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É preciso dar um jeito, meu amigo
Tá, mas vocês viram a Fernanda Torres no novo filme do Walter Salles? TOTALMENTE FODÁSTICA!
Era setembro, e um filme estava sendo aplaudido de pé no Festival de Veneza. Mas não era qualquer um: era um filme brasileiro, dirigido pelo Walter Salles, protagonizado pela Fernanda Torres, que se passava na ditadura militar, e ainda contava com Selton Mello e Fernanda Montenegro em papéis secundários
Agora imagine: três dos meus atores favoritos juntos num filme dirigido pelo cara por trás de Central do Brasil - um dos meus filmes favoritos da vida - e que se passa em um dos piores períodos da história do país - e que talvez seja meu hiperfoco. Claro que eu fiquei em êxtase, ainda tô e vou ficar assim por muito tempo. Então, sim, vai rolar textão
Primeiro: o contexto. 21 anos de repressão e perseguição. O sumiço era uma tortura psicológica a quem permanecia em casa - palavras da própria Eunice no filme - e isso quando não assassinavam. E apesar de uma nova constituição e da retomada dos nossos direitos, muita gente saiu impune desses crimes - algo simplesmente imperdoável.
Segundo: a direção. Dispensa comentários. Ora você tá vendo um drama familiar, com momentos que parecem de documentário - e aqui palmas pra montagem e pra fotografia; ora você tá assistindo praticamente um suspense. Walter Salles comandou um drama primoroso, dos momentos mais singelos aos de maior tensão, e que fisga qualquer um justamente pela sensação de "o mal está à espreita"
Terceiro: as atuações. Não tem uma atuação ruim nesse filme - nem a dos figurantes. Selton Mello traz um brilho que parte junto com ele, e a Fernanda Montenegro simboliza a melancolia, a esperança e os anos de luta - velha desgraçada, me fez chorar sem nem abrir a boca, te amo 😭. E o que falar da filha dela? Deusa das nepobabys, carregou sem medo esse filme nas costas. Não é somente interpretar Eunice Paiva: é representar no jeito de andar a mágoa e a incerteza de uma mãe e esposa; é transmitir o medo dela com um olhar. É ser Eunice Paiva! Fernanda Torres, deixo aqui explícita minha adoração por você. Você foi do caralho!
Com toda a certeza desse mundo eu digo: um dos melhores filmes do ano! Sim, estou nas trincheiras pelo nosso óscar, mas caso não ganhe - o que eu infelizmente acho bem provável - foda-se. Sucesso internacional e, principalmente, valorização nacional já valem mais que essa premiação peba. (Mas cai entre nós, se for pra ser justo, os destinatários de melhor atriz e melhor filme internacional tão bem aqui)
VIVA O CINEMA NACIONAL!