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Fernando Pamplona

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Fernando Pamplona
Fernando Pamplona
Pamplona em 2013
Nascimento 26 de setembro de 1926
Rio de Janeiro, RJ
Morte 29 de setembro de 2013 (87 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Principais trabalhos Salgueiro

Fernando Pamplona (Rio de Janeiro, 26 de setembro de 1926 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2013) foi um carnavalesco, cenógrafo, professor, produtor e apresentador de televisão brasileiro.[1][2][3] É considerado um dos mais importantes nomes do carnaval carioca.[4]

Após a Revolução de 1930, foi, com o pai, morar na cidade de Xapuri, no Acre, onde cursou o ensino primário. Ainda criança, teve contato com diversas manifestações folclóricas da região, como a festa do boi-bumbá, o que crucial para lhe despertar um grande interesse por cultura popular. Formado pela Escola Nacional de Belas Artes, teve uma rápida passagem como ator até conhecer Mário Conde em meados da década de 50, que lhe abriu as portas para a cenografia.

Em 1959, o escritor Miercio Tati, membro do então Departamento de Turismo e Certames da Prefeitura (hoje, Riotur), o chamou para integrar o corpo de jurados dos desfiles das escolas de samba do Rio. Embora tenha assumido o cargo com dedicação, apenas uma, entre todas as agremiações, deixou Pamplona realmente extasiado. Trata-se do GRES Acadêmicos do Salgueiro, que naquele ano havia inovado por completo os padrões do carnaval carioca ao jogar para o alto os habituais enredos de capa-e-espada (sobre políticos ou militares) trazidos pelas escolas, e abraçou uma temática sobre o pintor francês Jean-Baptiste Debret. Tal tema, denominado "Viagem pitoresca e histórica ao Brasil", fora elaborado pelos figurinistas Dirceu e Marie Louise Nery e o Salgueiro fez uma apresentação revolucionária e inesquecível. Pamplona deu nota 8 à agremiação, que somente perdeu por um ponto da Portela.

Fernando Pamplona em 1956

Foi ele um dos poucos jurados a defender, sem medo, sua avaliação sobre os desfiles, o que surpreendeu o diretor de carnaval do Salgueiro, Nelson de Andrade. A diretoria da escola, por intermédio de Nelson, o convidou para preparar desfile salgueirense para o carnaval de 1960 e Pamplona aceitou o pedido com a condição de fazer um enredo sobre Zumbi dos Palmares. Pela primeira vez, a vida de uma personagem não oficial da história do Brasil era retratada por uma agremiação. Chamou seus colegas de teatro, Arlindo Rodrigues e Nilton Sá, e acabou se tornando assim um carnavalesco de escola de samba.

No Salgueiro conquistou quatro títulos e foi vice outras três vezes.[5] Pamplona empresta seu nome à biblioteca do Centro de Referência do carnaval, a única do gênero no Brasil.[6]

Encontra-se colaboração artística da sua autoria na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal[7] (1939-1947).

Em 1986 foi homenageado pelo Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo "Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso".[8]

Foi funcionário da TVE do Rio de Janeiro, onde foi cenógrafo, produtor e apresentador.[9] Em 1975, produziu a telenovela educativa João da Silva.[10] Em 1980, implantou a cobertura carnavalesca da emissora, que exibiu no começo daquela década os desfiles do grupo principal das escolas de samba, além dos grupos inferiores, dos blocos e dos ranchos.[10] A partir de 1984, passou a ser comentarista da recém-inaugurada Rede Manchete, posto que permaneceu até 1997. Ainda faria um breve retorno à função na Rede Bandeirantes, na cobertura do desfile das campeãs de 2004.[11]

Desde então, Pamplona preferiu ficar afastado do carnaval. Em uma de suas últimas entrevistas — em janeiro de 2013, para o jornal O Dia —, dizia que não via carnaval há seis anos, pois viajava para Corrêas, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.[12] Pamplona era crítico dos sambas-enredos "marcheados" e da ausência dos sambas de quadra, que eram criados ao longo do ano. Dos últimos profissionais que acompanhou em vida, o carnavalesco elogiou o trabalho de Paulo Barros que, segundo suas palavras, foi o que "mais criou algo diferente" depois de Joãosinho Trinta.[12]

Seu último trabalho lançado foi o livro O Encarnado e o Branco, uma coletânea de histórias sobre o carnaval e o Acadêmicos do Salgueiro.[12]

Faleceu na manhã do dia 29 de setembro de 2013, em sua casa no bairro de Copacabana, vítima de um câncer.[13][14]

Em 2015, recebeu uma homenagem póstuma da escola de samba São Clemente, que levou para a Sapucaí um desfile inspirado em sua vida e obra, exaltando sua grande contribuição para o carnaval carioca. A carnavalesca Rosa Magalhães foi a responsável pela apresentação.[15]

Enredos assinados por Fernando Pamplona

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Ano Escola Colocação Divisão Enredo
1960 Salgueiro Campeã 1 Quilombo dos Palmares
1961 Salgueiro Vice-Campeã 1 Vida e obra do Aleijadinho
1964 Salgueiro Vice-Campeã 1 Chico Rei
1965 Salgueiro Campeã 1 História do Carnaval Carioca
1967 Salgueiro 3º lugar 1 História da liberdade no Brasil
1968 Salgueiro 3º lugar 1 Dona Beja, a feiticeira de Araxá
1969 Salgueiro Campeã 1 Bahia de Todos os Deuses
1970 Salgueiro Vice-Campeã 1 Praça XI carioca da gema
1971 Salgueiro Campeã 1 Festa para um rei negro
1972 Salgueiro 5º lugar 1 Nossa madrinha, Mangueira querida
1977 Salgueiro 4º lugar 1 Do Cauim ao Efó, moça branca, branquinha
1978 Salgueiro 6º lugar 1 Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses
1997 Em Cima da Hora 5º lugar A Sérgio Cabral a cara do Rio

Estandarte de Ouro

2013 - Prêmio Especial[16]

Tamborim de Ouro

2015 - Homenagem Especial (in memorian) [17]

  • O ENCARNADO E O BRANCO. Editora Nova Terra, 2013.

Referências

  1. O Batuque (23 de novembro de 2004). «Fernando Pamplona». Consultado em 28 de janeiro de 2012 
  2. «Fernando Pamplona será homenageado em seminário na quarta-feira». SRZD-Carnavalesco. 26 de fevereiro de 2011. Consultado em 28 de janeiro de 2012 
  3. «Debate analisa a trajetória do carnavalesco Fernando Pamplona». O Dia. Diversão Terra. 24 de fevereiro de 2011. Consultado em 29 de janeiro de 2012 
  4. Raphael Azevedo (17 de dezembro de 2011). «Pamplona: 'A morte de Joãosinho Trinta é uma perda para todos os brasileiros'». O Dia. Consultado em 28 de janeiro de 2012 
  5. «Homem Eclético». O Pasquim. Salgueiro. Consultado em 28 de janeiro de 2012 [ligação inativa]
  6. «Estrutura - Biblioteca do Carnaval Fernando Pamplona». Centro de Referência do Carnaval. Consultado em 28 de janeiro de 2012 
  7. Helena Roldão (2 de maio de 2014). «Ficha histórica: Mocidade Portuguesa Feminina : boletim mensal (1939-1947).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de Maio de 2014 
  8. «Galeria do Samba - Carnaval 1986». Galeria do Samba - As escolas de samba do Rio de Janeiro (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  9. «Fernando Pamplona». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 23 de março de 2023 
  10. a b «SAMBARIO - O site dos sambas-enredo». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 23 de março de 2023 
  11. «SAMBARIO - O site dos sambas-enredo». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 23 de março de 2023 
  12. a b c helio.almeida. «Morre Fernando Pamplona, criador do carnaval da atualidade | Rio de Janeiro | O Dia». odia.ig.com.br. Consultado em 24 de agosto de 2024 
  13. SRZD-Carnaval (29 de setembro de 2013). «Luto: Carnaval carioca perde Fernando Pamplona, aos 87 anos». 12h23. Consultado em 29 de setembro de 2013 
  14. G1 (29 de setembro de 2013). «Carnavalesco Fernando Pamplona morre no Rio, aos 87 anos». 12h47. Consultado em 29 de setembro de 2013 
  15. «São Clemente fará homenagem ao carnavalesco Fernando Pamplona». Carnaval 2015 no Rio de Janeiro. 15 de dezembro de 2014 
  16. «Estandarte de Ouro 2013». Site do Jornal O Globo. Consultado em 26 de março de 2017. Cópia arquivada em 3 de março de 2016 
  17. «Tamborim de Ouro 2015». O Dia. Consultado em 22 de abril de 2017. Cópia arquivada em 3 de março de 2016 


Ligações externas

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