José Gregório
José Gregório | |
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Dirigente do Partido Comunista Português | |
Dados pessoais | |
Nascimento | 19 de março de 1908 Portugal, distrito de Leiria, Marinha Grande |
Morte | março de 1961 (53 anos) Checoslováquia, Praga |
Partido | Partido Comunista Português |
Profissão | Operário vidreiro |
José Gregório (Marinha Grande, 19 de março de 1908 - 1961, Praga) foi um destacado dirigente do Partido Comunista Português, assim como um dirigente sindical, tendo dirigido a greve de caráter insurrecional na Marinha Grande a 18 de janeiro de 1934.[1] É um dos mais importantes dirigentes oriundos da «reorganização» do PCP, tendo aí um papel significativo.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Juventude
[editar | editar código-fonte]José Gregório nasceu a 19 de março de 1908, na Marinha Grande.[3] Aos 8 anos, começa a trabalhar como operário vidreiro.[3] Em 1920, com 12 anos, dirigiu uma greve dos «pequenos operários» da empresa CIP.[4] O seu irmão mais novo era Afonso Gregório, que depois também se iria tornar um dirigente do PCP.[5]
Dirigente sindicalista
[editar | editar código-fonte]Em 1926 partilha a incumbência com outros trabalhadores de reorganizar a Associação dos Garrafeiros.[3] Em 1931, participa na criação do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Vidro, sendo eleito para a sua direção em 1933.[3] Em 1932, é um dos dirigentes da greve de 9 meses que se realizou na empresa Guilherme Pereira Roldão, que teve um resultado bem-sucedido, garantindo o salário dos trabalhadores.[3] Esta greve deu-se no contexto da Ditadura Militar, que agravou a repressão sobre os dirigentes sindicais e os operários grevistas.[3] Em 1933, com a instauração da ditadura fascista de Salazar, a sede do sindicato do qual era dirigente é fechada à força, dando-se início a um processo de «fascização dos sindicatos».[3]
Dirigente do Partido Comunista Português
[editar | editar código-fonte]José Gregório adere ao Partido Comunista Português em 1933.[3]
Teve um papel importante na revolta de 18 de janeiro de 1934 na Marinha Grande, onde lutou contra a «fascização dos sindicatos», dirigindo com António Guerra os planos do Comité partidário, ocupando o local por horas e formando o seu soviete.[6] No seu relatório, Gregório descreve esta situação como «um dos mais significativos atos de coragem e valentia dos operários vidreiros, dos sentimentos democráticos do povo da Marinha Grande e da abnegada combatividade dos comunistas».[6]
Em fevereiro de 1934, é aconselhado pelo Partido a ir para Espanha, acabando preso em Orense.[3] Com as intervenções do Socorro Vermelho Internacional e os trabalhadores da região, é libertado passado pouco tempo.[3] Frequenta por volta dessa altura a Escola Internacional Lénine.[7] No início de 1938 vai para Espanha, regressando no mesmo ano, aconselhado pelo Partido, para integrar a direção do Socorro Vermelho Internacional em Portugal.[3] É preso pouco tempo depois, em outubro, pela polícia política, a PVDE, ficando encarcerado durante dois anos, sendo solto em julho de 1940.[3][8] Segundo a exposição do PCP, «foi preso e brutalmente espancando [...] as torturas policiais a que foi submetido e os 2 anos passados nas cadeias fascistas, não abalaram a sua disponibilidade revolucionária».[8] Segundo o Centro de Documentação do 25 de abril da Universidade de Coimbra, foi «severamente torturado».[1] Retoma a atividade no PCP, desempenhando um papel importante na «reorganização» do PCP.[3] Usou o pseudónimo Alberto.[9] Em 1941, recebe a incumbência de criar a tipografia clandestina do jornal Avante!.[3] No início de 1943 passou a integrar o Secretariado do Comité Central do Partido, participando no III Congresso do PCP (ou I Congresso ilegal), onde foi eleito tanto para o Comité Central como o Secretariado, partilhando este último com Álvaro Cunhal e Manuel Guedes até 1956.[3] Apresentou neste Congresso relatórios pertencentes à «atividade sindical e contra a repressão fascista».[1]
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Na vaga de repressão de 1949, que prendeu dirigentes importantes como Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro, Gregório fez parte do núcleo de recuperação do Partido, tornando-se com Júlio Fogaça, segundo o historiador João Madeira, «efetivamente os dois principais dirigentes do PCP».[10] Na IV reunião ampliada do Comité Central, em 1949, relativamente à questão colonial, defendeu no seu informe que se deve «ajudar a criar e desenvolver o PC [Partido Comunista] de Angola» e de outras colónias.[11]
Em agosto de 1955, procurou realizar uma sistematização da atividade do Partido desde então.[8][12]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]Em 1956, já gravemente doente por motivos cardíacos, emigra para a Checoslováquia para tratamento, falecendo 5 anos depois, em março de 1961, em Praga.[3][13][14] Dá nome a uma das principais avenidas da cidade.[14] Em 18 de janeiro de 1975, os seus restos mortais foram transladados para a sua terra natal, reunindo milhares de pessoas na Marinha Grande em cerimónias fúnebres.[15][14]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c Universidade de Coimbra.
- ↑ Madeira 2011, p. 580.
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p PCP 2008, p. 2.
- ↑ PCP 2008, p. 3.
- ↑ Madeira 2011, pp. 293.
- ↑ a b PCP 2008, p. 4.
- ↑ Madeira 2011, pp. 72, 82.
- ↑ a b c PCP 2008, p. 5.
- ↑ Madeira 2011, pp. 98, 101, 138, 156, 159, 209, 213.
- ↑ Madeira 2011, pp. 214.
- ↑ Madeira 2011, pp. 215.
- ↑ Madeira 2011, p. 255, 604.
- ↑ Madeira 2011, pp. 254, 697.
- ↑ a b c Ferreira 2018, p. 117.
- ↑ PCP 2008, p. 8.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- «José Gregório» (PDF). Partido Comunista Português. 2008. Cópia arquivada (PDF) em 18 de julho de 2017
- «Grande obreiro do Partido». Avante!. 27 de março de 2008. Cópia arquivada em 19 de fevereiro de 2021
- Madeira, João (2011). «O Partido Comunista Português e a Guerra Fria: "sectarismo", "desvio de direita", "Rumo à vitória" (1949-1965)» (PDF). Universidade Nova de Lisboa. Cópia arquivada (PDF) em 28 de agosto de 2020
- Ferreira, António (2018). «O 18 de janeiro de 1934 na Marinha Grande: A imprensa local na (re)construção do mito» (PDF). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Cópia arquivada (PDF) em 12 de novembro de 2020
- «José Gregório». Universidade de Coimbra. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2021