Cerco de Tiro (1187)
Cerco de Tiro | |||
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Cruzadas | |||
Miniatura do século XV representando o ataque dos defensores cristãos contra o exército de Saladino. Parte do manuscrito As Passagens do Ultramar, de Sébastien Mamerot | |||
Data | 12 de novembro de 1187 - 1 de janeiro de 1188 | ||
Local | Tiro | ||
Desfecho | vitória cruzada | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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O Cerco de Tiro teve lugar de 12 de novembro de 1187 a 1 de janeiro de 1188. Um exército comandado por Saladino fez um assalto anfíbio sobre a cidade, defendida por Conrado de Monferrato. Após dois meses de luta contínua, Saladino dispersou seu exército e recuou para Acre. [1]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1187, Conrado de Monferrato deixa Gênova. Sua primeira intenção era apoiar seu pai na Terra Santa. Conrado era o segundo filho do marquês Guilherme V de Monferrato, o Velho, e sua esposa Judite de Babemberga (1110/1120–1168), filha de Leopoldo III de Babemberga. Ele era meio-irmão de Amadeu III de Saboia, cunhado de Luis VII de França, e primo de Federico I Barbarruiva e de Leopoldo V da Áustria. Seu pai era o senhor do Castelo de São Elias, um pequeno feudo (hoje Tayibe, no distrito Central, na cidade de Israel). [2]
Conrado primeiramente foi para o Acre que estava nas mãos dos muçulmanos que, depois da desastrosa Batalha de Hatim, detinham grande parte da Terra Santa, [3] incluindo Jerusalém. [4] Os remanescentes dos exércitos cruzados se reuniram em Tiro, que era uma das principais cidades sob o domínio cristão. Então Conrado seguiu [navegou] para o norte, para Tiro, e encontrou o que havia sobrado dos exércitos cruzados derrotado pelos Aiúbidas na Batalha de Hatim, comandados por Saladino. Em Tiro estavam Raimundo III de Trípoli, Reginaldo de Sidom, Balião de Ibelin [5] e outros nobres que haviam escapado àquela batalha de Hatim, alguns dos quais eram, Raimundo, o filho do príncipe de Antioquia, com toda a sua companhia, os quatro filhos de Ermengarda, a dama do Senhorio de Tiberíades e seu esposo Gualtério, eram eles Hugo II de Saint-Omer, Raul de Saint-Omer, Guilherme e Oste, também o conde Joscelino de Courtenay. Raimundo, em seguida, voltou para Trípoli e morreu, pouco depois, por conta de seus ferimentos e Balião foi para Jerusalém buscar, em segurança, seus familiares. .[6]
Neste meio tempo, Saladino, em sua campanha, pós Hatim, seguindo para o norte, tomara a maior parte das cidades e fortalezas do Reino de Jerusalém,. Assim caíram as cidades de Tiberíades, Acre, em 9 de julho, Nablus, Jafa, Toron, Sidom, Beirute, antes de 6 de agosto e Ascalão, sucessivamente. Movendo contra Jerusalém, e sua consequente captura em 2 de outubro, quando a cidade foi entregue por Balião. [7]
Já no Tiro, Reginaldo de Sidom, assumindo a liderança da cidade, preparava-se para negociar a sua rendição com Saladino. Nesta negociação, Conrado teria derrubado uma bandeira de Saladino, após o que pediu apoio incondicional aos moradores de Tiro. Reginaldo recusou-se a cooperar e retirou-se para o seu Castelo de Beaufort, seguindo pelo rio Litani, sob a alegação de que iriam refortificar seu castelo em Belfort. [8]
Com exceção do Líbano, que durou vários meses sob a liderança de Conrado de Monferrato, Conrado se tornou o líder do exército naquele lugar. Ele imediatamente começou a organizar sua defesa nas muralhas da cidade, e ordenou que se fizessem trincheiras profundas através da toupeira que unia a cidade à costa, para impedir que o inimigo se aproximasse da fortaleza.[9]
O cerco
[editar | editar código-fonte]O exército muçulmano chegou em 12 de novembro de 1187 e imediatamente iniciou o cerco. Essa era uma nova tentativa de tomar a cidade. O resto do exército chegou 13 dias depois. [10] Quando Saladino atacou a cidade, os aiúbidas viram que a cidade estava bem sitiada.
As batalhas foram acirradas com baixas de ambos os lados. O exército de Saladino tinha dezessete catapultas no cerco que constantemente atacavam as muralhas da cidade, enquanto os navios dos cruzados, cheios de arqueiros, besteiros e máquinas de atirar pedras, assediavam o exército atacante. [11]
Todos os ataques de Saladino fracassaram, e o cerco se arrastou, com ocasionais investidas dos defensores, liderados por um cavaleiro espanhol chamado Sancho Martin, [12] mais conhecido como o Cavaleiro Verde devido à cor de seus braços.[13] A sua bravura e habilidade foram mencionadas como de causar admiração em ambos os exércitos cristãos e muçulmanos, e particularmente em Saladino. Foi dito que Saladino ofereceu-lhe muitas riquezas se ele se convertesse ao Islão e lutasse em seu exército, no entanto, ele recusou[13] e continuou liderando os ataques cristãos contra o exército muçulmano.[13]
Saladino então apresentou o pai de Conrado Guilherme V de Monferrato, seu prisioneiro, em frente aos portões da cidade (ele havia sido capturado na Batalha de Hatim). [14] Guilherme havia deixado seu pequeno feudo e se envolvera nas sangrentas batalhas de Hatim, onde foi capturado por Saladino. E saladino, segundo suas palavras, libertaria o pai de Conrado e lhe daria presentes caso entregasse a cidade aos muçulmanos. Seu pai pediu que Conrado resistissemesmo que os muçulmanos ameaçassem matá-lo. Em resposta a Saladino, Conrado, gritou que talvez fosse melhor a morte, porque seu pai, Guilherme, tivera uma boa vida, e ele mesmo, Conrado, apontou sua besta para o pai. Conrado percebera o blefe de Saladino, e seu pai seria libertado em Tortosa em 1188 vindo a morrer, posteriormente, em 1191, em Tiro, onde havia permanecido. [15]
Ficou claro para Saladino que apenas vencendo no mar ele poderia tomar a cidade e convocou uma frota de 10 galés comandada por um marinheiro norte-africano chamado Abdal Salam. A frota muçulmana teve sucesso inicial em forçar as galeras cristãs a entrar no porto, mas durante a noite de 29 e 30 de dezembro, uma frota cristã de 17 galés atacou cinco das galeras muçulmanas, infligindo uma derrota decisiva e capturando-as. Cronistas muçulmanos afirmam que a incompetência de Alfaris Bedrane levou à derrota. [10] As galés restantes foram obrigadas a se retirarem, dados seus números baixos. Após este revés naval, as forças de Saladino fizeram uma tentativa final de tomar a cidade, mas foram novamente derrotadas, sofrendo pesadas perdas. [13]
Após esses eventos, Saladino convocou seus emires para uma conferência, para discutir se eles deveriam se retirar ou continuar tentando. As opiniões foram divididas, mas Saladino, vendo o estado de suas tropas, decidiu se retirar para o Acre. O cerco terminou em 1 de janeiro de 1188. [10]
Em detrimento a isto a cidade sofreu uma série de ataques, após o que Saladino desistiu e virou-se para o sul, em direção à Cesaréia, Arçufe e Jafa. [16]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Após a vitória, o prestígio de Conrado recebeu um grande impulso. Para Saladino, [17] constituiu um ponto de virada em seu prestígio. Provou a incapacidade de seu exército de sustentar longos cercos. Para os cruzados, foi uma vitória muito importante porque Tiro tornou-se uma referência para o futuro renascimento cristão durante a Terceira Cruzada. Se Tiro não tivesse resistido, é provável que a Terceira Cruzada tivesse obtido muito menor sucesso. [18] Assim, sem a derrota em Hatim e a conseqüente perda de Jerusalém, provavelmente, não haveria a Terceira Cruzada.
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ A. KONSTAM, Atlas histórico das Cruzadas, 133
- ↑ "Crusades." Encyclopædia Britannica Online. Encyclopædia Britannica, 2011. Web. 24 de outubro de 2011.
- ↑ Peter W. Edbury, The Conquest of Jerusalem and the Third Crusade. Ashgate, 1996.
- ↑ "Saladin and the Fall of Jerusalem". Por Geoffrey Regan, página 135.
- ↑ "Knights of Jerusalem: The Crusading Order of Hospitallers 1100-1565". Por David Nicolle, página 73.
- ↑ «Cerco de Jerusalém (1099)». Wikipédia, a enciclopédia livre. 2 de maio de 2018
- ↑ "God's War: A New History of the Crusades". Por Christopher Tyerman, página 230.
- ↑ MADDEN, Thomas (2005). A história ilustrada das Cruzadas. Ann Arbor: University of Michigan P
- ↑ A. KONSTAM, Historical Atlas of The Crusades, 119
- ↑ a b c Nicholson p.81-82
- ↑ "Saladin and the Fall of Jerusalem". Por Geoffrey Regan, página 135.
- ↑ Folda p.28
- ↑ a b c d Payne p.280-282
- ↑ Dias 1940, p. 173.
- ↑ P. M. Holt, The Age of the Crusades: The Near East from the Eleventh Century to 1517. Longman, 1986.
- ↑ Steven Runciman, A History of the Crusades, vol. II: The Kingdom of Jerusalem and the Frankish East, 1100–1187. Cambridge University Press, 1952.
- ↑ "Lust for Power". Por Dick W. Zylstra, página 67.
- ↑ Lane-Poole p.241-243
Bibliografia
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- Dias, Eduardo (1940). Árabes e muçulmanos. Lisboa: Livraria clássica editora, A. M. Teixeira & c.a.
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