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Clamídia

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Infeção por clamídia
Clamídia
Teste de Papanicolau com presença da bactéria Chlamydia trachomatis (coloração H&E)
Sinónimos Clamídia
Especialidade Infectologia, ginecologia, urologia
Sintomas Assintomática, corrimento vaginal, corrimento peniano, ardor ao urinar[1]
Complicações Dor nos testículos, doença inflamatória pélvica, infertilidade, gravidez ectópica[2][1]
Início habitual Poucas semanas após exposição[1]
Causas Bactéria Chlamydia trachomatis transmitida por via sexual ou parto[3]
Método de diagnóstico Análises à urina ou esfregaço do colo do útero, vagina ou uretra[2]
Prevenção Abstinência sexual, preservativos, relações sexuais apenas com pessoas não infetadas[1]
Tratamento Antibióticos (azitromicina ou doxiciclina)[2]
Frequência 4,2% (mulheres), 2,7% (homens)[4][5]
Mortes ~200 (2015)[6]
Classificação e recursos externos
CID-10 A55-A56.8, A70-A74.9
CID-9 099.41, 483.1
CID-11 900285196
DiseasesDB 2384
MedlinePlus 001345
eMedicine med/340
MeSH D002690
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A infeção por clamídia, vulgarmente denominada apenas clamídia, é uma infeção sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis.[3] A maior parte das pessoas infetadas não manifesta sintomas. Nos casos sintomáticos, os sintomas podem-se manifestar apenas ao fim de algumas semanas após a infeção. Em mulheres, os sintomas incluem corrimento vaginal ou ardor ao urinar. Em homens, os sintomas incluem corrimento do pénis, ardor ao urinar ou dor e inflamação de um ou dos dois testículos.[1] Em mulheres, há o risco da infeção se propagar para o trato genital superior e causar doença inflamatória pélvica, o que pode posteriormente estar na origem de infertilidade ou de uma gravidez ectópica.[2] Sucessivas infecções dos olhos que não sejam tratadas podem causar tracoma, que é uma causa comum de cegueira em países em desenvolvimento.[7]

A transmissão da clamídia pode ocorrer através de contacto sexual vaginal, anal ou oral, podendo também ser transmitida de uma mãe infetada para o bebé durante o parto[1] ou até mesmo por objetos pessoais contaminados. As infeções nos olhos podem também ser transmitidas através do contacto pessoal, moscas e toalhas contaminadas em regiões com falta de saneamento básico[7]. A bactéria Chlamydia trachomatis é exclusiva do ser humano.[8] O diagnóstico da doença é geralmente feito em exames de rastreio, o qual é recomendado que seja realizado uma vez por ano em mulheres sexualmente ativas até aos 25 anos, em grupos de risco e na primeira consulta durante a gravidez.[1][2] O exame pode ser realizado numa amostra de urina ou num esfregaço do colo do útero, vagina ou uretra.[2] No caso de infeções situadas na boca ou no ânus, são recolhidos esfregaços dessas áreas.[2]

A prevenção consiste no uso de preservativo, em ter contacto sexual apenas com uma pessoa não infetada ou na abstinência sexual.[1] A clamídia pode ser curada com a administração de antibióticos, sendo geralmente usadas a azitromicina e a doxiciclina. Em bebés e durante a gravidez, são recomendadas a eritromicina ou azitromicina. Os parceiros sexuais devem igualmente ser tratados. As pessoas infetadas são aconselhadas a se absterem de contacto sexual durante, pelo menos, sete dias e até os sintomas desaparecerem. As pessoas infetadas são também testadas para a presença de gonorreia, sífilis e VIH. As pessoas infetadas devem realizar novos testes três meses após o tratamento.[2]

A clamídia é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns, afetando em todo o mundo cerca de 4,2% das mulheres e 2,7% dos homens.[5][4] Em 2015, ocorreram cerca de 61 milhões de novos casos.[9][3] As infeções são mais comuns na faixa etária entre os 15 e os 25 anos de idade e mais comuns entre as mulheres.[3][2] Em 2015, as infeções por clamídia foram responsáveis por cerca de 200 mortes.[6] O termo "clamídia" tem origem no grego antigo χλαμύδα, que se traduz por "manto".[10]

A clamídia é transmitida por sexo vaginal, anal ou oral sem preservativo. Também pode ser transmitida ao bebê durante o parto ou por contato com toalhas ou roupas contaminadas. Ser curado de clamídia não previne novas infecções.[11] A Chlamydia é um parasita intracelular obrigatório que produz esporos, o que torna sua disseminação mais fácil.[carece de fontes?] Na verdade, existem três espécies de Chlamydia que causam doenças em humanos: Chlamydia trachomatis, Chlamydia psittaci e Chlamydia pneumoniae. A espécie Trachomatis é a mais comum e causa infecção urinária e tracoma(infecção dos olhos). A espécie Pneumoniae causa doenças respiratórias semelhante a pneumonia causada por Micoplasmas. A espécie Psitaci causa psitacose, uma doença respiratória transmitida pelos psitacídeos (araras, papagaios e periquitos).[12]

Sinais e sintomas

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Em torno de 75% das mulheres e 50% dos homens infectados não apresentam sintomas. Caso os sintomas apareçam, eles geralmente se manifestam entre 1-3 semanas depois da contaminação através do sexo. Os possíveis sintomas incluem[11]:

  • Ardor ao urinar (disúria);
  • Secreção genital anormal;
  • Dor durante a relação sexual.

Nas mulheres, a bactéria inicialmente infecta o cérvix ou a uretra. Quando a infecção se espalha do cérvix às trompas de Falópio, algumas mulheres ainda podem não apresentar nenhum sintoma, outras têm dores no abdômen inferior e na parte de baixo das costas, náusea, febre, dor durante o sexo e sangramento entre os ciclos menstruais. A infecção vaginal de clamídia pode se espalhar para o reto por tecidos.[11] Homens também podem ter coceira ao redor da abertura do pênis. Dor e inchaço nos testículos são incomuns.[11] Homens ou mulheres que fizeram sexo anal receptivo, podem adquirir infecção de clamídia no reto, o que pode causar dor na região, secreções ou sangramento.[11] Clamídia também pode afetar a garganta de quem fez sexo oral com um parceiro infectado causando faringite bacteriana.[11]

Complicações

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Clamídia pode infectar as vias reprodutivas, causando doença inflamatória pélvica e infertilidade, tanto em homens quanto em mulheres. Essas complicações são mais comuns em mulheres. Além disso, aumenta o risco do feto se implantar fora do útero (gravidez ectópica).[11]

O uso de preservativo, inclusive em sexo anal ou oral, reduzem o risco de todas IST.

Epidemiologia

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Segundo a OMS, a doença responde por 25% das causas de infertilidade, sendo 15% nas mulheres e 10% nos homens. No Brasil, cerca de 10% das jovens na faixa de 15 anos a 24 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são identificadas com a doença, de acordo com estudo elaborado em 2011 pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.[13]

Clamídia pode ser curada com uma dose única injetável de antibióticos ou com comprimidos por uma semana, geralmente azitromicina ou doxiciclina. As complicações, como infertilidade, podem precisar de cirurgia. Todos os parceiros sexuais devem ser examinados, pois correm o risco de estarem infectados e desenvolverem complicações. Pessoas com clamídia devem abster-se de intercurso sexual por 7 dias, até que elas e seus parceiros sexuais estejam completamente curados, do contrário podem ser reinfectados.[14]

Referências

  1. a b c d e f g h «Chlamydia - CDC Fact Sheet». CDC. 19 de maio de 2016. Consultado em 10 de junho de 2016 
  2. a b c d e f g h i «2015 Sexually Transmitted Diseases Treatment Guidelines». CDC. 4 de junho de 2015. Consultado em 10 de junho de 2016 
  3. a b c d «2014 Sexually Transmitted Diseases Surveillance Chlamydia». 17 de novembro de 2015. Consultado em 10 de junho de 2016 
  4. a b Newman, Lori; Rowley, Jane; Vander Hoorn, Stephen; Wijesooriya, Nalinka Saman; Unemo, Magnus; Low, Nicola; Stevens, Gretchen; Gottlieb, Sami; Kiarie, James; Temmerman, Marleen; Meng, Zhefeng (8 de dezembro de 2015). «Global Estimates of the Prevalence and Incidence of Four Curable Sexually Transmitted Infections in 2012 Based on Systematic Review and Global Reporting». PLOS ONE. 10 (12): e0143304. PMC 4672879Acessível livremente. PMID 26646541. doi:10.1371/journal.pone.0143304 
  5. a b «Sexually transmitted infections (STIs) Fact sheet N°110». who.int. Dezembro de 2015. Consultado em 10 de junho de 2016 
  6. a b GBD 2015 Mortality and Causes of Death, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1459–1544. PMID 27733281 
  7. a b «CDC - Trachoma, Hygiene-related Diseases, Healthy Water». Center For Disease Control. 28 de dezembro de 2009. Consultado em 24 de julho de 2015 
  8. Graeter, Linda (2014). Elsevier's Medical Laboratory Science Examination Review. [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 30. ISBN 9780323292412 
  9. GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMID 27733282 
  10. Stevenson, Angus (2010). Oxford dictionary of English. 3rd ed. New York, NY: Oxford University Press. p. 306. ISBN 9780199571123 
  11. a b c d e f g Centers for Disease Control and Prevention. Division of STD Prevention (DSTDP). https://www.cdc.gov/std/chlamydia/stdfact-chlamydia.htm
  12. Portal São Francisco. Clamídia. Acesso em 10 de fevereiro de 2013/
  13. Agência Brasil. Uso da camisinha no carnaval protege contra infecção que causa infertilidade. Acesso em 10 de fevereiro de 2013
  14. Medline plus. Chlamydia Infections. https://medlineplus.gov/chlamydiainfections.html

Ligações externas

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