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Afonso Nogueira

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D. Afonso Nogueira, CRSJE (? - Alenquer, Outubro de 1464) foi um dos fundadores dos Lóios, prior de São João da Praça (1432), protonotário apostólico (1442-1451) e membro do conselho do rei (1449-1459), bem como bispo de Coimbra (1453-1459) e mais tarde arcebispo de Lisboa (1459-1464[1]. Era senhor do morgado de Santa Ana, em São Lourenço de Lisboa, que lhe pertencia após a morte do irmão, tendo renunciado a favor da sua irmã Violante Nogueira[2].

D. Afonso era filho de Afonso Anes Nogueira, alcaide-mor de Lisboa, e de Joana Vaz de Almada (filha de Vasco Lourenço de Almada).

Terá nascido na capital pelos anos de 1399. "Cedo de sinco o livrou Deus de hú perigo terrível: andava brincado pela casa com aquella inquietação innocente, própria da primeira idade, & encostando-se ao parapeito de hõa janela, faltando lhe o arrimo, cahio precipitado. Era a janela tão alta; & a criaturinha tão téra q todos o julgàvão não só morto mas despedaçado : gritou a mãy atraveílada de dòr corrèrão os criados cheyos de comiseração sentimento & acharão o menino ileso & muito alegre dizendo, q o sustentara nos braços outro menino como elle, seria como elle na apparencia, não na realidade porq fé duvida era o Anjo da sua guarda."[3]

Se aplicou na Universidade de Lisboa ao estudo da retórica e na filosofia[3].

Obteve o título de doutor em leis pela universidade de Bolonha, tendo mais tarde ingressado na Congregação dos Cónegos Seculares de São João Evangelista (os Lóios), em Vilar de Frades[2], da qual foi membro fundador[4].

No final de 1439, na sequência do acordo estabelecido nas cortes de Lisboa, obteve a missão encomendada pelo Infante D. Pedro, Duque de Coimbra de ir junto da rainha D, Leonor, que se encontrava em Alenquer, para que esta desse a sua concordância as decisões aí tomadas e que permitisse a presença do jovem rei D. Afonso V de Portugal, seu filho, nas cortes[5].

Em 1442 infante D. Pedro, duque de Coimbra, já na qualidade de regente do Reino de Portugal, conseguiu junto do papa, que o Hospital/Convento de Santo Elói situado em Lisboa, fosse agregado àquela Congregação. D. Afonso Nogueira, por indicação do bispo de Viseu, assume então a direcção deste estabelecimento. Aqui praticou acções de caridade junto dos enfermos, moribundos e pobres, acudindo no alívio aos mais necessitados[2].

O Papa Nicolau V fê-lo bispo de Coimbra em 1453, e por ocasião da morte do cardeal Jaime de Portugal em Florença, em Agosto de 1459, foi D. Afonso designado novo arcebispo de Lisboa em 17 de Setembro de 1459.

Em 1463, no lugar de Carnide, no termo de Lisboa, um jovem de nome Pero Martins afirmou ter visto Nossa Senhora em sonhos, com o Menino Jesus ao colo segurando uma vela ou uma lamparina. A partir daí, difunde-se o culto de Nossa Senhora da Luz, tendo no ano seguinte o arcebispo D. Afonso lançado a primeira pedra da Igreja de Nossa Senhora da Luz, em Carnide, diante do rei D. Afonso V e demais membros da Corte.

No ano seguinte, começando a grassar a peste na capital, o arcebispo D. Afonso recolheu-se à vila de Alenquer, em busca de melhores ares; contudo, viria aí a falecer, em Outubro de 1464.

Há historiadores de arte que defendem que é uma das personagens presentes nos enigmáticas Painéis de São Vicente de Fora[2].

Referências

  1. Nobilitação e espiritualidade na Lisboa medieval: os Nogueira, os Brito e a Paróquia de São Lourenço (1296-1523), por Gonçalo Melo da Silva, Conflicto político: lucha y cooperación. Ciudad y nobleza en Portugal y Castilla en la Baja Edad Media, Adelaide Millán da Costa, José Antonio Jara Fuente, IEM – Instituto de Estudos Medievais, pág. 349, nota 26
  2. a b c d Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um estudo sobre os Painéis de S. Vicente de Fora), por Clemente Baeta, editado por Bubok Publishing S.L., Dezembro 2012, Registo IGAC: 5470/2012, ISBN Papel: 978-84-686-3045-8
  3. a b O ceo aberto na terra : historia das sagradas congregações dos conegos seculares de S. Jorge em Alga de Venesa, & de S. João Evangelista em Portugal, por Francisco de Santa Maria, na officina de Manoel Lopes Ferreyra, Lisboa, 1697, livro segundo, pág. 640
  4. Um prelado em tempos de reformas: o percurso de D. Afonso Nogueira (1399-1464), por Gonçalo Melo da Silva, Lusitânia Sacra, 2ª Série, tomo 33: Mobilidades Medievais: Carreiras, Projectos, Realizações, (Janeiro-Julho 2016), pp. 161-202. ISSN: 0076-1508
  5. Estes dois factores eram necessários para validar as resoluções então aprovadas, a mais importante das quais era a atribuição da regência apenas ao infante D. Pedro. Esta missão falhou dada a relutância posta pela rainha, mas o objectivo acabou por ser atingido logo a seguir com a intervenção do Infante D. Henrique - Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um estudo sobre os Painéis de S. Vicente de Fora), por Clemente Baeta, editado por Bubok Publishing S.L., Dezembro 2012, Registo IGAC: 5470/2012, ISBN Papel: 978-84-686-3045-8

Ligações externas

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Precedido por
Luís Coutinho
Brasão episcopal
Bispo de Coimbra

1453 - 1459
Sucedido por
João Galvão
Precedido por
Jaime de Portugal,
Cardeal
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Lisboa

1459 - 1464
Sucedido por
Jorge da Costa,
Cardeal de Alpedrinha
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