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Jogo do bicho

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(Redirecionado de Bicheiro)

O jogo do bicho é uma modalidade de loteria ilegal amplamente difundida no Brasil, organizada de maneira informal e não regulamentada no país. Baseado na associação de números a 25 animais, o jogo permite apostas em diferentes combinações numéricas ou em animais específicos.[1] Cada um dos 25 animais tem quatro números correspondentes, e as opções de apostas e premiações variam conforme as combinações vencedoras.[2]

O jogo teve origem no Rio de Janeiro em 1892.[3][4] Proprietário do Jardim Zoológico de Vila Isabel, o empresário João Batista Viana Drummond instituiu um sorteio diário como forma de atrair público e gerar mais receitas em seu emprendimento, onde cada participante recebia um bilhete ao entrar no zoológico, no qual constava a imagem de um animal.[5][6] A iniciativa fazia parte de um contrato firmado entre Drummond e a Conselho de Intendência Municipal carioca, que autorizou a exploração de “jogos públicos lícitos” apenas dentro do zoológico.[5][7] Inicialmente operando dessa maneira regulamentada, sua popularidade levou à expansão rápida para fora dos muros do parque. Bilhetes começaram a ser vendidos em pontos externos, permitindo a participação de um número crescente de pessoas, independentemente da visita ao zoológico.[8][9]

Embora a prática tenha sido criminalizada pelas autoridades públicas,[10] ela já havia sido amplamente disseminada e continuou a ser praticado de forma clandestina na então capital federal e, posteriormente, em outras partes do Brasil.[11] Apesar da proibição legal desde 1946, a atividade segue sendo popular e amplamente tolerada, operando através de redes informais controladas pelos chamados "bicheiros" ou "banqueiros".[nota 1] A Paraíba é o único local do país onde o jogo é regulamentado.[12]

Embora seja considerado uma contravenção penal, o jogo do bicho tornou-se parte da cultura popular brasileira,[nota 2] sendo associado também a práticas como corrupção, lavagem de dinheiro e financiamento de atividades culturais e esportivas, sobretudo com escolas de samba e até mesmo clubes de futebol. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas estimou que a atividade tenha movimentado R$ 419 milhões apenas no estado do Rio de Janeiro em 2014, cifra considerada subestimada por alguns, e mais do que o dobro do arrecadado pela Loterj (a loteria estadual fluminense) à época.[13] O jogo do bicho também cresceu em colaboração com autoridades públicas, por meio de parcerias criminosas que ganharam força durante a ditadura militar e continuam vigentes durante o período democrático. Os benefícios recebidos por políticos incluem desde recursos oriundos do jogo para financiar campanhas via caixa dois ao acesso privilegiado a comunidades pobres controladas pelos bicheiros.[6]

Origens no Rio de Janeiro

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As raízes do jogo do bicho contemporâneo situam-se no Rio de Janeiro entre o final do período monárquico brasileiro e o início da era republicana.[14] O empresário João Batista Viana Drummond havia comprado em 1872 uma vasta chácara na encosta da serra do Engenho Novo, onde ele passou a investir no ramo imobiliário e idealizou o construção do primeiro bairro planejado da então capital do Império, Vila Isabel.[15] Envolvido numa série de atividades e empreendedor ativo na urbanização do bairro, o então Comendador Drummond solicitou em 1884 junto à Câmara Municipal do Município Neutro permissão para dotar a cidade de um Jardim Zoológico em Vila Isabel.[14] Bem relacionado com os poderosos, o empresário obteve autorização para o novo empreendimento, que foi aberto provisoriamente como Jardim Zoológico de Vila Isabel em 6 janeiro de 1888, tendo sua inauguração “oficial” em meses depois.[16]

Contudo, o zoológico passou a demandar altos custos de manutenção. O agora Barão de Drummond buscava soluções para atrair público e aumentar as receitas do parque. Embora o governo imperial subsidiasse o empreendimento com 10 contos de réis anuais, Drummond argumentava que a soma era insuficiente para cobrir os custos operacionais e desenvolver o zoológico.[17] Após a queda da monarquia brasileira e a instituição de um governo repúblicano, o empresário solicitou junto à Conselho de Intendência Municipal da capital federal auxílio para enfrentar os desafio financeiros significativos com o zoológico, não em forma de mais dinheiro público, mas na forma da exploração de jogos lícitos dentro do Jardim.[18] Em 13 de outubro de 1890, foi celebrado aditamento ao contrato original entre Drummond e a Intendência Municipal em 1884 que autorizava a exploração de “jogos públicos lícitos” no zoológico de Vila Isabel.[19] O documento previa a realização de jogos públicos sob fiscalização policial, com o objetivo declarado de financiar melhorias no zoológico e fomentar atividades educativas, como aulas de zoologia e exposições permanentes.[20]

Dentre os diversos jogos legais permitidos dentro de suas dependências, foi criado um no qual haveria um sorteio atrelado aos ingressos do zoológico e envolvendo os 25 animais expostos ou não no local. Ao comprar a entrada, os visitantes recebiam um bilhete com a imagem de um animal. Diariamente, um sorteio seria realizado às 17 horas, quando uma caixa suspensa no parque era aberta para revelar o "animal vencedor".[21] Por sugestão de Manoel Zevada, gerente do zoológico, o jogo passou a aceitar não apenas imagens com os animais, mas também aceitasse números associados a eles.[22] Essa mudança ampliou as possibilidades de aposta e estabeleceu a estrutura básica do jogo do bicho como é conhecida atualmente, unindo o apelo simbólico dos animais à praticidade numérica.[22]

Em 3 de julho de 1892, foi realizada a primeira extração do "jogo dos animais" no Jardim Zoológico, que premiou com o equivalente a 20 réis (vinte vezes o valor do ingresso) 23 visitantes com o avestruz como animal sorteado.[14][23][24][25] O sucesso imediato do jogo levou a um aumento significativo da afluência diversificada ao zoológico, incluindo membros da elite e setores populares.[20][26] Logo, o jogo passou a ser divulgado como uma loteria com prêmios diários na imprensa, que não apenas relatava os resultados,[27][28] como também anúnciava premiações de até 40 mil réis.[29][30] Também em poucos dias, bilhetes começaram a ser vendidos fora das dependências do parque, como a Rua do Ouvidor,[31] o que possibilitou a participação de um público ainda maior.[29]

Entre 1892 e 1894, o jogo do bicho ainda estava em sua fase inicial, com sorteio restrito ao Zoológico do Rio de Janeiro e sob o controle exclusivo do barão, que escolhia o "bicho do dia".[32] Nesse período, o jogo era legal e muito popular, refletindo uma mania crescente de loterias na cidade.[33] O jogo ganhou ainda mais popularidade com o surgimento dos "intermediários" (bookmakers), que começaram a financiar e organizar o jogo, espalhando-o pela cidade e criando uma rede de apostadores. Esses agentes compravam grandes quantidades de bilhetes e formavam uma clientela particular, facilitando as apostas e permitindo que as pessoas jogassem de casa sem a necessidade de frequentar o Zoológico.[34] O próprio barão buscou expandir sua operação por esses canais, inaugurando escritórios em diversos pontos do Rio de Janeiro. Seus agentes começaram a vender bilhetes em vários locais comerciais, criando uma rede de distribuição. Os negociantes que trabalhavam com ele podiam ganhar quantias significativas, cerca de 50 mil-réis por dia, o que indicava a profissionalização do jogo.[35]

Da permissão à proibição

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Após sua criação em julho de 1892, o jogo do bicho rapidamente ganhou popularidade no Rio de Janeiro. O respaldo institucional foi essencial para o sucesso inicial da atividade. Autorizado pelo poder público desde o acordo entre o barão Dummond e a Intendência Municipal em outubro de 1890, o jogo do bicho foi tratado inicialmente como uma inovação alinhada aos objetivos de modernização e lazer urbano.[36] Contudo, sua crescente difusão e os impactos sociais associados começaram a suscitar reações ambíguas por parte das autoridades.[37] Apenas 20 dias após seu lançamento, o então Chefe de Polícia da capital federal publicou um ofício no jornal O Tempo, argumentando que o jogo do bicho era uma forma de jogo de azar, pois os ganhos dependiam exclusivamente do acaso, o que, segundo a legislação vigente, era proibido.[38] O Código Penal de 1890, nos artigos 369 e 370, proibia jogos de azar em locais públicos e privados, entendendo como tais aqueles em que o ganho ou perda dependiam da sorte.[38]

Entre 1892 e 1895, o jogo cresceu exponencialmente e ultrapassou os limites físicos e administrativos do zoológico, com a venda de bilhetes expandida para pontos externos, e ambulantes comercializando apostas nas ruas da capital federal. Essa popularização descontrolada despertou preocupações das autoridades municipais, que passaram a enxergar o jogo como uma ameaça à moralidade pública e à ordem urbana.[39] O discurso oficial, que antes ressaltava o valor educativo e recreativo do zoológico, mudou para associar o jogo do bicho ao "vício" e à "desordem".[40] Essa visão moralista foi compartilhada por alguns setores da sociedade, como a Associação dos Empregados do Comércio, que condenava o jogo por ser um "inimigo do trabalho honesto" e das virtudes tradicionais.[41] A ideia de contenção dos jogos de azar estava ligada a uma moral de comportamento público inspirada em uma ética protestante, presente em certos projetos sociais da época.[nota 3][41]

Em 1895, o prefeito Furquim Werneck de Almeida acionou a Procuradoria dos Feitos da Fazenda Municipal para investigar os contratos com a Companhia do Jardim Zoológico, responsável pela operação do jogo do bicho, e os procuradores recomendaram a rescisão do contrato com a companhia devido à exploração da atividade.[43] Como resultado, foi editado o Decreto nº 133, em 10 de abril daquele ano, autorizando o prefeito a rescindir o contrato com a empresa de João Drummond.[43] Por um lado, o decreto refletia a crescente pressão para conter os "escândalos" atribuídos à prática,[44] especialmente devido à sua rápida disseminação entre as classes populares e à dificuldade de controle por parte das autoridades.[38] No entanto, outras atividades de aposta, como o boliche e o frontão, que também ocorriam no zoológico, não foram alvo da mesma medida repressiva.[45]

Após a proibição, o Jardim Zoológico da Vila Isabel entrou em declínio,[46] e o jogo do bicho se reorganizou fora do alcance direto do poder público.[47] Essa transição marcou o início de sua consolidação como uma prática clandestina, operada por uma rede de "banqueiros" e sustentada pela adesão popular, desafiando repetidamente as tentativas de repressão ao longo das décadas seguintes.[11]

Evolução como delito penal

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Poucos anos após ser visto como um jogo de azar, o jogo do bicho sofreu mais reveses legais. Em 28 de outubro de 1899, foi aprovada a Lei federal nº 628, que introduziu penas de prisão de um a três meses para quem praticasse os jogos de azar, conforme estabelecido no artigo 367 do Código Penal da época.[48][49] A lei também atribuía aos chefes de polícia e delegados do então Distrito Federal a competência para processar essas contravenções, sem a necessidade de denúncia, o que tornava a repressão mais eficaz.[48][49]

Já em 30 de dezembro de 1910, foi promulgada a Lei federal nº 2.321, que revogou os artigos 367 e 368 do Código Penal, além da própria Lei nº 628/1899.[50][51] Essa nova lei também atualizou a definição de loterias autorizadas e não autorizadas, com o artigo 31 fazendo menção a loterias que envolviam símbolos e figuras, interpretação que muitos associam ao jogo do bicho.[50][51] A pena de prisão foi aumentada, variando de 2 a 6 meses, e a multa foi fixada em 2 contos de réis.[50]

Em 1917, durante a Conferência Judiciária-Policial convocada pelo chefe de polícia Aurelino Leal, o tema do jogo do bicho foi abordado na relatoria do delegado Armando Vidal, que concluiu pela manutenção do jogo como contravenção penal com base nos artigos 31 e 32 da Lei nº 2.321.[52] Porém, nesse período, havia um descompasso entre a repressão policial e as decisões judiciais. Entre 1906 e 1917, apenas 13% dos acusados de praticar o jogo do bicho foram efetivamente condenados, principalmente devido à falta de testemunhas que pudessem comprovar o caráter de "jogo de azar" conforme a definição legal.[53][54] Esse problema processual também influenciou as liberdades dos acusados, uma vez que muitos infratores foram liberados devido à falta de provas e à possibilidade de pagamento de fiança, além da dificuldade em reunir testemunhas suficientes para embasar as acusações.[55]

Durante o regime de Getulio Vargas (1930-1945), o jogo do bicho também foi alvo de ações legais mais rigorosas, especialmente a partir de 1932, com a promulgação do Decreto-Lei nº 21.143, que pela primeira vez tipificou o jogo como contravenção penal.[56][57] A nova legislação tornou o ilícito inafiançável, ampliou a pena de prisão para seis meses a um ano e aumentou a pena pecuniária para dez contos de réis.[56] Essa medida representou um endurecimento significativo da política pública em relação ao jogo do bicho, em um momento de forte liberalização dos jogos de azar no Distrito Federal, sobretudo dos casinos.[58] A estrutura do governo varguista facilitou a implementação de políticas que permitiram a legalização dos casinos, com a prefeitura do Rio de Janeiro, sob a liderança do prefeito Pedro Ernesto, incentivando a manutenção dos jogos devido à arrecadação tributária significativa.[58]

Durante o Estado Novo, uma retórica moralista contra os jogos de azar começou a ganhar força, associando-os à corrupção dos valores morais da sociedade brasileira.[58] No entanto, apesar dessa pressão e de o próprio Vargas ter endurecido o discuros, o jogo nunca chegou a ser proibido de forma definitiva, como muitos esperavam; por exemplo, a operação dos casinos na capital do país foi permitida até o fim de seu governo em 1945.[58] No entanto, o Código de Contravenções Penais de 1941 incluiu pela primeira vez um artigo (artigo 58) que utilizava a expressão jogo do bicho, conferindo-lhe inequivocamente personalidade jurídica e classificando-o como infração à lei.[58][59] Esse foi o primeiro passo jurídico importante para criminalizar o jogo em termos legais, o que se refletiu no aumento acentuado da repressão no período.[58] Entre 1940 e 1941, mais de 780 pessoas foram presas em Rio de Janeiro por envolvimento com o jogo do bicho, enquanto que entre 1942 e 1945 mais de 4.200 pessoas foram acusadas de infringir o artigo 58 e passaram pelas delegacias de polícia do Distrito Federal.[60] Apesar disso, o volume de absolvições diminuiu, embora "não por causa de uma redução proporcional no número de prisões frívolas, mas porque a polícia tinha respondido às realidades do sistema de justiça e encontrado formas rotineiras de contornar os procedimentos jurídicos - um processo que começou décadas antes."[60]

Com a posse de Eurico Gaspar Dutra à presidência em 1945, a repressão ao jogo do bicho e aos jogos de azar se intensificou ainda mais. Dutra, que se apresentou como defensor da moralidade pública, iniciou uma série de medidas para erradicar os jogos de azar no Brasil.[61] Em março de 1946, foi criado o Serviço de Repressão aos Jogos Proibidos, que realizou 114 prisões nos primeiros dias de operação. Além disso, o presidente, em reunião com seus ministros e a polícia do Rio de Janeiro, anunciou a intenção de criminalizar todos os jogos de azar por meio de uma nova legislação.[61] O Decreto-Lei nº 9.215, promulgado em 30 de abril de 1946, proibiu definitivamente os jogos de azar em todo o Brasil.[62] Logo, as prisões por jogo do bicho cresceram imediatamente naquele ano, refletindo uma verdadeira mudança na relação do estado com o jogo, e não com as contravenções em geral.[61]

Interações com o poder oficial

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Apesar dessa proibição, o jogo nunca desapareceu, sendo amplamente praticado em locais informais, com grande tolerância por parte da sociedade e até de certos setores da polícia. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais tornaram-se os maiores centros de operação do jogo.

No Rio, em particular, o jogo do bicho evoluiu para uma organização criminosa complexa e estruturada, especialmente a partir da década de 1970, durante a ditadura militar.[63] A colaboração entre bicheiros e militares foi responsável por assassinatos e perseguições políticas, com pessoas ligadas aos primeiros, como foi o caso de um primo do contraventor Anísio Abraão David, atuando como capangas e informantes.[64][65] O regime militar, por sua vez, muitas vezes favoreceu os bicheiros, proporcionando-lhes proteção e impunidade, o que ajudou a consolidar a relação entre as duas partes.[66][67][68] Além disso, houve a cooptação de ex-agentes da repressão militar - muitos dos quais com experiência em táticas de tortura, espionagem e controle territorial – que encontraram nos bicheiros uma oportunidade de poder, sendo incorporados às facções criminosas do jogo do bicho e levando consigo os conhecimentos adquiridos nas masmorras da ditadura, como hierarquia, disciplina e estratégias logísticas. O exemplo mais notório é Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, ex-integrante do exército brasileiro que se aproximou da contravenção até se tornar um dos bicheiros mais poderosos do Rio.[69][70]

Após o fim da ditadura, enquanto o Brasil vivia uma transição para a democracia, o jogo do bicho já estava profundamente enraizado na estrutura criminosa do país, sendo uma das facções mais poderosas e resilientes, capaz de se adaptar aos novos tempos e continuar sua atuação como uma organização mafiosa, diversificando suas atividades e expandindo seu domínio territorial, enquanto suas raízes no crime organizado se aprofundavam.[63] Figuras como Castor de Andrade e o Capitão Guimarães estiveram na mira da justiça, sendo responsáveis por uma rede de corrupção que envolvia políticos, juízes, policiais e empresários.[66][69] Castor foi um exemplo da relação estreita entre o jogo e o poder político, tendo sido investigado e preso por vários crimes, mas nunca completamente erradicado de sua atividade.[66]

Durante a década de 1990, a repressão à contravenção intensificou-se no Rio de Janeiro, com investigações federais e a criação de operação de combate ao crime organizado. Bicheiros poderosos foram acusados de associação criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e extorsão.[71][72] Em 1993, a juíza Denise Frossard condenou à prisão de 14 bicheiros que operavam no Rio,[73] entre os quais Castor de Andrade, Capitão Guimarães, Anisio Abraão David, Raul Corrêa de Mello (Raul Capitão), Luiz Pacheco Drummond (Luizinho), Waldemiro Garcia (Miro), ntônio Petrus Kalil (Turcão), Carlos Teixeira Martins (Carlinhos Maracanã), José Caruzzo Escafura (Piruinha), Haroldo Rodrigues Nunes (Haroldo Saens Peña), Emil Pinheiro, Paulo Roberto de Andrade (Paulinho Andrade) e Waldemir Garcia (Maninho).[74] As sentenças, que variavam entre um a dois anos, colocaram os bicheiros na cadeia, mas eles ficaram presos por pouco tempo.[74]

Apesar das inúmeras investigações e operações policiais, o jogo do bicho se manteve como uma das principais fontes de renda para organizações criminosas no Brasil, com um sistema de pagamentos e subornos estabelecido que dificulta sua erradicação. Em 2007, a "operação Furacão" da Polícia Federal brasileira descobriu que o ministro Paulo Medina, integrante do Superior Tribunal de Justiça, teria vendido uma sentença aos bicheiros por R$ 1 milhão.[75][76]

Com o passar dos anos, o jogo do bicho passou a atuar com outros modelos de aposta, na década de 1990, foram as máquinas caça-níqueis[77] e, já na década de 2020, com casas de apostas esportivas mais conhecidas como bets e o popular "jogo do tigrinho", ambos operando por aplicativos para celular.[78][79] Uma investigação iniciada em 2022 mostra relação da plataforma Esportes da Sorte com o jogo do bicho.[80][81]

Aspectos sociais e culturais

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O jogo do bicho não representou apenas uma forma de diversão popular, mas também desempenhou um papel econômico e social importante em diversas comunidades. Com a modalidade sendo ilegal, alguns dos seus exploradores adotaram a estratégia de financiar atividades de interesse popular, no mundo do futebol e do samba, para angariar apoio e aceitação social enquanto continuavam a exercer sua principal atividade.[82][83]

Até a profissionalização do futebol no Brasil, a modalidade era considerada amadora, o que implicava que qualquer pagamento direto aos atletas fosse proibido.[84] No entanto, com o aumento da competitividade nos campeonatos, os clubes começaram a buscar formas de contratar e manter bons jogadores. Para contornar as restrições ao pagamento direto, muitos clubes adotaram um sistema informal, no qual os jogadores recebiam dinheiro sob a justificativa de serem trabalhadores de outra profissão, embora esse emprego fosse, na prática, fictício ou de fachada. Dessa forma, os atletas eram registrados como funcionários de empresas, mas não precisavam realmente trabalhar, podendo dedicar seu tempo ao treinamento.[84] No Rio de Janeiro, havia uma prática adicional para incentivar os jogadores sem que fosse evidente o pagamento de "prêmios". Os sócios dos clubes ofereciam recompensas financeiras em caso de vitória. Para mascarar essa compensação, os atletas afirmavam que o valor provinha de ganhos no "jogo do bicho".[85] Essa prática é considerada a origem do termo "bicho" no futebol, usado até hoje para se referir ao pagamento variável aos jogadores, geralmente relacionado a vitórias ou à conquista de objetivos como títulos e classificações.[85]

Com o tempo, alguns bicheiros passaram a se envolver diretamente com clubes de futebol carioca, tornando-se patronos ou até dirigentes.[82] Entre os casos mais notórios, destacam-se os vínculos com os clubes Madureira, Bangu e Botafogo. O bicheiro Aniceto Moscoso foi patrono do Madureira, tendo sido presidente do clube na década de 1930. Atualmente, seu nome dá título ao estádio do time suburbano.[86] O Bangu manteve estreitos laços com a família Andrade entre as décadas de 1960 e 1980, inicialmente com Ernesto Andrade (conhecido como Zizinho) e, posteriormente, com seu filho, Castor de Andrade.[85][87] Sob o patrocínio de Castor, o Bangu se consolidou como uma equipe respeitada no futebol carioca, tendo como maior feito o vice-campeonato no Campeonato Brasileiro de 1985.[85] Já o contraventor Emil Pinheiro se tornou dirigente e patrono do Botafogo no final da década de 1980, período em que o clube enfrentava um jejum de mais de 20 anos sem títulos oficiais. Contando com o apoio financeiro de Pinheiro e com a contratação de alguns dos maiores nomes do futebol brasileiro, o Botafogo conquistou o Campeonato Carioca de 1989 e foi vice-campeão nacional de 1992.[85]

Nos anos seguintes, houve um acentuado declínio do apoio dos bicheiros ao futebol. Ainda assim, o nome do "troféu Castor de Andrade", da Taça Guanabara de 1998, era uma homenagem póstuma ao contaventor morto no ano anterior.[88]

As relações entre o jogo do bicho e o samba, especialmente com o carnaval do Rio de Janeiro, são profundas e persistem até hoje. Registros indicam a presença de bicheiros nos primórdios das festividades, como o caso de "Seu Artur", que, em 1917, auxiliava financeiramente blocos e ranchos durante o evento.[82] No entanto, foi com Natal da Portela que o jogo do bicho passou a exercer uma influência significativa nas escolas de samba cariocas.[83] A trajetória de Natal como bicheiro teve início em 1928, quando trabalhava para Capitão Amorim. Mais tarde, se tornou agente e gerente, assumindo o controle de diversos pontos de apostas. Na década de 1940, fundou a firma Haia, consolidando sua posição como banqueiro do jogo do bicho, e passou a apoiar financeiramente a Portela nos anos seguintes.[82]

No entanto, foi a partir da década de 1970 que os vínculos entre o jogo do bicho e o carnaval do Rio se fortaleceram. Esse período marcou a consolidação da "cúpula do jogo do bicho", em resposta a novos desafios econômicos e sociais.[83] Com a criação da loteria esportiva em 1970, o jogo do bicho enfrentou uma queda significativa em sua rentabilidade, o que levou seus líderes a buscar alternativas para diversificar suas fontes de renda, incluindo contrabando, lavagem de dinheiro, comércio ilegal de armas e extorsão.[83] As disputas internas entre os bicheiros e a crescente instabilidade agravaram a situação, criando um ambiente propício para a reestruturação das atividades do jogo. A ascensão de Castor de Andrade à liderança do jogo do bicho propiciou a reorganização interna, com a demarcação de territórios e a pacificação das rivalidades entre os principais bicheiros.[83]

Nesse contexto, a relação entre o jogo do bicho e o carnaval se intensificou, uma vez que muitas escolas de samba, especialmente as de médio e menor portes, enfrentavam sérias dificuldades financeiras devido à falta de apoio público. Sem políticas públicas efetivas para o carnaval, essas escolas passaram a depender do financiamento privado, e os bicheiros, interessados em ampliar seu poder e influência, passaram a patrocinar diversas agremiações.[83] Foi nesse cenário que escolas como Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente, Salgueiro e Vila Isabel começaram a receber apoio significativo de mecenas ligados ao jogo do bicho.[82] Esse relação ficou mais evidente no carnaval de 1976, quando a Beija-Flor, vinculada à família do contraventor Anísio Abraão David, escolheu o enredo "Sonhar com rei dá leão", uma clara referência ao jogo do bicho.[nota 4] Com um desfile grandioso e inovador, a escola de Nilópolis conquistou seu primeiro título no carnaval carioca e iniciou a era das “superescolas de samba S.A.”.[89] A partir desse novo padrão competitivo imposto pela Beija-Flor, outras escolas, como a Mocidade e a Imperatriz, também se associaram rapidamente aos bicheiros, como Castor de Andrade e Luizinho Drummond,[89] e mais tarde, o mesmo ocorreu com o Salgueiro e a Vila Isabel, respectivamente com os contraventores Miro Garcia e Capitão Guimarães.[83] Em 1980, uma reportagem da revista Veja destacou bicheiros já financiavam sete das dez principais agremiações do carnaval carioca daquele ano.[90]

Esse apoio não era apenas financeiro, mas também envolvia um controle maior sobre o território onde as escolas estavam localizadas, o que gerava benefícios tanto para as agremiações quanto para os contraventores.[83] Além disso, patrocinar escolas de samba permitia aos bicheiros uma “lavagem de imagem”, transformando-os em figuras midiáticas, com conexões que envolviam políticos, empresários e celebridades, o que ajudava a consolidar seu poder tanto dentro quanto fora do mundo do samba.[83]

A visibilidade e o poder dos banqueiros do bicho atingiram um novo patamar com a criação da Liga Independente das Escolas de Samba em 1984.[91] Fundada por nomes de destaque do jogo do bicho, como Capitão Guimarães, Castor de Andrade, Luizinho Drummond e Anísio Abraão David, a Liesa representou um movimento de ruptura com a antiga Associação das Escolas de Samba,[69][90] assumindo o controle direto da organização dos desfiles e recebendo, de maneira tácita, o reconhecimento do poder público.[89] A criação da Liesa ocorreu três meses após o desfile inaugural do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, projetado por Oscar Niemeyer a pedido do então governador Leonel Brizola,[92] que reconheceu publicamente o papel dos bicheiros como financiadores das escolas de samba, mostrando uma certa tolerância em relação ao jogo.[93]

Na década de 2010, a relação entre o jogo do bicho e o carnaval voltou à tona em um contexto de denúncias. Em 2012, durante discussões sobre a reforma do Código Penal, que visavam classificar o jogo do bicho como crime, uma reportagem da revista Época acusou bicheiros de lavar dinheiro e desviar recursos públicos por meio do controle das escolas de samba. Essas acusações reacenderam o debate sobre a influência do jogo do bicho no carnaval e geraram controvérsias sobre a relação entre o poder político e o universo das contravenções.[93] Nos últimos anos, no entanto, as milícias, que vêm ganhando terreno no controle de territórios da cidade, buscam agora também o domínio das escolas de samba localizadas nessas regiões,[83] da mesma forma que o tráfico de drogas já tentou, e em alguns casos conseguiu, controlar essas agremiações.[83]

Perspectivas e legalização

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O debate sobre a legalização do jogo do bicho em nível nacional é recorrente. Muitos defensores da regularização argumentam que, como o jogo já é amplamente praticado, legalizá-lo poderia trazer benefícios fiscais, como a geração de impostos e a redução da criminalidade associada ao mercado clandestino. No entanto, a maior parte do país ainda permanece com legislação restritiva, considerando o jogo como uma atividade criminosa. Desde 2014, tramitava no Senado Federal o projeto de lei N.186, que dispunha sobre a exploração de jogos de azar no país, incluindo o jogo do bicho, mas que acabou arquivado.[94]

Regulamentação na Paraíba

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A Paraíba é o único estado brasileiro onde o jogo do bicho é legalizado e regulamentado desde 1967, quando o então governador João Agripino Maia tomou a decisão de regulamentar a atividade. Desde então, o jogo segue sendo autorizado pelo governo estadual da Paraíba, com licenças expedidas pela Lotep, a loteria estatal.[12] Em contraste com a situação nos outros estados do Brasil, onde o jogo é tolerado de forma informal, na Paraíba os banqueiros do jogo do bicho operam de forma legal e credenciados como agentes lotéricos, e as bancas, organizadas de maneira familiar, pagam uma taxa mensal à Lotep, que varia conforme o potencial arrecadatório de cada município.[12] As apostas são feitas com base nos sorteios realizados três vezes por dia nas dependências da Lotep, cujos resultados são divulgados pela rádio oficial do governo.[12]

Nas cidades paraibanas, o jogo do bicho é distribuído por meio de uma rede de bancas, que podem ser estabelecidas em lojas, quiosques e ruas. As bancas funcionam com licenças individuais em nome dos bicheiros, geralmente membros de famílias que herdaram as operações de seus pais. Quando um banqueiro morre, a direção do negócio é transmitida para os filhos ou viúvas, mas a licença permanece em nome do fundador.[12] Na Paraíba, existe uma cooperativa informal criada para evitar disputas entre os bicheiros e regularizar a distribuição dos lucros. A cooperativa organiza o rateio da receita gerada pelas apostas entre seus membros. As bancas participantes da cooperativa pagam uma taxa mensal à Lotep, proporcional à arrecadação de cada município. O sistema de sorteios ocorre nos auditórios da Lotep, sendo acessível ao público e com transparência na divulgação dos resultados.[12]

Estrutura gerencial

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O controle do jogo do bicho é exercido por uma hierarquia rígida. Sua organização é estruturada da seguinte forma:[6]

  • Banqueiro ou bicheiro: o responsável por financiar o jogo e pagar os prêmios.
  • Gerente de banca: intermediário entre os banqueiros e os apostadores.
  • Vendedor ou anotador: a pessoa que coleta as apostas e repassa ao gerente.

Cada banca tem uma estrutura descentralizada, funcionando em locais variáveis, como pontos de venda móveis, e as apostas podem ser feitas de forma informal nas chamadas bancas, muitas vezes operadas em locais como bares e lojas. A falta de um centro fixo de operação permite que o jogo se dissemine rapidamente e atue com muita flexibilidade. Frequentemente, vendedores e gerentes estão nas ruas, com pontos de venda informais ou até mesmo utilizando serviços como motoboys para coletar as apostas.

Funcionamento

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O jogo do bicho é baseado em um sistema de apostas numéricas, onde cada animal corresponde a uma sequência numérica específica entre 00 e 99. Por exemplo, o leão (1) poderia ser associado aos números de 01 a 04, enquanto o camelo (8) poderia corresponder aos números 29 a 32. Atualmente, a associação é feita com números que vão de 0000 a 9999, distribuídos entre os animais, com o prêmio variando conforme o número apostado.

As modalidades de aposta incluem:

  • Milhar: aposta em quatro dígitos (ex.: 1234).
  • Centena: aposta em três dígitos (ex.: 234).
  • Dezena: aposta em dois dígitos (ex.: 34).

O sorteio, realizado diariamente, escolhe o número vencedor, e quem apostou na sequência correta recebe o prêmio. O valor da aposta pode ser muito baixo, tornando o jogo acessível, mas com prêmios que variam conforme a quantidade apostada e o tipo de aposta feita.[nota 5] Desde que as operações do jogo do bicho foram transferidas para as "fortalezas" (os QGs dos "banqueiros"), os sorteios passaram a utilizar os mesmos números vencedores da loteria federal do Brasil.[6]

Para evitar o risco de "quebra da banca" – quando o negócio não consegue pagar os prêmios em caso, por exemplo, de uma aposta muito alta –, os bicheiros inventaram a chamada "descarga" para possíveis problemas de liquidez. Os bicheiros menores fazem um "seguro" ao pagar parte das apostas a um bicheiro maior, que garante apostas altas caso seja necessário, algo similar as realizado por bancos e empresas com contratos de risco compartilhados, operações de hedge e seguros.[6]

Tabela dos bichos

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Os números atuais do jogo são os seguintes:

Grupo 01 02 03 04 05
Animal Avestruz
Avestruz
01--02--03--04
Águia
Águia
05--06--07--08
Burro
Burro
09--10--11--12
Borboleta
Borboleta
13--14--15--16
Cachorro
Cachorro
17--18--19--20
Grupo 06 07 08 09 10
Animal Cabra
Cabra
21--22--23--24
Carneiro
Carneiro
25--26--27--28
Camelo
Camelo
29--30--31--32
Cobra
Cobra
33--34--35--36
Coelho
Coelho
37--38--39--40
Grupo 11 12 13 14 15
Animal Cavalo
Cavalo
41--42--43--44
Elefante
Elefante
45--46--47--48
Galo
Galo
49--50--51--52
Gato
Gato
53--54--55--56
Jacaré
Jacaré
57--58--59--60
Grupo 16 17 18 19 20
Animal Leão
Leão
61--62--63--64
Macaco
Macaco
65--66--67--68
Porco
Porco
69--70--71--72
Pavão
Pavão
73--74--75--76
Peru
Peru
77--78--79--80
Grupo 21 22 23 24 25
Animal Touro
Touro
81--82--83--84
Tigre
Tigre
85--86--87--88
Urso
Urso
89--90--91--92
Veado
Veado
93--94--95--96
Vaca
Vaca
97--98--99--00

Notas

  1. Embora não haja cálculos oficiais, havia uma estimava de que cerca de 10 milhões de brasileiros faziam apostas regulares no jogo do bicho na década de 1990.[1]
  2. Um exemplo disso é a associação do número 24 com a comunidade LGBT, devido ao fato de o número ser associado ao animal veado (um termo pejorativo para homossexuais). Além disso, o termo zebra, que significa surpresa ou resultado improvável, tem sua origem no fato de que não existe zebra no jogo do bicho, tornando esse termo emblemático para resultados inesperados.
  3. Além disso, no final do século XIX, o Rio de Janeiro vivia uma fase de transformações urbanísticas e sociais, com um forte movimento higienista e modernizador. A ideia era que as atividades de lazer não fossem apenas uma forma de diversão, mas também um meio de educação, especialmente para os trabalhadores. Dentro desse contexto, as autoridades procuraram restringir jogos como o do bicho, que eram vistos como parte de uma cultura que não contribuía para os objetivos de ordem e produtividade social.[42]
  4. Ao contrário de outros bicheiros do seu tempo, a ligação afetiva de Anísio Abraão David com a escola de Nilópolis era mais antiga que os interesses do jogo.[83]
  5. O jogo do bicho é semelhante à loteria federal, mas com algumas diferenças: uma delas é que o jogador pode apostar qualquer valor, que muitas vezes é bem acima de suas possibilidades. Quanto maior o valor apostado em uma sequência numérica (milhar, centena, dezena, etc.), maior será o prêmio em caso de acerto. Com essa flexibilidade de apostas, o jogador é livre para escolher pelo menor valor possível o seu número da sorte nas 10.000 chances disponíveis em cada sorteio. Por exemplo, caso um apostador que tenha feito uma aposta de R$ 1,00 em uma milhar no primeiro prêmio (conhecido como "cabeça" por ser a primeira milhar no topo da lista de resultados) e acertado os quatro números, ele ganhará R$ 3.000,00. Se tivesse jogado R$ 0,50 na mesma aposta e acertado, receberia uma prêmio de R$ 1.500,00. Toda banca tem uma tabela de valores que são apresentados aos apostadores, tabela essa que tem muito pouca diferença de banca para banca.

Referências

  1. a b DaMatta & Soárez 1999, p. 59.
  2. DaMatta & Soárez 1999, p. 40.
  3. DaMatta & Soárez 1999, pp. 60-62.
  4. Magalhães 2005, pp. 8-9.
  5. a b DaMatta & Soárez 1999, p. 65.
  6. a b c d e Guimarães 2017.
  7. Magalhães 2005, pp. 19-21.
  8. DaMatta & Soárez 1999, pp. 70-71.
  9. DaMatta & Soárez 1999, p. 74.
  10. DaMatta & Soárez 1999, pp. 80-83.
  11. a b BN Digital 2024.
  12. a b c d e f Lobato 2007.
  13. O Globo 2016.
  14. a b c Magalhães 2005, p. 9.
  15. DaMatta & Soárez 1999, pp. 60-61.
  16. Magalhães 2005, p. 17.
  17. DaMatta & Soárez 1999, p. 63.
  18. Magalhães 2005, p. 19.
  19. Magalhães 2005, pp. 20-21.
  20. a b Magalhães 2005, p. 21.
  21. DaMatta & Soárez 1999, pp. 65-66.
  22. a b DaMatta & Soárez 1999, pp. 66-67.
  23. O Tempo 1892a, p. 1.
  24. Diário do Commercio 1892a, p. 1.
  25. Jornal do Commercio 1892, p. 2.
  26. DaMatta & Soárez 1999, p. 70.
  27. Diário do Commercio 1892b, p. 2.
  28. Diário de Notícias 1892, p. 2.
  29. a b Magalhães 2005, p. 22.
  30. Jornal do Commercio 1892, p. 10.
  31. O Tempo 1892b, p. 4.
  32. DaMatta & Soárez 1999, p. 72.
  33. DaMatta & Soárez 1999, p. 73.
  34. DaMatta & Soárez 1999, pp. 74-75.
  35. DaMatta & Soárez 1999, p. 76.
  36. Magalhães 2005, p. 23.
  37. Magalhães 2005, pp. 23-25.
  38. a b c Magalhães 2005, p. 171.
  39. Magalhães 2005, pp. 38-39.
  40. Magalhães 2005, p. 35.
  41. a b Bretas 1997, p. 92.
  42. DaMatta & Soárez 1999, p. 28.
  43. a b Magalhães 2005, p. 172.
  44. Magalhães 2005, pp. 100-101.
  45. Magalhães 2005, p. 174.
  46. Magalhães 2005, pp. 24-25.
  47. Magalhães 2005, p. 79.
  48. a b Congresso Nacional 1899.
  49. a b Chazkel 2011, pp. 87,257.
  50. a b c Congresso Nacional 1910.
  51. a b Chazkel 2011, pp. 214,257.
  52. Chazkel 2011, pp. 214-216.
  53. Chazkel 2011, p. 236.
  54. Magalhães 2005, p. 183.
  55. Magalhães 2005, p. 186.
  56. a b Presidência da República 1932.
  57. Chazkel 2011, pp. 256-257.
  58. a b c d e f Chazkel 2011, p. 256.
  59. Presidência da República 1941.
  60. a b Chazkel 2011, p. 257.
  61. a b c Chazkel 2011, p. 258.
  62. Presidência da República 1946.
  63. a b Otavio & Jupiara 2013a.
  64. Otavio & Jupiara 2013e.
  65. Otavio & Jupiara 2013f.
  66. a b c Otavio & Jupiara 2013d.
  67. Otavio & Jupiara 2013g.
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  82. a b c d e Lopes & Simas 2015, p. 166.
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  92. O Filippo 2017.
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Bibliografia consultada

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