Bloqueio ao Iêmen
O bloqueio do Iêmen refere-se a um bloqueio marítimo, terrestre e aéreo do Iêmen, que começou com o posicionamento dos navios de guerra da Arábia Saudita nas águas iemenitas, embora tenha sido intensificado após o lançamento em novembro de 2017 de um míssil pelos houthis do Iêmen em direção a Riade.[1] O bloqueio do Iêmen tem sido a causa de uma situação crítica para os iemenitas e está se agravando na medida em que as Nações Unidas mencionaram que o Iêmen está enfrentando a pior fome global.[2] A Organização Mundial de Saúde anunciou que o número de casos suspeitos de cólera no país atingiu cerca de 500.000 pessoas.[3][4]
Contexto
[editar | editar código-fonte]Uma intervenção militar foi lançada pela Arábia Saudita em março de 2015, a qual lidera uma coalizão de nove países do Oriente Médio e da África, a fim de influenciar o resultado da Guerra Civil Iemenita em favor do governo do presidente Abdrabbuh Mansur Hadi.[5][6]
A intervenção com o codinome "Operação Tempestade Decisiva" incluiu uma campanha de bombardeio e, posteriormente, um bloqueio naval e também a implantação de forças terrestres no Iêmen.[7] Como resultado disso, muitos civis foram mortos, assim como combatentes houthis.[8]
Escassez de suprimentos
[editar | editar código-fonte]Como resultado do bloqueio, existe uma escassez desesperadora de suprimentos necessários, como alimentos, água e recursos médicos, até certo ponto em que, por exemplo, as crianças correm o risco de contrair doenças devido à falta de água potável.[9][10]
Uma quantidade limitada de navios de ajuda pode descarregar visto que a maior parte da navegação comercial, no qual o país desesperadamente pobre depende, está de facto a ser bloqueada e, na verdade, tal bloqueio fez com que a situação se tornasse crítica para os iemenitas.[11] Apesar das petições, a Arábia Saudita não pagou os $ 274 milhões que prometeu investir em ajuda humanitária.[12]
Uma das escassez mais visíveis causadas pelo bloqueio e pela guerra é a falta de medicamentos, principalmente contra cólera, que em 2019 já havia afetado 2 236 570 pessoas no Iêmen (quase 10% da população do país). O bloqueio feito pela coalizão causou uma falta de remédios, que, aliado ao baixo funcionamento hospitais causou o agravamento da epidemia de Cólera[13]
Reação das Nações Unidas
[editar | editar código-fonte]De acordo com a Agence France-Presse, as Nações Unidas solicitaram a coalizão liderada pelos sauditas que retirassem instantaneamente e completamente o bloqueio ao Iêmen. A Organização Mundial de Saúde anunciou que há uma acelerada incidência de doença da difteria em treze províncias do Iêmen. Esta organização também acrescentou que a incidência da difteria no Iêmen é considerada um problema preocupante. A coalizão árabe bloqueou todas as fronteiras marítimas, terrestres e aéreas do Iêmen após um ataque de mísseis da Ansar Allah em Riade em 6 de novembro de 2017, e não permite que a ajuda internacional seja entregue para o povo iemenita.[14] Segundo relatórios, existem cerca de um milhão de iemenitas que foram afetados pela cólera e mais de 2.200 pessoas morreram devido à doença, o que conduziu a protestos contra o bloqueio onde as Nações Unidas apelaram aos militares da coalizão árabe para retirar completamente o bloqueio ao Iêmen, afirmando que até 8 milhões de pessoas estavam "à beira da fome".[14]
Fundo jurídico
[editar | editar código-fonte]De acordo com a lei internacional sobre o bloqueio naval, as medidas navais conduzidas pela coalizão árabe não constituem um bloqueio naval no sentido legal.[15] Afirma-se que nem a lei internacional do contrabando nem a Resolução 2216 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 14 de abril de 2015, abrangem as extensas medidas de execução.[16] Devido à devastadora fome no Iêmen e à escassez de suprimentos essenciais, que são causados pelas medidas de execução, as operações navais ao largo da costa do Iêmen são criticadas como uma violação do direito internacional humanitário.[17]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Saudi blockade of Yemen still in place, amounts to collective punishment: Aid agency Presstv.com.
- ↑ Yemen conflict: UN official warns of world's biggest famine BBC News.
- ↑ Saudi Arabia’s new blockade is starving Yemen vox.com.
- ↑ A half million people in Yemen have been affected by Cholera BBC News.
- ↑ Gulf Coalition Operations in Yemen (Part 1): The Ground War washingtoninstitute.org.
- ↑ Saudi Warplanes Hit Sana'a Airport to Block Humanitarian Aid en.farsnews.com .
- ↑ Mohammed bin Salman's ill-advised ventures have weakened Saudi Arabia’s position in the world alalam.ir
- ↑ Saudi blockade starves Yemen of vital supplies, as bombing raids continue independent.co.uk.
- ↑ Yemen conflict: human rights groups urge inquiry into Saudi coalition abuses theguardian.com
- ↑ At Least 180 Children Killed in Saudi-Led War on Yemen en.farsnews.com
- ↑ «Saudi-led naval blockade leaves 20m Yemenis facing humanitarian disaster». www.theguardian.com. 23 de Dezembro de 2017
- ↑ Saudi blockade leaves 20mn Yemeni in crisis worldbulletin.net
- ↑ «Guerra no Iêmen: A ilegalidade internacional do bloqueio dos portos » Relações Internacionais». 21 de setembro de 2020. Consultado em 27 de agosto de 2024
- ↑ a b «United Nations calls for complete lifting of Saudi blockade». reuters.com. 31 de dezembro de 2017
- ↑ Fink, Martin D. (1 de julho de 2017). «Naval Blockade and the Humanitarian Crisis in Yemen». Netherlands International Law Review (em inglês). 64 (2): 291–307. ISSN 0165-070X. doi:10.1007/s40802-017-0092-3
- ↑ Daum, Oliver. «War in Yemen (1): Why the Saudi-led coalition's blockade is not a naval blockade». www.juwiss.de
- ↑ Daum, Oliver. «War in Yemen (2): Why the Saudi-led coalition has not obeyed the law of naval blockade and violates IHL». www.juwiss.de
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Blockade of Yemen».