carlinhos’s review published on Letterboxd:
A verdade é que Wicked é tudo isso mesmo, e mais um pouco. Jon M. Chu desafia a gravidade e domina os céus com uma das melhores adaptações já feitas de um musical para as telas da sétima arte.
Jon M. Chu abrilhanta o melhor dos cenários mágicos esteticamente apurados da terra de Oz em sequências musicais enervantes. A escolha de criar os cenários de verdade sem o auxílio de efeitos digitais foi um tanto assertiva, imergindo o grande público em cores e melodias dançantes que fazem as mais de 2 horas e 40 de filme passarem sem sequer sentir o tempo.
Existe um profundo respeito para com o material original do musical e as tantas referências ao livro. Jon M. Chu não somente respeita a obra, como também a homenageia ao reservar pequenas surpresas que deixam o coração de qualquer fã — seja do musical, quanto do universo de Oz — com o coração quentinho.
Toda e qualquer passagem que já fosse dotada de emoção na peça teatral vem a ser amplificada pela benção do cinema de nos tornar tão próximos de personas em sofrimento. M. Chu faz questão de enquadrar os personagens em closes específicos sob seus rostos, permitindo com que todo e qualquer sentimento fosse perfeitamente representado em cena.
Não houvera uma sequer passagem musical mal planejada ou deslocada de toda a magia a qual somos imergidos do início ao fim, mas “Popular” e “Dancing Through Life” são as que gostaria de destacar enquanto as melhores além da mais aguardada e grandiosa Defying Gravity. Popular é hilariamente Glindificada, com Ariana Grande divertindo-se sem igual. Dancing Through Life é a que melhor representaria Wicked como um todo, em que diversão e conexão convergem em um ato musical que passeia entre beleza e emoção.
E por falar nela, o potente grito de bravura e o clamar das nuvens pela chance de voar, o ato mais conhecido do ato como um todo: Defying Gravity. Já era de se esperar que tal momento fosse tão impactante quanto na peça principal, mas aqui M. Chu eleva tudo a um outro patamar. Os vocais ecoantes da graciosa Cynthia Erivo sob os céus de Oz é de provocar arrepios, com uma potência não somente na voz, quanto na força de suas persona — agora finalmente dotada de confiança e liberdade.
Quando pensado no elenco, certamente não houvera escolha melhor para composição de cada persona, das mais relevantes até as que menos tem tempo de tela. Agora, Jonathan Bailey certamente foi uma surpresa inesperada e um tanto charmosa, seremos sinceros. Michele Yeoh não detém os holofotes para si, mas sabe como captar a nossa atenção com um misterioso e enevoado interesse que molda sua relação com Elphaba.
Agora para a dupla principal, só resta as minhas lágrimas, os meus risos — e certamente os meus aplausos. Cynthia Erivo exibe potência com seu olhar tão marcante, tornando a jornada de Elphaba cercada de emoção e significado, tornando-se quase impossível de não se identificar. Ariana Grande surpreende, com uma Glinda cercada de carisma e exagero que quer todos os holofotes para si — e ela consegue. Não acho que seria possível contar nos dedos os tantos momentos hilários protagonizados pela mesma, e por mais que eu soubesse quem era a dona da história, era muito difícil de não vibrar com o carisma da popular das populares.
Em síntese, Wicked é o espetáculo que Jon M. Chu concede não somente aos fãs do musical, mas também para o público geral. Hoje posso dizer com clareza que esta é uma obra para ser experienciada não somente no teatro, como também nas telas e no som de um cinema — experiência esta que eu desejo genuinamente que todos tenham a chance de ter, afinal, todo mundo merece a chance de voar.