Mostrar código-fonte de Peixe

{{ver desambiguação}}
{{Grupo parafilético
|nome = Peixes 
|período_fóssil = {{período_fóssil|Cambriano Médio|Recente|latest=0}}
|imagem = Americana 1920 Fisheries - American Food Fishes.jpg
|imagem_legenda = Peixes de várias espécies
|imagem_largura = 250px
|cor = pink
|reino = [[Animalia]]
|filo = [[Cordados|Chordata]]
|classe_sc = [[Craniata]]
|subfilo = [[Vertebrata]]
|superclasse = '''Peixes'''
|inclui =
* [[Agnatha]]
* †[[Placodermo|Placodermes]]
* [[Chondrichthyes]]
* [[Actinopterygii]]
* [[Sarcopterygii]]
|exclui=
* [[Tetrápodes]]
}}
Os '''Peixes''' são [[animalia|animais]] [[vertebrado]]s, [[Animal aquático|aquáticos]], tipicamente [[ectotérmico]]s, que possuem o [[corpo (anatomia)|corpo]] [[fusiforme]], os [[Membro (anatomia)|membros]] transformados em [[barbatana|barbatanas ou nadadeiras]] (ausentes em alguns grupos) sustentadas por [[raio (zoologia)|raio]]s [[osso|ósseos]] ou [[cartilagem|cartilaginosos]], guelras ou [[brânquias]] com que [[respiração|respiram]] o [[oxigénio]] dissolvido na [[água]] (embora os [[dipnoicos]] usem [[pulmão|pulmões]]) e, na sua maior parte, o corpo coberto de [[escama (zoologia)|escamas]].<ref>{{citar jornal|último=Goldman|primeiro=K.J.|título=Regulation of body temperature in the white shark, ''Carcharodon carcharias''|jornal=Journal of Comparative Physiology|ano=1997|volume=167|séries=B Biochemical Systemic and Environmental Physiology|edição=6|páginas=423–429|doi=10.1007/s003600050092|url=http://www.mendeley.com/research/temperature-and-activities-of-a-white-shark-carcharodon-carcharias/|acessodata=12 de Outubro de 2011|issn = 0174-1578}}</ref><ref>{{citar jornal |último= |primeiro= |url= |título=Temperature regulation in free-swimming bluefin tuna |data=1 de janeiro de 1973 |jornal=Comparative Biochemistry and Physiology Part A: Physiology |autor=Lawson, K.D.; Carey, F.G. |página=375–392 |doi=10.1016/0300-9629(73)90490-8 |volume=44 |edição=2}}</ref>

Os peixes são recursos importantes, principalmente como alimento, mas também são capturados por [[pesca recreativa|pescadores recreativos]], mantidos como animais de estimação, criados por [[aquarismo|aquaristas]], e expostos em [[aquário público|aquários públicos]]. Os peixes tiveram um papel importante na cultura através dos tempos, servindo como divindades, símbolos religiosos (ver ''[[ichthys]]''), e como temas de arte, livros e filmes.<ref name="pp">{{citar web|url=http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Peixes.php|título=Mas como eles se distribuem pelo planeta?|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Uma vez que o "peixe" é definido negativamente, e exclui os [[tetrápodes]] (ou seja, os [[anfíbios]], [[répteis]], [[aves]] e [[mamíferos]]) que são descendentes da mesma origem, é um agrupamento [[parafilético]], não considerado adequado na biologia sistemática. A classe [[Pisces]], de [[Lineu]] é considerada tipológica, mas não [[filogenia|filogenética]].<ref name="pp"/>

Os primeiros organismos que podem ser classificados como peixes eram [[cordados]] de corpo mole que apareceram pela primeira vez durante o período [[Cambriano]].<ref name="rrr">{{citar web|url=http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/peixes.htm|título=Características, respiração, vida na água, espécies, reprodução, alimentação|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref> Embora eles não tivessem uma verdadeira espinha dorsal, possuíam [[notocórdio]], que lhes permitiu serem mais ágeis do que os [[invertebrados]] marinhos. Os peixes continuaram a evoluir durante o [[Paleozoico]], diversificando-se em uma grande variedade de formas.<ref name="pp"/>

== Classificação ==
[[File:Technique of diaphanization applied in a fish.jpg|thumb|Técnica de diafanização - espécime esclarecido para a visualização de estruturas anatômicas em exposição no [[Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP|MAV/USP]]]]
No uso comum, o termo peixe tem sido frequentemente utilizado para descrever um [[vertebrado]] aquático com [[brânquia]]s, [[membros]], se presentes, na forma de nadadeiras, e normalmente com escamas de origem dérmica no [[tegumento]]. Sendo este conceito do termo "peixe" utilizado por conveniência,<ref>{{citar web|url=http://www.emdiv.com.br/pt/mundo/riquezas-da-fauna-e-flora/3043-os-peixes-classificacao-e-caracteristicas.html|título=Os Peixes - Classificação e Características|acessodata=18 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101122170725/http://emdiv.com.br/pt/mundo/riquezas-da-fauna-e-flora/3043-os-peixes-classificacao-e-caracteristicas.html|arquivodata=2010-11-22|urlmorta=yes}}</ref> e não por unidade [[taxonômica]], porque os peixes não compõem um grupo [[monofilético]], já que eles não possuem um ancestral comum exclusivo. Para que se tornasse um grupo monofilético, os peixes deveriam juntar os [[Tetrápodes]].<ref>Hickman, Roberts e Larson. Princípios Integrados de Zoologia. [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]]: GuanabaraKoogan, 2004.</ref>

Os peixes são tradicionalmente divididos nos seguintes grupos:

* ''Peixes ósseos'' ([[Osteichthyes]], com mais de 22 000 espécies) à qual pertencem as [[sardinha]]s, as [[garoupa]]s, o [[bacalhau]], o [[atum]] e, em geral, todos os peixes que possuem esqueleto ósseo;
* ''Peixes cartilaginosos'' ([[Chondrichthyes]], mais de 1 000 espécies) à qual pertencem os [[tubarão|tubarões]] e as [[raia]]s;
* Vários grupos de peixes sem maxilas (antigamente classificados como [[Agnatha]] ou [[Cyclostomata]], com cerca de 80 espécies), incluindo as [[lampréia]]s e as [[mixina]]s.<ref name="rrr"/>

Em vista desta [[diversidade]], os [[zoologia|zoólogos]] não mais aceitam a antiga [[classe (biologia)|classe]] ''[[Pisces]]'' em que [[Lineu]] os agrupou, como se pode ver na classificação dos [[Vertebrado]]s. [[peixe#Classificação sistemática|Abaixo]] apresentam-se detalhes da classificação atualmente aceita.<ref name="rrr"/>

== Importância dos peixes ==
[[Ficheiro:Pieni 2 0139.jpg|thumb|esquerda|Peixes de água salgada]]
Por vezes, usa-se a palavra peixe para designar vários animais aquáticos (por exemplo na palavra ''peixe-mulher'' para designar o [[dugongo]]). Mas a maior parte dos organismos aquáticos muitas vezes designados por "peixe", incluindo as [[medusa (animal)|medusas]] (águas-vivas), os [[molusco]]s e [[crustáceo]]s e mesmo [[mamífero]]s muito parecidos com os peixes como os [[golfinho]]s, não são peixes.<ref>{{citar web|url=http://www.oecoamazonia.com/br/blog/146-a-importancia-dos-peixes-como-dispersores-de-sementes|título=A importância dos peixes como dispersores de sementes|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Os peixes encontram-se em praticamente todos os [[ecossistema]]s aquáticos, tanto em [[água doce]] como em [[água do mar|água salgada]], desde a água da praia até às grandes profundezas dos [[oceano]]s (ver [[biologia marinha]]). Mas há alguns lagos hipersalinos, como o [[Grande Lago Salgado]], nos [[Estados Unidos]] da [[América]] do Norte onde não vivem peixes.<ref>{{citar web|url=http://portalamazonia.globo.com/new-structure/view/scripts/noticias/noticia.php?id=69889|título=Pesquisa mostra a importância dos peixes para florestas|acessodata=18 de abril de 2012}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>

Os peixes têm uma grande importância para a humanidade e desde tempos imemoriais foram [[pesca]]dos para a sua alimentação. Muitas espécies de peixes são criadas em condições artificiais (ver [[aquacultura]]), não só para alimentação humana, mas também para outros fins, como os [[aquário]]s.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2012/04/peixes-ornamentais-sao-boa-fonte-de-renda-para-criadores-de-minas-gerais.html|título=Peixes ornamentais são boa fonte de renda para criadores de MG|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Há algumas [[espécies]] perigosas para o [[homem]], como os [[peixe-escorpião|peixes-escorpião]] que têm espinhos venenosos e algumas espécies de [[tubarão]], que podem atacar pessoas nas praias. Muitas espécies de peixes encontram-se ameaçadas de [[extinção]], quer por [[pesca]] excessiva, quer por deterioração dos seus ''[[habitat]]s''.<ref name="wer">{{citar web|url=http://www.escolakids.com/peixes.htm|título=Peixes|acessodata=17 de abril de 2012}}</ref>

O ramo da [[zoologia]] que estuda os peixes do ponto de vista da sua posição [[sistemática]] é a [[ictiologia]]. No entanto, os peixes são igualmente estudados no âmbito da [[ecologia]], da [[biologia pesqueira]], da [[fisiologia]] e doutros ramos da [[biologia]].<ref name="wer"/>

== Ecologia dos peixes ==
=== Classificação ecológica ===
[[Ficheiro:Herring2.jpg|thumb|300px|Arenque, ''Clupea harengus'' - esta espécie já foi considerada pelo [[Guinness Book of Records]] como a mais numerosa entre os peixes; com a pesca excessiva, este peixe do norte do [[Oceano Atlântico]] já não tem os níveis populacionais de outrora]]
Uma forma de classificar os peixes é segundo o seu [[comportamento]] relativamente à região das águas onde vivem; este comportamento determina o papel de cada grupo no [[Ambiente (ecologia)|ambiente]] aquático:<ref name="wer"/>
* [[pelágico]]s (do latim ''pelagos'', que significa o "mar aberto") – os peixes que vivem geralmente em [[cardume]]s, nadando livremente na coluna de água; fazem parte deste grupo as sardinhas, as anchovas, os atuns e muitos [[tubarão|tubarões]].<ref>{{
harvnb|Nelson|2006|p=2}}</ref>
* [[demersal|demersais]] – os que vivem a maior parte do tempo em associação com o substrato, quer em fundos arenosos como os [[linguado]]s, ou em fundos rochosos, como as [[garoupa]]s. Muitas espécies demersais têm hábitos territoriais e defendem o seu [[território]] activamente – um exemplo são as [[moreia]]s, que se comportam como verdadeiras [[serpente]]s aquáticas, atacando qualquer animal que se aproxime do seu [[esconderijo]].<ref name="publishing3">{{
harvnb|Helfman|Collette|Facey|1997|p=3}}
</ref>
* [[batipelágico]]s – os peixes que nadam livremente em águas de grandes profundidades ([[zona batial]]).
* [[mesopelágico]]s – espécies que fazem grandes [[Migração de animais|migrações]] verticais diárias, aproximando-se da superfície à noite e vivendo em águas profundas durante o dia. Exemplo deste grupo são os peixes-lanterna.<ref name="publishing3"/>

=== Hábitos alimentares ===
[[Ficheiro:Torskens indre organer.jpg|thumb|left|200px|Órgãos: 1. Fígado, 2. Bexiga de gás, 3. Ovas, 4. Cecos pilóricos, 5. Estômago, 6. intestino]]
Os peixes [[pelágico]]s de pequenas dimensões como as [[sardinha]]s são geralmente [[planctonófago]]s, ou seja, [[alimentação|alimentam-se]] quase passivamente do [[plâncton]] disperso na água,<ref name="kkk">{{citar web|url=http://www.peixefauna.com/t452-alimentacao-dos-peixes|título=ALIMENTAÇÃO DOS PEIXES |acessodata=18 de abril de 2012}}</ref> que [[filtração|filtram]] à medida que "respiram", com a ajuda de ''[[brânquia|branquispinhas]]'', que são excrescências [[osso|ósseas]] dos ''arcos branquiais'' (a estrutura que segura as brânquias ou guelras).<ref name="pp"/>

Algumas espécies de maiores dimensões têm também este hábito alimentar, incluindo algumas [[baleia]]s (que não são peixes, mas [[Mammalia|mamíferos]]) e alguns [[Chondrichthyes|tubarões]] como os zorros  (género ''Alopias'').<ref name="kkk"/> Mas a maioria dos grandes peixes pelágicos são [[Predação|predadores]] ativos, ou seja, procuram e capturam as suas presas, que são também [[organismo]]s [[pelágico]]s, não só peixes, mas também [[Cephalopoda|cefalópodes]] (principalmente [[lula]]s), [[crustáceo]]s ou outros.<ref>{{citar web|url=http://criptopage.caixapreta.org/secao/peixes/peixes_alimentacao.htm|título=Alimentação|acessodata=18 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120101002509/http://criptopage.caixapreta.org/secao/peixes/peixes_alimentacao.htm|arquivodata=2012-01-01|urlmorta=yes}}</ref>

Os peixes [[demersal|demersais]] podem ser predadores, mas também podem ser [[herbívoro]]s, que se alimentam de plantas aquáticas, [[detritívoro]]s, ou seja, que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no substrato, ou serem [[comensal|comensais]] de outros organismos, como a [[rémora]] que se fixa a um [[atum]] ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça e se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro (normalmente um grande predador), ou mesmo [[parasita]]s de outros organismos.<ref name="kkk"/>

Alguns peixes [[ser abissal|abissais]] e também alguns [[nerítico]]s, como os ''diabos'' (família [[Lophiidae]]) apresentam excrescências, geralmente na cabeça,<ref>{{citar web|url=http://www.aquarismobrasileiro.com.br/art_anteriores/iniciantes.htm|título=Como cuidar do meu Aquário - Iniciantes|acessodata=18 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120419072426/http://www.aquarismobrasileiro.com.br/art_anteriores/iniciantes.htm|arquivodata=2012-04-19|urlmorta=yes}}</ref> que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores que eles próprios. Numa destas espécies, o [[macho]] é parasita da [[fêmea]], fixando-se pela boca a um [[tentáculo]] da sua cabeça.<ref>{{citar web|url=http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo14.htm|título=CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

=== Hábitos de reprodução ===

[[Ficheiro:Fish ovary- FMVZ USP-27.jpg|thumb|Ovário de peixe (Corumbatá). Em exposição no [[Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP|MAV/USP]]]]
A maioria dos peixes é [[dióica]], [[ovípara]], fertiliza os [[óvulo]]s externamente e não desenvolve [[cuidados parentais]]. Nas espécies que vivem em [[cardume]]s, as fêmeas [[desova]]m nas próprias águas onde os cardumes vivem e,<ref name="mmm"/> ao mesmo tempo, os [[macho]]s libertam o [[esperma]] na água, promovendo a [[fertilização]]. Em alguns peixes [[pelágico]]s, os [[ovo]]s flutuam livremente na água – e podem ser comidos por outros organismos, quer [[plâncton|planctónicos]], quer [[nécton|nectónicos]]; por essa razão, nessas espécies é normal cada [[fêmea]] libertar um enorme número de óvulos.<ref name="mmm"/> Noutras espécies, os ovos afundam e o seu desenvolvimento realiza-se junto ao fundo – nestes casos, os óvulos podem não ser tão numerosos, uma vez que são menos vulneráveis aos [[predação|predadores]].<ref name="pp"/>

No entanto, existem excepções a todas estas características e neste artigo referem-se apenas algumas. Abaixo, na secção [[Peixe#Migrações|Migrações]] encontram-se os casos de [[espécie]]s que se [[reprodução|reproduzem]] na [[água doce]], mas crescem na [[água do mar|água salgada]] e vice-versa.<ref name="mmm"/>

Em termos de separação dos [[sexo]]s, existem também (ex.: família [[Sparidae]], os ''pargos'') casos de [[hermafrodita|hermafroditismo]] e casos de mudança de sexo - peixes que são fêmeas durante as primeiras fases de maturação sexual e depois se transformam em machos ([[protoginia]]) e o inverso ([[protandria]]).<ref>{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/peixes/peixes-alguns-tipos.php|título=Tipos de PEIXES e sua reprodução|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Os [[cuidados parentais]], quando existem, apresentam casos curiosos. Nos [[cavalo-marinho|cavalos-marinhos]] (género ''Hypocampus''), por exemplo, o macho recolhe os ovos [[fecundação|fecundados]] e [[incubação (ovo)|incuba-os]] numa bolsa [[marsupial]]. Muitos [[ciclídeo]]s (de que faz parte a [[tilápia]]) e algumas espécies de [[aquário]] [[endémico|endémicas]] do [[Lago Niassa]] (também conhecido por Lago Malawi, na fronteira entre [[Moçambique]] e o [[Malawi]]) guardam os filhotes na boca, quer do macho, quer da fêmea, ou alternadamente, para os protegerem dos predadores.<ref name="mmm">{{citar web|url=http://www.todabiologia.com/zoologia/reproducao_peixes.htm|título=Reprodução dos Peixes|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Refere-se acima que a maioria dos peixes é [[ovípara]], mas existem também espécies [[vivíparo|vivíparas]] e [[ovovivíparo|ovovivíparas]], ou seja, em que o [[embrião]] se desenvolve dentro do [[útero]] materno. Nestes casos, pode haver fertilização interna - embora os machos não tenham um verdadeiro [[pênis]], mas possuem uma estrutura para introduzir o esperma dentro da fêmea. Muitos destes casos encontram-se nos [[Chondrichthyes|peixes cartilagíneos]] (tubarões e raias), mas também em muitos peixes de água doce e mesmo de [[aquário]].

A idade e  o tamanho a partir dos quais os peixes começam a se reproduzir variam segundo as espécies e dentro de cada [[espécie]], conforme as condições em que vivem. Nos locais frios ([[Europa]]), a [[Carpa-comum]] não começa a reproduzir-se senão aos três anos. Em locais quentes obtém-se a [[reprodução]] com apenas um ano. Certas espécies só põem ovos uma vez por ano, e caso a [[temperatura]] esteja muito baixa, algumas espécies não desovam, absorvem os ovos como [[alimento]].<ref>{{citar livro|título=Introdução à aquicultura|ultimo=Lima|primeiro=Ricardo Cunha|editora=|ano=1978|local=Bahia|páginas=16 e 17|acessodata=07/07/2017}}</ref>

=== Hábitos de repouso ===
Os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados de [[vigília]] e repouso. O período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos.

Como não têm [[pálpebra]]s, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies se deitam no fundo do [[mar]] ou no [[rio]], enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam.<ref name="pp"/>

=== Migrações ===
Muitas espécies de peixes (principalmente os [[pelágico]]s) realizam [[Migração de peixes|migrações]] regularmente, desde migrações diárias (normalmente verticais, entre a superfície e águas mais profundas),<ref>Dunayer, Joan, "Fish: Sensitivity Beyond the Captor's Grasp," The Animals' Agenda, July/August 1991, pp. 12–18</ref> até anuais, percorrendo distâncias que podem variar de apenas alguns metros até várias centenas de quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações das [[Anguilliformes|enguias]].<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/2983045.stm|título=Fish do feel pain, scientists say | obra=BBC News | data=30 de abril de 2003 | acessodata=18 de abril de 2012| primeiro=Alex | último=Kirby}}</ref>

[[Ficheiro:Pristis pristis - Georgia Aquarium Jan 2006.jpg|thumb|300px|[[Tubarão-serra]]]]
Na maior parte das vezes, estas migrações estão relacionadas ou com a reprodução ou com a [[alimentação]] (procura de locais com mais alimento).<ref name="Albert, J.S. 2005. pp. 431">Albert, J.S., and W.G.R. Crampton. 2005. Electroreception and electrogenesis. pp. 431–472 in The Physiology of Fishes, 3rd Edition. D.H. Evans and J.B. Claiborne (eds.). CRC Press.</ref> Algumas espécies de [[atum|atuns]] migram anualmente entre o norte e o sul do [[oceano]], seguindo [[massas de água]] com a [[temperatura]] ideal para eles.<ref name="grandin183">{{citar livro |título=Animals in Translation |sobrenome=Johnson |nome=Catherine |sobrenome2=Temple |nome2=Grandin |ano=2005 |editora=Scribner |isbn=0743247698 |página=183–184}}</ref>

Os peixes migratórios classificam-se da seguinte forma:<ref>{{citar livro|título=''Biology of Fishes''|ultimo=E. Bond|primeiro=Carl|ano=1996|página=599–605.||edição=2}}</ref><ref name="jjj">{{citar web|autor=Michael Blumm|url=http://www.powells.com/biblio/1-9075228252-0|título=Sacrificing the Salmon: A Legal and Policy History of the Decline of Columbia Basin Salmon,|publicado=19 de abril de 2012}}</ref>

* [[diádromo]]s – peixes que migram entre os rios e o mar;<ref name="jjj"/>
* [[anádromo]]s – peixes que vivem geralmente no mar, mas se reproduzem em [[água doce]];<ref name="jjj"/>
* [[catádromo]]s – peixes que vivem nos rios, mas se reproduzem no mar;<ref name="jjj"/>
* [[anfídromo]]s – peixes que mudam o seu habitat de água doce para salgada durante a vida, ''mas não para se reproduzirem'' (normalmente por relações [[fisiologia|fisiológicas]], ligadas à sua [[ontogenia]]);<ref name="jjj"/>
* [[potamódromo]]s – peixes que realizam as suas migrações sempre em água doce, dentro dum rio ou dum rio para um [[lago]]; e
* [[oceanódromo]]s – peixes que realizam as suas migrações sempre em águas marinhas, como os [[atum|atuns]].<ref name="jjj"/>

Os peixes anádromos mais estudados são os [[salmão|salmões]] (ordem Salmoniformes), que desovam nas partes altas dos rios, se desenvolvem no curso do rio e, a certa altura migram para o oceano onde se desenvolvem e depois voltam ''ao mesmo rio'' onde nasceram para se reproduzirem.<ref>{{citar jornal|autor=Block BA and Finnerty JR (1993) |url=http://www.science.siu.edu/zoology/sears/BlockFinnerty1994.pdf|título= "Endothermy in fishes: a phylogenetic analysis of constraints, predispositions, and selection pressures"|edição=3|páginas=283–302|doi=10.1007/BF00002518}}</ref> Muitas espécies de salmões têm um grande valor económico e cultural, de forma que muitos rios onde estes peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para peixes (chamadas em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar para montante da [[barragem]].<ref name="Guimaraes">{{citar jornal|url=|título=Gonadal structure and gametogenesis of ''Loricaria lentiginosa'' Isbrücker (Pisces, Teleostei, Siluriformes)|data=Julho de 2005|jornal=Rev. Bras. Zool.|autor=Santos, José E. dos; Santos, Gilmar B.|página=556–564|doi=10.1590/S0101-81752005000300005|issn=0101-8175|volume=22}}</ref>

O exemplo mais bem estudado de catadromia é o caso da [[Anguilliformes|enguia]] europeia que migra cerca de 6 000 km até ao [[Mar dos Sargaços]] (na parte central e ocidental do [[Oceano Atlântico]]) para desovar, sofrendo grandes metamorfoses durante a viagem; as [[larva]]s, por seu lado, migram no sentido inverso, para se desenvolverem nos rios da Europa.<ref>Carl E. Bonds, Biology of Fishes, 2nd ed. (Saunders, 1996), pp. 599-605.</ref>

=== Camuflagem e outras formas de proteção ===
Alguns peixes se camuflam para fugirem de certos [[predador]]es, outros para melhor apanharem as suas presas.<ref name="Brito">{{citar jornal|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352003000500018|título=Reproduction of the surubim catfish (Pisces, Pimelodidae) in the São Francisco River, Pirapora Region, Minas Gerais, Brazil|último=Brito|primeiro=M.F.G.|autor=|jornal=Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia|volume=55|edição=5|ano=2003|doi=10.1590/S0102-09352003000500018|issn=0102-0935|páginas=624–633}}</ref> Algumas espécies de arraia, por outro lado, se escondem na [[areia]] e podem mudar o tom da [[Pele (mitologia)|pele]], para suas presas não notarem sua presença no [[Ambiente (ecologia)|ambiente]].<ref>J.D. Hansen and A.G. Zapata. ''Lymphocyte development in fish and amphibians''. Immunological Reviews, Volume 166, 1998, pp. 199–220.</ref>

== Anatomia dos peixes ==
[[Ficheiro:Fish anatomy.jpg|250px|thumb|
'''A -''' Nadadeira dorsal; '''B -''' Raios da nadadeira; '''C -''' Linha Lateral; '''D -''' Rim; '''E -''' Bexiga; '''F -''' Aparelho de Weber; '''G -''' Ouvido interno; '''H -''' Cérebro; '''I -''' Narinas; '''L -''' Olhos; '''M -''' Guelra '''N -''' Coração; '''O -''' Estômago; '''P -''' Vesícula Biliar; '''Q -''' Baço; '''R -''' Órgãos sexuais internos; '''S -''' Nadadeira ventral; '''T -''' Coluna; '''U -''' Nadadeira anal; '''V -''' Nadadeira caudal]]
=== Anatomia interna ===
* [[Esqueleto]]
* [[Coração]]
* [[Aparelho digestivo]]
==== Bexiga natatória ====
A [[bexiga natatória]] é um [[Órgão (anatomia)|órgão]] que auxilia o peixe a manter-se a determinada profundidade através do controle da sua [[densidade]] relativamente à da água. É um saco de paredes flexíveis, derivado do intestino que pode expandir-se ou contrair de acordo com a [[pressão]]; tem muito poucos vasos [[sangue|sanguíneos]], mas as paredes estão forradas com cristais de [[guanina]], que a fazem impermeáveis aos gases.<ref name="Armbruster1998"/>

A bexiga natatória possui uma [[glândula]] que permite a introdução de gases, principalmente [[oxigénio]], na bexiga, para aumentar o seu volume.<ref name="Setaro"/> Noutra região da bexiga, esta encontra-se em contacto com o sangue através doutra estrutura conhecida por "[[bexiga natatória|janela oval]]", através da qual o oxigénio pode voltar para a corrente sanguínea, baixando assim a pressão dentro da bexiga natatória e diminuindo o seu tamanho.<ref name="Armbruster1998">{{citar jornal|url=http://www.auburn.edu/academic/science_math/res_area/loricariid/fish_key/Air.pdf|título=Modifications of the Digestive Tract for Holding Air in Loricariid and Scoloplacid Catfishes|jornal=Copeia|ano=1998|edição=3|página=663–675|formato=PDF|acessodata=25 de junho de 2009}}</ref>[[Ficheiro:Didactic model of a fish heart--FMVZ USP-09.jpeg|thumb|373x373px|[[Brinquedo educacional|Modelo didático]] do coração de peixe]]

Nem todos os peixes possuem este órgão: os [[Chondrichthyes|tubarões]] controlam a sua posição na água apenas com a [[locomoção]] e com o controle de densidade de seus corpos, através da quantidade de óleo em seu fígado; outros peixes têm reservas de [[tecido adiposo]] para essa finalidade.<ref name="Armbruster1998"/>

A presença de bexiga natatória traz uma desvantagem para o seu portador: ela proíbe a subida rápida do animal dentro da coluna de água, sob o risco daquele órgão rebentar.<ref name="Setaro">{{Citar livro | último =Setaro | primeiro =John F. | ano =1999 | título =Circulatory System | publicado =Microsoft Encarta 99}}</ref>

A denominação bexiga natatória foi substituída por ''vesícula gasosa''.<ref name="Setaro"/>

=== Anatomia externa ===
Para além de mostrar diferentes adaptações [[evolução|evolutivas]] dos peixes ao meio aquático,<ref>{{harvnb|Helfman|Collette|Facey|1997|p=380}}</ref> as características externas destes animais (e algumas internas, tais como o número de [[vértebra]]s) são muito importantes para a sua classificação [[sistemática]].<ref>Richard L. Wyman and Jack A. Ward (1972). A Cleaning Symbiosis between the Cichlid Fishes Etroplus maculatus and Etroplus suratensis. I. Description and Possible Evolution. Copeia, Vol. 1972, No. 4, pp.&nbsp;834–838.</ref>

==== Forma do corpo ====
A forma do corpo dos peixes "típicos" – basicamente '''[[fusiforme]]''' – é uma das suas melhores adaptações à locomoção dentro de água.<ref name="Helfman 1997 449–450">{{harvnb|Helfman|Collette|Facey|1997|pp=449–450}}</ref> A maioria dos peixes [[pelágico]]s (ver acima), principalmente os que formam [[cardume]]s activos, como os [[atum|atuns]], apresentam esta forma "típica".<ref name="Encarta 99">{{Citar livro | último =Orr | primeiro =James | ano =1999 | título =Fish | publicado =Microsoft Encarta 99 | isbn =0811423468}}</ref>

No entanto, há bastantes variações a esta forma típica, principalmente entre os [[demersal|demersais]] e nos peixes [[Fossa abissal|abissais]] (que vivem nas regiões mais profundas dos oceanos).<ref name="Encarta 99"/> Nestes últimos, o corpo pode ser [[esfera|globoso]] e apresentar excrescências que servem para atrair as suas [[predação|presas]].<ref name="Albert, J.S. 2005. pp. 431"/>

A variação mais dramática do corpo dos peixes encontra-se nos [[Pleuronectiformes]], ordem a que pertencem os [[linguado]]s e as [[solha]]s.<ref>{{citar web | url= http://juls.sa.utoronto.ca/Issues/JULS-Vol2Iss1/JULS-Vol2Iss1-Review3.pdf | título= Appropriate maze methodology to study learning in fish | formato= PDF | autor= Journal of Undergraduate Life Sciences | acessodata= 28 de maio de 2009 | arquivourl= https://www.webcitation.org/5hn2YJET6?url=http://juls.sa.utoronto.ca/Issues/JULS-Vol2Iss1/JULS-Vol2Iss1-Review3.pdf | arquivodata= 2009-06-25 | urlmorta= yes }}</ref> Nestes animais, adaptados a viverem escondidos em fundos de [[areia]], o corpo sofre [[metamorfose]]s durante o seu desenvolvimento [[larva]]r, de forma que os dois [[olho]]s ficam do mesmo lado do corpo – direito ou esquerdo, de acordo com a [[taxonomia de Lineu|família]].<ref name="Encarta 99"/>

Muitos outros peixes [[demersal|demersais]] têm o corpo achatado [[dorsiventral]]mente para melhor se confundirem com o fundo. Alguns, como os [[gobio|góbios]], que são peixes muito pequenos que vivem em [[estuário]]s, têm inclusivamente as [[nadadeira]]s [[ventral|ventrais]] transformadas num [[Ventosa (biologia)|botão adesivo]], para evitarem ser arrastados pelas correntes de [[maré]].<ref name="Encarta 99"/>

Os [[Anguilliformes]] ([[Anguilliformes|enguias]], congros e [[moreia]]s) têm o corpo "anguiliforme", ou seja, em forma de [[serpente]], assim como algumas outras [[taxonomia de Lineu|ordens]] de peixes.<ref name="wet"/>

==== Nadadeiras ====
[[Ficheiro:FishFormsLankester.jpg|240px|thumb|As diversas estruturas da nadadeira]]
As ''barbatanas'' ou ''nadadeiras'' são os [[Órgão (anatomia)|órgãos]] de [[locomoção]] dos peixes.<ref name="wet">{{citar web|url=http://www.killihouse.com/brasil/anat_ext.html|título=Anatomia externa dos peixes ósseos|acessodata=18 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090501195731/http://www.killihouse.com/brasil/anat_ext.html|arquivodata=2009-05-01|urlmorta=yes}}</ref> São extensões da [[derme]] (a camada profunda da [[pele]]) suportadas por [[lepidotríquia]]s, que são [[escama (zoologia)|escamas]] modificadas e funcionam como os [[raio (roda)|raios]] das rodas de [[bicicleta]].<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/scotland/highlands_and_islands/6234881.stm|título=Call to halt cod 'over-fishing'|data=5 de Janeiro de 2007|obra=BBC News}}</ref> Por essa razão, chamam-se ''raios'' os que são flexíveis, muitas vezes [[segmentação (zoologia)|segmentados]] e |ramificados, ou ''[[Espinho (zoologia)|espinhos]]'', quando são rígidos e podem ser ocos e possuir um canal para a emissão de [[veneno]].<ref name="news.bbc.co.uk">{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/asia-pacific/6301187.stm|título=Tuna groups tackle overfishing|acessodata=18 de janeiro de 2006 | obra=BBC News | data=26 de janeiro de 2007}}</ref>

Os números de espinhos e raios nas nadadeiras dos peixes são importantes caracteres para a sua classificação, havendo mesmo [[chave (biologia)|chaves]] dicotómicas para a sua identificação em que este é um dos principais factores.<ref name="wet"/>

Tipicamente, os peixes apresentam os seguintes tipos de nadadeiras:
* uma nadadeira dorsal;<ref name="bvc">{{citar web|url=http://www.ufrgs.br/projetoamora/curriculo/areas-de-conhecimento-1/ciencias/imagens/nadadeiraspeixesseo.jpg/view|título=nadadeiras peixes ósseos|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>
* uma nadadeira anal;<ref name="bvc"/>
* uma nadadeira caudal;<ref name="bvc"/>
* um par de nadadeiras ventrais (ou nadadeiras pélvicas);<ref name="bvc"/>
* um par de nadadeiras peitorais.<ref name="bvc"/>

Apenas as nadadeiras pares têm relação [[evolução|evolutiva]] com os membros dos restantes [[vertebrados]].<ref name="wet"/>

Algumas ou todas estas nadadeiras podem faltar ou estar unidas - já foi referida a transformação das nadadeiras peitorais dos góbios num disco adesivo – mas as uniões mais comuns são entre as nadadeiras ímpares, como a dorsal com a caudal e anal com caudal (caso de algumas espécies de [[linguado]]s).<ref name="Helfman 1997 462">{{harvnb|Helfman|Collette|Facey|1997|p=462}}</ref>

As nadadeiras têm formas e cores típicas em alguns grupos de peixes.<ref name="wet"/>

Para além da coloração do corpo, a forma e cor das nadadeiras são decisivas para os [[aquário|aquaristas]], de tal forma que chegam a ser produzidas variedades de [[espécie]]s com nadadeiras espectaculares, como o famoso ''cauda-de-véu'', uma variedade do ''peixinho-dourado'' (''[[Carassius auratus]]'').<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/6112352.stm|título=UK 'must shield fishing industry'|acessodata=18 de janeiro 2006 | obra=BBC News | data=3 de novembro de 2006}}</ref><ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/6197433.stm|título=EU fish quota deal hammered out|acessodata=18 de janeiro de 2006|obra=BBC News}}</ref>

Alguns grupos de peixes, para além da nadadeira dorsal com espinhos e raios (que podem estar separadas), possuem uma ''nadadeira [[tecido adiposo|adiposa]]'', normalmente perto da caudal. É o caso dos [[salmão|salmões]] e dos peixes da família do [[bacalhau]] (Gadídeos).

==== Escamas ou placas ====
A [[pele]] dos peixes é fundamentalmente semelhante à dos outros [[vertebrados]], mas possui algumas características específicas dos animais aquáticos. O corpo dos peixes está normalmente coberto de [[muco]] que, por um lado diminui a resistência da água ao movimento e, por outro, os protege dos inimigos.<ref>
{{citar web|url=http://www.mt.nrcs.usda.gov/news/factsheets/pallidsturgeon.html|título=Threatened and Endangered Species: Pallid Sturgeon ''Scaphirhynchus'' Fact Sheet|acessodata=18 de janeiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20051126220804/http://www.mt.nrcs.usda.gov/news/factsheets/pallidsturgeon.html|arquivodata=2005-11-26|urlmorta=yes}}
</ref> Embora haja muitos grupos de peixes com pele nua, como as [[Anguilliformes|enguias]], a maior parte dos peixes tem-na coberta de [[escama (zoologia)|escamas]] que, ao contrário dos [[répteis]], têm origem na própria [[derme]].<ref name="mnb"/>

Os peixes apresentam quatro tipos básicos de escamas:
* ciclóides, as mais comuns, normalmente finas, subcirculares e com a margem lisa ou finamente serrilhada;<ref name="oiu"/>
* ctenóides, também sub-circulares, mas normalmente rugosas e com a margem serrilhada ou mesmo espinhosa;<ref name="bbb"/>
* ganóides, de forma sub-romboidal e que podem ser bastante grossas como as dos [[esturjão|esturjões]]; e salmões;<ref name="oiu">{{citar web|url=http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanimal5.php|título=Osteictes: Os Peixes Ósseos|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>
* placóides, normalmente duras com um ou mais espinhos, de formas variadas.<ref name="bbb">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/peixes/anatomia-externa-dos-peixes-osseos.php|título=Anatomia externa dos peixes ósseos|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Alguns grupos de peixes têm o corpo coberto de placas ou mesmo uma armadura rígida, como o [[peixe-cofre]] e os cavalos-marinhos. Esta armadura pode estar ornamentada com cristas e espinhos e apresenta fendas por onde saem as [[nadadeira]]s.

==== Linha lateral ====
Um [[órgão sensorial]] específico dos peixes é a '''[[linha lateral]]''', normalmente formada por uma fiada longitudinal de escamas perfuradas através das quais corre um canal que tem ligação com o [[sistema nervoso]]; aparentemente, este órgão tem funções relacionadas com a [[orientação]], uma espécie de sentido do [[olfacto]] através do qual os peixes reconhecem as características das [[massas de água]] ([[temperatura]], [[salinidade]] e outras).<ref name="mnb"/>

== Sistema nervoso e órgãos dos sentidos ==
Peixes têm [[Sistema nervoso|sistemas nervosos]] complexos e seu [[cérebro]] é dividido em diferentes partes. O mais anterior, ou frontal, contém as [[glândula]]s [[olfato|olfativas]]. Diferente da maioria dos vertebrados, o cérebro do peixe primeiro processa o senso do olfato antes de todas as ações voluntárias.<ref>{{citar web|url=http://www.colegioweb.com.br/biologia/sistema-nervoso-e-orgaos-dos-sentidos.html|título=Sistema nervoso e órgãos dos sentidos|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Os lobos óticos processam informações dos [[olho]]s. O [[cerebelo]] coordena os movimentos do corpo enquanto a [[medula óssea|medula]] controla as funções dos órgãos internos.<ref>{{citar web|url=http://www.brasilblogado.com/sistema-nervoso-dos-peixes/|título=SISTEMA NERVOSO DOS PEIXES|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

Aproximadamente todos os peixes [[diurno]]s possuem olhos bem desenvolvidos com [[visão]] [[cor|colorida]]. Muitos peixes possuem também [[célula]]s especializadas conhecidas como quimioreceptores, que são responsáveis pelos [[sentido]]s de [[gosto]] e [[cheiro]].<ref>{{citar web|url=http://mundo-marinho.mundoentrepatas.com/sistema-nervoso.htm|título=Sistema nervoso|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

A maioria dos peixes têm receptores sensitivos que formam o [[linha lateral|sistema linear lateral]], que permite aos peixes detectar correntes e vibrações, bem como o movimento de outros peixes e presas por perto (ver acima).

Em 2003, alguns cientistas [[escócia|escoceses]] da [[Universidade de Edimburgo]] descobriram que os peixes podem sentir [[dor]].<ref name="mnb">{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/life/feature/story/0,,1541613,00.html|título=The little fish fight back|acessodata=18 de janeiro de 2006 | obra=The Guardian | primeiro=Laura | último=Spinney | data=04-08-06}}</ref> Um estudo prévio pelo [[professor]] James D. Rose da ''[[Universidade de Wyoming]]'' dizia que os peixes não podiam sentir dor porque eles não possuíam a parte [[neocórtex|neocortexal]] do cérebro, responsável por tal sensação. Peixes como os [[peixe-gato|peixes-gato]] e [[tubarões]] possuem órgãos que detectam pequenas [[corrente elétrica|correntes elétricas]]. Outros peixes, como a [[enguia]] [[elétrica]], podem produzir sua própria [[eletricidade]].<ref>Jaffrey, M.: A Taste of India, Atheneum, p 148, 1988, ISBN 0-689-70726-6</ref>

=== Dor ===
Um estudo sugere que os peixes sentem dor, com uma semelhança como a experimentada por [[mamíferos]], incluindo [[Seres Humanos|seres humanos]].<ref>{{Citar web|titulo=Do fish feel pain?|url=https://www.techexplorist.com/fish-indeed-experience-pain-study/26897/|obra=Tech Explorist|data=2019-10-07|acessodata=2019-10-07|lingua=en-US}}</ref>

=== Idade de um peixe ===
É possível saber a idade de um peixe através do exame dos seus "ouvidos". Todos os peixes, com exceção dos tubarões e das arraias, escondem nos ouvidos três pares de [[otólito]]s, que são concreções de carbonato de cálcio que servem para a audição e para manter o equilíbrio no meio líquido. O crescimento desses otólitos se faz por depósitos concêntricos sucessivos, cuja espessura e a composição química variam segundo o meio [[ambiente]] e a [[alimentação]]. Trata-se de um verdadeiro "álbum" que retrata a vida do peixe.

==Preservação==
{{AP|[[Lista Vermelha da IUCN]], [[Declínio das populações de peixes marinhos]]}}
===A destruição do habitat===
A [[Lista Vermelha da IUCN]] em 2006 nomeou 1 173 espécies de peixes que estão ameaçadas de [[extinção]]. Incluem-se espécies como o [[Bacalhau-do-atlântico]], Diabo Hole, [[Celacanto]]s, e grandes [[Tubarão-branco|Tubarões-brancos]].<ref>{{citar web|url=http://web.archive.org/web/20060630054235/http://www.iucnredlist.org/info/tables/table1|publicado=iucnredlist.org |título=Table 1: Numbers of threatened species by major groups of organisms (1996–2004)|acessodata=18 de abril de 2012}}</ref> Porque os peixes vivem debaixo d'água são mais difíceis de estudar do que os animais terrestres e plantas, e informações sobre as populações de peixes é muitas vezes inexistente. No entanto, peixes de água doce parecem particularmente ameaçados, porque eles vivem muitas vezes em corpos d'água relativamente pequenos. Por exemplo, o Buraco do Demônio tem apenas 6 metros (10 por 20 pés) para a piscina.<ref name="Helfman 1997 449–450"/><ref>{{citar web|url=http://www.iucnredlist.org/search/details.php/3855/summ |título=Carcharodon carcharias (Great White Shark) |publicado=Iucnredlist.org |date= |acessodata=18 de abril de 2012}}</ref>

A chave do estresse sobre os ecossistemas de água doce é a [[Degradação ambiental|degradação]] do [[habitat]], incluindo a poluição da água, a construção de [[Barragem|barragens]], a remoção de água para uso por seres humanos,<ref>{{harvnb|Helfman|Collette|Facey|1997|p=463}}</ref> e a introdução de espécies exóticas. Um exemplo de um peixe que se tornou em perigo por causa da mudança de habitat é o esturjão pálido, um peixe norte-americano de água doce que vive nos rios deteriorados pela ação humana.<ref>{{citar web|url=http://www.mt.nrcs.usda.gov/news/factsheets/pallidsturgeon.html|título=Threatened and Endangered Species: Pallid Sturgeon ''Scaphirhynchus'' Fact Sheet|acessodata=18 de janeiro 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20051126220804/http://www.mt.nrcs.usda.gov/news/factsheets/pallidsturgeon.html|arquivodata=2005-11-26|urlmorta=yes}}</ref>

===Pesca excessiva===
A pesca excessiva é uma grande ameaça para peixes comestíveis, como o [[bacalhau]] e o [[atum]]. A pesca excessiva, eventualmente, provoca colapso da população (conhecido como estoque), pois os sobreviventes não conseguem produzir o suficiente para substituir aqueles removidos. Extinção comercial Tal não significa que a espécie está extinta, mas apenas que ele não pode mais sustentar uma pescaria.<ref name="news.bbc.co.uk"/>

Um exemplo bem estudado de um colapso da pesca é a [[sardinha]] do ''Pacífico Sadinops'' pescada ao largo da costa da [[Califórnia]]. De um pico de 790 000 toneladas em 1937 a captura declinou para apenas 24 000 toneladas em 1968, após o qual a pesca já não era economicamente viável.<ref name="Helfman 1997 462"/>

A principal tensão entre a ciência da pesca e da indústria de pesca é que os dois grupos têm opiniões diferentes sobre a [[Resiliência (ecologia)|resiliência]] da pesca para a pesca intensiva. Em lugares como a [[Escócia]], [[Terra Nova]], e [[Alasca]] a indústria da pesca é um grande empregador, assim, os governos estão predispostos a apoiá-lo.<ref>{{citar web|url=http://web.archive.org/web/20070430205610/http://www.panda.org/about_wwf/where_we_work/europe/what_we_do/mediterranean/about/marine/bluefin_tuna/tuna_at_risk/index.cfm |título=Atlantic bluefin tuna could soon be commercially extinct|acessodata=18 de janeiro de 2006}}</ref> Por outro lado, cientistas e conservacionistas querem uma proteção rigorosa, alertando que a pesca nos padrões atuais poderia dizimar as espécies pescadas dentro de cinquenta anos.<ref>{{citar web|url=http://www.physorg.com/news81778444.html|título=Ocean study predicts the collapse of all seafood fisheries by 2050|acessodata=13 de janeiro de 2006}}</ref>

===As espécies exóticas===
Introdução de espécies não-nativas ocorreu em muitos habitats. Um dos melhores exemplos estudados é a [[Lago Vitória#Perca-do-nilo|introdução da perca-do-nilo no Lago Vitória]], na [[década de 1960]].<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/life/feature/story/0,,1541613,00.html|título=The little fish fight back|acessodata=18 de janeiro de 2006 | obra=The Guardian |data=4 de agosto de 2005}}</ref> A perca-do-nilo gradualmente exterminou do lago cerca de 500 [[espécies endémicas]] de [[ciclídeos]]. Alguns deles sobrevivem agora em programas de reprodução em cativeiro, mas outros estão provavelmente extintos. ''Carp, snakeheads, tilápia, poleiro-europeu, truta, truta-arco-íris'', e ''lampreias-marinhas'' são outros exemplos de peixes que têm causado problemas ao serem introduzidos em ambientes considerados alienígenas.<ref>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/articles/A16439-2002Jul2.html|título=Stop That Fish!|data=3 de julho de 2002|acessodata=26 de agosto 2007|website=The Washington Post}}</ref>

== Classificação sistemática ==
A classificação simplificada no topo desta página é a mais próxima da utilizada por [[Lineu]], mas esconde algumas características importantes que fazem deste grupo dos "Peixes", um agregado de [[espécie]]s com diferentes aspectos [[evolução|evolutivos]]. Por essa razão, as classificações mais recentes abandonaram alguns ''[[táxon|taxa]]'' tradicionais:

* [[Domínio]] '''[[Eukaryota|Eukariota]]''', ao
* [[taxonomia de Lineu|Reino]] '''[[Animalia]]''', aos [[clade]]s
* [[Metazoa]]
* [[Bilateria]]
* [[Deuterostomia]], ao [[taxonomia de Lineu|filo]]
* [[Chordata]] e, dentro deste, ao clade
* [[Craniata]]

A partir deste ponto, os estudos [[evolução|evolutivos]] mostraram divergências:

O [[taxon]] [[classe (biologia)|classe]] tem sido usado (e, na Wikipédia em inglês, encontramos vários exemplos) para vários [[clade]]s diferentes. Por essa razão, e até os [[taxonomia|taxonomistas]] acordarem numa forma de [[classificação científica]] consensual, devemos abster-nos de utilizar esse taxon. Os peixes, tanto espécies existentes como [[fóssil|fósseis]], dividem-se pelos seguintes clades:

* '''[[Hyperotreti]]''' – as [[mixina]]s (peixes sem coluna vertebral) e
* '''[[Vertebrata]]''' (vertebrados) - um clade que inclui as [[lampréia]]s e os restantes vertebrados com [[maxila]]s;

Dentro dos '''vertebrados''', consideram-se os clades
* '''[[Hyperoartia]]''' -  as [[lampréia]]s (que têm coluna vertebral, mas não têm maxilas);
* '''[[Gnathostomata]]''' – todos os animais com maxilas;

e mais sete grupos fósseis.

Dentro dos '''Gnathostomata''', são aceites os seguintes clades:
* '''[[Teleostomi]]''' – animais com [[boca]] terminal;
* '''[[Chondrichthyes]]''' – tubarões e raias – boca subterminal ou ventral;
* '''[[Acanthodii]]''' (extintos)
* '''[[Placodermi]]''' (extintos).

Dentro dos '''Teleostomi'''
* '''[[Osteichthyes]]''' – animais com [[tecido ósseo]] endocondral e com dentes implantados nas maxilas e
* '''[[Acanthodii]]''' (extintos)

Dentro dos '''Osteichthyes'''
* '''[[Sarcopterygii]]''' – um grupo que inclui os peixes com nadadeiras lobadas:
** '''[[Coelacanthimorpha]]''' – os [[celacanto]]s, considerados remanescentes dos primeiros [[anfíbio]]s;
** '''[[Dipnoi]]''' – os peixes pulmonados ou [[dipnóicos]]
** os [[tetrápode]]s, ou seja, os restantes vertebrados [[batráquio]]s, [[réptil|répteis]], [[aves]] e [[Mammalia|mamíferos]]; e os
* '''[[Actinopterygii]]''' - peixes com raios ou ''[[lepidotríquia]]s'' nas nadadeiras, ou seja, os "[[Actinopterygii|teleósteos]]", que incluem a maioria das [[ordem (biologia)|ordens]] de peixes actuais e algumas outras com divergências [[filogenética]]s.

Dentro desta classificação, os tradicionais taxa [[Agnatha]] (peixes sem maxilas), Ostracodermi (formas fósseis sem maxilas) e [[Cyclostomata]] (peixes sem maxilas, como as mixinas e [[lampréia]]s) não devem ser utilizados, uma vez que não são [[monofilético]]s.<ref>[projecto Tree of Life, de Philippe Janvier (1997) e de David R. Maddison (1995)]</ref>

== Ver também ==
{{Correlatos
|commons       = Category:Fish
|wikisource    =
|wikiquote     = Peixe
|wikilivros    =
|wikinoticias  =
|wikcionario   =
|wikispecies   = Vertebrata
|wikiversidade =
|meta          =
}}
* [[Aquacultura]]
* [[Aquário]]
* [[Biologia marinha]]
* [[Interacções biológicas]]
* [[Migração de peixes]]
* [[Pesca]]
* [[Lista de peixes que respiram fora d'água|Lista de peixes que conseguem respirar fora d'água]]
* [[Peixes ósseos]]
* [[Peixes pré-históricos]]
* [[Peixes ornamentais]]

{{Referências|col=2}}

== Ligações externas ==
* {{Link|en|2=http://www.tolweb.org|3=Árvore da vida}}
* {{Link|en|2=http://www.fishbase.org|3=Base de dados de peixes}}
* {{Link|pt|2=https://planetabiologia.com/classificacao-dos-peixes-classe-e-caracteristicas/|3=Classificação dos Peixes}}
* {{Link|en|2=http://www.liverpoolmuseums.org.uk/nof/fish/|3=Fish Olympics|4= - um jogo para crianças e jovens de todas as idades}}
* {{Link|en|2=http://www.austmus.gov.au/fishes/|3=Australian Museum}}

{{Cordados Viventes}}
{{Portal3|Ciência|Biologia|Peixes}}
{{Controle de autoridade}}

[[Categoria:Peixes|!]]
[[Categoria:Vertebrados]]