Ducado de Camerino
Ducato di Camerino Ducado de Camerino | ||||
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Brasão
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Lema nacional Distingue et concordabis | ||||
Continente | Europa | |||
Capital | Camerino | |||
Língua oficial | italiano | |||
Governo | Monarquia | |||
Duque de Camerino | ||||
• 1259-1284 | Gentile I de Varano, Senhor de Camerino | |||
História | ||||
• 1259 (ca.) | Atribuição do Senhorio a Gentile I de Varano pelo Papa Alexandre IV | |||
• 1539 | Extinção do ramo principal da família Varano e anexação aos Estados Pontifícios pelo Papa Paulo III |
O ducado de Camerino, em italiano ducato di Camerino, foi um pequeno estado independente, localizado no centro de Itália e encravado nos Estados Pontifícios. Foi governado, durante quase 300 anos, pela família Varano, com origens Lombardas e proveniente do ducado de Spoleto.
Foi, inicialmente, constituído como um Senhorio (ca.1259 - 1515) mas, em 1515, o último Senhor, João Maria de Varano[1], foi feito duque pelo Papa Leão X. A nova dignidade só se manteve até 1539, altura em que o ducado voltou a ser reintegrado nos Estados da Igreja.[2]
História
[editar | editar código-fonte]O "Estado" de Camerino[3] era completamente circundado pelos Estados Pontifícios
A sua posição era estratégica entre os Estados da Igreja e o ducado de Urbino e ambos tinham ambições de anexação sobre Camerino. Por isso, o sistema defensivo do senhorio, governado pela família Varano, era sólido e extenso, sendo parcialmente visível ainda hoje. Salienta-se a rocca[4] Varano[5]; as fortalezas de Spinoli e de Santa Lucia, a rocca d'Ajello.[6]
Em 1240 era um legado do Papa que ali exercia as funções governativas. Dezanove anos depois a cidade foi devastada pelo exército do rei Manfredo da Sicília, filho natural do imperador Frederico II. Muitos habitantes foram trucidados e quem se salvou regressou em 1262: entre estes, Gentile I de Varano, primeiro senhor com a anuência do Papa Alexandre IV.
A partir do século XIII, o poder político-administrativo foi sendo transferido do campo para Camerino, onde Júlio César de Varano (1444-1502), um dos mais significativos membros da família, mandara construir o Palácio Ducal, o templo da Anunciada (mausoléu da dinastia Varano), e o mosteiro dos beneditinos onde a sua filha, a futura santa Camilla Battista, viria a professar. Doou à sua esposa, Joana Malatesta[7] (pertencente à família Malatesta, senhores de Rimini), o castelo de Lanciano, localizado perto de Castelraimondo, residência de Verão, no qual se alojou a marquesa de Mântua, Isabel d'Este que, em 1494, visitou os Varano na sua viagem a Roma e a Urbino (onde reinava a cunhada Isabel Gonzaga).[8]
Sob a administração de Júlio César e de João Maria de Varano (1502-1527), nomeado duque pelo Papa Leão X (um Médici, tio materno da mulher Catarina Cybo), o pequeno estado expande-se, os habitantes aumentaram e a atividade comercial prospera. Passou a ser cobiçado e, em 1502, César Bórgia (filho natural do Papa Alexandre VI) apoderou-se do senhorio mandando assassinar Júlio César e três dos seus filhos.
João Maria de Varano (neto de Júlio César), escapou ao massacre, regressando a Camerino após a morte do Papa Alexandre VI. No entanto, a sua própria morte, em 1527, pré-anunciou o fim do ramo dinástico e a extinção do ducado. Como também viria a acontecer no Ducado de Urbino, a disposição papal previa a reabsorção do feudo em caso de não haver herdeiro masculino: ao contrário do que viria a acontecer com Vitória Della Rovere, Grã-duquesa consorte da Toscana e última dos Della Rovere[9], a jovem filha do duque de Camerino, Júlia de Varano, sob a regência da mãe Catarina Cybo, conseguiu suceder ao pai, com o apoio do marido Guidobaldo II Della Rovere, duque de Urbino (com quem casara numa sumptuosa cerimónia), contrariando as pretensões da linha de Ferrara dos Varano.
No entanto, em 1539, o Papa Paulo III, obriga o casal a renunciar aos próprios direitos a troco de 78.000 ducados de ouro, e o feudo foi integrado nos Estados Pontifícios, após um breve governo de Octávio Farnésio (1540-1545).
Virgínia Della Rovere (1544-1571), filha do casal ducal e herdeira dos bens deixados pela sua avó, a duquesa-mãe Catarina Cybo, tentou recuperar Camerino com o apoio do consorte, Frederico Borromeo, conde de Arona, mas não conseguiu. Uma segunda tentativa, desta vez com o apoio do segundo marido Ferdinando Orsini, duque de Gravina, também falhou. Virgínia morre em Nápoles sem descendência.[10][11]
Soberanos de Camerino (ca.1259 - 1539)
[editar | editar código-fonte]- Gentile I de Varano, Senhor de Camerino ca.1259-1284
Casou com Alteruccia d'Altino - Berardo I de Varano, Senhor de Camerino 1284-1325
Casou com Emma - Rodolfo I de Varano, Senhor de Camerino 1284-1316
juntamente com Berardo I
Casou com Galatea - Gentile II de Varano, Senhor de Camerino 1325-1355
filho de Berardo I
Casou com Gentilesca - Berardo II de Varano, Senhor de Camerino 1335-1341
associado ao pai Gentile II, morrendo antes dele
Casou com Bellafiore Brunforte de San Ginesio - Rodolfo II de Varano, Senhor de Camerino 1355-1384
filho de Berardo II
Casou com (1) Paolina di Mogliano, (2) Camilla Chiavelli - João I de Varano, Senhor de Camerino 1384-1385
- Gentile III de Varano, Senhor de Camerino 1385-1399
irmão mais novo de Rodolfo II
Casou com Teodora Salimbeni - Rodolfo III de Varano, Senhor de Camerino 1399-1424
Casou com (1) Elisabetta Malatesta, (2) Constança Smeducci - Piergentile da Varano, Senhor de Camerino 1424-1433
Casou com Elisabetta Malatesta - João II de Varano 1424-1433
Casou com Bartolomea Smeducci com Piergentile - Rodolfo IV de Varano, Senhor de Camerino 1444-1464
perda do senhorio 1434-1444
Casou com Camilla d'Este - Júlio César de Varano, Senhor de Camerino 1444-1502
juntamente com Rodolfo IV
Casou com Giovanna Malatesta - Venâncio de Varano, Senhor de Camerino 1502
Casou com Maria Della Rovere
**governo de César Bórgia (1502-1504)** - João Maria de Varano, Senhor de Camerino 1504-1515; Duque de Camerino 1515-1527
Casou com Catarina Cybo, regente 1527-1535 - Júlia de Varano, Duquesa de Camerino 1527-1539
Casou com Guidobaldo II Della Rovere, duque de Urbino
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ em italiano: Giovanni Maria da' Varano
- ↑ Lilli, p. 27
- ↑ noutros tempos dava-se a este termo um significado diferente, uma vez que até um pequeno feudo era denominado "Estado"
- ↑ em italiano: rocha. Expressão utilizada para designar "fortalezas medievais construídas em cima de rochas"
- ↑ onde residiam os coletores de impostos, responsáveis pela coleta da portagem na estrada que ligava Roma ao mar Adriático
- ↑ Feliciangeli, Di alcune rocche.., p. 12
- ↑ em italiano: Giovanna Malatesta
- ↑ Guerra Medici, pp. 29-32
- ↑ que herdou o património do avô mas não o trono de Urbino
- ↑ Guerra Medici, pp. 40-42
- ↑ I volti di una dinastia, pp. 16-17
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em italiano cujo título é «Ducato di Camerino».
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- AA. VV., I volti di una dinastia. I da Varano di Camerino, Federico Motta Editore, Milão, 2001.
- Sandro Corradini, Il palazzo di Giulio Cesare Varano e l'architetto Baccio Pontelli, Studi Maceratesi, Macerata, 1969.
- Bernardino Feliciangeli, Notizie e documenti sulla vita di Caterina Cibo-Varano, duchessa di Camerino, Libreria Editrice Favorino, Camerino, 1881.
- Bernardino Feliciangeli, Di alcune rocche dell'antico stato di Camerino, Deputazione di Storia Patria per le province delle Marche, Ancona, 1904.
- Maria Teresa Guerra Medici, Famiglia e potere in una signoria dell'Italia centrale: i Varano di Camerino, Università degli Studi, Camerino, 2002.
- Camillo Lilli, Istoria della città di Camerino, tipografia Grisei, Macerata 1652. (rist. anast., Forni, Bolonha, 1991)
- Milziade Santoni, Della zecca e delle monete di Camerino, tipografia Ricci, Florença, 1875.