1.ª Cúpula do Movimento Não Alinhado
Conferência de Cúpula de Chefes de Estado ou de Governo do Movimento Não Alinhado | |||||
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Reunião da Cúpula na Casa da Assembleia Nacional
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Anfitrião | Iugoslávia | ||||
Sede | Casa da Assembleia Nacional | ||||
Cidade(s) | Belgrado | ||||
Data | 1–6 de setembro de 1961 | ||||
Participantes | Iugoslávia Afeganistão Argélia Birmânia Camboja Ceilão Congo-Léopoldville Cuba Chipre Etiópia Gana Guiné Índia Indonésia Iraque Líbano Mali Marrocos Nepal Arábia Saudita Somália Sudão Tunísia República Árabe Unida Iêmen | ||||
Presidente | Josip Broz Tito (Secretário-Geral do MNA e Presidente da Iugoslávia) | ||||
Cronologia | |||||
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A Conferência de Cúpula de Chefes de Estado ou de Governo do Movimento Não Alinhado (Servo-croata: Конференција шефова држава или влада несврстаних земаља / Konferencija šefova država ili vlada nesvrstanih zemalja, em macedônio/macedónio: Конференција на шефови на држави или влади на неврзани земји, em esloveno: Konferenca voditeljev držav ali vlad neuvrščenih držav) de 1 a 6 de setembro de 1961 em Belgrado, República Socialista Federativa da Iugoslávia, foi a primeira conferência do Movimento Não Alinhado. [1] Um factor importante que contribuiu para a organização da conferência foi o processo de descolonização de vários países africanos na década de 1960. [1] Alguns, portanto, a chamaram de ″Ialta do Terceiro Mundo″ em referência à Conferência de Ialta de 1945. [1]
Vinte e cinco países no total participaram da Conferência de Belgrado, enquanto 3 países, Bolívia, Brasil e Equador, foram observadores. [2] A reunião preparatória dos Países Não Alinhados ocorreu no início daquele ano no Cairo, de 5 a 12 de junho de 1961. [3] Uma das questões foi a divisão dos países recém independentes devido à crise do Congo, que levou a uma divisão e à criação do conservador e anti-radical Grupo de Brazzaville e do grupo nacionalista radical de Casablanca. [4] Todos os membros do Grupo de Casablanca participaram na conferência, incluindo Argélia, Gana, Guiné, Mali, Marrocos e República Árabe Unida, enquanto nenhum membro do Grupo de Brazzaville esteve presente. [4] A cúpula foi seguida pela 2.ª Cúpula do Movimento Não Alinhado no Cairo em 1964. A Conferência do Cairo sobre os Problemas dos Países em Desenvolvimento de 1962 foi uma continuação direta da cúpula de Belgrado, na qual o Brasil, a Etiópia, a Índia, o Senegal e a Iugoslávia trabalhariam na preparação para a próxima conferência da UNCTAD do ECOSOC. [5]
Conferência
[editar | editar código-fonte]As Ilhas Brijuni, um arquipélago na República Socialista da Croácia, foram inicialmente consideradas para sediar a cúpula depois de sediarem o Encontro de Brioni de 1956, mas a cidade de Belgrado, na República Socialista da Sérvia foi finalmente selecionada devido aos locais insuficientes de Brijuni e à concentração das instalações internacionais de comunicação e mídia. na capital da Iugoslávia. [6]
Vladimir Popović foi o chefe do Comitê Estadual Iugoslavo para a Preparação da Conferência. A conferência reuniu 25 estados independentes. Além deles, havia três estados que tinham status de observadores, onze partidos socialistas, sindicatos do Japão e outras quatro organizações. As diferenças socioeconómicas entre os participantes eram grandes e desde o início os estados participantes mostraram frequentemente interesses diferentes. A Iugoslávia atribuiu especial importância à participação dos países latino-americanos. A participação destes países, juntamente com os representantes da Europa, deveria ter dado à conferência o carácter de um encontro onde todas as partes do mundo estão representadas, e evitar a redução a uma reunião afro-asiática como foi o caso de algumas reuniões anteriores. [7]
O Presidente Josip Broz Tito conseguiu reunir apenas parcialmente todas as partes do mundo na conferência. Da América Latina, apenas Cuba foi participante pleno, enquanto Bolívia, Brasil e Equador tiveram status de observadores. A razão para isso foi a incapacidade destes estados em resistir a algumas pressões dos Estados Unidos que queriam preservar o seu papel no Hemisfério Ocidental. Os representantes da Iugoslávia ficaram especialmente desapontados com o cancelamento de última hora do México. Dos países europeus, apenas Chipre e a Iugoslávia como anfitrião participaram na reunião. [7]
A conferência foi seguida por 1.016 jornalistas, dos quais 690 eram estrangeiros, de 53 países diferentes, e com Paul Hofmann, do New York Times, descrevendo o evento como um "paraíso para os cinegrafistas". [8] Juntos, quatro jornais indianos (The Times of India, The Hindu Madras, Indian Express e The Patriot) e quatro jornais americanos (The New York Times, The Washington Post, Los Angeles Times e The Christian Science Monitor) publicaram 177.265 palavras sobre a conferência em 7 dias antes, durante e 7 dias após a conferência. [8]
Participantes
[editar | editar código-fonte]- Mohammed Daoud Khan, Primeiros-ministro do Afeganistão
- Benyoucef Benkhedda, Chefe do Governo Provisório da República Argelina
- U Nu, Primeiro-ministro da Birmânia
- Norodom Sihanouk, Chefe de Estado do Camboja
- Sirimavo Bandaranaike, Primeira-ministra do Ceilão
- Cyrille Adoula, Primeiro-ministro do Congo-Léopoldville
- Osvaldo Dorticós Torrado, Presidente de Cuba
- Makarios III, Presidente do Chipre
- Haile Selassie, Imperador da Etiópia
- Kwame Nkrumah, Presidente do Gana
- Louis Lansana Beavogui, Ministro das Relações Exteriores da Guiné
- Jawaharlal Nehru, Primeiro-ministro da Índia
- Sukarno, Presidente da Indonésia
- Hashem Jawad, Ministro das Relações Exteriores do Iraque
- Saeb Salam, Primeiro-ministro do Líbano
- Modibo Keïta, Presidente do Mali
- Hassan II, Rei de Marrocos
- Mahendra, Rei do Nepal
- Ibrahim bin Abdullah Al Suwaiyel, Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita
- Aden Adde, Presidente da Somália
- Ibrahim Abboud, Presidente do Sudão
- Habib Bourguiba, Presidente da Tunísia
- Gamal Abdel Nasser, Presidente da República Árabe Unida
- Príncipe Seif el Islam el Hassan, Primeiro-ministro do Reino Mutawakkilita do Iêmen
Observadores
[editar | editar código-fonte]- José Fellman, Ministro da Educação da Bolívia
- Franco Filho de Mello, Embaixador do Brasil na Suíça
- Jose Joaquin Silva, Embaixador do Equador na Alemanha Ocidental
Convidados
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c Ancic, Ivana (17 Ago 2017). «Belgrade, The 1961 Non-Aligned Conference». University of Virginia. Global South Studies
- ↑ Pantelic, Nada (2011). «The First Conference of Heads of State or Government of Non-Aligned Countries (in Serbian and English)». Archives of Yugoslavia. Exhibition Catalog. ISBN 978-86-80099-35-4
- ↑ «2011.- "The first conference of the Heads of state or Government of Non-aligned countries, Belgrade 1961"». Archives of Yugoslavia. Consultado em 28 Jul 2020
- ↑ a b Ancic, Ivana (17 Ago 2017). «Belgrade, The 1961 Non-Aligned Conference». University of Virginia. Global South Studies
- ↑ James Mark; Yakov Feygin (2020). «The Soviet Union, Eastern Europe, and Alternative Vision of a Global Economy 1950s–1980s». In: James Mark; Artemy M. Kalinovsky; Steffi Margus. Alternative Globalizations: Eastern Europe and the Postcolonial World. [S.l.]: Indiana University Press. pp. 35–58. ISBN 978-0-253-04650-5
- ↑ Mila Turajlić (2023). «Film as the Memory Site of the 1961 Belgrade Conference of Non-Aligned States». In: Paul Stubbs. Socialist Yugoslavia and the Non-Aligned Movement: Social, Cultural, Political, and Economic Imaginaries. [S.l.]: McGill-Queen's University Press. pp. 203–231. ISBN 9780228014652
- ↑ a b Rajak, Svetozar (2014). «No Bargaining Chips, No Spheres of Interest: The Yugoslav Origins of Cold War Non-Alignment». Journal of Cold War Studies (1): 146–179. ISSN 1520-3972. Consultado em 21 de julho de 2024
- ↑ a b Jürgen Dinkel (2014). «'To grab the headlines in the world press': Non-aligned summits as media events». In: Nataša Mišković; Herald Fischer-Tine; Nada Boškovska. The Non-Aligned Movement and the Cold War: Delhi — Bandung — Belgrade. [S.l.]: Routledge. pp. 207–225. ISBN 978-0-415-74263-4
- ↑ a b c Rakove, Robert B. (2014). «Two roads to Belgrade: the United States, Great Britain, and the first nonaligned conference.». Cold War History. 14 (3): 337–357. doi:10.1080/14682745.2013.871528
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rajak, Svetozar (2014). «No Bargaining Chips, No Spheres of Interest: The Yugoslav Origins of Cold War Non-Alignment». Journal of Cold War Studies (1): 146–179. ISSN 1520-3972.