MateusRMenezes’s review published on Letterboxd:
Ao assistir "Trap", de M. Night Shyamalan, decidi abraçar o lúdico por completo. Acredito que aqueles que se decepcionaram com o filme podem ter sido pegos de surpresa pela virada da trama ou simplesmente não se permitiram mergulhar na fantasia que o filme oferece. Confesso que a reviravolta final não me agradou totalmente, mas, no geral, considero "Trap" um bom filme e uma ótima diversão.
O roteiro, que segue a perspectiva de um assassino tentando escapar de uma emboscada em um show de uma popstar, é cativante. É fascinante acompanhar a engenhosidade do protagonista ao tentar evitar a captura, e o filme consegue, de forma impressionante, nos fazer torcer por ele. Essa simpatia surge naturalmente, especialmente porque não vemos sua crueldade em tela e porque o vínculo com sua filha é muito bem construído. Josh Hartnett brilha ao equilibrar suspense e toques de comédia, facilitando a nossa empatia pelo personagem.
O que realmente me agradou em "Trap" foi a maneira como o filme abraça o lúdico. As conveniências do roteiro, especialmente no cenário do estádio, são essenciais para a fluidez da narrativa. A falta de verossimilhança não é um defeito, mas sim a graça do filme. O protagonista, mesmo em situações absurdas, sempre encontra uma maneira de sair vitorioso, e isso contribui para o charme da história.
No entanto, a trama sofre uma queda quando chega à sua virada. Como é comum nos filmes de Shyamalan, essa reviravolta pode ser épica ou decepcionante; aqui, infelizmente, foi o segundo caso. Nos últimos 40 minutos, o filme perde fôlego, especialmente quando a personagem da filha do diretor ganha mais destaque. Infelizmente, a atriz não conseguiu transmitir a emoção necessária, e o filme perdeu parte de seu charme. Apesar disso, a diversão continua até o final, graças ao nosso apego ao protagonista.
O maior problema é que, ao sair do estádio e entrar em um ambiente mais realista, "Trap" perde a sua essência lúdica e se preocupa em parecer verossímil, o que vai contra a proposta inicial. Mesmo assim, Shyamalan consegue, como sempre, deixar sua marca, criando um filme que, apesar dos tropeços, não é "esquecível". A tentativa de surpreender o público com uma nova perspectiva pode não ter funcionado desta vez, mas não tira o mérito do diretor de sempre buscar inovar, mesmo correndo o risco de errar.