Farmacocinética
Este artigo é sobre farmacologia aplicada, de certa forma, uma das aplicações da medicina e matemática, apesar de ser um campo independente, nas busca de precisão em terapias e desenvolvimento de novos fármacos.
Introdução
[editar | editar código-fonte]Farmacocinética é o "caminho"[Obs 1] que o medicamento segue no organismo de seres vivos como humanos. Não se trata do estudo do seu mecanismo de ação, o que corresponde à farmacodinâmica ou mesmo da farmacogenômica, mas sim as etapas que a droga [Obs 2] sofre desde a administração, introdução do fármaco no organismo como tomar um comprimido, até a excreção, processo pela qual o fármaco deixa o organismo definitivamente, que são: administração, absorção, biotransformação, biodisponibilidade e excreção. Note também que uma vez que se introduza a droga no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea, dado que uma quantidade de medicamento já passou pela etapa em questão [Obs 3], sendo essa divisão apenas de caráter didático.
Fases
[editar | editar código-fonte]As fases da farmacocinética são: absorção, distribuição, biotransformação, biodisponibilidade e excreção.
Absorção
[editar | editar código-fonte]É a primeira etapa que vai desde a escolha da via de administração até a chegada da droga à corrente sanguínea. Vias de administração como intravenosa e intra-arterial pulam essa etapa, já que caem direto na circulação. Alguns fatores interferem nessa etapa como pH do meio, forma farmacêutica e patologias (úlceras por exemplo).
A característica química do fármaco interfere no processo de absorção.
Ver também: ADME
Efeito de primeira passagem
[editar | editar código-fonte]É a metabolização do fármaco pelo fígado e pela microbiota intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica. As vias de administração que estão sujeitas a esse efeito são: via oral e via retal (em proporções bem reduzidas). Veja mais em Metabolismo de primeira passagem.
Distribuição
[editar | editar código-fonte]Etapa em que a droga é distribuída no corpo através da circulação. Ela chega primeiro nos órgãos mais vascularizados (como sistema nervoso central, pulmão, coração) e depois sofre redistribuição aos tecidos menos irrigados (tecido adiposo por exemplo). É nessa etapa que a droga vai chegar ao local onde vai atuar. Interferem ainda nessa etapa baixa concentração de proteínas plasmáticas (necessárias para a formação da fração ligada) como desnutrição, hepatite e cirrose, que destroem hepatócitos, que são células produtoras de proteínas plasmáticas, reduzindo assim o nível destas no sangue.
Biotransformação
[editar | editar código-fonte]Fase onde a droga é transformada em um composto mais hidrossolúvel para a posterior excreção.
Ela se dá em duas fases:
- Fase 1: etapas de oxidação, redução e hidrólise
- Fase 2: conjugação com o ácido glicurônico
A fase 1 não é um processo obrigatório, variando de droga para droga e diferente da fase 2, obrigatória a todas as drogas. O fígado é o órgão que prepara a droga para a excreção.
Biodisponibilidade
[editar | editar código-fonte]Biodisponibilidade é uma medida da extensão de uma droga terapeuticamente ativa que atinge a circulação sistêmica e está disponível no local de ação. O termo biodisponibilidade é usado para descrever a fração de uma dose administrada de uma droga não alterada que atinge a circulação sistêmica. É uma das principais propriedades farmacocinéticas das drogas. Por definição, quando uma medicação é administrada intravenosamente, sua biodisponibilidade é de 100%. Entretanto, quando uma medicação é administrada por outras vias (como a via oral, por exemplo), sua biodisponibilidade diminui (devido à absorção incompleta e ao metabolismo de primeira passagem).
A biodisponibilidade é uma das ferramentas essenciais da famarcocinética, já que seu valor deve ser considerado quando se calcula as doses para administração de drogas por vias não-intravenosas. Referindo-se sobre a biodisponibilidade calcula o grau de quantidade de um fármaco administrado ou de outra substância que se torna disponível para actuar no seu alvo (célula, tecido, órgão etc.)
Excreção
[editar | editar código-fonte]Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio externo. Fármacos hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou secretados nos túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em atravessar membranas. Excretam-se, portanto, na forma ativa.
Os sítios de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem:
- pulmões
- fezes
- secreção biliar
- suor
- lágrimas
- saliva
- leite materno
- fígado
Afora os pulmões para os fármacos gasosos ou voláteis, os demais sítios são quantitativamente menos importantes.
Notas
- ↑ Por caminho aqui se entende um sequência de movimentos físicos, uma sequência de eventos, como por exemplo o caminho para um acontecimento indesejado.
- ↑ Em farmacologia, droga, fármacos, e medicamentos designam a mesma entidade, substâncias químicas usadas em terapias.
- ↑ é tanto que em uma das metodologia mais famosos, modelos de compartimentos, usa-se conservação de massa para derivar equações diferenciais de primeira ordem, isso se torna impossível ou mesmo difícil se tratamos de medicamentos que acham rotas alternativa, ou seja, não respeita o padrão esperado .
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Farmacologia clínica para Dentistas; Lenita Wannmacher, Maria Beatriz Cardoso Ferreira; Guanabara Koogan; 2º edição; 1999.
- TOZER, T. N.; ROWLAND, M. Introducion to pharmacokinetics and pharmacodynamics: the quantitative basis of drug theraphy, Lippincott Williams & Wilkins, 2006.
- Malcolm Rowland, Thomas N Tozer, Clinical pharmacokinetics and pharmacodynamics: concepts and applications. Fourth Edition. Lippincott and Wilkins: 2011.