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Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Frontispício da 3.ª edição das Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal (1755).
A Licença do Santo Ofício da Inquisição, ainda em 1755 necessária para publicar qualquer livro.

As Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal são uma obra de D. António Caetano de Sousa, primeiramente publicada em 1739, com edições posteriores em 1742 e 1755 (esta última actualizada), que descreve a quase totalidade da alta nobreza de Portugal do Antigo Regime. O título completo da obra continua:

”...QUE CONTÉM A ORIGEM , E ANTIGUIDADE de ſuas familias : os Eſtados , e os Nomes dos que actualmente vivem , ſuas Arvores de Coſtado , as allianças das Caſas , e os Eſcudos de Armas , que lhes competem , até o anno de 1754.”

Como o título indica, o livro refere os títulos nobiliárquicos com grandeza então existentes em Portugal, e explica as origens históricas e genealógicas dos vários títulos. Para todas as Casas indica ainda as respectivas armas heráldicas dos titulares, e ainda árvores de costados para o presente titular, ou ― no caso de por exemplo os Marqueses de Cascais, cujo último titular faleceu sem descêndencia em 1745 ― o último titular.

O livro é particularmente interessante porque durante todo o século e meio que vai sensivelmente desde o início da Guerra da Restauração em 1640 à Revolução Francesa em 1789, os monarcas portugueses exibiram uma notável contenção quanto à distribuição de títulos de nobreza. Durante a guerra (1640-1668) ou imediatamente após ― como por exemplo os Condes da Torre, elevados a Marqueses de Fronteira em 1670 ― alguns apoiantes da indepêndencia portuguesa foram recompensados com títulos, mas de modo inverso todos os fidalgos que permaneceram fiéis ao monarca espanhol perderam os seus; e assim o seu número manteve-se estável. Isto contrasta enormemente com o que foi visto em todo o resto da Europa, onde a inflação de títulos nobiliárquicos foi notória, existindo cerca de cinco vezes mais títulos à época da Revolução Francesa que século e meio ou dois séculos antes.[1] Em Portugal, pelo contrário, o número de Casas tituladas nos séculos XVII e XVIII foi extraordinariamente estável no contexto europeu, rondando sempre a meia centena de Casas até fins de Setecentos.[2] E tal como no caso dos Marqueses de Fronteira, quase todos os marquesados na época foram atribuídos a famílias já de dignidade condal; alguns destes marqueses, como os Marqueses de Cascais mencionados, eram condes desde o século XV ― no caso Condes de Monsanto desde 1460.

Devido a esta grande estabilidade e continuidade, a obra de D. António Caetano de Sousa engloba assim quase toda a alta nobreza portuguesa do Antigo Regime, apenas omitindo certas poucas e antiquíssimas Casas ― como os Cunhas senhores de Tábua desde o século XII ― que apenas na segunda metade de Setecentos seriam elevadas à dignidade condal ― no exemplo, a Condes da Cunha, em 1760. No entanto, tal como foi dito, vários dos marquesados e mesmo ducados criados posteriormente à data da terceira e última edição da obra foram atribuídos a algumas das linhagens que então eram condais, tal como quando os Condes de Castelo Melhor foram elevados a marqueses em 1766.

Por todas estas razões, as Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal são assim um manual de referência quanto à principal nobreza de Portugal: num único volume, o interessado encontra a grande maior parte das grandes Casas que durante séculos formaram a élite da nobreza portuguesa.

Índice dos Títulos

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Armas dos Duques do Cadaval.
Armas dos Marqueses das Minas.
Armas dos Condes de Sandomil.

Armas de algumas Casas

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Exemplos de Costados

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Referências

  1. MONTEIRO, Nuno Gonçalo: "17th and 18th century Portuguese Nobilities in the European Context."
  2. Id., ibid.
  • MONTEIRO, Nuno Gonçalo: "17th and 18th century Portuguese Nobilities in the European Context: A historiographical overview." e-JPH, Vol. 1, number 1, Summer 2003. Disponível em: [[1]]

Ligaões externas

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