Estou descobrindo ultimamente que os colonizadores fdp sabem fazer cinema. Filmaralhaço.

Sobreposição de áudios e imagens que revelam o patriarcado conservador que se vende como a salvação da sociedade sendo na verdade a destruição da mesma. Além da direção de Helena Solberg, a montagem certeira de Rogério Sganzerla merece destaque.

No meio dessa "poesia" visual acelerada e agonizante dos tempos contemporâneos, é importante valorizar a pausa e o descanso.

Em 14 minutos, Leon Hirszman consegue sintetizar sobre parte da carreira de Nelson Cavaquinho, desenvolver sobre o poder comunitário do samba, a importância da música popular como instrumento para fazer comentários sociais, retratar a manifestação de crenças religiosas no meio doméstico e ainda representar o cotidiano das periferias, apenas com o uso da câmera cinematográfica.

Filme que se passa por chocante e diferentão mas não oferece nenhum desafio ao espectador.

Tudo é encenado de forma muito sem sal (sempre a câmera travada em planos genéricos) e os acontecimentos viscerais são cortados o mais rápido possível, o que esvazia uma possível experiência desagradável que a obra tenta transmitir. Tenta ser provocante e desconfortável mas pra mim acaba sendo mais um filme pra você se "divertir" vendo bizarrices acontecendo aleatoriamente que qualquer outra coisa.

OBS: Chega a ser constrangedor o esforço que esse filme faz pra parecer genial em várias cenas.

É documental, visceral, cru, mas não abdica da sensibilidade cinematográfica para retratar esses corpos caóticos, que nunca são julgados ou moralizados pelas lentes de John Cassavetes. Um caos totalmente organizado que me lembra até um pouco as encenações de filmes do cinema marginal braisileiro. Uma Mulher Sob Influência me causou sentimentos tão estranhos que até difícil explicar racionalmente, mas talvez seja um dos melhores filmes que eu já vi e consegue traduzir de forma perfeita e maluca as contradições da família tradicional americana.

Começa explorando a melancolia da noite nas ruas da metrópole com composições maravilhosas que trabalham com a triste monotonia através da repetição de espaços escuros e o silêncio da falta de diálogos, e depois adquire um tom teatral e agressivo dos 3 personagens dentro daquele apartamento vibrante. Filme extraordinário, criativo e que aproveita muito bem o talento de Jece Valadão, Glauce Rocha e Emiliano Queiroz.

A ternura da sociedade cubana e a beleza natural da região sendo ameaçadas pelo terror fantasmagórico do imperialismo.

Não senti que o filme consegue trabalhar bem com o ritmo de curta metragem, tudo é muito acelerado e a montagem apressada tira o peso dramático da obra. A forma como o Almodóvar trabalha com a linguagem de faroeste é bem basicona, o que esvazia a construção estética. Estranha Forma de Vida parece mais um longa metragem picotado para se transformar em um curta do que um filme pensado pra ser curta, o que é um pena pois os personagens principais interpretados pelo Ethan Hawke e Pedro Pascal são muito interessantes.

A história é interessante, mas sinto que na maior parte do tempo o filme se sustenta mais pelo texto "inteligente" e cheio de plot twists do que pela construção como cinema (até mesmo a encenação erótica que é a principal temática do filme acaba sendo bem protocolar), o que torna ele bem expositivo e a experiência um pouco maçante. Mas acaba sendo salvo pelas atuações maravilhosas e algumas cenas isoladas mais inspiradas.