai ser muito bem vinda porque os volumes de chuva lá devem passar dos 50 mm. E os temporais acontecem de maneira mais forte, principalmente domingo, segunda, terça e quarta-feira entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Estados da Região Sul com possibilidade de granizo em função deste forte calor”. [3]
Incêndios florestais
[editar | editar código-fonte]Devido à seca e ao calor, incêndios florestais isolados ou amplos foram registrados. Na Argentina, houve incêndios "massivos, nas palavras do
meteorologista Christian Garavaglia, na Patagônia e nas províncias como Formosa e Misiones. [9]
Chuvas e tempestades
[editar | editar código-fonte]As chuvas isoladas aliviavam momentaneamente o calor, mas efetivamente, em toda a região a onda só cedeu entre os dias 23 e 24 de janeiro, com a chegada e avanço de uma frente fria.[3] Com o inicio das chuvas, também foram registradas tempestades extremamente fortes principalmente no Rio Grande do Sul, onde por conta dos temporais, casas foram destelhadas.[20]
Em Canela uma menina acabou morrendo após ser acertada por uma telha durante as tempestades.[21] O município de Guaíba (região metropolitana de Porto Alegre) foi um dos municípios mais atingidos pelas tempestades, cerca de 9,5 mil clientes ficaram sem luz por cerca de 24 horas.[22] Ainda no município, cerca de mil casas ficaram destelhadas, além de uma escola e uma igreja que ficaram totalmente destruídas.[20] Além de Guaíba, algumas regiões das cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo, Esteio e Alvorada também foram atingidas pelas fortes chuvas.[23]
Prognóstico: aquecimento global intensificará as ondas
[editar | editar código-fonte]Segundo a Metsul, ondas de calor como esta, na região e outros locais do planeta, serão cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global. “O aumento da duração, intensidade e frequência desse fenômeno climático reflete o acréscimo da temperatura média global decorrente da elevada emissão de gases do efeito estufa e é exacerbado, em parte, pelas ilhas de calor [áreas urbanas que aprisionam o calor e tornam a temperatura mais alta que os arredores]”, disse a meteorologista Renata Libonati, professora do Departamento de Meteorologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), num texto no portal da Metsul. [8]
Curiosidades
[editar | editar código-fonte]- No dia 11 de janeiro, Buenos Aires teve calor de 41,1°C, a segunda temperatura mais alta desde 1906 e a mais alta desde 1995 [11]
- Criciúma, SC, teve sensação térmica de 52°C no dia 19 de janeiro [5]
- Santa Cruz do Sul, RS, teve sensação térmica de 51,6 no dia 16 de janeiro [6]
- Misiones, Argentina, registrou o fenômeno redemoinho de fogo [9]
Referências
- ↑ a b c d «Onda de calor na América do Sul pode elevar temperaturas a quase 50 graus». BBC News Brasil. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Onda de calor derruba recordes históricos na Argentina e Paraguai;». MetSul Meteorologia. 30 de dezembro de 2021. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d «Prepare-se para um fim de ano de "derreter"». MetSul Meteorologia. 27 de dezembro de 2021. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b c «O que é cúpula ou domo de calor?». MetSul Meteorologia. 22 de janeiro de 2022. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Alerta: agobiante calor para el cierre de este 2021 en Argentina». Meteored.com.ar | Meteored (em espanhol). 27 de dezembro de 2021. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b Climatempo. «Onda de calor atua nesta semana com máximas de 40°C no Sul | Climatempo». www.climatempo.com.br. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d «Onda de calor no RS pode causar desabastecimento hídrico, quebra na safra e problemas de saúde; veja como amenizar os efeitos». extra.globo.com. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b «SBT News - A sua fonte segura de informação». www.sbtnews.com.br. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b c «Em meio ao calorão, instabilidade na rede elétrica causa problemas no abastecimento de água em Porto Alegre». GZH. 16 de janeiro de 2022. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ «Onda de calor pode provocar temperaturas acima de 40°C no RS; veja lista de cidades em perigo». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Onda de calor: cidades do Paraná já registraram 40°C - Bem Paraná». amp.bemparana.com.br. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d «Onda de calor causa incêndios, apagões e expõe desertificação na Argentina». Folha de S.Paulo. 16 de janeiro de 2022. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Buenos Aires: onda de calor causa blecaute e deixa 700 mil sem luz». R7.com. 11 de janeiro de 2022. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Besouros tomam conta de cidade argentina durante calor; veja». www.terra.com.br. Consultado em 16 de janeiro de 2022
- ↑ https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2022/01/14/onda-de-calor-bate-recordes-de-temperatura-e-acentua-seca-no-uruguai.htm
- ↑ https://metsul.com/calor-mata-quase-meio-milhao-de-aves-no-uruguai/
- ↑ https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2022/01/17/apos-onda-de-calor-uruguai-abre-semana-com-tempestades-e-inundacoes.htm
- ↑ «Ola de calor: Meteorología anuncia temperaturas de hasta 41°C». ultimahora.com (em espanhol). 14 de janeiro de 2022. Consultado em 18 de janeiro de 2022
- ↑ Medeiros', 'Taísa (13 de janeiro de 2022). «Sul e Centro-Oeste somam mais de R$ 45 bi em perdas na agricultura por secas». Brasil. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b «Tempestade destrói escola, deixa pessoas desabrigadas e bloqueia ruas em Guaíba». GZH. 17 de janeiro de 2022. Consultado em 24 de janeiro de 2022
- ↑ «"Deus tirou meu maior tesouro", desabafa irmã de menina de três anos que morreu depois de ser atingida por telha em Canela | Pioneiro». GZH. 18 de janeiro de 2022. Consultado em 24 de janeiro de 2022
- ↑ «Tempestade destrói escola, deixa pessoas desabrigadas e bloqueia ruas em Guaíba». GZH. 17 de janeiro de 2022. Consultado em 24 de janeiro de 2022
- ↑ «Ventos fortes e chuva causam estragos na região na tarde deste domingo». NH. Consultado em 24 de janeiro de 2022