Clube dos Cordeliers
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Fevereiro de 2009) |
O Clube dos Cordeliers ou Sociedade dos Amigos dos Direitos do Homem e do Cidadão era uma popular sociedade política, fundada em 27 de Abril de 1790, durante o período da Revolução Francesa, e com sede no antigo refeitório do Convento dos Cordeliers de Paris. Tinha em sua composição representantes da população mais pobre dos subúrbios de Paris e, inclusive mulheres, apenas formalmente. A mensalidade dos Cordeliers era bem acessível, equivalente ao preço de um pão de 460 gramas no período revolucionário.
Assim, o clube acabou se tornando ponto de encontro de pequenos comerciantes, artesãos e assalariados, que ali discutiam questões como a necessidade de vigilância sobre os eleitos e os funcionários públicos administrativos. Entre as principais figuras do clube dos Cordeliers podem ser mencionados Georges Danton, Jean-Paul Marat, Camille Desmoulins e Jacques-René Hébert. Todos eles tiveram participação decisiva na segunda fase da Revolução Francesa, que proclamou a República da França e executou o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta.
Origem do nome "Cordeliers"
[editar | editar código-fonte]Cordeliers era o nome francês dos monges franciscanos que, vestidos de forma bem modesta, usavam uma simples corda com nós como cinto ("corde lié" = corda atada (em português)). Por reunir-se no Convento dos Cordeliers de Paris, o clube adotou o nome. Por uma ironia da sorte, os franciscanos foram, na Idade Média, uma ordem rival à dos dominicanos, que davam seu nome ao Clube dos Jacobinos, clube revolucionário rival ao dos Cordeliers durante a Revolução Francesa.
História do Clube dos Cordeliers
[editar | editar código-fonte]O clube coloca-se como um verdadeiro vigilante da Assembléia Nacional e usa um olhar crítico sobre esta. O clube se propõe igualmente a ajudar os indigentes: contrariamente aos Jacobinos, a entrada neste clube é livre. Pode-se entrar no clube sem pagamento de cotas: uma bandeira estendida na saída encarrega-se de recolher os donativos.
A carteira de membro do Clube dos Cordeliers trazia a representação de um olho aberto: "o olho bem aberto da vigilância revolucionária".
Mais próximos das classes populares que o Clube dos Jacobinos, seus membros tomaram uma parte bastante ativa nos movimentos insurrecionais que se produziram sob a Assembléia Nacional Constituinte, a Assembléia Nacional Legislativa e da Convenção. O clube exprimia as aspirações da população operária dos Faubourgs Saint-Antoine e Saint-Marceau (Paris).
Verdadeiro grupo de combate, incentiva a agitação democrática, vigiando os aristocratas, controlando as administrações, agindo através de enquetes, subscrições, petições, manifestações e, se necessário, tumultos.
São os Cordeliers que, a partir de 21 de Junho de 1791, pedem a queda do Rei Luís XVI, após sua fuga e captura em Varennes. É o Clube dos Cordeliers que organiza a Manifestação do Campo de Marte, em 17 de Julho de 1791; é ele quem rejeita a Constituição de 1791.
Momentaneamente vencidos (o Clube é fechado e o partido democrata decapitado), os Cordeliers readquirem rapidamente sua influência. Desempenham um papel bastante ativo na organização da insurreição de 10 de Agosto de 1792, que leva à queda da monarquia na França. Podem então exigir o estabelecimento do Terror e seu agravamento através de um vasto expurgo administrativo. Também é o Clube dos Cordeliers que, em 22 de maio de 1793, fomentará uma insurreição que vai levar à queda dos Girondinos na Convenção Nacional.
Sua palavra é propagada pelo "le Vieux Cordelier", jornal publicado por Camille Desmoulins e cujos sete números aparecem de 5 de Dezembro de 1793 a 25 de Janeiro de 1794.
Durante este período, muitas sociedades patrióticas (clubes) são criados na França; entre elas, um grande número tomam o Clube dos Cordeliers de Paris como modelo e pedem sua filiação, propagando assim os ideais deste clube.
O fim do Clube
[editar | editar código-fonte]Após a queda dos Girondinos, o clube divide-se em "Indulgentes" (ligados a Danton) e "Hebertistas" ou "Exagerados" (autores da lei dos suspeitos e partidários de uma ditadura da Comuna de Paris), e que não devem ser confundidos com os "Raivosos" de Jacques Roux. Os Hebertistas interpretarão um papel preponderante e tornar-se-ão o porta-voz de reivindicações sociais mais profundas. Diante de suas exigências sempre grandes e de sua atitude ameaçadora, o Comitê de Salvação Pública adianta-se, prendendo seus principais dirigentes na noite de 13 para 14 de Março de 1794. Levados diante do Tribunal Revolucionário, são guilhotinados em 24 de Março e 5 de Abril de 1794; Marat já fora assassinado por Charlotte Corday em 13 de Julho de 1793.
Vencido pelo Clube dos Jacobinos, o Clube dos Cordeliers torna-se um clube dependente deste, mas sobreviverá a ele, só sendo fechado em 1795.
Membros famosos
[editar | editar código-fonte]- Antoine-François Momoro
- Buirette de Verrières
- Camille Desmoulins
- Choderlos de Laclos
- Claire Lacombe
- Fabre d'Églantine
- Danton
- Hébert
- Marat
- Marie-Joseph Chénier
- Pierre-Gaspard Chaumette
- Pierre-François-Joseph Robert
- Théroigne de Méricourt
Referências
- Belloc, Hilaire. Danton: A Study. New York: Charles Scribner's Sons, 1899.
- Castelot, André & Decaux, Alain. Le Grand Dictionnaire d'Histoire de la France. Paris: Éditions Fayard, 1979 (em francês).
- Hammersley, Rachel. French Revolutionaries and English Republicans: The Cordeliers Club 1790–1794. Rochester: Boydell & Brewer Inc., 2005.
- Rose, Robert Barrie. The Making of the Sans-Culottes. Manchester: Manchester University Press, 1983.