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Conflito Moro

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 Nota: Este artigo é sobre a revolta em curso. Para a insurgência de 1899-1913, veja Rebelião Moro.
Conflito Moro
Parte de Conflito civil nas Filipinas,
Conflito em Bornéu do Norte,
e Guerra ao Terror


Acima: soldados filipinos e americanos durante um exercício em conjunto.
Abaixo: um combatente da Frente Moro de Libertação Islâmica.
Data 29 de março de 196922 de fevereiro de 2019
Local Filipinas (principalmente em Mindanao)
Mudanças territoriais Região Autónoma do Mindanau Muçulmano formada em 1 de agosto de 1989
Beligerantes
 Filipinas

Apoiado por:
 Estados Unidos (conselheiros)[1]
 Austrália[2]
 Indonésia[3][4]
 Malásia (desde 2001)[3][5][6][7]


International Monitoring Team (IMT)


Milícias civis

FMLN[10]
FMLI (até 2014)

OMRL[11]
Grupo Maute [12][13]
Apoio anterior:
 China (para FMLN e OMRL)
Líbia Líbia (para MNLF)[14][15][16][17]

 Malásia (para FMLN e FMLI)[18][19][20]
Estado Islâmico do Iraque e do Levante Daesh[21]

MRS
Estado Islâmico do Iraque e do Levante KIM[22]

Apoiado por:
al-Qaeda[24]

14K Triad (para Abu Sayyaf)[25][26]
Comandantes
Ferdinand Marcos
(1969–1986)
Corazon Aquino
(1986–1992)

Fidel V. Ramos
(1992–1998)
Joseph Estrada
(1998–2001)
Gloria Macapagal-Arroyo
(2001–2010)
Benigno Aquino III
(2010–2016)
Rodrigo Duterte
(2016–2022)

Bongbong Marcos
(2022–presente)
Nur Misuari

Habier Malik
Muslimin Sema
Habib Mujahab Hashim
Abul Khayr Alonto
Murad Ebrahim
Hashim Salamat
Anteriormente apoiado por:
Anwar Sadat[29]
Muammar Gaddafi

Mustapha Harun[30][31]
Khadaffy Janjalani  

Galib Andang
Ameril Umbra Kato  


Isnilon Totoni Hapilon [27]
Forças
Filipinas 125 000-130 000[28] 15,000[28]
11,000[28]
400[28]
Total de mortos:
Acima de 120 000-150 000 soldados, policiais, autoridades governamentais, civis e insurgentes[28]

Conflito Moro ou ainda chamado de Insurreição Islâmica nas Filipinas[32] é uma revolta em curso na ilha de Mindanao, nas Filipinas.

Em 1969, tensões políticas e hostilidades abertas se desenvolveram entre o governo das Filipinas e os grupos rebeldes muçulmanos moro.[33] A insurgência dos moros foi desencadeada pelo massacre de Jabidah, no qual morreram 60 comandos dos filipinos muçulmanos em uma operação planejada para recuperar a parte oriental do estado malaio de Sabah. Em resposta, o professor da Universidade das Filipinas Nur Misuari criou a Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN), um grupo armado rebelde empenhado em estabelecer um Mindanao independente. Ao longo dos anos, a FMLN se dividiria em vários grupos diferentes, incluindo a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI), que pretende estabelecer um Estado islâmico dentro das Filipinas. A insurgência dos moros está enraizada em uma longa história de resistência do povo Bangsamoro contra o domínio estrangeiro, que remonta à anexação estadunidense das Filipinas em 1899. Desde então, a resistência moro tem persistido contra o governo filipino.

As estatísticas de vítimas do conflito variam; no entanto, as estimativas conservadoras do Uppsala Conflict Data Program indicam que pelo menos 6.015 pessoas foram mortas no conflito armado entre o governo das Filipinas e as facções Abu Sayyaf, Combatentes da Liberdade Islâmica Bangsamoro, FMLI e FMLN entre 1989 e 2012. [34]

Filipinos cristãos, que serviram sob o exército espanhol, em busca de rebeldes moros em sua batalha contra os filipinos muçulmanos em 1887. O problema da insurgência em Mindanao está enraizado nos anos 1500, quando os espanhóis chegaram na região moro.

Os moros tem uma história de resistência contra o domínio espanhol, estadunidense e japonês por 400 anos. Durante o conflito espanhol-moro, a Espanha repetidamente tentou conquistar o Sultanato de Sulu, o Sultanato de Maguindanao e a Confederação dos Sultanatos em Lanao dos moros. A violenta luta armada contra os japoneses, os filipinos, os espanhóis e os estadunidenses é considerada pelos atuais líderes moro muçulmanos como sendo parte de um longo período de quatro séculos do "movimento de libertação nacional" dos Bangsamoro (Nação Moro). [35] A longa resistência pelos muçulmanos moro persistiu e se transformou em sua atual guerra pela independência contra o Estado filipino. [36] A raiz do conflito se origina nas guerras espanholas e estadunidenses contra os moros. [37]

Após a Guerra Hispano-Americana em 1898, um outro conflito desencadeou no sul das Filipinas entre os revolucionários muçulmanos das Filipinas e as forças armadas dos Estados Unidos que ocorreu entre 1899 e 1913. Os filipinos se opuseram ao domínio estrangeiro dos Estados Unidos, o qual revindicava as Filipinas como seu território. Em 14 de agosto de 1898, após derrotar as forças espanholas, os Estados Unidos estabeleceram um governo militar nas Filipinas sob o general Wesley Merritt como Governador Militar. [38] As forças estadunidenses assumiram o controle em Jolo em 18 de maio de 1899 e em Zamboanga em dezembro de 1899. [39] O brigadeiro-general John C. Bates foi enviado para negociar um tratado com o sultão de Sulu, Jamalul Kiram II. Kiram estava frustrado com a tomada de poder estadunidense, haja vista esperava recuperar a soberania após a derrota das forças espanholas no arquipélago. O objetivo principal de Bates era garantir a neutralidade dos moros na Guerra Filipino-Americana e estabelecer a ordem no sul das Filipinas. Depois de alguma negociação o Tratado Bates seria assinado, o qual foi baseado em um tratado espanhol anterior. [40] O Tratado Bates fez assegurar a neutralidade dos muçulmanos no sul, porém na verdade foi criado para ganhar tempo para os estadunidenses até a guerra no norte terminar. [41][42][43] Depois da guerra, em 1915, os estadunidenses impuseram o Tratado Carpenter em Sulu. [44]

Em 20 de março de 1900, o general Bates foi substituído pelo brigadeiro-general William August Kobbé e o Distrito de Mindanao-Jolo foi elevado a um departamento abrangente. As estadunidenses em Mindanao foram reforçadas e as hostilidades com o povo moro diminuíram, embora haja relatos de estadunidenses e outros civis sendo atacados e mortos pelos moros.

A invasão estadunidense começou em 1904 e terminou no período do major-general John J. Pershing, o terceiro e último governador militar da província moro, ainda que uma importante resistência continuasse em Bud Dajo e Monte Bagsak em Jolo. Os estadunidenses massacraram centenas de mulheres e crianças moro no massacre de Bud Dajo. [45][46][47][48]

As repetidas rebeliões pelos moros contra o governo estadunidense continuou a irromper, mesmo depois da principal Rebelião Moro encerrar, até a ocupação japonesa das Filipinas durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a invasão japonesa das Filipinas, o moros travariam uma insurgência contra os japoneses em Mindanao e Sulu até o Japão se render em 1945.

Mapa das Filipinas mostrando as áreas de maioria moro muçulmanas em Mindanao.

Os moros se organizaram politicamente em meados da década de 1960 com a Organização Moro de Libertação Nacional, fundada em 1966. De um movimento de oposição mais regionalista do que religioso, rapidamente passou a exigir a independência de todas as ilhas do sul das Filipinas de maioria muçulmana, com o surgimento do movimento de independência de Mindanao. O massacre de Jabidah em março de 1968, o massacre de Manili em junho de 1971 e a instauração da lei marcial em 21 de setembro de 1972 iriam concluir a radicalização da oposição moro.

A Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN), fundada em 1969, decide tomar uma ação militar. As primeiras conversações entre o governo e a FMLN ocorreram em Jeddah em 1975, mas não tiveram êxito. Ao mesmo tempo que os separatistas se aliaram com os guerrilheiros comunistas, o exército filipino tenta derrubar a insurgência militarmente.

Os Acordos de Trípoli em dezembro de 1976, projeta a autonomia das 13 províncias das Filipinas visando acabar com o conflito, porém o referendo de abril de 1977, realizado em todo o país, é boicotado pelos separatistas, causando um retorno da violência.[49]

A revolta perde intensidade no final da década. Após as conversações iniciadas pela presidente Corazon Aquino, em 1986, foi assinado um acordo em janeiro de 1987 em Jeddah, consolidando a autonomia. A oposição da Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI) bloqueia o processo de paz, porém a Região Autónoma do Mindanau Muçulmano é criada em 1990 e um "Programa de Reconciliação Nacional e de Desenvolvimento" implementado.[50]

Um cessar-fogo da FMLN é estabelecido bilateralmente com o governo em novembro de 1993, um prelúdio para a assinatura de um tratado de paz em setembro de 1996. Este processo de paz leva ao surgimento de grupos islamitas opositores, a Frente Moro de Libertação Islâmica (principal rival do FMLN) e a Abu Sayyaf, fundada em 1992.[51]

Um cessar-fogo foi assinado em 1997 entre o governo central em Manila e a Frente Moro de Libertação Islâmica, mas foi abolido em 2000 sob a presidência de Joseph Estrada. Entretanto as negociações ainda estão em curso para tentar acabar com o conflito.

Referências

  1. «Defense.gov News Article: Trainers, Advisors Help Philippines Fight Terrorism». Arquivado do original em 14 de julho de 2015 
  2. Philippines to be a key recipient of Australia's New Regional Counter-Terrorism Package – Australian Embassy (archived from the original Arquivado em 20 de março de 2012, no Wayback Machine. on 1 September 2007)
  3. a b Malcolm Cook (17 de março de 2014). «Peace's Best Chance in Muslim Mindanao» (PDF). Institute of Southeast Asian Studies. p. 7. ISSN 2335-6677. Arquivado do original (PDF) em 18 de abril de 2015 
  4. Anak Agung Banyu Perwita (2007). Indonesia and the Muslim World: Islam and Secularism in the Foreign Policy of Soeharto and Beyond. [S.l.]: NIAS Press. pp. 116–117. ISBN 978-87-91114-92-2 
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  6. Soliman M. Santos (2003). Malaysia's Role in the Peace Negotiations Between the Philippine Government and the Moro Islamic Liberation Front. [S.l.]: Southeast Asian Conflict Studies Network. ISBN 978-983-2514-38-1 
  7. «Malaysia asks PHL for help in tracking militants with Abu Sayyaf ties». GMA-News. 6 de julho de 2014 
  8. Maitem, Jeoffrey (19 de janeiro de 2016). «Armed Christian civilians vow to fight BIFF atrocities». Inquirer Mindanao 
  9. Maitem, Jeoffrey (20 de janeiro de 2016). «IN PHOTOS: Red God Defenders». Rappler 
  10. Ivan Molloy. «Revolution in the Philippines – The Question of an Alliance Between Islam and Communism». University of California 
  11. AYROSO, DEE (25 de junho de 2015). «Revolutionary Moro group calls for intensified armed struggle». Bulatlat.com#sthash.OtUynEX8.dpuf 
  12. «3 soldiers killed, 11 hurt in Lanao del Sur clash». philstar.com 
  13. Umel, Richel. «Army reports killing 20 'terrorists' in clashes with Lanao Sur armed group». globalnation.inquirer.net 
  14. «Khadafy admits aiding Muslim seccesionists». Philippine Daily Inquirer. 5 de agosto de 1986. p. 2 
  15. Paul J. Smith (21 de setembro de 2004). Terrorism and Violence in Southeast Asia: Transnational Challenges to States and Regional Stability. [S.l.]: M.E. Sharpe. pp. 194–. ISBN 978-0-7656-3626-3 
  16. William Larousse (1 de janeiro de 2001). A Local Church Living for Dialogue: Muslim-Christian Relations in Mindanao-Sulu, Philippines : 1965-2000. [S.l.]: Gregorian Biblical BookShop. pp. 151 & 162. ISBN 978-88-7652-879-8 
  17. Michelle Ann Miller (2012). Autonomy and Armed Separatism in South and Southeast Asia. [S.l.]: Institute of Southeast Asian Studies. pp. 291–. ISBN 978-981-4379-97-7 
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  50. Balencie, Jean-Marc; de La Grange, Arnaud (2001). «L'encyclopédie des acteurs, conflits & violences politiques». Mondes rebelles (em francês). Paris: Éditions Michalon. p. 581. 1677 páginas. ISBN 2841861422 
  51. Balencie, Jean-Marc; de La Grange, Arnaud (2001). «L'encyclopédie des acteurs, conflits & violences politiques». Mondes rebelles (em francês). Paris: Éditions Michalon. p. 582-583. 1677 páginas. ISBN 2841861422