Leaving and Waving

Durante quase três décadas, a fotógrafa estadunidense Deanna Dikeman registrou as despedidas da casa dos seus pais. As fotos, de 1991 a 2017, foram reunidas na exposição “Leaving and Waving”. / deannadikeman.com (em inglês)

Software de big tech não é apenas ruim; é nocivo

Um dos males do software comercial, aquele feito por exércitos de desenvolvedores bem pagos por empresas enormes, de capital aberto e muito prósperas, é que com frequência (quase sempre) seus interesses se desalinham dos dos usuários, nós.

Dois casos recentes envolvendo duas das maiores empresas de tecnologia do mundo, Google e Microsoft.

O aplicativo do Google para iOS ganhou um recurso chamado “Anotação da Página”. Ao abrir o link de um site dentro do app, o Google pode “extrair entidades interessantes da página e destacá-las”. O destaque se transforma em links que, ao serem clicados, levam a uma página de resultados do Google. / seroundtable.com (em inglês)

Para que não reste dúvidas: o Google insere links em qualquer site acessado pelo seu aplicativo. Links que a pessoa dona do site não inseriu. Ao clicar nesses links arbitrários, alguém é levado aos resultados do Google — e aos anúncios do Google, que lhe geram receita.

Quem não quiser links enfiados precisa preencher um formulário e aguardar 30 dias (!) para ter sua solicitação aceita.

(Nunca entendi por que alguém baixa o aplicativo do Google. Qual a vantagem em relação a abrir o navegador e digitar ou ditar o que se quer pesquisar?)

A Microsoft relançou seu aplicativo de papéis de parede do Bing para Windows. Agora, está disponível na loja do sistema. Não baixe-o; é quase um malware. / apps.microsoft.com

Rafael Rivera, ex-Microsoft MVP, analisou o aplicativo e descobriu ações questionáveis programadas nele. / @[email protected] (em inglês)

O Bing Wallpapers tenta colocar o Bing como buscador padrão em qualquer navegador instalado no computador e abre abas periodicamente para oferecer coisas do Bing.

O pior é que o aplicativo da Microsoft lê e descriptografa cookies dos navegadores.

Em nota ao site The Register, a Microsoft diz que o app “não lê e descriptografa todos os cookies do Edge e Chrome”. Ênfase no todos. / theregister.com (em inglês)

São apenas dois casos, ambos descobertos graças a pessoas curiosas que se dispuseram a chafurdar aplicativos de baixa qualidade e, pior, proprietários. Imagine quantos outros casos escabrosos passam batidos…

A mochila do Gabriel Arruda

Nesta seção, leitores do Manual mostram o que carregam em suas mochilas no dia a dia. Veja as outras mochilas já publicadas e mande a sua — a continuidade da seção depende de você.

Trabalho como cientista de dados (MLOps, mais precisamente) em regime híbrido. Normalmente vou duas vezes por semana ao escritório. Os itens variam um pouco, mas normalmente é uma combinação dos descritos abaixo.

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Olhar de Raposa, por Tales Gubes: O Olhar de Raposa é sobre ver, pensar e escrever a vida de forma compassiva.

Não Sei Desenhar, por Danilo Doc Lee: Comentários e recomendações sobre cinema, música e games + repositório de contos e quaisquer outras ideias estapafúrdias afins.

Bruna está digitando…, por Bruna Corrêa: Um encontro mensal sobre processos criativos, escrita e devaneios sobre a vida.

O GitHub criou um fundo de apoio à segurança em projetos de código…

O GitHub criou um fundo de apoio à segurança em projetos de código aberto com o apoio de parceiros de peso, como American Express, Shopify e a empresa-mãe, a Microsoft. Até aí, tudo bem. Problema é que essas empresas bilionárias juntaram apenas US$ 1,25 milhão que serão investidos em 125 projetos (US$ 10 mil para cada, distribuídos em 3 etapas ao longo de 12 meses).

Vamos tirar o escorpião do bolso aí, galera. / convergenciadigital.com.br, resources.github.com (em inglês)

Site de previsão do tempo simples e sem firulas

Frustrado com “o estado dos sites de previsão do tempo […] inundados de anúncios intrusivos, rastreamento desnecessário e lentos para abrirem”, Scott Russell criou um do jeito que queria, o Vanilla Weather: simples, rápido e sem firulas. / vanillaweather.com

Promoções das lojas parceiras do Manual

Os parceiros do Manual também embarcaram na Black Friday. (Por “parceiros”, entenda gente legal que tem produtos com a nossa marca.) Aproveite os descontos:

  • Burocrata Carimbos: Carimbos do Manual com 10% de desconto.
  • Casatrês: Os dois livrinhos e o kit com ambos com 20% de desconto.
  • Kumori: Até 44% de desconto em produtos selecionados. (O deskmat lindão do Manual está esgotado!)
  • Quem borda um ponto: Todos os produtos com 20–40% de desconto e frete grátis acima de R$ 100 (cupom FRETEQUEMBORDA). (E lançamento do guardanapo de mesa.)

E-books gratuitos da editora A Book Apart

Em março, a A Book Apart, editora de livros técnicos de desenvolvimento na web, fechou e devolveu os direitos de publicação dos +60 títulos que publicava aos respectivos autores. / abookapart.com (em inglês)

Alguns decidiram liberar suas obras gratuitamente, como Tim Brown (Flexible typesetting), Jeremy Keith (Going offline), Ethan Marcotte (Responsive web design) e Erin Kissane (Elements of content strategy). Será que outros autores seguiram esse caminho? Se souber, avise nos comentários.

O Wantu achou mais livros distribuídos de graça pelos autores e publicou a lista no site dele.

Sobre editores de texto, Markdown e simplicidade

Um dos pequenos prazeres que tenho no meu trabalho com a escrita é não depender de um ou outro editor de texto. Escrevo em texto puro, formatado em Markdown e publico em HTML — em outras palavras, não preciso usar um editor visual como o Word ou o do Medium.

Por isso, faz muito tempo que uso e aprecio a simplicidade do Editor de Texto (TextEdit.app), o “Bloco de Notas” do macOS. Usasse Linux, estaria igualmente bem servido por aplicativos similares, como o homônimo do Gnome, o Gedit e o KWrite.

Tamanha satisfação não me blinda de experimentar alternativas. Até hoje, porém, nenhuma me convenceu a abrir mão da leveza e simplicidade do TextEdit.app.

O MarkEdit, que descobri recentemente, foi o que chegou mais perto de me ganhar.

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Dados de 1 milhão de posts do Bluesky são usados para treinar IAs

No último dia 15, o perfil oficial do Bluesky disse que “não usamos seu conteúdo para treinar IAs generativas e não temos a intenção de usá-lo”. / @bsky.app/Bluesky (em inglês)

Na noite desta terça (26), Daniel van Strien, funcionário da Hugging Face, uma espécie de marketplace de grandes modelos de linguagem (LLM), disponibilizou um conjunto de dados composto por 1 milhão de posts coletados da API do Bluesky. Ops! / @[email protected], huggingface.co (ambos em inglês)

O protocolo AT, base do Bluesky, é completamente público. É por isso que ainda não é possível “trancar” um perfil. Tudo — posts, curtidas, RTs, quem segue quem — é disponibilizado em tempo real por uma API que eles chamam de “firehose”, ou mangueira de incêndio, em referência à alta vazão de dados que passa por ali.

Isso não é ruim. É graças a essa API que se pode criar aplicações criativas, análises jornalísticas e científicas e toda a sorte de coisas legais. E nem tão legais, como o conjunto de dados para treinar IAs.

Diante da repercussão, van Strien removeu o conjunto de dados do Bluesky da Hugging Face. Antes disso, o pacote estava entre os mais baixados da plataforma, ou seja, apesar de ter sido rápido, a remoção pode ter ocorrido tarde demais. / @[email protected] (em inglês)

O perfil do Bluesky também se manifestou. Disse que “é uma rede pública e aberta, como sites na internet”, e que estão analisando a inclusão de uma opção que permita aos usuários sinalizarem que não consentem com o uso de seus dados para o treinamento de IAs, como o famigerado robots.txt em sites. O que não garantiria qualquer coisa, visto que o robots.txt e uma opção similar no Bluesky não têm qualquer peso jurídico nem eficiência técnica. / @[email protected] (em inglês)

Isso não é exclusivo do Bluesky. A diferença é que outras empresas do setor fecharam suas APIs nos últimos anos para cobrarem (caro) por ela, casos do Reddit e do X, por exemplo.

Em qualquer lugar, mas ainda mais naqueles onde um terceiro controla seus dados e que não ofereça criptografia de ponta a ponta, é boa ideia considerar que tudo que for publicado, em público ou não, pode ser acessado por pessoas indesejadas em algum momento.

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Ainda no departamento das dores de crescimento do Bluesky, na segunda (25), a União Europeia deu um puxão de orelha na startup pela falta de uma página em seu site informando o número de usuários que residem no bloco e onde fica sua sede.

O Bluesky ainda está longe do piso para ser considerado uma “plataforma muito grande” segundo o Regulamento dos Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês). A obrigação de expor as informações acima, porém, vale para todas as empresas que atuam na UE, disse o porta-voz da Comissão Europeia, Thomas Regnier, ao Financial Times. / ft.com (em inglês)

elementary OS 8

Saiu o elementary OS 8, distro Linux voltada a consumidores finais com uma pegada meio macOS. A nova versão traz suporte ao Wayland (ali chamado de “Sessão Segura”; não é o padrão, porém), melhor suporte a Flatpaks, Dock refeita e outras mudanças menores. / blog.elementary.io (em inglês)

Marreta, novo quebrador de paywalls do PC do Manual, está no ar

O PC do Manual, nosso servidor de aplicações de código aberto, ganhou um novo serviço: o quebrador de paywalls Marreta.

O Marreta substitui o antigo Parede, que era baseado em um projeto pronto, o Ladder. (O novo nome faz mais sentido, né?) Desenvolvido pelo Renan Altendorf, traz mais recursos, é mais informativo e está em desenvolvimento ativo e acelerado.

“Embora o Ladder seja uma alternativa open source interessante, senti a necessidade de explorar soluções em uma linguagem de programação que que tivesse mais confortável”, diz Renan. “Além disso, estava em uma fase de aprendizado com projetos como o Lerama e o Sintoniza, que me inspiraram a criar novas abordagens para resolver desafios similares.”

O Marreta é uma aplicação em PHP. Segundo seu criador, ela “faz uma requisição nos sites simulando alguns bots, com headers específicos, DNS, user agents — o mais próximo de um usuário comum — e, em seguida, guarda todo o código HTML original dessa pagina de forma compactada”. Algumas dessas palavras não estão na Bíblia, mas funciona!

Ele continua: “Ao acessar a página, existe um sistema de regras globais e específicas por domínios que remove elementos, scripts, classes, IDs e até mesmo escreve novos códigos personalizados.”

O mais importante é que funciona lindamente.

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