Colégio de São Paulo (Macau)
O Colégio de São Paulo de Macau, também conhecido como Colégio da Madre de Deus[1] foi uma instituição de ensino universitário fundada em 1594 por jesuítas ao serviço do império português, no âmbito do acordo do Padroado português. O Colégio, que serviu para preparar os missionários jesuítas que viajavam para o Extremo Oriente, foi a primeira instituição universitária de tipo ocidental na Ásia Oriental, contando com um programa académico extenso, equivalente ao currículo de uma universidade.[2]
Em 1835, o Colégio de São Paulo e a sua igreja anexa (Igreja da Madre de Deus) foram destruídos por um violento incêndio. Apenas sobreviveram a imponente fachada e a escadaria monumental da Igreja da Madre de Deus. Em 2005, as Ruínas de S. Paulo — nomeadamente a fachada da Igreja da Madre de Deus — devido à sua beleza e valor excepcionais, foram incluídas no Centro Histórico de Macau, por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
História
[editar | editar código-fonte]O Colégio de São Paulo de Macau foi fundado por Alessandro Valignano, quando em 1594 ampliou a antiga escola da Madre de Deus, com o objetivo de criar uma escala para preparar os missionários jesuítas que viajavam para o Extremo Oriente. O seu programa acadêmico incluia disciplinas fundamentais como a teologia, filosofia, matemática, geografia, astronomia, e as línguas Latim, Português e Chinês, além de uma escola de música e de artes. O Colégio de São Paulo de Macau teve enorme influência na aprendizagem pioneira das línguas e culturas orientais, abrigando os primeiros sinólogos ocidentais, como Matteo Ricci, Johann Adam Schall von Bell e Ferdinand Verbiest, entre muitos estudiosos notáveis da época. Tornou-se um centro asiático de formação de missionários católicos e contribuiu significativamente na difusão do Catolicismo na China e em todo o Extremo Oriente. Este trabalho missionário permitiu também um maior intercâmbio cultural, científico e artístico entre o Ocidente e o Oriente.
O Colégio de São Paulo também oferecia uma instrução básica para os habitantes de Macau, ensinando-lhes coisas simples mas muito importantes, como por exemplo a ler, a escrever e a contar.
Importante ponto de partida de missionários católicos para os diferentes países da Ásia Oriental, principalmente o Japão e a China, desenvolveu-se interligado com o próspero comércio Macau-Nagasaki no que ficou conhecido como Período Nanban. Em 1594, esta instituição universitária já contava com mais de 200 estudantes e 59 professores jesuítas. O número de estudantes continuou a aumentar devido à intensificação do trabalho missionário no Oriente. O colégio, juntamente com a igreja adjacente, foi parcialmente danificado em 1595 por um incêndio. Devido à sua grande importância ao nível da formação de missionários, o colégio foi reconstruído rapidamente. Em 1639, depois de uma revolta atribuida à influência religiosa, o catolicismo foi banido no Japão e os portugueses foram expulsos. O Colégio tornou-se então um refúgio para os sacerdotes em fuga. Os Jesuítas abandonaram-no em 1762, quando foram expulsos pelas autoridades portuguesas, durante a supressão da Companhia de Jesus. As autoridades portuguesas utilizaram o colégio abandonado como quartel militar.
Em 1835, os edifícios foram destruídos por um violento incêndio, começado nas cozinhas do Colégio. O Colégio foi totalmente destruído. Apenas restaram a imponente fachada e a escadaria monumental da Igreja anexa ao colégio (Igreja da Madre de Deus). Do colégio, apenas restam alguns vestígios arqueológicos.
Em 2005, a Ruínas de S. Paulo — nomeadamente a fachada da Igreja da Madre de Deus — devido à sua beleza e valor arquitectónico e histórico excepcional, foram incluídas no Centro Histórico de Macau, por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
Estudiosos que passaram pelo colégio
[editar | editar código-fonte]- Alexandre Valignano (1578-1606): fundador do colégio, o promotor do estudo das línguas japonesa e chinesa.
- Michele Ruggieri (1579): co-autor do dicionário Português-Chinês — o primeiro dicionário europeu de chinês
- Matteo Ricci (1582): co-autor do dicionário Português-Chinês — o primeiro dicionário europeu de chinês
- João Rodrigues (1574?-77 and 1610-1633): organizou primeiro dicionário europeu de japonês, o Nippo Jisho
- Johann Adam Schall von Bell (1619): conselheiro do imperador Shunzhi, diretor do Observatório Imperial e do Tribunal das Matemáticas.
- Alexandre de Rhodes (1630-1640): autor do dicionário vietnamita-Português-latim, publicado em Roma em 1651.
- Michał Boym (1643): professor no colégio, autor de numerosas obras sobre a fauna, flora e geografia asiáticas.
- Ferdinand Verbiest (1659): matemático e astrônomo, corrigiu o calendário chinês, foi Chefe do Conselho de Matemática e Director do Observatório.
- Tomás Pereira (1665?-73): Considerado o introdutor da música ocidental na China, emissário do imperador Kangxi no Tratado de Nerchinsk
- Manuel Dias (Yang MaNuo): introduziu o telescópio na China apenas três anos após Galileu o ter divulgado.
- Martino Martini: cartógrafo e historiador
- Giulio Alenio
- Xu Guangqi: mandarim católico, foi agrónomo, astrónomo e matemático.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Trudy Ring, International Dictionary of Historic Places -Asia and Oceania: eds.: Paul E. Schellinger ; Robert M. Salkin, p.544
- ↑ Bray, Mark, Ramsey Koo, Education and society in Hong Kong and Macao: comparative perspectives on continuity and change, シュプリンガー・ジャパン株式会社, 2005, ISBN 1402034059, p.114
- Cidade do Santo Nome de Deus, Percurso histórico da Igreja em Macau. Editado pela Associação de Leigos Católicos de Macau, no ano de 2005.
- Ruínas de São Paulo no macauheritage.net