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Alcaptonúria

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A alcaptonúria ou ocronose[1] é uma doença genética rara (autossómica recessiva), que afecta o metabolismo da tirosina. Foi a primeira doença genética a ser identificada (em 1902).[2]

Uma das características distintivas desta doença é a particulariedade da urina se tornar escura após várias horas de exposição ao ar. Além disso, a doença se caracteriza por artrite aguda (especialmente na coluna vertebral) [3] e urina escurecida, entre outros problemas.

A doença é causada por deficiência da enzima dioxigenase do ácido homogentísico (um subproduto tóxico da tirosina). No metabolismo da tirosina, a oxidase converte o ácido homogentísico em ácido maleilacetoacético. Quando há deficiência da oxidase, ocorre um acúmulo de ácido homogentísico. Este se oxida, formando benzoquinonas, as quais, por sua vez, formam polímeros semelhantes à melanina que se acumulam no tecido conjuntivo.[4]

Seu gene está localizado na banda 2 do braço longo do cromossomo 3 (3q2).


As manifestações clínicas mais importantes da ocronose são: artropatia, pigmentação ocular e cutânea, urina escura e acometimento cardiovascular. O diagnóstico é clínico, confirmado pela presença do ácido homogentísico na urina (aproximadamente 5g/24hs). Problemas no coração, pedras nos rins e na próstata são alguns dos outros sintomas causados pela Alcaptonúria.[5]

A incidência da alcaptonúria na população é de aproximadamente 1:1.000.000 de nascimentos, sem predominância étnica.

Até o presente, nenhum tipo de tratamento se demonstrou comprovadamente eficaz para reduzir as complicações da alcaptonúria. Geralmente os tratamentos recomendados incluem grandes doses de ácido ascórbico (vitamina C) e dietas com restrição de fenilalanina e de tirosina. As dietas podem ser eficazes em crianças, mas os benefícios em adultos não foram demonstrados.[6]

O herbicida nitisinona inibe a ação da enzima 4-hidroxifenilpiruvato dioxigenase, que induz a produção do ácido homogentísico a partir do ácido 4-hidroxifenilpirúvico. Isso provoca redução do ácido homogentísico. O principal efeito colateral da nitisinona é a irritação da córnea. Também é possível que cause sintomas de tirosinemia do tipo III (tirosinemia hereditária), decorrente de uma possível acumulação de tirosina ou de outras substâncias intermediárias.[7] Estudos adicionais estão em curso, nos Estados Unidos[8] e na Europa.[9][10]

Em 2013, a imprensa divulgou a história do britânico Nick Sireau, que tem dois filhos Julien (12 anos) e Daniel (10 anos) portadores de alcaptonúria. Sireau decidiu estudar a doença logo depois do nascimento de Julien e passou a colaborar com o professor Lakshminarayan Ranganath e o paciente Robert Gregory, ambos do Royal Liverpool University Hospital, para pesquisar a doença. Os primeiros testes com a nitisinona parecem indicar sua eficácia no tratamento da doença, mas ainda será necessário realizar um certo número de testes para verificar a hipótese. Sireau está atualmente tentando levantar fundos para ajudar 140 pacientes a viajar a fim de participarem dos testes clínicos com nitisinona, durante cinco anos.[11]

Referências

  1. Alcaptonúria (Ocronose): Relato de Dois Casos. Por Letícia R. Brandão, Brunela P. Borjaille, Tatiana M. Hasegawa, Renata F. Rosa, Elaine Azevedo e Wiliam H. Chahade. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 46, n°5, p. 369-372, set-out de 2006.
  2. Dad quits job to find cure for his two sons' rare gene disease. Mirror, 3 de outubro de 2013.
  3. Artropatia ocronótica. Por Fernando Peres A. Gonçalves; Fabiano Rebouças Ribeiro; Cantídio Salvador Filardi; Rômulo Brasil Filho. Acta Ortopédica Brasileira, vol. 14 n°1 São Paulo, 2006. ISSN 1413-7852
  4. Precepta - Portal de Medicina. Alcaptonúria (ocronose) Arquivado em 1 de julho de 2012, no Wayback Machine.
  5. 7 doenças genéticas raras. Por Jessica Soares. Superinteressante, 14 de novembro de 2012
  6. de Haas V, Carbasius Weber EC, de Klerk JB,; et al. (1998). «The success of dietary protein restriction in alkaptonuria patients is age-dependent». Journal of Inherited Metabolic Disease. 21 (8): 791–8. PMID 9870204. doi:10.1023/A:1005410416482 
  7. Suwannarat P, O'Brien K, Perry MB,; et al. (2005). «Use of nitisinone in patients with alkaptonuria». Metabolism: Clinical and Experimental. 54 (6): 719–28. PMID 15931605. doi:10.1016/j.metabol.2004.12.017 
  8. ClinicalTrialsGov NCT00107783
  9. ClinicalTrials NCT01916382
  10. What is AKU (Alkaptonuria)?
  11. Pai abandona emprego para achar cura de doença rara dos filhos. UOL/BBC Brasil, 7 de outubro de 2013.

Ligações externas

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