Fazenda 31 de Março
Fazenda 31 de Março | |
---|---|
Integrantes da CPI da Vala de Perus investigam a Fazenda 31 de Março em busca de corpos (1991) | |
Informações gerais | |
Proprietário inicial | Joaquim Rodrigues Fagundes |
Função inicial | tortura e assassinato de presos políticos |
Proprietário atual | desconhecido |
Função atual | desconhecida |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | Parelheiros, São Paulo |
Fazenda 31 de Março foi um sítio localizado em Parelheiros, na zona sul da cidade de São Paulo, usado como centro de torturas e assassinatos de opositores do regime, durante o período da ditadura militar brasileira (1964–1985). Era conhecido no meio da repressão como a sede de um grupo paramilitar clandestino chamado de "Braço Clandestino da Repressão".[1]
De propriedade de um grileiro e empresário mineiro, Joaquim Rodrigues Fagundes, dono de uma empresa de transportes no bairro paulistano da Mooca que se apossou do local no início da década de 70, e localizado no fim de uma estrada de terra na região da represa de Guarapiranga,[2] no bairro de Embura, em Parelheiros, para esta pequena propriedade rural eram levados guerrilheiros capturados e cidadãos considerados subversivos, onde eram interrogados, torturados e assassinados. Algumas das torturas usadas por militares e policiais no sítio eram a simulação de afogamento, em córregos e poças d'água, o pau-de-arara com choques elétricos, feito na área externa, com o prisioneiro pendurado em árvores, e produtos químicos que provocavam ardência jogados pelo corpo.[3]
Neste local foram torturados e assassinados em 1973 cinco militantes da Aliança Libertadora Nacional,[4] entre eles os guerrilheiros Antônio Carlos Bicalho Lana e Sônia de Moraes Angel[3] e o ex-líder estudantil Antonio Benetazzo, em 1972.[5] Também se credita ao sítio ter sido o local da tortura e morte de Joaquim Câmara Ferreira em 1970, o líder da ALN após a morte do Carlos Marighella, em novembro de 1969.[1] O único sobrevivente conhecido do centro de tortura foi o ex-vereador e deputado estadual Affonso Celso Nogueira Monteiro, preso já no governo de Ernesto Geisel e solto após seu desaparecimento ter sido denunciado no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.[3]
Quando não havia presos no sítio, ele era usado pelo dono para promover churrascos com membros da repressão política, entre eles os ex-coronéis Erasmo Dias e Carlos Alberto Brilhante Ustra e o ex-delegado Sérgio Fleury. Joaquim Rodrigues Fagundes, o proprietário, foi condecorado pelo Exército com a Medalha do Pacificador, em 30 de junho de 1977, por "serviços prestados ao país".[3] Em 24 de julho de 1984 recebeu a condecoração da Ordem do Mérito Militar. Fagundes era proprietário de uma transportadora que tinha como único cliente a Companhia de Telecomunicações do Estado de São Paulo (COTESP).[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Kushnir, Beatriz. Boitempo Editorial, ed. Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à constituição de 1988. [S.l.: s.n.] 302 páginas
- ↑ «Comissão da Verdade mostra que pelo menos 17 centros clandestinos operaram na ditadura». Gazeta do Povo. 7 de abril de 2014. Consultado em 16 de julho de 2014
- ↑ a b c d Viana, Natália (8 de agosto de 2011). «O sítio da tortura». A Pública. Consultado em 16 de julho de 2014
- ↑ Quadros, Vasconcelo. «Comissão da Verdade identifica centros de tortura sob comando das Forças Armadas». IG Último Segundo. Consultado em 16 de julho de 2014
- ↑ «O sítio da tortura». Centro de Educação e Memória Fundação Mauricio Grabois. Consultado em 16 de julho de 2014. Arquivado do original em 19 de julho de 2014
- ↑ Empresários bem sucedidos ajudavam a financiar a ditadura militar Arquivado em 29 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.. TV Record, 17 de agosto de 2010.