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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

de repente


Durmo. Se sonho, ao despertar não sei

Que coisas eu sonhei.

Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto

Para um espaço aberto

Que não conheço, pois que despertei

Para o que inda não sei.

Melhor é nem sonhar nem não sonhar

E nunca despertar.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


VAI Um passo em frente e E de repente Um salto para trás Tenho um passado Um presente Quero sempre mais E a vida passa e passa o tempo sem esperar por nós E nós ficamos tão sem tempo Tão, somente, sós Tenho o meu mundo É bem pequeno Fecho-me por lá Sinto saudade E, na verdade Deixo-te ficar Meu coração Na tua mão Que se quebra e cai E vem o tempo Que me diz Segue a vida e vai Vai, vai Meu corpo frio Carrega as flores Que plantaste em mim Casa vazia Sem alegria Desaba por fim E a vida passa e passa o tempo sem esperar por nós E nós ficamos tão sem tempo Tão, somente, sós Vai, vai, vai, vai A noite cai A vida vai Meu corpo dói Dor que corrói A noite cai Meu corpo doi E a vida vai Vai, vai, vai, vai