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Castelo de Alfeizerão

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Castelo de Alfeizerão
Castelo de Alfeizerão
Vestígios do Castelo de Alfeizerão, Portugal.
Informações gerais
Estilo dominante Românico
Construção c. 1147
Promotor D. Afonso Henriques
Aberto ao público Não
Estado de conservação Mau
Património de Portugal
Classificação  Imóvel de Interesse Público [♦]
DGPC 73602
SIPA 6701
Geografia
País Portugal
Localização Alfeizerão
Coordenadas 39° 30′ 01″ N, 9° 06′ 39″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico
[♦] ^ DL (Despacho) de 9 de Dezembro de 1974
Castelo de Alfeizerão, Portugal: vestígios. Aproximadamente ao centro, o marco geodésico.

O Castelo de Alfeizerão, de que restam vestígios, localizava-se na povoação e na freguesia de Alfeizerão, no Município de Alcobaça, região Oeste portuguesa e província histórica da Estremadura.[1][2]

Em posição dominante sobre uma colina, originalmente dominando um porto de mar, dista hoje cerca de três quilómetros da enseada de São Martinho do Porto.

Embora carecendo de aprofundamento das pesquisas, a primitiva ocupação desta região litorânea remonta à pré-história. Durante muito tempo admitiu-se (e muitos assim o escreveram) que se teria localizado aqui a Eburóbriga Galo-celta, que à época Romana se denominou Eburobrício (em latim: Eburobritium). Esta hipótese foi descartada a partir de 1995, pela descoberta da Eburobrício romana junto a Óbidos.

Parece provável, porém, em virtude de alguns achados e vestígios arqueológicos, e, ainda, interpretando o geógrafo Ptolomeu, que junto a Alfeizerão se tenha localizado Araducta. Esta tese é defendida pelo Prof. Vasco Gil Mantas, da Universidade de Coimbra.

Com base no topónimo e nas referências ao castelo, é costume atribuir aos Muçulmanos a fundação de Alfeizerão no século VIII. Nos nossos dias, porém, o Prof. Moisés Espírito Santo, da Universidade Nova de Lisboa, fez recuar a data da fundação ao tempo dos Fenícios, sustentando que o topónimo tem origem nos dialectos Púnicos que, segundo afirma, os Lusitanos falavam.

O castelo medieval

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No contexto da Reconquista cristã da Península Ibérica, a região foi tomada em 1147 pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), que teria determinado a sua reedificação, visando a defesa do trecho do litoral atlântico entre o promontório da Nazaré e a península de Peniche.

O mais antigo documento, até hoje conhecido, em que o topónimo aparece é uma carta de doação datada de 1287: Doaçam das cousas que entrarem pollo porto de selir a Rainha dona ysabel a fora certas cousas (…). Dante eno alfeysarã. IX dias de Juynho.

A povoação recebeu Carta de Foral em 1332, dada pela Abadia de Alcobaça e pelo abade D. João Martins. Esta carta foi confirmada em 1422, pelo abade Fernão do Quental (ou Fernando Quental), e novamente confirmada, em 1514, pelo rei D. Manuel (1495-1521).

Do terramoto de 1755 aos nossos dias

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Progressivamente assoreado, ainda ao fim do século XVI estimava-se que este porto acolhia oitenta navios de alto bordo. O castelo, em cujo paço se albergavam os soberanos a caminho de Alcobaça, foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, perdendo importância desde então.

O castelo e seus domínios permaneceram na posse da Abadia de Alcobaça até à extinção das Ordens Religiosas por D. Maria II (1826-1828; 1834-1853) em 1834, quando passaram para a posse da Fazenda Nacional. O terreno do castelo esteve, desde então, na posse de particulares de Rio Maior e das Caldas da Rainha. No século XX, desde a década de 1920 à de 1970, foi propriedade do Dr. Júlio Ferrari. Desde então, encontra-se na posse de uma família de Alfeizerão.

Em 1973 foi formulada uma proposta de limpeza e consolidação das ruínas, com a prospecção arqueológica do sítio, homologado como Imóvel de Interesse Público por Despacho de 9 de Dezembro de 1974.[2] Os trabalhos, entretanto, não tiveram lugar desde então, e assim, ano após ano, o estado de conservação do sítio tem piorado - sendo pouco visível o que resta.

A povoação onde está implantado alcançou entretanto fama gastronómica internacional em virtude do seu pão-de-ló.

Características

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O castelo apresentava planta retangular, em estilo românico. As suas muralhas, em cantaria de pedra, eram reforçadas, originalmente, por oito cubelos semi-circulares. Na praça de armas, descentrada a Leste, erguia-se a Torre de Menagem, de planta quadrada.

Chegaram até aos nossos dias a parte inferior de um pano de muralha, ligando os restos de dois cubelos. Sobre um deles está implantado, modernamente, um marco geodésico.

  • Almeida, Carlos Casimiro de. Alfeizerão - Apontamentos para a sua História. Alfeizerão: Junta de Freguesia de Alfeizerão, 1995.
  • Espírito Santo, Moisés. Cinco Mil Anos de Cultura a Oeste. Lisboa: Editora Assírio & Alvim, 2005.
  • Gonçalves, Iria. Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XV e XVI. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas), 1989.
  • Mantas, Vasco Gil. A Rede Rodoviária Romana e Medieval entre Lisboa e Braga. Coimbra: Faculdade de Letras de Coimbra. Dissertação de Doutoramento em História, 1996 (policopiada).
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Referências

  1. «Sítio Arqueológico do Castelo de Alfeizerão». Direção-geral do Património de Portugal. Consultado em 15 de julho de 2019 
  2. a b Ficha na base de dados SIPA