Língua isolante
Em tipologia linguística, uma língua isolante é uma língua cujas palavras são monomorfêmicas, as quais não se fragmentam em elementos menores, sejam eles de função lexical ou gramatical.[1] As línguas isolantes possuem pouca ou nenhuma flexão ou derivação, o que impede uma divisão clara entre os conceitos de morfema e palavra. Isto é, numa língua isolante, um morfema equivale a uma palavra, e cada palavra é, em si, um morfema.
Há uma grande concentração de línguas isolantes no Sudeste Asiático, sobretudo línguas das famílias sino-tibetana, austro-asiática, hmong-mien e tai-cadai. O chinês, o vietnamita e o tailandês estão dentre as línguas isolantes que têm mais falantes no mundo.
Dentre as línguas indígenas do Brasil, vários idiomas da família macro-jê apresentam características isolantes, embora seja comum a flexão de pessoa em verbos e a criação de palavras através de composição.[2] Às línguas isolantes se contrapõem as línguas sintéticas, nas quais as palavras comumente contêm mais de um morfema.
Exemplos
[editar | editar código-fonte]Um exemplo de como as línguas isolantes constroem sentido a partir da soma de palavras monomorfêmicas se observa no mandarim:[3]
- (1)
我 的 朋友 们 都 要 吃 蛋 wǒ de péngyou men dōu yào chī dàn 1 possessivo amigo PL todos querer comer ovo 'Todos os meus amigos querem comer ovo'
Em (1), a ideia de "mais de um amigo" ('amigos'), é expressa através do uso em sequência das palavras amigo (péngyou 朋友) e plural (men 们). Da mesma maneira, a ideia de "posse daquele que fala" ('meu/minha') é expressa pela combinação do morfema de primeira pessoa (wǒ 我) mais a palavra para possessivo (de 的). Contudo, nota-se que a palavra que significa 'amigo' (péngyou 朋友) é uma palavra composta de duas raízes (morfemas): péng 朋 'amigo' e you 友 'companheiro'.[3]
Um outro exemplo, dessa vez em vietnamita, seria:[3]
"quando eu venho à casa do meu amigo, nós começamos a fazer as lições"
"khi tôi dên nhà ban tôi chúng tôi bǎt dâu làm bài"
‘when’ ‘I’ ‘come’ ‘house’ ‘friend’ ‘I’ ‘plural’ ‘I’ ‘seize’ ‘head’ ‘do’ ‘lesson’ ‘quando’ ‘eu’ ‘vir’ ‘casa’ ‘amigo’‘eu’ ‘plural’ ‘eu’ ‘aproveitar’ ‘cabeça’ ‘fazer’ ‘lição’
Referências
- ↑ Luiz., Florin, José (2002–2003). Introducão á linguística. São Paulo, SP: Editora Contexto. ISBN 8572441921. OCLC 54095010
- ↑ Ribeiro & Van der Voort (2010). «Nimuendajú was right: The inclusion of the Jabuti language family in the Macro-Jê stock». International Journal of American Linguistics
- ↑ a b c FRANÇA, Aniela Improta; MAIA, Marcus; FERRARI, Lillian. A linguística no século XXI: Convergências e divergências no estudo da linguagem. São Paulo:Contexto, 2016