Hipódamo de Mileto
Hipódamo de Mileto | |
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Nascimento | 498 a.C. Mileto |
Morte | 408 a.C. |
Cidadania | Mileto, Atenas Antiga |
Ocupação | arquiteto, urbanista, matemático |
Hipódamo de Mileto ou Hipodamo (em grego: Ἱππόδαμος ὁ Μιλήσιος; Mileto, ca. 498 a.C. — 408 a.C.) foi um grego antigo, arquiteto, planeador urbano, médico, matemático, meteorologista e filósofo. Tendo vivido no auge do período clássico, é considerado o "pai" do planeamento urbano em quadrículas, designado por "hipodâmico" em sua homenagem.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Era filho de Euryphon.
Teve a reputação de amante de atenção. Aristóteles, em sua obra "Política", assim referiu Hipódamo: "Algumas pessoas pensavam que ele levava as coisas longe demais, de fato, com os seus longos cabelos, ornamentos caros, e a mesma roupa barata e quente que utilizava no Inverno e no Verão."[1]
De acordo com Mary Ritter Beard o tratado Da Virtude, atribuído a Teano, esposa de Pitágoras, refere um Hipódamo de Túrio, cujo trabalho contém a Doutrina do meio-termo.[2]
Obra
[editar | editar código-fonte]O "Estudo do Planeamento Urbano para o Pireu" (451 a.C.), que é considerado uma obra da autoria de Hipódamo, estabeleceu o padrões de planeamento urbano da época, que foram aplicados em muitas cidades gregas da época clássica. De acordo com esse estudo, bairros com quarteirões de cerca de 2.400 m² foram delineados, em que pequenos grupos de casas de dois pavimentos foram construídos. As casas estavam alinhadas com paredes separando-as, enquanto as fachadas principais estavam voltadas em direção ao sul. O mesmo estudo usou fórmulas polinomiais para a construção de infra-estruturas de abastecimento e escoamento hidráulico.
Hipódamo também foi o arquiteto da colónia de grega de Turi, na península Itálica, em 443 a.C..
É visto como o criador do conceito de que a planta de uma cidade pode formalmente materializar e explicitar uma ordem social racional. Ainda de acordo Aristóteles na obra Política, Hipódamo foi um pioneiro do planeamento urbano, tendo concebido a cidade ideal como habitada por 10.000 cidadãos[1] (indivíduos naturais da cidade, do sexo masculino, livres), enquanto que a população em geral, incluindo mulheres, crianças, estrangeiros e escravos, atingiria as 50.000 pessoas. Hipódamo estudou os problemas funcionais das cidades e correlacionou-os com sistema de administração do Estado. Como resultado, dividiu os cidadãos em três classes (soldados, artesãos e "lavradores"), com o solo urbano também dividido em três (sagrado, público e privado).
Aristóteles criticou a concentração dos soldados em uma única classe na obra "Melhor Estado" de Hipódamo, argumentando que isso levaria à opressão dos "agricultores" e dos "trabalhadores" por parte dos primeiros.[3] O próprio conceito de Aristóteles de política, incluía uma vasta classe-média em que cada cidadão atendia às três funções - auto-legislação, exercício das armas, e trabalho.[4]
Os projetos de Hipódamo para cidades da Grécia antiga caracterizaram-se por princípios de ordem e regularidade que contrastavam com os traçados intrincados e confusos comuns às cidades de seu tempo, inclusive Atenas. Introduziu um tipo de planificação baseado em ruas largas (5 a 10 metros) que se cruzavam em ângulos retos. Foi citado ainda nos trabalhos de Estobeu, Estrabão, Hesíquio de Mileto, Fócio e Teano.
De acordo com Aristóteles Hipódamo foi o primeiro autor a escrever sobre a teoria do governo, embora sem qualquer conhecimento prático do assunto.[5] Afirma ainda que Hipódamo era original em todos os aspetos, uma pessoa que desejava ser um erudito em todas as ciências da natureza.
Referências
- ↑ a b Aristotle, Politics 2.1267b
- ↑ Mary Ritter Beard, (1931), On understanding women, p. 139. Ver ainda: Mary Ritter Beard, (1946), Woman as force in history: a study in traditions and realities, p. 314. [S.l.: s.n.]
- ↑ Halbrook, Stephen P. (1984). That Every Man Be Armed: the evolution of a Constitutional Right. [S.l.]: University of New Mexico Press. ISBN 0-945999-28-3
- ↑ Halbrook, 1984, p. 11.
- ↑ Lytton, Edward Bulwer Lytton, Baron (1847). Athens, its rise and fall: with views of the literature, philosophy, and social life of the Athenian people. [S.l.: s.n.] p. 144