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Arrojamento

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Um encalhamento em massa de baleias-piloto na costa do cabo Cod em 1902.

Os arrojamentos[1] são circunstâncias em que animais marinhos invertebrados ou vertebrados (sendo estes casos mais conhecidos, essencialmente cetáceos, pinípedes, lontras e tartarugas marinhas) ficam encalhados na costa. Os animais arrojados podem encontrar-se mortos, em vários estados de decomposição, ou mais raramente, vivos. Quando vivos, os animais apresentam normalmente comportamentos fora do comum devido ao stress causado pela própria condição de arrojamento.[2][3][4][5]

Existem três tipos principais de arrojamentos: [5]

  • Arrojamentos individuais- ocorrem aquando o arrojamento de apenas um indivíduo, sendo o tipo de arrojamento mais frequente (dependendo do local geográfico e época do ano em questão);
  • Arrojamentos em massa - circunstâncias em que encalham na costa dois ou mais indivíduos;
  • Eventos de mortalidade anormal - casos em que arrojam números anormalmente elevados de indivíduos, envolvendo por vezes populações inteiras.

As causas de arrojamentos podem ser naturais ou antropogénicas.[5][6]

Dentro das causas naturais estão doenças infecciosas e parasitas, falta de alimento (associada, por exemplo, a fenómenos oceanográficos e climatéricos), intoxicação (associada a biotoxinas produzidas por "blooms" algais), condições climatéricas ou fenómenos oceanográficos anormais e comportamento dos próprios animais.

Quanto às causas antropogénicas, variam entre a exposição a poluentes, ingestão de detritos (sacos de plástico, no caso das tartarugas marinhas), o contacto directo (choques com embarcações ou redes, por exemplo) e som artificial (associado a sondas e sonares). O impacto destas causas nos animais podem deixá-los confusos, debilitados, ou até matá-los instantaneamente, provocando futuramente o arrojamento.

Porém, as causas dos arrojamentos nem sempre são determinadas.

Distribuição

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Os arrojamentos ocorrem um pouco por todo o mundo, com distribuições dependendo das causas e tipo de arrojamento, da época do ano e da distribuição das próprias espécies. [5]

Os arrojamentos são bastante úteis para estudos das próprias espécies (biologia e ecologia) e conservação destas. Inclusivamente, existem espécies das quais toda a informação existente é proveniente de arrojamentos. [2][5]

Após a recolha do animal arrojado, este é levado para laboratório sendo submetido a um exame post mortem, para recolha de informações biológicas (anatómicas, morfológicas, fisiológicas, patológicas, toxicológicas) a partir do cadáver.[6][7]

Através dos arrojamentos é também possível obter informações acerca da distribuição mundial e migração da espécie em questão, comparando com os locais em que esta habitualmente é avistada ou mesmo com outros casos de arrojamentos. No caso dos animais serem encontrados vivos e podendo ser tratados e reabilitados em centros de reabilitação em terra, posteriormente podem ser instalados transmissores de modo a recolher informação da deslocação do animal, através de satélites.[4][5]

Em termos de conservação das espécies (essencialmente nas espécies mais sensíveis, como é o caso dos cetáceos), os dados recolhidos por arrojamentos podem também ser interiorizados de modo a proporcionar a estipulação de novas medidas de conservação e protecção, ou a melhor adequação das presentes, das espécies em causa. [6]

Através da análise de dados recolhidos por arrojamentos é também possível obter informações indirectas sobre o estado dos ecossistemas (poluentes, contaminantes), dos stocks de organismos predados pelas espécies arrojadas.[5]

Organizações e campanhas

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Existem espalhadas no mundo inteiro organizações e associações especializadas na recolhas de animais arrojados e, caso possível, recuperação e reintrodução destes no habitat natural. Os objectivos gerais destas organizações são aumentar as infra-estruturas de reabilitação dos animais arrojados, formação de corpos técnicos especializados, recolha de informação para fins científicos e educacionais, minimização das ameaças de arrojamento de animais marinhos e das possíveis ameaças de arrojamentos para a segurança e saúde das pessoas.

Exemplos deste tipo de organizações são, internacionalmente La Sociedad para el Estudio de los Cetáceos en el Archipiélago Canario (SECAC), a Marine Mammal Stranding Center. Em Portugal, estão entre estas instituições a Rede Nacional para a Recuperação de Mamíferos Marinhos, a Rede de Arrojamentos de Cetáceos dos Açores (RACA).

Através de campanhas e iniciativas, estas instituições incitam à sensibilização da população e voluntariado, de modo a apelar à protecção destas espécies. Exemplos deste tipo de campanhas são “Participate in the Puget Sound Vashon Hydrophone project”, “Help clean up our beaches” do American Cetacean Society (ACS).[3][6][7][8][9]

Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «arrojamento». Dicionário Priberam. Consultado em 20 de julho de 2023 
  2. a b Barcelos & Barreiros, J., J. Barreiros. s.d. A Necrópsia como Instrumento de Investigação Científica em Animais Marinhos e a realidade da sua aplicação no terreno. Consultado a: 12 de Novembro de 2007. Disponível em: [1]
  3. a b ICN. 2006. Rede Nacional para a Recuperação de Mamíferos Marinhos. Consultado a: 12 de Novembro de 2007. Disponível em: [2]
  4. a b Marine Mammal Stranding Center. 2007. Stranding Information. Consultado a: 12 de Novembro de 2007. Disponível em: [3] Arquivado em 21 de fevereiro de 2008, no Wayback Machine.
  5. a b c d e f g NOAA. s.d. MARINE MAMMAL STRANDING RESPONSE FACT SHEET. Consultado a: 12 de Novembro de 2007. Disponível em: [4]
  6. a b c d Cordes, D. 1982. The causes of whale strandings. New Zealand Veterinary Journal. 3: 21-24;
  7. a b Emecetus. 2007. Arrojamentos. Consultado a: 14 de Novembro de 2007. Disponível em: [5]
  8. ACS. 2007. How to Help Whales, Dolphins & Porpoises. Consultado a: 14 de Novembro de 2007. Disponível em: [6]
  9. RACA. s.d. Rede de Arrojamentos de Cetáceos dos Açores. Consultado a: 12 de novembro de 2007. Disponível em: [7] Arquivado em 12 de outubro de 2008, no Wayback Machine.
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