Arthur Pontara’s review published on Letterboxd:
🇺🇸 In English:
Pinktail: Oh! Okay... hello. Umm... this gosling is yours.
Roz: Negative. That gosling stalks me, and makes noise and makes simple tasks more complicated, or impossible.
Over the past two decades, the target audience for animated films has been widely debated, prompting major studios to invest in projects with more complex references and deeper themes that not only resonate with children and teens but also engage their parents, uncles, and grandparents. The Wild Robot makes this connection in an incredibly clever way by incorporating references into the script that contrast digital and analog elements, or technological and archaic ones. These antitheses create humorous scenes that subtly appeal to a broader, more democratic sense of identification, steering clear of pretentiousness or didacticism.
These elements serve as natural conduits for a critique of technological advancement that, as it grows, increasingly threatens the sustainability of life on Earth—though the film chooses to explore this issue in less obvious ways. After all, Wild Robot creatively leverages its aesthetic and narrative to delve into themes of motherhood and inclusion. Roz’s gradual humanization, as she is assigned a maternal role following the hatching of Brightbill’s egg, draws an intriguing parallel to unplanned motherhood—portrayed as unromanticized and not always beautiful.
The relationship between Roz, Brightbill, and Fink essentially demonstrates that the process of forming a family can be dysfunctional and may require time to find balance. In essence, within this dynamic, each individual has their own demands and ambitions, which can be disrupted by the increasing weight of responsibilities. The point is not to normalize detached relationships between parents and children, but rather to view motherhood and fatherhood as human cycles that develop naturally, free from rigid social expectations or obligations.
While I am not fond of how love is handled in the ending—presented as a "miraculous cure" for one of the characters’ issues—I believe The Wild Robot beautifully and delicately explores the sense of community and family. Moreover, its meticulous aesthetic refinement deepens the viewer's emotional connection to the film, which, honestly, is one of the most stunning I’ve seen in recent times.
🇧🇷 Em Português:
Cauda-Rosa: Oh! Certo... olá. Humm... este filhote de ganso é seu.
Roz: Negativo. Esse filhote me persegue, faz barulho e torna tarefas simples mais complicadas ou impossíveis.
Nas últimas duas décadas, o público-alvo de animações foi muito questionado publicamente, levando as grandes produtoras a investirem em projetos com referências mais complexas e temáticas mais profundas, que não apenas se comunicassem com o público infanto-juvenil, mas também engajassem seus pais, tios e avós. Robô Selvagem faz essa conexão de forma muito inteligente ao incorporar ao roteiro referências que contrastam elementos digitais e analógicos, ou tecnológicos e arcaicos, usando dessas antíteses para criar cenas bem-humoradas que, sutilmente, apelam para uma identificação mais ampla e democrática, sem pender para a pedância ou o didatismo.
Esses elementos funcionam como condutores naturais de uma crítica ao avanço tecnológico que, quanto mais cresce, mais ameaça a manutenção da vida terrestre, mesmo que o filme opte por explorar caminhos menos óbvios. Afinal, Robô Selvagem abusa da criatividade estética e narrativa para debater sobre maternidade e inclusão. A humanização gradual de Roz, frente à designação de sua função materna após a eclosão do ovo de Bico-Vivo, estabelece um paralelo muito interessante com uma maternidade não planejada, pouco romantizada e nem sempre bonita.
A relação entre Roz, Bico-Vivo e Astuto demonstra, essencialmente, que o processo de formação familiar pode ser disfuncional ou demandar tempo para encontrar equilíbrio. Em síntese, dentro dessa dinâmica, cada indivíduo possui suas próprias demandas e ambições, que podem ser abaladas pelo aumento das responsabilidades. Não é como se devêssemos normalizar uma relação desapegada entre pais e filhos, mas sim compreender a maternidade e a paternidade como ciclos humanos que devem ser construídos com naturalidade, em vez de atender a imposições sociais ou obrigações rígidas.
Embora eu não aprecie a forma como o amor é trabalhado no desfecho — apresentado como uma “cura milagrosa” para os problemas de um dos personagens — acredito que Robô Selvagem aborda de forma espetacular e delicada o senso de comunidade e família. Além disso, todo o refinamento estético aumenta o apego do espectador ao filme, que, sinceramente, é um dos mais lindos que assisti nos últimos tempos.