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Francisco Xavier de Meneses

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Francisco Xavier de Meneses
Nascimento 29 de janeiro de 1673
Lisboa
Morte 21 de dezembro de 1743 (69–70 anos)
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação escritor
Título Conde da Ericeira

Francisco Xavier de Meneses (Lisboa, 29 de janeiro de 1673 – Lisboa, 21 de dezembro de 1743) foi o 4.º conde da Ericeira.

Dados biográficos iniciais

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Nasceu em 29 de janeiro de 1673 e morreu em 21 de dezembro de 1743. Filho de D. Luís de Meneses, 3.º Conde da Ericeira, foi senhor da Ericeira e seu termo, e direitos Reais, com as quintas das jogadas da vila de Mafra; 2.º senhor de Ancião e do lugar do Escampado; 8º senhor da Casa do Louriçal e do morgado da Anunciada, padroeiro da capela-mor do convento da Graça, de Lisboa, e do priorado de Santa Maria de Aguiar, no arcebispado de Évora; comendador das comendas de Santa Cristina de Serzedelo, São Pedro de Elvas, São Cipriano de Angueira, São Martinho de Frazão, São Paio de Fragoso, e São Bartolomeu da Covilhã.

Sucedeu ao pai na tenra idade de 14 anos e ficou tão instruído dos interesses do reino que protegia não só os estabelecimentos fundados por seu pai quanto as Artes e o Comércio.

Em 1695, com 19 anos, apresentou ao rei D. Pedro um «Discurso sobre as Artes» feito por Tomás da Costa Ferreira, bracarense, negociante na praça de Lisboa, louvando o conde seu pai como instituidor e protector das fábricas - discurso que foi mal aceite.

Aluno do cosmógrafo-mor Manuel Pimentel e igualmente interessado por filologia e história, adquiriu cedo fama de erudito e exerceu grande influência nos meios culturais, embora lhe faltassem qualidades de criação e gosto que poderiam dele ter feito homem verdadeiramente superior.

Carreira militar

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Serviu na guerra da Sucessão de Espanha, acompanhando D. Pedro II de Portugal, em 1701, quando foi à campanha da Beira, sendo nomeado em 1705 governador de Évora, com o posto de sargento-mor de batalha do exercito do Alentejo, a que foi elevado em 1707, e distinguindo-se nas batalhas de 1708 e 1709.

Em 1735 nomeado mestre de campo general e conselheiro de guerra como deputado da Junta dos Três Estados.

Carreira acadêmica

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Era muito aplicado aos estudos, principalmente aos de matemática. Nas academias, ninguém lhe disputava a primazia, decorrendo a sua eloquência em diversos problemas e discursos; era muito versado nas línguas francesa, italiana e espanhola. Não houve congresso literário instituído neste reino ou no estrangeiro, que o não pretendesse para seu associado.

Ainda não contava 20 anos, quando a Academia dos Generosos, renovada em 1693, o elegeu para seu primeiro presidente. Na Academia Portuguesa, instituída em 1717 no seu palácio, foi protector e secretário, e na Real Academia de História Portuguesa, formada por D. João V de Portugal em 1720, foi um dos cinco diretores e censores.

Nas conferências eruditas, também chamadas dos Sagrados Concílios, feitos em 1715 na casa do núncio apostólico, monsenhor Firrao (Ver Academia do Núncio) lhe tocou a parte critica dos Concílios Universais, onde foram admirados os seus profundos conhecimentos em historia sagrada, teologia e cânones pontifícios. Teve papel importante nessas reuniões celebradas no núncio Firrao e tomou à sua conta história, cânones e teologia; e com as Conferências Eruditas que se reuniam em seu palácio desde 1695 despertou o interesse em grupo numeroso e bastante culto para mais tarde D João V as transformar em Academia Real.

A Academia da Arcadia de Roma, sem que ele o pretendesse, o nomeou seu sócio, com o nome poético de Ormauro Paliseo, assim como a Real Sociedade de Londres. Em todos os certames literários mereceu ser árbitro das obras métricas, que neles se liam, distribuindo os prémios com toda a justiça. A fama do seu nome se propagou por tal forma por toda a Europa, que chegou a alcançar as mais distintas atenções das primeiras pessoas do mundo católico, e o próprio pontífice Inocêncio XIII lhe gratificou por um breve expedido a 29 de Abril de 1722 o Panegyrico que, à sua exaltação ao Pontificado, recitara na Academia em 5 de Junho de 1721, e Luís XV de França lhe mandou o Catálogo da sua livraria em 5 tomos e 21 volumes de estampas, que representavam tudo quanto de mais raro se admirava na corte de Paris.

«A Academia da Rússia lhe escreveu uma elegante e oficiosa carta com a oferta de 12 tomos das obras dos seus eruditos membros. Os mais célebres filólogos de Itália, Alemanha, Holanda, França e Espanha, pretendiam a sua correspondência, enviando-lhe cartas Murati, Bianchimi, Crescimbeni, Dumont, etc., testemunhando-lhe assim o elevado conceito que lhes merecia a sua vastíssima erudição.

Tinha relações com eruditos e Academias estrangeiras, embora sem receber especial prova de deferência; quanto a Boileau, de quem traduziu a Arte poética, este se manteve nos limites da estrita cortesia.

Diz-se que não tinha valor como poeta (ver sua «Henriqueida» que o pode desmentir[1]), nem qualidade de pensador e artista, como provam a Memória sobre o valor da moeda e o Diário de 1731-1733 que lhe é atribuído - mas deve aparecer com relevo na história das ciências em Portugal, não como criador, mas como uma das personalidades que melhor deve ter entendido a ciência européia do seu tempo e que mais deve ter feito para a introduzir no país.

Seguindo tendência geral, embora se interessasse vivamente pelo trabalho teórico de Descartes, Viète, Euler, parece sobretudo inclinar-se para o domínio das aplicações práticas.

Foi por iniciativa ou intermédio seu que Jacob de Castro Sarmento principiou a tradução de Bacon, interrompida logo pela intervenção do jesuíta João Batista Carbone junto ao Rei.

Promoveu também a Real Fábrica das Sedas, sobre cujo estabelecimento escreveu pequeno Discurso e sobre a plantação das amoreiras e criação dos bichos da seda, o que também foi mal aceito pela nobreza e do povo, com o que se desgostou inteiramente.

Casamento e posteridade

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Casou em 24 de outubro de 1688 com D. Joana Madalena de Noronha ou Joana de Lancastre, como a chama a Biblioteca Lusitana, filha de D. Luís Lobo da Silveira, 2º Conde de Sarzedas e conselheiro de Estado, e da condessa D. Mariana da Silva e Lencastre.

Filhos:

A sua bibliografia é numerosa; os títulos das suas obras, impressas como manuscritas, podem ler-se na Bibliotheca Lusitana, de Barbosa Machado, vol. 2.º pág. 291 a 296.

No Diccionario bibliographico, de Inocêncio da Silva, vol. 3.º págs. 83 a 89, vem a relação só das impressas.

A livraria dos Condes da Ericeira era importantíssima, e fora consideravelmente acrescentada por este 4.º Conde D. Francisco Xavier de Meneses, com mais de 15 000 volumes reunidos aos que já herdara.

Entre eles a «Historia do Imperador Carlos V», de sua autoria, e o «Herbolario, livro de todas as plantas e ervas, coloridas ao natural que pertenceu a Matias Corvino, Rei da Hungria».

A livraria se perdeu no incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755, que arrasou o Palácio da Anunciada. Em suas ruínas edificou-se o teatro da Rua dos Condes, onde se ergue o moderno teatro do mesmo nome.

Referências

  • Monteiro, O. P., Urbano, C.M., Francisco Xavier De Meneses, IV Conde da Ericeira: O Raiar Das "Luzes" Entre Fastos Barrocos . Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019.

Ligações externas

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Precedido por
Luís de Meneses
Armas dos Condes da Ericeira
Conde da Ericeira

1699 - 1743
Sucedido por
Luís Carlos Inácio
Xavier de Meneses