Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal
As Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal são uma obra de D. António Caetano de Sousa, primeiramente publicada em 1739, com edições posteriores em 1742 e 1755 (esta última actualizada), que descreve a quase totalidade da alta nobreza de Portugal do Antigo Regime. O título completo da obra continua:
”...QUE CONTÉM A ORIGEM , E ANTIGUIDADE de ſuas familias : os Eſtados , e os Nomes dos que actualmente vivem , ſuas Arvores de Coſtado , as allianças das Caſas , e os Eſcudos de Armas , que lhes competem , até o anno de 1754.”
Como o título indica, o livro refere os títulos nobiliárquicos com grandeza então existentes em Portugal, e explica as origens históricas e genealógicas dos vários títulos. Para todas as Casas indica ainda as respectivas armas heráldicas dos titulares, e ainda árvores de costados para o presente titular, ou ― no caso de por exemplo os Marqueses de Cascais, cujo último titular faleceu sem descêndencia em 1745 ― o último titular.
O livro é particularmente interessante porque durante todo o século e meio que vai sensivelmente desde o início da Guerra da Restauração em 1640 à Revolução Francesa em 1789, os monarcas portugueses exibiram uma notável contenção quanto à distribuição de títulos de nobreza. Durante a guerra (1640-1668) ou imediatamente após ― como por exemplo os Condes da Torre, elevados a Marqueses de Fronteira em 1670 ― alguns apoiantes da indepêndencia portuguesa foram recompensados com títulos, mas de modo inverso todos os fidalgos que permaneceram fiéis ao monarca espanhol perderam os seus; e assim o seu número manteve-se estável. Isto contrasta enormemente com o que foi visto em todo o resto da Europa, onde a inflação de títulos nobiliárquicos foi notória, existindo cerca de cinco vezes mais títulos à época da Revolução Francesa que século e meio ou dois séculos antes.[1] Em Portugal, pelo contrário, o número de Casas tituladas nos séculos XVII e XVIII foi extraordinariamente estável no contexto europeu, rondando sempre a meia centena de Casas até fins de Setecentos.[2] E tal como no caso dos Marqueses de Fronteira, quase todos os marquesados na época foram atribuídos a famílias já de dignidade condal; alguns destes marqueses, como os Marqueses de Cascais mencionados, eram condes desde o século XV ― no caso Condes de Monsanto desde 1460.
Devido a esta grande estabilidade e continuidade, a obra de D. António Caetano de Sousa engloba assim quase toda a alta nobreza portuguesa do Antigo Regime, apenas omitindo certas poucas e antiquíssimas Casas ― como os Cunhas senhores de Tábua desde o século XII ― que apenas na segunda metade de Setecentos seriam elevadas à dignidade condal ― no exemplo, a Condes da Cunha, em 1760. No entanto, tal como foi dito, vários dos marquesados e mesmo ducados criados posteriormente à data da terceira e última edição da obra foram atribuídos a algumas das linhagens que então eram condais, tal como quando os Condes de Castelo Melhor foram elevados a marqueses em 1766.
Por todas estas razões, as Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal são assim um manual de referência quanto à principal nobreza de Portugal: num único volume, o interessado encontra a grande maior parte das grandes Casas que durante séculos formaram a élite da nobreza portuguesa.
Índice dos Títulos
[editar | editar código-fonte]Duques
[editar | editar código-fonte]- Lafões, 3 (na grafia antiga, Alafoens)
- Aveiro, 19
- Cadaval, 29
- Duquesa Camareira-mor, 53
Marqueses
[editar | editar código-fonte]- Abrantes, 47
- Alegrete, 59
- Alorna, 79
- Angeja, 83
- Cascais, 97
- Fronteira, 113
- Gouveia, 125
- Lavradio, 137
- Louriçal, 139
- Marialva, 143
- Minas, 159
- Nisa, 175 (Niza)
- Penalva, 189
- Tancos, 191
- Távora, 193
- Valença, 209
Condes
[editar | editar código-fonte]- Alva, 223
- Alvor, 225
- Arcos, 233
- Arganil, 249
- Asseca, 253
- Assumar, 265
- Atalaia, 285 (Atalaya)
- Atouguia, 299
- Aveiras, 305
- Avintes, 323
- Castelo Melhor, 345 (Castello-Melhor)
- Coculim, 361
- Ericeira, 369
- Galveias, 379
- Ilha do Príncipe, 391
- S. Lourenço, 403
- Lumiares, 413
- S. Miguel, 415
- Óbidos, 427
- Oriola, 438
- Pombeiro, 451
- Ponte, 461
- Povolide, 471
- Redondo, 483
- Resende, 495
- Ribeira Grande, 503
- Sabugosa, 515
- Sandomil, 525
- Santiago, 533
- Sarzedas, 543
- Soure, 555
- Tarouca, 657
- Vale de Reis, 583 (Val dos Reys)
- Valadares, 601 (Valladares)
- S. Vicente, 611
- Vila Flor, 623 (Villa-Flor)
- Vila Nova de Cerveira, 633 (Villa Nova de Cerveira)
- Vila Nova de Portimão, 647 (Villa Nova de Portimão)
- Vimeiro, 655
- Unhão, 665
Galeria
[editar | editar código-fonte]Armas de algumas Casas
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Condes de Arganil(eclesiástico)
Exemplos de Costados
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Costados do 5.º Marquês de Fronteira
-
Costados do 5.º Marquês de Marialva
-
Costados do 5.º Marquês de Nisa
Algumas das Casas no Thesouro de Nobreza
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Armas dos Duques e Marqueses de Portugal (Fl. 23)
-
Armas dos Condes de Portugal (Fl. 25)
-
Armas dos Condes de Portugal (Fl. 26)
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MONTEIRO, Nuno Gonçalo: "17th and 18th century Portuguese Nobilities in the European Context: A historiographical overview." e-JPH, Vol. 1, number 1, Summer 2003. Disponível em: [[1]]
Ligaões externas
[editar | editar código-fonte]- http://books.google.dk/books?id=8tcFAAAAQAAJ&printsec=frontcover&hl=da&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false ― as Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal na internet.