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Deformação craniana artificial

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Mulher e criança com crânio alongado do povo mangbetu, Congo (1929-1937)

Deformação craniana artificial é uma forma de modificação corporal na qual o crânio de um ser humano é deformado intencionalmente. Isso é feito ao distorcer o crescimento normal do crânio de uma criança, com a aplicação de força. Formas planas, alongadas (produzidas através da amarração entre dois pedaços de madeira), arredondadas (amarração em tecido) e cônicas estão entre as escolhidas. Normalmente, é realizado em uma criança, visto que o crânio é mais flexível neste momento. Em um caso típico, a amarração começa aproximadamente um mês após o nascimento e continua por cerca de seis meses.

Crânio deformado do século VI da cultura dos alamanos

A deformação craniana intencional é anterior à história escrita; foi praticada comumente em várias culturas que são amplamente separadas geograficamente e cronologicamente e ainda ocorre hoje em alguns lugares, como Vanuatu. Os primeiros exemplos sugeridos incluen o componente proto-neolítico de Homo sapiens (nono milênio aC) da Caverna de Xanidar no Iraque,[1][2][3] e povos neolíticos no sudoeste da Ásia.[1][4] O mais antigo registro escrito de deformação craniana foi feito por Hipócrates, que nomeou uma tribo como macrocéfalos por sua prática de modificação craniana em 400 a.C.[5]

Os hunos também são conhecidos por terem tido uma prática similar,[6] assim como os alanos.[7] Na Antiguidade Tardia (300–600 dC), as tribos germânicas orientais que eram governadas pelos hunos, gépidas, ostrogodos, hérulos, rúgios e burgúndios adotaram esse costume. Nas tribos germânicas ocidentais, as deformações do crânio artificial raramente eram encontradas.[8]

Pintura de Paul Kane, que mostra uma criança da tribo chinook no processo de ter sua cabeça achatada e um adulto após o processo

A prática da deformação craniana foi trazida para Báctria e Sogdiana pelas tribos que criaram o Império Cuchano. Homens com tais crânios são retratados em várias esculturas e frisos sobreviventes daquela época, como o príncipe cuchano de Khalchayan.[9]

Na América, os maias,[10][11][12] os incas e certas tribos de nativos norte-americanos realizaram o costume. Na América do Norte a prática era conhecida, especialmente entre as tribos chinook do noroeste e o choctaw do sudeste.[13][14]

Friedrich Ratzel relatou em 1896 a deformação de crânio, tanto por achatá-lo atrás quanto por alongá-lo em direção ao vértice, em casos isolados no Taiti, Samoa e Havaí, e com mais frequência em Mallicollo nas Novas Hébridas (hoje Malakula, Vanuatu), onde o crânio era espremido de forma extraordinariamente plana.[15]

Na região de Toulouse, na França, essas deformações cranianas persistiram esporadicamente até o início do século XX;[16][17] no entanto, em vez de serem intencionalmente produzidas como em algumas culturas europeias anteriores, a Deformação Toulousiana parecia ter sido um resultado indesejado de uma prática médica antiga entre o campesinato francês conhecida como bandeau, em que a cabeça de um bebê era bem embrulhada e acolchoada para protegê-lo de impactos e acidentes logo após o nascimento. De fato, muitos dos primeiros observadores modernos da deformação foram registrados por conta dessas crianças camponesas, que eles acreditavam ter sido rebaixadas em inteligência devido à persistência de antigos costumes europeus.[18] O costume de embrulhar as cabeças de bebês na Europa no século XX, embora estivesse desaparecendo na época, era predominante na França e também era encontrado em bolsões no oeste da Rússia, no Cáucaso e na Escandinávia.[18] As razões para a modelagem da cabeça variavam ao longo do tempo e por diferentes razões, de conceitos estéticas a pseudocientíficos sobre a capacidade do cérebro de manter certos tipos de pensamento dependendo de seu formato.[18]

Referências

  1. a b Meiklejohn, Christopher; Anagnostis Agelarakis; Peter A. Akkermans; Philip E.L. Smith & Ralph Solecki (1992) "Artificial cranial deformation in the Proto-Neolithic and Neolithic Near East and its possible origin: evidence from four sites," Paléorient 18(2), pp. 83-97, see [1], acessado em 1 de agosto de 2015.
  2. Trinkaus, Erik (Abril de 1982). «Artificial Cranial Deformation in the Shanidar 1 and 5 Neandertals». Current Anthropology. 23 (2): 198–199. JSTOR 2742361. doi:10.1086/202808 
  3. Agelarakis, A. (1993). «The Shanidar Cave Proto-Neolithic Human Population: Aspects of Demography and Paleopathology». Human Evolution. 8 (4): 235–253. doi:10.1007/bf02438114 
  4. K.O. Lorentz (2010) "Ubaid head shaping," in Beyond the Ubaid (R.A. Carter & G. Philip, Eds.), pp. 125-148.
  5. Hippocrates of Cos (1923) [ca. 400 BC] Airs, Waters, and Places, Part 14, e.g., Loeb Classic Library Vol. 147, pp. 110–111 (W. H. S. Jones, transl., DOI: 10.4159/DLCL.hippocrates_cos-airs_waters_places.1923, see [2]. Alternatively, the Adams 1849 and subsequent English editions (e.g., 1891), The Genuine Works of Hippocrates (Francis Adams, transl.), New York, NY, USA: William Wood, at the [MIT] Internet Classics Archive (Daniel C. Stevenson, compiler), see [3]. Alternatively, the Clifton 1752 English editions, "Hippocrates Upon Air, Water, and Situation; Upon Epidemical Diseases; and Upon Prognosticks, In Acute Cases especially. To which is added…" Second edition, pp. 22-23 (Francis Clifton, transl.), London, GBR: John Whiston and Benj. White; and Lockyer Davis, see [4]. Acessado em 1 de agosto de 2015.
  6. Facial reconstruction of a Hunnish woman, Das Historische Museum der Pfalz, Speyer
  7. Bachrach, Bernard S (1973) A History of the Alans in the West: From Their First Appearance in the Sources of Classical Antiquity Through the Early Middle Ages, pp. 67-69, Minneapolis, MN, USA: University of Minnesota Press.
  8. Pany, Doris & Karin Wiltschke-Schrotta, "Artificial cranial deformation in a migration period burial of Schwarzenbach, Lower Austria," ViaVIAS, no. 2, pp. 18-23, Vienna, AUT: Vienna Institute for Archaeological Science.
  9. Lebedynsky, Iaroslav (2006). Les Saces. Paris: Editions Errance. ISBN 2-87772-337-2 , p. 15
  10. Tiesler, Vera (Autonomous University of Yucatan) (1999). Head Shaping and Dental Decoration Among the Ancient Maya: Archeological and Cultural Aspects (PDF). 64th Meeting of the Society of American Archaeology. Chicago, IL, USA. pp. 1–6. Consultado em 1 de agosto de 2015 
  11. Tiesler, Vera (2012). «Studying cranial vault modifications in ancient Mesoamerica». Journal of Anthropological Sciences. 90: 1–26 
  12. Tiesler, Vera & Ruth Benítez (2001). «Head shaping and dental decoration: Two biocultural attributes of cultural integration and social distinction among the Ancient Maya," American Journal of Physical Anthropology, Annual Meeting Supplement, 32, p. 149.» 
  13. Elliott Shaw, 2015, "Choctaw Religion," at Overview Of World Religions, Carlisle, CMA, GBR: University of Cumbria Department of Religion and Ethics, see [5], acessado em 1 de agosto de 2015.
  14. Hudson, Charles (1976). The Southeastern Indians. University of Tennessee Press. p. 31.
  15. Ratzel, Friedrich (1896). «The History of Mankind». MacMillan, London. Consultado em 4 de outubro de 2009. Arquivado do original em 6 de julho de 2011 
  16. Delaire, MMJ; Billet, J (1964). «Considérations sur les déformations crâniennes intentionnelles». Rev Stomatol. 69: 535–541 
  17. Janot, F; Strazielle, C; Awazu Pereira, Da Silva; Cussenot, O (1993). «Adaptation of facial architecture in the Toulouse deformity». Surgical and Radiologic Anatomy. 15: 1038. doi:10.1007/BF01629867 
  18. a b c Eric John Dingwall, Eric John (1931) "Later artificial cranial deformation in Europe (Ch. 2)," in Artificial Cranial Deformation: A Contribution to the Study of Ethnic Mutilations, pp. 46-80, London, GBR:Bale, Sons & Danielsson, see «Archived copy» (PDF). Consultado em 20 de fevereiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 12 de setembro de 2014 [falta página] and [6][falta página]. Acessado em 1 de agosto de 2015.

Ligações externas

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