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Nicolau de Autrecourt

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Nicolau de Autrecourt
Nicolau de Autrecourt
Nascimento 1299
Verdun
Morte 16 de julho de 1369
Metz
Cidadania França
Ocupação filósofo, teólogo
Religião Igreja Católica

Nicolau de Autrecourt, ou de Ultracuria (Verdun, aproximadamente 1300 - 1350, Metz) foi um pensador medieval. Notório pela radicalidade de sua teoria nominalista, destaca-se também por sua revisão do conceito aristotélico de matéria em favor de princípios atomistas.[1]

Nascido em Verdun, Mosa, em torno de 1300, Autrecourt estou filosofia, direito e teologia na Universidade de Sorbonne entre 1320 e 1327. Após esse período, lecionou teologia na Universidade de Paris, onde dava aula sobre obras de Pedro Lombardo e Aristóteles. Obteve em 1338 um cargo na Catedral de Metz.[2]

A Universidade de Paris expediu um decreto em 1339 denunciando a influência de Guilherme de Ockham na teologia. Autrecourt, ainda que distinguindo-se do nominalismo de Ockham em diversos pontos, terminou implicado na denúncia. Foi convocado em 1340 para uma audiência na corte papal de Avignon. O processo se prolongou até 1346, quando foi determinada a queima de seus escritos em Paris, realizada no ano seguinte, como também a anulação de seus títulos acadêmicos. Ainda assim, foi nomeado reitor de Metz em 1350, em reconhecimento a sua licença em teologia. A data e circunstâncias de sua morte são desconhecidas.[2]

O conteúdo de sua filosofia se encontra disperso nas suas condenações, retratações, cartas e tratados, como também é descrito por seus críticos, como Jean Buridan, que defende as proposições originais de Ochkam contra Autrecourt.[3] Seu pensamento é frequentemente inscrito na tendência nominalista da filosofia medieval, no qual costumam ser classificados os filósofos críticos ao realismo predominante, entretanto, diferentes variadades de 'nominalismo' desenvolveram-se no período com elaborações distintas ao núcleo Ockhamista, nesse sentido, o nominalismo de Autrecourt deve ser considerado em sua singularidade. Seu pensamento com características céticas já lhe valeu a denominação de "Hume da idade média" por alguns comentadores.[2]

Suas influencias se estendem por uma variedade de pensadores, tomando elementos de Ochkam e outros franciscanos, Jean Buridan, Bernardo de Arezzo, o nominalismo de Pedro Abelardo e as versões mais radicais de Roscelino e Johannes Maior, para os quais os universais não são nada além de palavras e signos escritos. Autrecourt desenvolve uma forma mais radical de ceticismo, negando a possibilidade de um conhecimento evidente de objetos particulares, restringindo seu âmbito apenas ao que é interno ao espírito, nesse sentido, baseia no que é reduzível ao princípio de não-contradição a certeza mais segura do conhecimento.[4]

  1. Robertson 2010, p. 8.
  2. a b c Beuchot 2008, p. 458.
  3. Beuchot 2008, p. 459.
  4. Beuchot 2008, p. 460.
  • Grellard, Christophe (2005). Croire et Savoir - Les principes de la connaissance selon Nicolas d'Autrecourt (em francês). [S.l.]: J. Vrin 
  • Beuchot, Mauricio (2008). «Capítulo 78: Nicholas of Autrecourt». In: Gracia, Jorge JE; Noone, Timothy B. A companion to philosophy in the Middle Ages. [S.l.]: John Wiley & Sons. pp. 458–466 
  • Robertson, Kellie (2010). «Medieval Materialism: A Manifesto» (em inglês). 22 (2): 99-118