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Pacha Mama

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Pachamama na cosmologia dos Incas, Juan de Santa Cruz Pachacuti Yamqui Salcamayhua (1613).

Pacha Mama ou Pachamama (do quíchua Pacha, "universo", "mundo", "tempo", "lugar", e Mama, "mãe",[1] "Mãe Terra") é a deidade máxima dos povos indígenas dos Andes centrais.

Vários autores consideram Pachamama como uma divindade relacionada com a terra, a fertilidade, a uma mãe, ao feminino.[2]

Pacha Mama é uma deusa, que gera. Segundo a tradição, sua morada está no Cerro Blanco (Nevado de Cachi), cujo cume há um lago que rodeia uma ilha habitada por um touro de chifres dourados e salivantes que, ao mugir, expele nuvens de tormenta pela boca.[3]

Segundo o historiador boliviano Rigoberto Paredes (1870–1950), a princípio, o mito de Pacha Mama devia referir-se ao tempo, "talvez vinculado de alguma forma à terra; ao tempo que cura as maiores dores, tal como extingue as alegrias mais intensas; ao tempo que distribui as estações, fecunda a terra, sua companheira; dá e absorve a vida dos seres no universo. Pacha significa originariamente "tempo", na língua kolla; só com o transcurso dos anos - as adulterações da língua e o predomínio de outras raças - pôde confundir-se com a terra e fazer com que a esta e não àquele se rendesse preferente culto [...] Pacha Mama, segundo o conceito que tem entre os povos originários do Peru, poderia ser traduzido no sentido de terra grande, diretora e sustentadora da vida".[4] A terra, como geradora da vida, será então assumida como um símbolo de fecundidade.[3][5]

1º de agosto é o dia da Pacha Mama. Nesse dia, enterra-se, em um lugar próximo da casa, uma panela de barro com comida cozida. Também se põe coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se por cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama, enrolando-os à esquerda. Esses cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço.[5]

Pachamama como sujeito de direito

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Ver artigo principal: Sumak Kawsay

O novo constitucionalismo latino-americano reconhece Pachamama como um novo sujeito de direito, com base no princípio do sumak kawsay ou Buen Vivir ou Vivir Bien, o qual se contrapõe aos ideais de desenvolvimento econômico.[6] Pachamama é referida no preâmbulo das constituições do Equador[7] e da Bolívia.[8] Nesta última, também são citados os conceitos de suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem mal) e qhapaj ñan (caminho ou vida nobre) como princípios ético-morais da sociedade. O buen vivir ou sumak kawsay também aparece na Constituição Equatoriana.[9][10]

Referências

  1. Segundo Paredes, os termos mamatay e raamay, com os quais se designa, respectivamente, em língua aimará e língua quíchua, a mãe, teriam sido introduzidos após a conquista espanhola, possivelmente por missionários, e seriam provenientes do castelhano "mamá". Matay era o nome dado pelos índios à mãe ou senhora principal, embora o termo tayca fosse mais utilizado até o século XX.
  2. Diccionario de mitos y leyendas. "La Pachamama"
  3. a b Pueblos originarios - Dioses y personajes míticos. "Pacha Mama"
  4. PAREDES, Manuel Rigoberto Mitos, supersticiones y supervivencias populares de Bolivia. Prólogo do Dr. Belisario Díaz Romero. La Paz: Arno Hermanos — Libreros Editores, 1920, pp 38 a 42.
  5. a b Culto a la Pachamama, por José Díaz.
  6. O Bem Viver na constituição do Equador
  7. (em castelhano) Constitución de la República del Ecuador Arquivado em 19 de janeiro de 2013, no Wayback Machine.
  8. (em castelhano) Constitución Política del Estado Plurinacional de Bolivia
  9. (em castelhano) Discursos “pachamamistas” versus políticas desarrollistas: el debate sobre el sumak kawsay en los Andes. Por Andreu Viola Recasens. Íconos. Revista de Ciencias Sociales. Nº 48, Quito, janeiro de 2014, pp. 55-72. Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales - Sede Académica de Ecuador. ISSN: 1390-1249
  10. O Sumak Kawsay (Buen Vivir) e o novo constitucionalismo latino-americano: uma proposta para concretização dos direitos socioambientais?. Anais do Universitas e Direito 2012. PUCPR.