Pledging My Time
"Pledging My Time" | |||||||
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Canção de Bob Dylan do álbum Blonde on Blonde | |||||||
Lado A | "Rainy Day Women #12 & 35" | ||||||
Lançamento | Abril de 1966 (single) 16 de maio de 166 (canção) | ||||||
Gravação | 8 de março de 1966 | ||||||
Estúdio(s) | Columbia | ||||||
Gênero(s) | Blues elétrico | ||||||
Duração | 03:47 | ||||||
Composição | Bob Dylan | ||||||
Produção | Bob Johnston | ||||||
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"Pledging My Time" é uma canção de blues escrita pelo músico norte-americano Bob Dylan para o álbum Blonde on Blonde, de 1966. Foi gravada em 8 de março, em Nashville, Tennessee, com músicos veteranos da cidade e o guitarrista canadense Robbie Robertson. Foi lançada no mês seguinte pela Columbia Records como o lado B do single "Rainy Day Women #12 & 35", uma gravação de sucesso nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. As duas músicas também introduzem Blonde on Blonde, que foi oficialmente lançado em 16 de maio, e hoje é considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos.[1][2]
Contexto
[editar | editar código-fonte]"Pledging My Time" é um blues de oito compassos que vários escritores ligam às influências de lendas do Chicago blues, como Elmore James e Muddy Waters, bem como dos grandes nomes do blues do Mississippi Robert Johnson e Mississippi Sheiks.[3][4][5][6] Dylan foi exposto ao gênero pela primeira vez na adolescência durante os anos 1950.[7][8] Ele escreveu e gravou um punhado de músicas de blues para seus primeiros álbuns acústicos, mas começou a focar no gênero com seu álbum Highway 61 Revisited de 1965, que continha várias faixas de blues elétrico.[1][8][9]
No início do outono de 1965, cerca de um mês após o lançamento de Highway 61, Dylan estava de volta aos estúdios da Columbia em Nova Iorque para começar a trabalhar em seu próximo álbum.[10][11] Após cinco sessões que foram estendidas até o início de 1966 e produziram apenas uma faixa utilizável, Bob Johnston, produtor do estúdio, o convenceu a transferir as gravações para Nashville, onde já havia trabalhado no lendário Music Row.[12][13]
O cantor, que estava na etapa norte-americana de sua turnê mundial de 1966, chegou a Nashville em meados de fevereiro com apenas algumas novas músicas em mente e apenas dois músicos das sessões de Nova Iorque, o guitarrista Robbie Robertson e o organista Al Kooper.[12][13][14][15] Johnston reuniu uma banda de estúdio que incluía alguns dos melhores músicos de Nashville, incluindo o baterista Kenny Buttrey, o tecladista Hargus "Pig" Robbins, o baixista Henry Strzelecki e os guitarristas Charlie McCoy, Wayne Moss e Joe South.[16][17]
Depois de três dias de gravação com seu novo conjunto, deixou Nashville para tocar em oito concertos que o levaram da Nova Inglaterra para o Canadá e Flórida.[17][18] Ele retornou ao Music Row, e em 8 de março o grupo lançou três novas músicas, "Absolutely Sweet Marie", "Just like a Woman" e "Pledging My Time".[17] Apenas duas tomadas completas da música foram gravadas, a segunda sendo a principal. (A primeira tomada foi lançada em The Bootleg Series Vol. 12: The Cutting Edge 1965–1966 em 2015.[19]) Dylan terminou gravando mais duas sessões naquela semana.[17][20]
A música foi lançada no mês seguinte, em abril, como o lado B de "Rainy Day Women #12 & 35". O single alcançou o 2º lugar na Billboard Hot 100 e o 7º na UK Singles Chart.[21][22] Blonde on Blonde foi lançado como um álbum duplo em meados de maio com "Rainy Day Women" e "Pledging My Time" como suas duas primeiras faixas.[17] Em 2003, o álbum ficou em 9º lugar na lista das "500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos" da revista Rolling Stone.[2]
Influências e significado
[editar | editar código-fonte]"Pledging My Time" abre com a gaita de Dylan, assim como outras 10 das 14 músicas do álbum.[4] A música prossegue num ritmo lento e pulsante, estabelecido pela bateria de Ken Buttrey, com a guitarra de Robbie Robertson e o piano de Hargus "Pig" Robbins, criando o pesado som do Chicago blues.[5][23] Segundo o escritor Andy Gill, a música tem um "ambiente de clube noturno esfumaçado", enquanto autor Oliver Trager em Keys to the Rain: The Definitive Bob Dylan Encyclopedia descreve o cantor como parecendo "relutante, cansado e talvez até um pouco drogado".[5][23]
Gill observa que, após o "bom humor" de "Rainy Day Women # 12 & 35", a primeira faixa do lado um, "'Pledging My Time' define o tom úmido e emocionalmente opressivo" no resto do álbum. A letra da música é centrada num namorado se comprometendo com sua namorada, "esperando que [ela] também supere isso."[23][24] As imagens incluem a "dor de cabeça infernal" do cantor, um vagabundo roubando sua amante, o pensamento de o relacionamento não dar certo, e o quarto abafado onde todo mundo se foi, exceto por ele e sua namorada e ele "não pode ser o último a sair".[25]
No livro Wicked Messenger: Bob Dylan in the 1960s, o crítico Mike Marqusee escreveu que o verso de fechamento "sugere uma traição sombria que é ao mesmo tempo portentosa e assustadoramente desprovida de significado":[6][25]
- Well they sent for the ambulance
- And one was sent
- Somebody got lucky
- But it was an accident
- Now I'm pledging my time to you
- Hopin' you'll come through too.
- Bem, eles pediram uma ambulância
- e uma foi enviada.
- Alguém teve sorte.
- Mas foi um acidente
- estou oferecendo meu tempo para você
- Esperando que você também supere isso.
A estreia de "alguém teve sorte" oferece uma pista sobre uma das inspirações da música. Marqusee e Trager apontam para a semelhança entre "Pledging My Time" e "Come On in My Kitchen" de Robert Johnson, especialmente em relação ao verso "algum palhaço teve sorte".[5][6]
- Ah the woman I love
- Took from my best friend
- Some joker got lucky
- Stole her back again
- You better come on in my kitchen
- Babe it going to be rainin outdoors
- Ah, a mulher que eu amo
- tomou do meu melhor amigo
- Algum palhaço teve sorte
- Roubei-a de volta
- É melhor você vir na minha cozinha
- Querida vai estar chovendo ao ar livre
- —Robert Johnson, "Come On in My Kitchen"[26]
Outras influências prováveis incluem o clássico de Elmore James, "It Hurts Me Too" e "Sitting on Top of the World", de Mississippi Sheiks.[6][27]
Performances ao vivo e regravações
[editar | editar código-fonte]Dylan negligenciou "Pledging My Time" em apresentações de concertos por mais de duas décadas. Em 1987 reviveu a música junto com várias outras que ele não havia tocado ao vivo em uma série de seis concertos com The Grateful Dead.[28] Também incluiu a música em sua turnê naquele ano com Tom Petty and the Heartbreakers.[4] Quando começou sua Never Ending Tour em 1989, "Pledging My Time" estava no repertório, e ele continuou a apresentá-la em concerto no final dos anos 90.[4][28]
A música foi regravada pela banda psicodélica japonesa The Apryl Fool em 1969 para o seu único álbum auto-intitulado.[29] Luther "Guitar Junior" Johnson gravou uma versão da música em 1999 que apareceu em várias compilações de blues, incluindo três tributos a Dylan.[30][31][32][33] Além disso, o cantor e compositor americano Greg Brown gravou "Pledging My Time" para Nod to Bob, um álbum de 2006 de vários artistas lançado por ocasião do 65º aniversário do músico.[34]
Referências
- ↑ a b Trager 2004, p. 51
- ↑ a b «500 Greatest Albums of All Time: Blonde on Blonde». Rolling Stone. Consultado em 13 de julho de 2018
- ↑ Wilentz 2010, p. 270
- ↑ a b c d Williams 1990, p. 193
- ↑ a b c d Trager 2004, p. 492
- ↑ a b c d Marqusee 2005, p. 209
- ↑ Dylan, Chronicles 2004, p. 256 e 282
- ↑ a b Gray 2006, pp. 65–66 e 413
- ↑ Erlewine, Stephen Thomas. «Highway 61 Revisited». AllMusic. Consultado em 17 de julho de 2018
- ↑ Gray 2006, p. 321
- ↑ Björner, Olof (2000). «Something Is Happening, Bob Dylan 1965: Recordings». Bjorner.com. Consultado em 7 de abril de 2019
- ↑ a b Heylin 2003, pp. 339–340
- ↑ a b Sounes 2001, p. 200
- ↑ Björner, Olof (2000). «Skeleton Keys, Bob Dylan 1966» (PDF). Bjorner.com. Consultado em 7 de abril de 2019. Arquivado do original (PDF) em 25 de abril de 2013
- ↑ Gill 2011, pp. 133–134
- ↑ Wilentz 2010, pp. 116–117
- ↑ a b c d e Björner, Olof (2000). «Still on the Road, Bob Dylan 1966: Blonde on Blonde Recording Sessions and World Tour». Bjorner.com. Consultado em 7 de abril de 2019
- ↑ Williams 1990, pp. 197–198
- ↑ «Bob Dylan - The Cutting Edge 1965-1966: The Bootleg Series Vol. 12». bobdylan.com. Consultado em 3 de agosto de 2018. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2016
- ↑ Gray 2006, p. 59
- ↑ «Billboard Hot 100». Billboard. 18 de maio de 1966. Consultado em 3 de agosto de 2018
- ↑ «Official UK Charts». Official Charts Company. 31 de maio de 1966. Consultado em 3 de agosto de 2018
- ↑ a b c Gill 2011, p. 138
- ↑ Heylin 2009, p. 306
- ↑ a b Dylan Lyrics 2004, p. 192
- ↑ Johnson, Robert. «Come on in My Kitchen». Robert Johnson Blues Foundation. Consultado em 28 de abril de 2019. Cópia arquivada em 18 de julho de 2014
- ↑ Wilentz 2010, p. 308
- ↑ a b Heylin 2009, p. 307
- ↑ Westergaard, Sean. «The Apryl Fool: The Apryl Fool». AllMusic. Consultado em 31 de março de 2019
- ↑ Huey, Steve. «Various Artists: Tangled Up in Blues: Songs of Bob Dylan». AllMusic. Consultado em 31 de março de 2019
- ↑ «Various Artists: This Ain't No Tribute Blues Cube». AllMusic. Consultado em 31 de março de 2019
- ↑ Leggett, Steve. «Various Artists: Bob Dylan: This Ain't No Tribute Series-All Blues». AllMusic. Consultado em 31 de março de 2019
- ↑ «Various Artists: Blues on the Rocks, Vol. 3». AllMusic. Consultado em 31 de março de 2019
- ↑ «A Nod to Bob». Red House Records. Consultado em 31 de março de 2019. Arquivado do original em 27 de novembro de 2007
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Dylan, Bob (2004). Bob Dylan: Lyrics, 1962–2001. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 0-7432-2827-8
- Dylan, Bob (2004). Chronicles: Volume One. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 0-7432-2815-4
- Gill, Andy (2011). Bob Dylan: The Stories Behind the Songs 1962–1969. [S.l.]: Carlton Books. ISBN 978-1-84732-759-8
- Gray, Michael (2006). The Bob Dylan Encyclopedia. [S.l.]: Continuum International. ISBN 0-8264-6933-7
- Heylin, Clinton (1995). Bob Dylan: The Recording Sessions, 1960–1994. [S.l.]: St. Martin's Griffin. ISBN 0-312-15067-9
- Heylin, Clinton (2003). Bob Dylan: Behind the Shades Revisited. [S.l.]: Perennial Currents. ISBN 0-06-052569-X
- Marqusee, Mike (2005). Wicked Messenger: Bob Dylan and the 1960s. [S.l.]: Seven Stories Press. ISBN 978-1-58322-686-5
- Shelton, Robert (2001). No Direction Home: The Life and Music of Bob Dylan, Revised & updated edition. [S.l.]: Omnibus Press. ISBN 978-1-84938-911-2
- Sounes, Howard (2001). Down the Highway: The Life of Bob Dylan. [S.l.]: Grove Press. ISBN 0-8021-1686-8
- Wilentz, Sean (2009). Bob Dylan in America. [S.l.]: The Bodley Head. ISBN 978-1-84792-150-5
- Williams, Paul (1994). Bob Dylan: Performing Artist 1960–1973. [S.l.]: Omnibus Press. ISBN 0-7119-3554-8
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «"Pledging My Time"» (em inglês). na página oficial de Bob Dylan